Países & Produtos

Um Novo Pinot na Taça, Gostei.

No extremo sul do Chile, três regiões vêm num crescendo como fronteiras ainda a serem melhor exploradas e conhecidas. Bío-Bío a mais conhecida de que maioria já ouviu falar assim como Malleco, mas o Vale de Itata é um pouco mais recente. Apesar de produzir vinhos desde os idos de 1600, somente em 1994 foi oficialmente designada como uma D.O. (denominação de origem).

O Vale de Itata está pouco mais que 500kms ao sul de Santiago onde, de acordo com especialistas chilenos, se geravam os melhores vinhos do país durante a era colonial. Situadas em pitorescas colinas, as vinícolas tentam agora resgatar esse antigo legado de vinificação introduzindo novas castas, recuperando antigos vinhedos e focando na produção orgânica de mínima intervenção. Solo de rocha granítica, terra úmida descartando necessidade de rega, clima mais frio, variações térmicas grandes, trazem aos vinhos um caráter mineral, de boa acidez e taninos suaves.

Casa Diego PinotFoi desta região que me chegou às mãos este Casa Diego Reserva Pinot Noir, vinho que se situa aí na casa dos R$55 a 60,00 e que provei junto com uma amigo visando colocá-lo, ou não, no portfolio da Vino & Sapore. Ao abrir e no primeiro gole já me veio à cabeça um certo preconceito que tenho contra os Pinots do novo mundo que geram até vinhos de qualidade, porém escuros, bastante extração de taninos e cor, a meu ver sem qualquer tipicidade da cepa e, se às cegas, poucos a identificariam. Mais um pensei eu, lego engano!!

Com passagem de dez meses por barrica, que imagino sejam de segundo e terceiro uso,a presença da madeira não se sente tanto, estando algo sutil. Na primeira fungada o que me veio à mente foi fruta madura, na boca médio corpo, com essa fruta aparecendo de forma mais compotada o que, a meu ver, não combina muito com a Pinot. Com um tempo em taça,no entanto, essa sensação de fruta mais madura foi sumindo e a tipicidade da Pinot começou a aparecer de forma mais convincente e sedutora. Frutos mais frescos e delicados, algumas notas animais, taninos finos, boa acidez, e um final algo mineral. Pelo preço achei bem bacana então acabei por tomar um tempinho a mais pesquisando a região para poder compartilhar o vinho com os amigos.

Mais um que passou pelo meu crivo e aprovou e lhes digo, cada vez mais complicado encontrar bons vinhos nessa parte mais baixa da pirâmide de preços, então fico contente quando acho um. Espero que quem tiver a oportunidade de o conhecer acabe tendo a mesma impressão que tive, saúde! Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aí! Uma ótima semana para todos.

Quatro Quimera, Um Sonho Alcançado!

Já falei aqui desse incrível vinho da Achaval Ferrer, na minha opinião a melhor relação custo x beneficio por eles elaborada, e por mais de uma vez pois é daqueles vinhos que para mim estão sempre na minha lista de vinhos argentinos a ter na adega. Agora, não é todo dia que aparece a oportunidade de num mesmo dia provar quatro dessas belezuras, quatro safras muito diferentes entre si, uma verdadeira esbórnia hedonista que somente foi possível pela amizade dos confrades e pela generosidade tão peculiar aos enófilos.

Como sempre digo, apesar de Quimera (um ser mitológico) querer dizer “o sonho inalcançável”, nestas garrafas o sonho foi amplamente realizado mostrando que a busca, a dedicação e a competência podem sim realizar sonhos. Todos estupendos, mas cada um apresentando sua própria personalidade, até porque existem algumas pequenas variações de castas na composição ano a ano e, obviamente, as condições climáticas de cada safra.

2006 – Divino néctar já mostrando notas terciárias, mas de cor ainda viva, boca incrívelmente apetitosa, rica e complexa, me esbaldei! Malbec, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot

2007 – Fruta bem mais presente, vibrante, grande equilíbrio, fresco,longo com a marca da Malbec algo mais presente, excelente vinho mostrando muita classe! Mesmo corte do 2006

2008 – Muito bom, mas talvez o mais errático deles. Já tomei outros que estavam melhores. Este mostrou que ainda necessitará de um par de anos em garrafa para terminar de se integrar encontrando seu melhor equilíbrio. Às uvas já usadas nas safras anteriores, foi acrescentada uma pitada (3%) de Petit Verdot.

