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Uau, Isso que É Perlage!

Nas minhas curtas férias provei alguns vinhos novos que aos poucos compartilharei aqui com os amigos. Um deles foi uma surpresa para um amante de espumantes que nem eu e que vem confirmar que os chilenos também estão de olho nesse mercado brasileiros produzindo bons vinhos com preços bastante razoáveis. Os nossos produtores que abram o olho!

Apaltagua CosteroApaltagua Extra Brut Costero – um Blanc de Blancs, Chardonnay e Sauvignon Blanc, da ótima região de San Antonio conhecida por seus vinhos brancos de excelência em função de um terroir privilegiado, elaborado pelo método champenoise. A primeira fermentação é feita em tanques de inox, permanecendo o vinho em contato com as borras (Sur Lie) por três meses antes de ir para a garrafa para a segunda fermentação onde permanece cerca de sete meses antes do degorgement e encapsulamento.

Esse blend, bastante usados em vinhos tranquilos no Chile, é muito interessante pois o Sauvignon Blanc traz um frescor muito interessante ao vinho enquanto o Chardonnay aporta mais complexidade e corpo. O resultado é um espumante vigoroso com uma perlage que impressiona, bonito colar de espuma, aromas cítricos e algo de maçã verde. Na boca a perlage realmente impressiona mas o cítrico aparece menos, despontando notas mais maduras de frutos tropicais com nuances de amêndoas, leveduras e um intrigante retrogosto algo salgado que mexe com nossas papilas gustativas de forma diferenciada e marcante, final bem seco, fresco e creio que com ostras frescas deve ficar da hora! Não tomei nota de nada na hora, mas ao começar a escrever cerca de 10 dias após o ter tomado, as sensações que vivi simplesmente começaram a aparecer na mente, o que em si já é um bom sinal.

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Comecei o Ano Botando o Pinto na Mesa

A começar pelo branco, aprovado por todos, mas tenho ainda dois tintos a provar e estou ansioso por fazê-lo. A Quinta do Pinto é uma das novidades de final de ano que a Almería dos amigos Juan e Alexandre Rodrigues decidiram trazer depois de um longo namoro. O produtor vem da região Lisboa, primando pela busca de qualidade extrema acima de qualquer outra coisa e o trabalho com castas novas que se juntam às regionais para formar uma gama de opções bastante ampla a explorar. Entre essas castas as; Arinto, Fernão Pires, Touriga Nacional, Tinta Miúda, Aragonez, Alfrocheiro, Marsanne, Roussanne, Viognier, Syrah, Sauvignon Blanc, Sauvignon Gris, Petit Verdot e Merlot.

Um projeto familiar com 63 hectares plantados em encostas suaves em Alenquer na região Lisboa, com exposição sul e o uso na fermentação de tão somente leveduras selvagens, a filosofia da casa é explorar ao Pinto SBmáximo o conceito de que o “vinho se faz na vinha”!

Este Quinta do Pinto que me soube muito bem, é um Sauvignon Blanc somente com passagem por tanques de concreto que impressiona já no primeiro contato olfativo onde os aromas citrinos estão bem presentes com um suave herbáceo onde aponta a grama molhada e um aspargo sutil. Por pedidos da família, que se animaram com meu risoto de aspargos que fiz entre Natal e Ano Novo, repeti a dose no Domingo passado e de cara pensei neste vinho pois me parecia a harmonização óbvia e foi! Na boca harmonizou à perfeição pois seu perfil aromático se confirmou, a acidez e corpo balanceados se uniram ao prato algo untuoso em função do queijo brie (queria ovelha da Paiva mas não encontrei) da Bergader com que finalizei o prato. Bela maridage como diriam os hermanos!!

Um belo vinho, bem gastronômico e nada ligeiro, de corpo médio, toque mineral, para desafiar bons exemplares chilenos e franceses às cegas e surpreender a muitos com o resultado. Comecei bem o ano agora quero provar os outros Pintos em especial o Touriga Nacional do qual já me falaram muito, mas esses eu compartilho com vocês depois. Por agora, kanimambo pela visita e seguimos nos vendo por aqui, saúde!

Surpresa Lusa na Taça, Um Bruto!