2011 – Grande, um 2006 in the making! Um pouco mais de Petit Verdot no corte e faz uma tremenda diferença. Dei uma passada no magic decanter e uau, que complexidade, ótima paleta olfativa que convida à boca, novo porém mostrando uma pujança e elegância ímpares. Para tomar já e se divertir, mas quem tiver paciência vai se esbaldar daqui a uns três a quatro aninhos! Basicamente o mesmo corte que o 2008, porém creio que há um pouco mais de Petit Verdot por aqui.

quimera vertical

A busca da perfeição, por isso uma Quimera, é um deleite para nós enófilos, um vinho que creio mostra bem a evolução do vinho argentino no quesito blends. Muita coisa boa na terra dos hermanos e este é certamente um dos melhores que eu gostaria de ter sempre em minha adega, um baita vinho e um porto seguro para grandes prazeres enófilos! Que bom ter amigos assim, um baita privilégio, saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui. Uma ótima semana, com poucas aporrinhações e belos vinhos na taça.

Casando os Filhotes, Criando Tradições!

Inspirado pelo casamento de meu filhote, compartilho com os amigos minha receita para uma celebração familiar (poucas pessoas). Cada um faz do seu jeito, eu acabei desenvolvendo uma forma que se iniciou à cerca de oito anos atrás com minha filhota e que agora se repetiu, mas esse é um livro com páginas em branco para você escrever junto com os seus.

Os casamentos no civil de meus filhotes são seguidos de um encontro de família, em Casamento Mr e Mrsque brindamos àqueles presentes e lembramos com saudade dos ausentes que certamente gostariam de estar ali compartilhando da alegria contagiante dos noivos. Nele, alguns preceitos são seguidos, todos eles repletos de simbologia pelo momento e todos eles a ver com minhas origens pois, como já dizia meu pai e por mais que eu negasse à época, “gatinho que nasce em forno não é biscoito”! rs Uma forma de legar tradições familiares, mesmo que mais recentes, de unir as famílias em celebração à volta de uma mesa bem servida o que por si só já é uma simbologia.
Esta foi a tradição que nós criamos, porém creio que o começo e o fim tem tudo a ver com o momento independentemente de origem ou fé de qualquer um então crie a sua. No entanto, um Espumante para celebrar e um belo Porto para brindar, os que puder bancar, devem prevalecer nesta festividade “petit comité” que permite fazer algumas extravagâncias,afinal eles merecem e os pais também! rs
Porto Vintage Niepoort1 – Espumante para abrir o encontro, a celebração, efêmero como as bolhinhas que fazem a festa na boca, mas que simboliza a alegria de viver, a alegria do momento.
2 – Bacalhau com um um bom vinho (que tem que ser Luso! rs), a fartura à mesa, que nunca lhes falte!
3 – Lampreia de Ovos. Deliciosa sobremesa conventual simboliza a fertilidade que esperamos abençoe o novo casal.
4 – Um Porto (neste caso um Vintage do ano de nascimento) ou Vinho Madeira, brindando à longevidade, à evolução do relacionamento com o tempo. Que, como os grandes vinhos, mature com qualidade.
Que assim seja! Saúde sempre, para podermos seguir produzindo e usufruir de nossos esforços, kanimambo pela visita.

WORLD WINE EXPERIENCE 2016 – Parte 2

Amigos, eis a segunda parte das experiências da Raquel Santos por mares italianos na World Wine Experience. Desta feita as regiões mais nobres ganham destaque começando, para preparar o palato, com espumantes. Vamos lá, vamos viajar virtualmente?

6 – Mionetto

Localizada no coração da DOCG Conegliano/Valdobbiadene, região demarcada do Vêneto, esta vinícola produz Proseccos há mais de 110 anos. Provei 5 estilos diferentes feitos com a qualificação “extra dry” (12 a 20g de açúcar por litro). Todos eles muito frescos, independente do padrão de rigor ou sofisticação da vinificação.

            Mionetto  Vivo e Mionetto Vivo Rosé extra Dry – Esses dois primeiros são os vinhos de entrada da vinícola. São espumantes simples, festivos e agradáveis, feitos com uvas variadas. O branco ( Chardonnay, Pinot Blanc, Riesling, sauvignon Blanc e Verduzzo ) e o Rosé ( Cabernet Sauvignon, Merlot e Raboso ).

            Prosecco di Valdobbiadene Superiore Extra Dry DOCG – 100% Glera, muito macio e agradável em boca. Expressa muito bem o estilo desse tipo de vinho.

            Sergio MO Extra Dry e Sergio Mo Rosé Extra Dry – Espumantes de autor que leva a assinatura do enólogo(Sérgio Mionetto). A linha Sérgio foi feita para homenagear seu avô, Francesco Mionetto, fundador da empresa. O Branco foi vinificado com as castas Bianchetta, Chardonnay, Glera e Verdiso. O Rosé , Raboso e Lagrein. Muito rico e elegante.

7 – Bellavista

A Lombardia, região do Franciacorta não poderia estar fora dos vinhos destacados. São os espumantes que rivalizam com os de Champanhe como os melhores e mais aclamados do mundo.

            Franciacorta Cuveé Alma Brut DOCG – Método tradicional usando as castas locais (Chardonnay, Pinot Nero e Pinot Bianco). Aromas complexos e sutis. Bela pérlage e persistência em boca.

            Franciacorta Gran Cuveé 2009 Rosé Brut DOCG –  Ótima expressão da Pinot Nero que certamente não lhe confere apenas a cor rosada. A elegância delicada dos aromas e a firmeza persistente dos sabores fazem deste vinho uma experiência única para ser apreciado em ocasiões especiais.

 8 – Poggiotondo

Da região da Toscana, provei dois vinhos produzido por Alberto Antonini, que preza a autenticidade e a pureza das características da DOCG Chianti, por meio da agricultura biológica.

            Chianti “Cerro del Masso” 2014 – Frutado com alguns toques balsâmicos. Fresco e mineralidade que dá leveza e vocação gastronômica.

            Chianti Riserva 2009 – Com as mesmas características, porém com mais intensidade. Um clássico que expressa toda a personalidade e elegância do terroir.

 9 – Travaglini

 Na região do Piemonte, a família Travaglini, produz vinhos com a Nebbiolo (que lá é chamada Spanna), na pequena província de Gattinara(DOCG). O local é considerado um dos mais expressivos para essa casta, juntamente com Barolo e Barbaresco. O solo ácido e vulcânico, a grande amplitude térmica, produz Nebbiolos mais suaves, menos tânicos e com acidez que permite maior tempo de guarda. Uma curiosidade é a forma da garrafa, projetada pelo produtor, para funcionar como um decantador.

            Gattinara DOCG 2009 – Envelhecido 24 meses em barris de carvalho esloveno. Complexo e bem equilibrado.

            Gattinara DOCG Riserva 2008 – Elaborado com colheitas excepcionais, tem maior tempo de afinamento em barris de carvalho (3 anos) e consequentemente um vinho mais evoluído. Muito bom.

10 – Gianni Gagliardo

Outro grande produtor do Piemonte, considerado um dos mestres do Barolo. A família possui vinhedos em La Morra, Barolo, Monforte, Serralunga e Monticello d’Alba. Provei um Barbera d’Alba, Nebbiolo d’Alba e 2 Barolos, mas quero destacar apenas um dos Barolos:

            Barolo Serre DOCG 2007 – Quando provamos um vinho e ficamos sem palavras para descrever as sensações que ele provoca, percebe-se que ele cumpriu 100% sua função. Um Barolo é um Barolo!

             A relação entre a quantidade e a qualidades dos vinhos apresentados foi impressionante, principalmente se pensarmos que ali estavam apenas vinhos italianos. Isso mostra a diversidade que temos à disposição nessa vinosfera mundial. E é sempre bom lembrar que ter acesso à ela não deveria ser privilegio restrito apenas a alguns. Vinho é alimento, saúde, e principalmente cultura.

 

WORLD WINE EXPERIENCE 2016 – Parte 1

Não pude estar presente neste importante evento do calendário viníco de nossa vinosfera tupiniquim, porém não quis ficar de fora, nem deixar o leitor amigo por fora do que por lá ocorreu, então a forma encontrada foi pedir ajuda para minha amiga, sommelier e enófila Raquel Santos para nos tirar da escuridão! rs Como o evento tinha muita coisa a provar e a Raquel se inspirou e se esbaldou, dividi o texto em dois e espero que você aprecie tanto quanto eu, me deu água na boca por alguns desses rótulos!

            “Todos os anos a importadora World Wine promove um evento promocional com os vinhos de sua importação. Este ano tive a oportunidade de participar e aproveito esse espaço para compartilhar minha experiência, onde pude confirmar que quando falamos de vinhos, a melhor maneira de entendê-los é sempre provando e comparando as infinitas particularidades entre eles.

            Este ano o foco foi a Itália e suas diversas regiões, representadas por 21 produtores que somavam aproximadamente 90 rótulos. Pensando nisso, dada a enorme quantidade de vinhos a serem provados, é necessário estabelecer alguns critérios que favoreçam o bom aproveitamento de toda aquela informação. Resolvi começar meu roteiro pelas regiões menos famosas, mas não menos importantes, pelas suas características regionais e deixar os gigantes de Barolo e Brunello para o final.

            Baseada nos vinhos que mais me chamaram a atenção, deixo aqui meu relato dos destaques.Comecei por um produtor da Sicília que já havia conhecido tempos atrás e me causou grande entusiasmo.