Disse no último post que iria falar de mais um vinho da saudosa terrinha e cá estou. A surpresa fica por conta do estilo de vinho que poucos conhecem, o espumante português. As principais regiões produtoras estão no norte de Portugal, especialmente em Távora-Varosa (entre o Douro e o Dão) e Bairrada, Beiras, porém há alguns bons exemplares pipocando por aqui e acolá. Ao receber este espumante que abracei como meu após a primeira taça, me surpreendi com sua origem, o Alentejo. Talvez seja comum, eu poucos conheço, mas o que mais me surpreendeu não foi sua origem, mas sim a qualidade pois, apaixonado por espumantes como sou e com tantos já provados, este tipo de surpresa é sempre muito bem vinda.

CAM02416Numa época do ano em que tanto se fala de espumantes, ainda falarei um pouco mais deles durante este mês de Dezembro, não poderia deixar de falar deste belo vinho que provei há uns dois meses e compartilhar essa gostosa experiência com os amigos. Diferente a começar pela região e depois pela uva, um Blanc de Blanc de Arinto, fermentado em balseiros de carvalho francês de 5 mi litros, posterior estágio do vinho base em barricas francesas por 18 meses e autólise de 18 meses em garrafa. O resultado é um conjunto de muita qualidade que me surpreendeu muito positivamente.

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Um Trio Diferenciado Na Taça

São três os vinhos e três as letras no nome do produtor que vem da Região Lisboa e, pelo que conheci deles até agora, primam por conseguirem sempre uma boa relação Custo x Qualidade x Prazer em seus produtos dos mais variados níveis. Já falei aqui de seu Francos, um vinho marcante topo de gama, porém hoje quero compartilhar com vocês minha experiência com vinhos mais em conta, mais dia a dia, “vinhos da crise” (rs), todos eles abaixo dos R$60, variando dependendo da loja e do Estado. Esta linha de produtos chama-se Paxis é um de meus bons achados este ano, tendo me trazido surpresas muito agradáveis.

Paxis arintoPaxis Arinto 2014 – este branco vem da região Lisboa, mais precisamente do Cartaxo. Esta uva também aparece no norte de Portugal em especial na região dos vinhos verdes onde é mais conhecida como Pedernã, mas é em Bucelas onde ela mais se destaca. Cartaxo não está mito longe de Bucelas, e posso dizer que poucos arintos tomei com a pujança deste. È um vinho que já seduz no nariz mostrando notas de frutos tropicais, um floral, e um toque de frescor que pede ser levado à boca onde explodem os sabores mais cítricos como limão, algo de maçã verde, uma acidez e mineralidade que o deixam extremamente vibrante. Volume de boca médio, boa persistência, um vinho divertido para acompanhar peixes e iguarias do mar grelhadas, carne de porco e solo numa bela tarde de verão. Um vinho que me seduziu e que ainda por cima tem um preço bem bacana mesmo com todos os aumentos de preço em função da alta do dólar. Aliás, já no ano passado na Expovinis tinha despertado minha curiosidade e comentários

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Sábado dia 5/12 – Tem Encontro Enogastronomico Italiano!

Ops, ia-me esquecendo, estou falando que preciso de férias! No próximo dia 5 a partir das 13 até as 17 horas ou até a comida acabar, o último encontro dentre este ano entre a Vino & Sapore e o Perfil de Chef Food Truck, completando a primeira parte de nossos encontros enogastronomicos; onde bons pratos e bons vinhos são harmonizados com boa gente. Depois de Portugal, França e Espanha chegou a vez da Itália e os Chefs Gonçalo e Lili já bolaram o cardápio:

Bolinhos de Mussarela

Lula marinada no pomodoro com salada de rúcula
Salada caprese
Spagheti nero ai frutti di mare
Risoto de Porchetta desfiada com rucúla

Os vinhos (em taça e garrafa) também já estão decididos com o apoio de meus amigos e parceiros, a Vínica importadora e a Lusitano Import; Orvietto (branco), Nero d’Avola e um Barbera do norte da itália só para sair do lugar comum! Para finalizar, de sobremesa, cannolis clássicos sicilianos e com recheio de doce de leite com amêndoas que apoderão ser acompanhados pelo o incrível Passito de Malvasia “Gravisano” ou um Santa Augusta Brut Moscatel. Essa é nossa marca, sempre uma experiência diferenciada pois navegar é preciso! Reserve a data pois o próximo encontro enogastronomico só final de Fevereiro/2016 então aguardo você!!!! Kanimambo e um ótimo fim de semana a tutti.

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Vinho da Madeira, Um Vinho Aquecido! Parte I

O que acontece a um vinho fino se você o estocar em temperaturas de 45ºC, tchau né?! Pois bem, se for um Vinho da Madeira não, muito pelo caravela1contrário, essa é sua essência e seu maior segredo! A maioria só pensa em Vinho da Madeira quando vai fazer molho (rs), então, depois de ter participado de uma inspiradora e deliciosa apresentação da Blandy’s Madeira que ainda possui vinhos de 1920 por engarrafar, achei que estava passado da hora de abordar com mais detalhes o que está por trás destes caldos de Baco. Não existe muita coisa publicada sobre o tema, então decidi compartilhar com os amigos minha viagem de descobrimentos por esses mistérios através de diversos posts como já fiz com os Vinhos do Porto.

O Vinho Madeira tem esse nome porque vem do arquipélago composto pelas ilhas da Madeira e Porto Santo no oceano atlântico próximo a Marrocos. Sua única similaridade com os Vinhos do Porto, é que sãoMadeira - localização também fortificados, porém isso é tudo, porque as uvas são diferentes, o terroir e a forma como ele é envelhecido também, e nisso ele é único em nossa vinosfera.

Na época dos descobrimentos, a localização do arquipélago servia como porto de parada para reabastecimento e o vinho local era carregado para consumo e lastro. Numa dessas paradas, uma barrica cheia retornou e o vinho se mostrou bem melhor do que quando embarcado na ida. Essa melhora, se concluiu, deveu-se ao fato de que na rota das Índias ida e volta, passava-se quatro vezes pela Linha do Equador resultando num processo de aquecimento natural do vinho. Baseado nisso começaram a realizar viagens com barricas somente com esse propósito, eram os “vinhos da Roda ou Torna Viagem”.

Impossível manter esse processo por muito tempo devido ao custo e longo tempo de viagens, então se procurou uma nova forma de realiza-lo de forma mais rápida e barata, nascia o envelhecimento em “Estufas” e “Canteiros” onde esse aquecimento é forçado. Como me disse o representante da Blandy’s, o vinho é tão judiado durante o processo de elaboração que ele não tem muito mais o que sofrer depois de engarrafado tornando-se quase que eternos. Por isso mesmo é reconhecido como um dos vinhos mais longevos do mundo e aqui não falo de anos mas sim de muitas décadas e, em alguns casos,séculos! Bem, mas como esta é a parte I de alguns posts sobre o tema, vejamos as castas usadas na lista das principais uvas usadas (cinco brancas e uma tinta) e no próximo post falaremos um pouco mais destes incríveis vinhos tentando conhece-los para melhor conseguirmos comprá-los e apreciá-los já que, afinal, os Vinhos da Madeira não são todos iguais (como os Portos) existindo Madeiras; Secos, Meio Secos, Meio Doces e Doces! Kanimambo e espero que curtam esta série aprendendo juntos. Clique nas listas para ampliá-las.

Madeira Castas 1Madeira Castas 2

Alejandro Fernandez é o Homem Por Trás dos Vinhos Pesquera!

Sim, é através dele que podemos nos deliciar com vinhos como Dehesa la Granja, Tinto Pesquera, Condado de Haza e el Vínculo! Diversos vinhedos e bodegas, uma só uva; Tempranillo e um só país, Espanha. A marca Pesquera já virou um clássico na Ribera del Duero de onde também vêm os vinhos de Condado de Haza. Com o tempo as fronteiras ultrapassaram as de Ribera del Duero e nasceram Dehesa la Granja em Toro e El Vinculo em La Mancha, porém mantendo a filosofia do homem que as criou, só plantar e produzir vinhos com 100% Tempranillo e só produzir vinhos de grande classe com muita qualidade. Estamos acostumados a ver esse tipo de coisa em bodegas centenárias, mas aqui falamos de uma verdadeira façanha, pois no curto espaço de tempo de 40 anos, já virou ícone, fato esse que tem que se referenciar.