1 – Donnafugata

A família Rallo mantem uma produção de alta qualidade sem esquecer a importância da responsabilidade social. Utilizando agricultura sustentável,  os vinhos estão sempre relacionados à vários projetos sociais, além de ligações com a música, literatura, artes plásticas e arqueologia. O nome “Donnafugata” remete-se a literatura siciliana, onde a região dos vinhedos é citada no romance “Il gattopardo”. A historia da rainha em fuga foi filmada por Luchino Visconti em 1963. Vale a pena conhecer o site ( www.donnafugata.it ) que descreve um trabalho inovador onde  as relações entre a produção vinícola sempre se relaciona com algum conceito artístico, desde a elaboração dos rótulos, até a apresentação dos vinhos.  José Rallo, uma das produtoras, interpreta uma música para descrever cada vinho.

             Anthilia DOP 2014 – Feito com castas autóctones, Catarrato e Ansonica. Muito fresco, com mineral calcário e ótima acidez.

            La Fuga DOC – Chardonnay 2011 – Sem passagem em madeira, um Chardonnay diferente, bem equilibrado e de boa persistência.

            Serazade IGP 2013 – Um vinho alegre e vibrante. Bom equilíbrio entre a acidez, taninos e corpo. 100% Nero d’Avola.

            Sedàra IGP 2013 –  Boa estrutura, com potencial de evolução. Um corte prevalentemente de Nero d’Avola. 

            Mile e Una Notte DOC  2006 –  Nariz exuberante. Elegante e potente, mostra toda sua gama de aromas e sabores aos poucos. Um vinho para divagar!

            Ben Ryé DOC – Passito de Pantelleria 2011 –  O Passito é um vinho fortificado, naturalmente doce, proveniente da ilha de Pantelleria (DOC) e elaborado com a casta Zibibbo( Moscato d’Alessandria ). Linda cor âmbar, aromas de pêssegos e mel que se intercalam com florais delicados e um frescor marítimo. A fusão entre a doçura e a acidez impressiona. Tem longa persistência.

 2 – Feudi Di San Gregorio

Esse segundo produtor, da região da Campania, me chamou muita atenção pela diversidade regional (3 DOCG, 1 DOC e 1 IGT) e qualidade dos vinhos. Eles me disseram que o segredo dos seus exemplares está no período de afinamento na cave. Os tonéis descansam ao som de cantos gregorianos.

            Fiano di Avellino DOCG 2014 – Esta casta, de origem romana é muito antiga na região e se adaptou perfeitamente nos solos vulcânicos. Muito fresco, delicado e sutil, com boa acidez e mineralidade.

            Greco de Tufo DOCG 2013 – A uva Greco, como o nome já diz tem origem grega. Divide com a Fiano o mesmo solo vulcânico e as montanhas rochosas da região. O vinho possui as mesmas características minerais, porém com um corpo mais frutado e bem equilibrado.

            Primitivo di Manduria DOC 2013 (Puglia) – Um vinho mais rústico e gastronômico. Para acompanhar aperitivos picantes e defumados, como embutidos e queijos de massa curada.

            Rubrato IGT 2011 – Elaborado com a casta Aglianico, é bem regional e encorpado. Para acompanhar pratos regionais como assados e parmegiana de berinjelas.

            Taurasi DOCG 2008 – Taurasi é a região demarcada onde a casta Aglianico mostra todo o seu explendor. Esse vinho revela uma exuberância de aromas bem complexa, onde pode-se sentir cerejas confitadas com especiarias. Em boca é equilibrado, macio e com boa estrutura.

3 – Arnaldo Caprai

A região da Umbria, nas proximidades da cidade de Perugia, tem a Greghetto e Sagrantino como suas  castas principais. A família Caprai dedica-se na elaboração de vinhos usando essas uvas e conseguiu colocar nos holofotes internacionais sua produção.

            Grechetto Colli Martani 2012 DOC (Grecante)-  Casta branca local (Grechetto 100%), muito fresco e equilibrado. Os vinhos italianos regionais são perfeitos pares para a culinária local. Neste caso, um branco com boa estrutura, que harmonizaria muito bem, desde a entrada ou até com pratos de peixe ou carnes magras mais simples.

            Sagrantino di Montefalco “25 anni” DOCG 2008 – Casta tinta tradicional na região de Montefalco onde é cultivada há mais de 400 anos. Muito elegante e complexo possui uma paleta olfativa bem rica. Equilibrado e com longa persistência.

 4 – Schiopetto

A região do Friuli localiza-se no nordeste italiano, quase na divisa com a Eslovênia. O Collio (DOC), conhecida pela excelente produção de vinhos brancos, situa-se entre montanhas, florestas e recebe forte influencia climática do Mar Adriático. O fundador Mario Schopetto produz vinhos na região desde 1965 onde a elegância, o refinamento e o respeito à tradição são suas principais orientações.