Tive o privilégio de junto com alguns colegas, estar numa apresentação destes vinhos na Mistral onde pude provar alguns destes grandes vinhos. Não é de agora que falo aqui deste importante e mítico produtor espanhol, tendo em meados de 2009 me apaixonado por um Dehesa la Granja Seleccíon 2000. Agora, minha paixão foi outra, o incrível Tinto Pesquera Reserva Especial 2003 sobre o qual já teci meus entusiasmados comentários aqui mesmo, porém provei alguns outros grandes vinhos sobre os quais tecerei alguns curtos comentários:

Pesquera wine selection
Alejairen, um branco elaborado com Airen, uma uva pouco usada em vinhos finos e muito menos em varietal 100%. Dois anos de barrica francesa, muito complexo, grande volume de boca, faz a cabeça de muitos porém é uma uva e vinho algo polêmicos. Pessoalmente não me encantou, porém é um vinho diferenciado e segue o padrão de qualidade da casa.

Dehesa la Granja – já com toques de evolução sem perder o frescor, rico, boa tipicidade mostrando uma tempranillo de maior estrutura. Muito bom.

El Vínculo Crianza com 18 meses de barrica. Vinho intrigantes, marcante com uma personalidade muito própria. Vinho para tomar devagar tentando destrinchar todas as suas virtudes. Belo vinho!

Condado de Haza Crianza 2009, 18 meses de barrica e o segundo vinho entre todos os que provei no dia só ficando atrás do inesquecível Tinto Pesquera Reserva Especial. Paleta olfativa divina, sedutora, onde os frutos negros se mostram em todo seu fulgor, notas tostadas, harmônico, ótimo volume de boca e taninos muito finos. Longo final que pede bis a cada gole, amei e entre todos, talvez a melhor relação Qualidade x Preço x Prazer.

Pesquera Crianza, mais um vinho de tirar o chapéu! Grande presença de boca onde o vinho mostra enorme complexidade, taninos aveludados, muita classe aqui! Grande vinho seguido de mais dois rótulos irretocáveis!

El Vinculo Reserva e Condado de Haza Reserva, ambos com 24 meses de barrica e mais doze em garrafa onde riqueza, estrutura e elegância se mesclam em total harmonia, porém com uma mínima dianteira do El Vínculo com uma personalidade mais marcante! Esses dois mais o Pesquera Crianza, são de tirar o fôlego, mas o preço já fica um pouco salgado para a maioria de nós.

El Vinculo Parage La Golosa Gran Reserva 2003 foi um “regalo” aos presentes e já o tinha comentado também lá em 2009! Um Gran Reserva e único que passa em barricas francesas por 24 meses. Prova engarrafada de que em La Mancha não só se faz quantidade, como se faz qualidade também! Mais um grande vinho na taça que só veio confirmar que onde este homem põe a mão só podemos esperar o melhor.

Mais uma grande prova de vinhos que deixou marcas e mostra que a pessoa certa por trás de um projeto pode e faz a diferença. Gracias por la oportunidade de catar tan buenos vinos de una sola vez. Salud, kanimambo e tenham todos uma ótima semana.

Schloss Vollrads uma das Doze Vínicolas Mais Antigas do Mundo

Nesta última Terça tomamos, na Confraria Saca Rolha (depois a Raquel conta detalhes), um Riesling delicioso de um desses “dinossauros” do vinho para lembrar que cada taça de vinho tem sua história e esta tinha muiiiita, de alguns séculos, mesmo que somente da safra de 2012!

Na taça, um Vollrads Riesling Kabinett Trocken (seco) da renomada Schloss Vollrads de Rheingau na Alemanha onde se estabeleceu em 1211. Gosto muito e não por acaso acabou nas prateleiras da Vino & Sapore e na minha taça esta semana quando matei saudades.

Schloss Clipboard

A vinícola só planta Riesling e com tantos séculos de existência vocês podem imaginar o conhecimento que possuem de cada parcela de seus vinhedos para extrair deste histórico terroir vinhos realmente especiais. Este é de um terceiro degrau na sua gama de vinhos composta de 10 a 15 rótulos dependendo da safra. Seco, mineral acentuado (pedra de isqueiro) típico da casta, muito bem equilibrado porque existem vinhos que extrapolam e enjoam! Este está no ponto, se é que se pode dizer isso de um vinho, pois o mineral aparece firme mas sutil acompanhado de notas cítricas compondo uma paleta olfativa muito agradável. Na boca suas incríveis 9 gramas de açúcar residual são imperceptíveis equilibrados por uma acidez muito boa, fruta abundante puxando para notas mais tropicais, grapefruit e essa mineralidade presente que encanta o palato. Corpo um pouco acima da média dos vinhos deste estilo, 12% de álcool, porém em linha com a região, harmonioso, um enorme prazer hedonístico para o qual me faltou o Joelho de Porco para ser perfeito!