            Sauvignon Blanc Collio DOC 2012 – Reflete toda a tipicidade da casta.

            Pinot Grigio Collio DOC 2012 –  Mineralidade calcária que seca a boca e pede mais um gole. Boa estrutura com elegância e equilíbrio.

            Mario Schiopetto Bianco IGT 2010 – Um Chardonnay com ótimo volume em boca. Delicioso!

 5 – Foradori

Elisabetta Foradori foi uma das responsáveis pelo ressurgimento da casta Teroldego, típica da região de Trentino. Pratica a viticultura natural e agricultura biodinâmica.

            Fontanasanta Manzoni Bianco – Vigneti dele Dolomiti (IGT) – 2013 – Um vinho diferente que demonstra a determinação da enóloga por desafios. A começar pela casta “Manzoni Bianco” que resulta do cruzamento da Pinot Bianco com a Riesling. A produção é pequena (20.000 gfs por ano)e tem afinamento de 12 meses em barril de acácia e 3 anos em garrafa. Vale a pela conhecer, não só  pelo apelo inusitado, mas também pela qualidade.

            Sgarzon Teroldego – Vigneti delle Dolomiti (IGT) 2010 – Muito expressivo e de personalidade. Tem a fermentação e afinamento em ânforas de barro com as cascas por 8 meses. Complexo e bem estruturado.”

Hoje postamos os vinhos das regiões menos conhecidas, já na Segunda-feira traremos os vinhos das regiões mais consagradas para você conhecer. Kanimambo Raquel por compartilhar essa experiência conosco e aos amigos por visitarem por mais uma vez este blog, sempre bom ter vocês por aqui. Um ótimo fim de semana e dia 9 não esqueçam, tem o Wine Dinner harmonizado no restaurante Koizan aqui na Granja Viana, reservas estão acabando!

Argentina Rica em Vinhos Brancos, Sabia?

É gente, a maioria quando pensa na Argentina como produtora de vinhos de qualidade só vê tintos pela frente, mas em minhas andanças por aquelas bandas as descobertas têm sido muitas. Já falei aqui sobre a Argentina sem Malbec, sobre Malbecs com perfis diferentes sem excessos, mas não me lembro de ter louvado os brancos então estava na hora!

Que sou um amante de vinhos brancos não é segredo para a maioria que me lê chegando ao ponto de cunhar a frase de que os brancos são a pós graduação dos vinhos e acredito piamente nisso. Cheios de sutilezas, são vinhos que mostram grande diferenciação entre as uvas usadas, vinhos vibrantes e alguns extremamente complexos quebrando um monte de paradigmas como os conceitos de longevidade e até do uso de decanteres para aerar algumas preciosidades, é um outro mundo que, em minha opinião, deveria ser mais explorado por todos. Mais, não tem clima apropriado, tanto faz no inverno como no verão, depende muito mais do que você vai comer e com quem vai estar, o resto é o resto! rs

Tendo dito isso, vamos falar dos vinhos brancos argentinos com dez sugestões de rótulos que eu provei e recomendo como excepcionais em sua categoria, porém há um grande número de belos vinhos a explorar bastando baixar a guarda e sacar rolhas sem preconceitos pois pode-se viver grandes momentos e descobrir enormes surpresas tente! Entre as uvas brancas, a Torrontés segue liderando com cerca de 27% da produção total seguida da Chardonnay com aproximadamente 16%, Chenin Blanc e Sauvignon Blanc com cerca de 6% cada e depois a Semillon e Viognier com 2% cada e a Riesling com menos de 0,5%.

A Torrontés, que representa para os vinhos brancos o que a Malbec representa para os tintos, já produziu vinhos de pouca qualidade, algo enjoativos e de difícil aceitação por aqui, mas em recente viagem provei alguns vinhos incríveis, a maioria de Salta. Os Viticultores aprenderam a trabalhar melhor a uva nos vinhedos e os enólogos a extrair dessas uvas um vinho de qualidade superior, vinhos a serem explorados pelos mais céticos e preconceituosos seguidores de Baco.

Argentinian Wine Grapes Clipboard by JFC

Eis então, uma seleção de vinhos excecpionais que eu adoraria ter em casa sendo que alguns dos rótulos, lamentavelmente, só comprando por lá mesmo.

Susana Balbo Signature Torrontés Barrel Fermented (Mendoza)- apesar de eu destacar os vinhos de Salta, para mim este exemplar é o melhor Torrontés do país com uvas de Altamira no Vale do Uco e leve passagem por madeira. Sublime e, a meu ver, um dos melhores brancos argentinos!

Montesco Água de Roca Sauvignon Blanc, Passionate Wines, Matias Michelini – Uma mineralidade incrível e marcante, um vinho inesquecível e uma experiência única. Vem da região mais alta mendocina, Gualtallary em Tupungato. Bebendo da fonte nas montanhas, demais!

Mendel Semillon (Mendoza) – Este vem pelas mãos do lendário Roberto de la Mota, vinhedos do Vale do Uco em pé franco com mais de 70 anos de idade, vinte porcento passa em barrica por uns seis meses, que é o que lhe dá a untuosidade porém sem cobrir o frescor e a fruta muito presentes. Floral (frutos secos) nos aromas, boga rica e fresca de boa persistência, gostei muito! Vem de Mendoza

Humberto Canale La Morita Riesling Old Vineyard (Patagônia)- uma enorme surpresa esse vinho que é elaborado com uvas de vinhedos muito antigos (1937). Macio, fresco (particularidade dos vinhos desta zona), uma leve agulha, longo e muito elegante com notas sutis minerais e algo de limonada e maçã verde, gostei muito e me surpreendeu!

Alma Negra Viognier de Ernesto Catena (Mendoza) – predominantemente Viognier, leva um tempero de Chardonnay e Gewurztraminer que fazem diferença. Provei este vinho comendo em Puerto Madero num restaurante de culinária peruana, e foi dos deuses! Um vinho que surpreende e um dos melhores Viognier que já tomei. Fermentado em barricas francesas de 2º uso com posterior estágio de seis meses em barricas novas e usadas (2º e 3º uso) francesas e americanas, show!

Bressia Lagrima Canela (Mendoza) – Chardonnay com Semillon elaborado com uvas da região de Tupungato com vinificação e estágio em barricas novas americanas e francesas por 14 meses. Um branco de grande estrutura, complexo e longevo, pede tempo e é um crime tomá-lo jovem, melhor com uns quatro a cinco anos de vida, vinhaço!

Viña Alicia Tiara (Mendoza) – demais este vinho, em linha com o anterior, um vinhaço de grande complexidade. Vem de Luján de Cuyo, vinhedo em Lulunta, e é um blend de Riesling, Albariño e Savignin que prima pelo vigor e frescor, um vinho que há tempos me encanta,só inox, só fruta!

El Enemigo Chardonnay (Bodega Aleanna) – existem diversos ótimos Chardonnays argentinos, mas este sob a regência de Alejandro Vigil, está uns pontos acima em minha modesta opinião. O vinhedo está em Gualtallary o que já é um plus em função da altitude que lhe aporta excelente acidez e boa dose de mineralidade. Doze meses em barricas francesas só 35% novas, sem battonage deixando as leveduras criar “flor” (um tipo de véu sobre o mosto) resultando em complexidade de aromas, bom corpo, um chardonnay diferenciado e cativante.

Para finalizar esta curta lista de destaques, quero falar de dois vinhos brancos doces que acho muiiito especiais:

Tukma Torrontés Tardío (Salta) – me encantou e me arrependo amargamente de na hora da prova não ter dado um jeito de comprar umas garrafas! A Torrontés produz muito bons late harvests especialmente quando temperada com uvas tipo Riesling ou até Sauvignon Blanc aportando acidez, mas este está perfeito solo! Vinhedos com mais de 50 anos a 1900 metros de altitude, sutis notas florais típicas da casta, citrico, muito bem balanceado, me encantou.

Saint Felicien Semillon Doux (Mendoza) – Luján de Cuyo, colheita tardia com Botrytis, um “sautern” com um jeito argentino de ser! Somente 20% passam por barricas francesas novas por 12 meses e o restante do vinho fica em tanques de inox sobre borras (Sur Lie) para posterior blend e engarrafamento. Recomendo, uma delicia de notas amendoadas, baunilha, muito bem balanceado por uma acidez muito bem colocada, delicia! Mais um vinho com a mão do amigo Alejandro Vigil.

Enfim amigos, é isso e sei que muitos terão outras escolhas e sugestões, pode comentar e acrescentar, há muita coisa boa por aquelas bandas eu só listei alguns destaques entre os que eu tomei pois só falo de minhas próprias experiências. O post hoje foi mesmo para desmistificar o mundo vitivinícola argentino para alguns e para outros instigá-los a “viajar” por um mundo de cores e sabores diferentes. Se quiser, pode também entrar na seara dos vinhos laranjas, o que não é para todos os paladares, explorando mais um vinho do amigo Matias Michelini da Passionate Wines, o Inéditos Brutal Torrontés, uma experiência marcante! Salud, kanimambo, uma ótima semana e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí, na diversidade dos caminhos de nossa vinosfera!