Mais uma para minha já enorme wish list, tomá-lo lá, na vinícola, harmonizado com pratos locais em seu restaurante! Um charme à parte, sua “rolha” de vidro, no detalhe da foto.

Nessa lista de digamos assim, produtores jurássicos (rs), existem uma série de outras vinícolas entre elas mais uma desta mesma região, e se tiver curiosidade para conhecer as outras onze mais antigas vinícolas ainda em atividade, vale ler a gostosa matéria escrita pelo colega Luis Cola do ótimo blog Vinhos e Mais Vinhos.

Kanimambo pela visita e tenham todos um ótimo fim de semana.

Bodega Vicentin na Taça

Recentemente tive a oportunidade de me juntar com uma série de ilustres colegas no Restaurante Piselli para conhecer os vinhos desta bodega que chegam ao Brasil pelas mãos da Galeria dos Vinhos do meu amigo Leandro Chicarelli com a assessoria de um profundo conhecedor desse mundo de Baco, o também amigo Breno Raigorodsky que um dia já foi colunista aqui do blog onde compartilhou um pouco de seu vasto conhecimento e experiência conosco.

Vicentin Rosado brutFomos recepcionados com um, a meu ver, belíssimo espumante de Malbec, o Vicentin Champenoise Rosé de Malbec, elaborado pelo método clássico, 12 meses de autólise, com um mix de uvas de cinco vinhedos diferentes em Lujan de Cuyo (Mendoza). Linda cor salmonada, fresco, ótima perlage, cítrico, acidez equilibrada que combinou ás mil maravilhas primeiramente com o bate papo entre os amigos e posteriormente com uma deliciosa Burrata sob uma cama de tartare de salmão. Para mim um dos destaques do almoço.

Combinando com a mesma entrada, foi servido um malbec branco, ou Vicentin Blanc de Malbecseja, um blanc de noir, o Vicentin Blanc de Malbec. Na verdade, não chega a ser branco e mais parece um rosado. Vinhedos de La Consulta e Vista Flores (Vale do Uco) com quase 15% de teor alcoólico, seis meses de barrica francesa aparentemente nova. Um vinho no mínimo diferente e marcante onde seu frescor equilibra bem a madeira que lhe aporta complexidade. Ficou bem com a entrada, mas explodiu mesmo quando no final da refeição foi servida uma incrível tábua de queijos do Capril do Bosque de Joanópolis (queijos de cabra) e deu tango! Para quem quer sair da mesmice e buscar algo bem diferente no mundos vinhos brancos, surpreenda-se!

Em seguida uma bateria de tintos onde dois vinhos roubaram a cena. Da linha de entrada o Dorado Blend com um corte majoritário de Bonarda com Malbec e um tico de Cabernet Franc com leve passagem de somente 15% do vinho por barricas de segundo uso, estava bem saboroso com taninos macios, fruta madura algo compotada, um vinho “cumplidor”, agradável e fácil de agradar o consumidor brasileiro em geral. Desta mesma linha o Malbec não fez muito minha cabeça tendo apostado Vicentin Malbec Blendminhas fichas no Cabernet Sauvignon.

O papo ficou sério mesmo quando chegou á mesa o Blend de Malbecs de La Consulta, Chacras de Coria, Tupungato e Las Compuertas com 9 meses em barricas francesas. Elegante, aromático, firme de boca, especiado, fruta, tudo muito equilibrado, sem arestas, tentador! Um belo vinho que seduziu a maioria dos presentes e a mim também.

Seu vinho top é o Colosso com 24 meses de passagem por barrica francesa. Vinho de boa estrutura, denso, porém sem excessos, mostrando potência mas de forma bastante elegante, longo, tendo acompanhado muito bem o Brasato di Vitello al Vino Rosso, uma feliz e muito bem trabalhada harmonização.

Na linha de seus produtos, eles possuem uma caixa de madeira Vicentin Backbonecomposta de algumas preciosidades da Bodega. A meu pedido, kanimambo, eles retiraram dessa caixa um exemplar do vinho Vicentin Backbone, um blend cofermentado de Cabernet Franc, Malbec e Petit Verdot, UAU! Uma pena que este vinho não vem solo (apesar de eles estarem estudando isso) e a quantidade produzida é ínfima, porque tomaria caixas caso tivesse o din-din para isso! Realmente a experiência só me comprova prova após prova que, colocou Petit Verdot no blend, pronto, garantia de um bom vinho e este não negou a regra. Grande vinho que já encanta no olfato e na boca é só prazer. Complexo, perfeita harmonia entre taninos finos, estrutura, acidez e riqueza de sabores, gostei demais, vinho para curtir sem pressa!

São cerca de 1400 Bodegas na Argentina, então sempre haverão novidades, umas boas, outras nem tanto, porém desta eu gostei e recomendo aos amigos fuçarem por aí e se permitirem aventurar nesses caldos “Vicentinos” ! Kanimambo pela visita e em breve mais algumas notas sobre outros vinhos e bodegas provadas. Salud e uma ótima semana para todos.

Vicentin Collection

Vigneau-Chevreau Cuvée Silex Vouvray Sec, Um Vinho de Arrepiar!

Como comentei no face, Domingo passado estava a fim de me tratar e abri esta belezura! Adoro vinhos brancos e não canso de repetir que é a pós graduação em vinhos, as nuances, sabores e frescor neles encontrados são melhor apreciados quando a litragem é de bom tamanho! rs

Por outro lado, há vinhos que classifico como “I” de Irretocável, Impressionante, Inesquecível e, especialmente, de Incuspível mesmo que numa enorme prova, este teve todos os I’s possíveis e imaginários, ish esse também!! Também há os que classifico como egoísticos! Todos sabemos que os vinhos melhoram com boa companhia, mas há uns que fazem o pior de nós aflorar e de repente nos vemos escondidos no armário traçando as últimas gotas do elixir, é, este é um desses. rs

Sabe aquela história que você conta de um momento de tua vida que te emocionou e quando você vê a pele de seu braço está toda arrepiada, pois bem ainda ontem à noite ao conversar com amigos na degustação dos Douros, me deparei com isso. Ah, tenho que falar do vinho né? Na verdade acho que já estava, mas … vamos lá. Difícil falar de algo que mexeu tanto contigo despertando tantas emoções num momento hedonístico não técnico, mas vou tentar.

Primeiramente Vouvray é uma região do Loire onde os vinhos brancos e a Chenin Blanc imperam. O produtor com mais de 150 anos de história, converteu seus vinhedos ao biodinamismo (total ausência de produtos químicos) há cerca de 30 anos, sendo este vinho elaborado com uvas de vinhedos com 30 a 40 anos de idade plantados sobre solo calcário (Silex) Vigneua chevreau Vouvrayque lhe aporta uma mineralidade excepcional e marcante.

Ao abrir esta garrafa de 2013 ele tomou conta de todos os meus sentidos; cor linda como espigas de milho brilhando ao sol e logo à primeira fungada > sutil, complexo, vibrante com notas florais (flores brancas), ervas frescas, maçã verde, lima, grape fruit, mel de laranjeira (?!), sei lá dá para viajar só ali, no nariz! rs Na boca explode de forma vibrante e intensa mostrando uma acidez acentuada, a mineralidade muito presente ditando sua personalidade, fruta fresca, inebriante e ficar aqui tentando encontrar adjetivos para tentar descrever o vinho no palato seria pura perda de tempo, quase uma heresia, até porque parei de tentar prestar atenção e decifrar o elixir para simplesmente me entregar nos braços de Baco e me deixar levar. Se o objetivo do vinho é te entregar prazer, como diria meu mestre Saul Galvão, então este transbordou e mais que cumpriu seu papel!

Já o tinha provado, mas tomar é sempre diferente do que degustar e sim, minha loira ajudou! Pouco, ufa, o que aumentou minha alegria pois estando em casa e não pretendendo sair para lugar nenhum, pude me esbaldar não restando gota. Não é barato, os Vouvrays assim como os bons Chablis ou Sancerres não o são, porém comparado com vinhos similares de outros produtores, está com um preço bem bacana, na casa dos R$180,00 e quem comprou ontem se deu bem!

Por hoje é só; viva o Vinho branco,viva o Loire, viva Vouvray, viva a Chenin Blanc, Viva a Vigneau-Chevreau (por sinal tem também um ótimo espumante), viva a Vida! Kanimambo e até Sábado harmonizando pratos e vinhos espanhóis no encontro do food truck gourmet Perfil de Chef com a Vino & Sapore.