 

 

 

 

Cara Sur Criolla um Vinho Que me Seduz!

Não sou de falar de vinhos que não estejam disponíveis no Brasil, mas devido à proximidade da “fonte”, vou excepcionalmente abrir uma exceção para falar deste vinho diferenciado que me encanta a cada garrafa que abro. Lamentavelmente abri minha última garrafa hoje, porém fica aqui meu pedido a todos que forem a Buenos Aires ou cara sur Criolla 1Mendoza, podem trazer algumas que as receberei de braços abertos! rs Não tem em tudo o que é lugar, até porque a produção anda na casa das 1000 garrafas, mas na Vinoteca JÁ de meu amigo Joaquin Alberdi tem e também na Ozono Drinks, uma loja virtual. Acho até que talvez já possa ter escrito algo sobre ele antes, mas “so what”! Precisei compartilhar com os amigos minhas emoções hoje, eta vinho vibrante, pra lá de porreta!!! rs

A uva Criolla é “prima irmã” da País chilena também conhecida como criolla chica por lá e a uva do vinho até a chegada das uvas “europeias” em 1852. É a uva trazida pelos colonizadores que se propagou por toda a costa leste latino americana onde também é conhecida por Mision (Mexico). Cá entre nós, existe uma moda com esta uva no Chile mas não consegui provar nenhum vinho deles que chegue aos pés deste, puro deleite hedonistico! Este projeto tem como inspiração a escalada que Francisco Bugallo fazia à face sul do Cerro Mercenario (6700m) no valle de Calingasta na província de San Juan. São 10 hectares apenas dos quais 80% con uvas Criolla de vinedo com mais de 80 anos de idade. Em sociedade com Sebastian Zuccardi (não sei se ainda de pé?) nasce este vinho fermentado em ovos de cimento com uso de leveduras naturais que desce gostoso, alegrando e dando prazer à vida.

Quem me apresentou a este vinho foi um outro amigo mendoncino, o Chef Pablo del Rio, que em seu restaurante harmonizou este vinho com um dos pratos de seu ótimo e surpreendente menu degustação no restaurante Siete Cocinas, adoro as surpresas que elecara sur Criolla taça traz à mesa e à taça! Simplicidade é o segredo do vinho, um “Q” de Pinot com um jeito mais agreste, fruta fresca, toque de especiarias, leve nuance vegetal, gostoso frescor e um um final que persiste num prazer infindável. Brilhante, cor viva e convidativa, para tomar refrescado, 15 a 16 graus, e acompanhar a presença de amigos independentemente de comidas ou qualquer outra coisa. Hoje foi a dois, depois acompanhou uma deliciosa costela suína Lemmon & Pepper (Srs. da Carne) no forno e finalizei solo, um vinho para diversas ocasiões onde o prazer hedonístico seja o protagonista. Pena que foi minha última garrafa e preciso pedir mais, em terra dos hermanos custa entre 220 a 240 pesos e vale cada centavo!

Na próxima visita por aquelas bandas, vai por mim, pega algumas garrafas! Não é vinho para os amantes dos vinhos potentes, mas para quem gosta de vinhos sutis, que trazem experiências novas, sedutores e alegres, este eu garanto. Bom, Gostoso e Barato, tudo aquilo que eu gosto e quero mais!!!

Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aí nas estradas de Baco!

Pontuação Máxima para Um Vinho de Gualtallary

100 points

James Suckling, ex-editor senior da Wine Spectator é um dos críticos de vinho que mais conhece e prova os vinhos da Argentina. No dia de hoje ele soltou as notas dadas aos vinhos objeto de degustação em sua mais recente tournée de provas por terras dos Adrianna Fortuna terraehermanos e saiu uma nota máxima pela segunda vez na história! O vinho premiado agora foi o Adrianna Vineyard Fortuna Terrae 2012, nova estrela da Catena elaborado sob a batuta do amigo Alejandro Vigil, um enólogo que dispensa apresentações!

Mas teve mais! Terrazas de los Andes MB Valle de Uco Parcela Los Castaños 2012 e Viña Cobos Malbec Mendoza 2013 obtiveram 99 puntos. Do projeto pessoal do Alejandro com a Adriana Catena (Bodega Aleana) os deliciosos vinhos da El Enemigo três vinhos com 97 e 98 pontos, oito vinhos dos irmão Michelini com pontuações também na casa dos 95 pontos, Finca Blousson mostrando que o Vale do Uco e Gualtallary estão em alta. Há, todavia, vinhos de outras regiões, inclusive um Pinot da Bodega Chacras, Patagônia. Enfim, vinhos a serem conferidos pelos amantes de bons vinhos. Veja mais clicando aqui.

Mais um Pinto Sobre a Mesa

De acordo com o site do produtor, Quinta do Pinto , “Reza a história que o vinho aqui produzido, há dois séculos atrás, se destacava de tal forma na região que valia mais Pintos, a moeda de ouro em circulação no reinado de D. João V. Este vinhoPinto - Moeda de Don João V - 1720 chegou a ser famoso nas cortes europeias há época. Acresce que o senhor Pinto foi, em tempos, um carismático feitor desta propriedade. Desde então que, na região, a quinta é referida como ‘o Pinto’. Feliz coincidência, Pinto é também o apelido dos actuais proprietários. A ‘Quinta do Pinto’ tornou-se, assim, o nome do nosso projecto vitivinícola e de um dos vinhos que produzimos com muito orgulho.” Pinto é também o sobrenome de meu padrasto e de muita gente boa como o amigo Bernardo. Brinco com isso, mas esses Pintos são coisa séria!

Já falei aqui sobre um Sauvignon Blanc deles, tenho um blend ainda na adega, mas hoje falo Pinto Tourigamesmo é deste incrível Touriga Nacional, um vinho inebriante elaborado em tanques de cimento com posterior passagem por barricas francesas de 2º e 3ª usos para lhe dar complexidade sem esconder seus predicados, que são muiitos! Ao sacar-lhe a rolha, só pelos aromas intensos e convidativos já percebi que estava frente a frente a frente a  um belo vinho, porém ao colocá-lo na taça vi que era mais que isso, era um vinho num patamar outro de qualidade, daqueles vinhos com os quais não nos deparamos de forma tão amiúde assim. Touriga Nacional muito bem trabalhada, primando pelo equilíbrio, riqueza de sabores, bom corpo, estrutura para alguns anos a mais de guarda, mas já absolutamente delicioso e de uma finesse que impressiona. Não foi uma degustação, estava comemorando meu aniversário de casamento e o Dia das Mães, família reunida uma alegria só e o vinho parou por minutos a algazarra! rs Não fiquei tomando notas, coisa de enochato parar para fazer isso num momento daqueles, mas posso dizer que nos seduziu a todos e vou querer mais!

Harmonizou maravilhosamente bem com uma picanha finalizada no réchaud com Pinto e Picanha inteiramanteiga, tudo bem light, tendo-nos deixado a todos bem mais felizes do que já estávamos. Uma verdadeira orgia hedonística esse Pinto! Mais um bom vinho português, desta feita vindo da região Lisboa que vem nos trazendo alguns ótimos exemplares tornando-se uma alternativa aos mais famosos Douro e Alentejo. A importadora é a Almeria de meu amigo Juan Rodrigues e o preço creio que anda na casa dos R$230,00 o que não é lá muito em conta, porém ao analisar a qualidade e comparar com o que há no mercado, de diversas origens, nessa faixa de preço acho que vale e bate a maioria. Para quem gosta de vinhos classudos, não deixe de colocar este em sua lista de desejos, esse eu assino embaixo.

Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos vendo por aqui ou algum outro local desta nossa diversa e sedutora vinosfera.

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Uma Joia Rara na Taça, Diamandes Gran Reserva 2008

Um vinho em três momentos! O provei há uns cinco anos e não me agradou, fazendo um estilo de vinho que não faz minha cabeça, muito over, eu diria. Provei novamente, desta Diamandes Gran Reserva 08 Taçafeita na vinícola, em 2014 e já me animei, o vinho melhorou muito com alguns anos a mais de garrafa, tanto que comprei uma (deveria ter trazido mais!) que abri há alguns dia, VINHAÇO!!

Um vinho que precisa de tempo para se integrar, mostrar toda a sua complexidade tornando-se absolutamente sedutor. Um vinho para não esquecer e, como toda a joia, não é barato, já está na casa dos R$280 a 300,00 pelo que pude saber do importador, a Magnum.

Dois terços Malbec com Cabernet Sauvignon. O que era over virou sofisticação, o que era puro músculo virou elegância e se tivesse mais duas garrafas, uma guardaria para 2018 pois acho que ainda vai evoluir mais. Um vinho cheio de camadas e aromas instigantes que me fez querer mais e mais num redemoinho de sensações que realmente me entusiasmou! Almoço de família, sinceramente não me ative a detalhes para ficar aqui descrevendo o vinho, mas mexeu comigo ao ponto de eu escrever esta curta exaltação. Não tenho 300 pratas para gastar num vinho, mas se tivesse certamente estaria em minha lista,um vinho para quem acha que vinho argentino é tudo igual. kkkk Ledo engano, saúde!!

Diamandes Gran Reserva 08

Kanimambo pela visita e uma ótima semana para todos!