CVR Lisboa – Nasce A Região Vitivinícola Lisboa

                  Portugal passa por uma reformulação nas denominações produtoras de vinho. Dentro desse contexto, neste último dia 24 de Abril, nasce a REGIÃO VITIVINÍCOLA DE LISBOA, nova no nome, porém de grande tradição histórica na produção de vinhos finos. Com a publicação da portaria nº 426/2009 de 23 de Abril, o Governo, através do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, acaba de criar a Indicação Geográfica “Lisboa”, agregando nesta denominação todos os vinhos produzidos e certificados na região, substituindo desta forma a designação Vinho Regional Estremadura.

               De acordo com informe obtido da CVR Lisboa (Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa)trata-se de uma região com uma forte tradição vinícola e que agrega alguns dos DOCs mais reconhecidos nacional e Obidos - Portugalinternacionalmente, entre os quais “Colares”, “Bucelas”, “Carcavelos”, “Óbidos”, “Alenquer”, “Arruda dos Vinhos”, “Encostas D’Aire” e “Torres Vedras”, para além do vinho regional Lisboa. A nova Região de Vinhos de Lisboa abrange uma área de vinha de 30 mil hectares, produzindo cerca de 20 milhões de garrafas de vinho certificadas, além de Aguardente, Espumante de Qualidade e vinhos generosos.

               O Vinho da Região de Lisboa tem vindo a registar um sucessivo incremento no volume comercializado, nomeadamente para os mercados quinta-da-cortezia-touriga-001externos, com uma quota superior a 45% do total certificado e tendo como principais destinos Angola, Bélgica, Reino Unido, Escandinávia, Canadá, Estados Unidos da América, Austrália, Noruega, Alemanha e Brasil. Aquela que era a mais premiada região de vinhos nacional, tem agora uma denominação que permitirá uma promoção interna e externa mais consistente, ao mesmo tempo que dará o devido relevo a esta região de excelência.

                 A Região de Vinhos de Lisboa abrangerá a totalidade do Distrito de Lisboa, com excepção do concelho da Azambuja, o concelho de Ourém, e os seguintes concelhos do Distrito de Leiria: Alcobaça, Batalha, Leiria, Marinha Grande, Nazaré, Pombal (com excepção de quatro freguesias), Porto de Mós e Caldas da Rainha. A alteração da indicação geográfica de Estremadura para Lisboa justifica-se no contexto de reorganização institucional do sector vitivinicola e surge após estudos levados a cabo e que concluiram que a utilização de “LISBOA”, enquanto cidade da região de produção seria a indicação geográfica com maior valia, tendo em consideração fatores positivos, nomeadamente para os mercados externos, pelo facto de possuir mais notoriedade, mais fácil leitura e melhor referência quanto à sua localização.” Evitando-se, também, qualquer potencial confusão com os irmão espanhóis da Extremadura.

           A Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR Lisboa) com link permanente Cadavallistado na seção de links de Portugal,  aqui no lado direito da página, é a entidade responsável por toda a certificação de vinhos produzidos na Região.  Entre uns mais conhecidos e outros menos, gente como a Quinta da Cortezia, Chocapalha, Casa Santos Lima, Quinta do Gradil, Quinta do Monte D’Oiro, de Pancas, Fundação Oriente (Colares), Adega do Cadaval (foto do lado).

Habituados que estamos aos tradicionais vinhos do Douro e Alentejo, pouco se tem falado das outras regiões em pleno crescimento como as, também tradicionais Bairrada, Dão, Setubal (Sado) e Minho (Vinho Verde),  muito menos da Estremadura, Alenquer, Ribatejo, Trás-os-Montes, Beiras, Madeira, etc.. Pois bem, agora com esta reformulação de indicações geográficas para botar ordem na casa e  disciplinar o rápido desenvolvimento da industria vitivinícola em Portugal que cresce a passos largos não só quantativamente, mas especialmente no aspecto qualitativo e de diversidade, que é o que mais nos interessa como consumidores, certamente teremos mais investimentos e, consequentemente, mais informação e vinhos a provar. Ótimas noticias e fiquemos de olho nos vinhos da CVR Lisboa. Eu que nasci curioso e ansioso, não vejo a hora de mergulhar um pouco mais nessa região! O que garimpar compartilho com os amigos. Por enquanto fique conhecendo melhor a região vendo no mapa abaixo como ficou sub-dividida a região.

CVR Lisboa

Alguns bons rótulos a conhecer; Prova Régia Arinto (branco), Confraria Branco Leve (um vinho tipico desta região com baixos teores alcoólicos), Morgado de Sta. Catherina Reserva (branco maravilhoso), Fonte das Moças, Quinta da Cortezia Touriga Nacional, Palha Canas Reserva, Quinta de Pancas Grande Escolha e o divino Quinta do Monte d’Oiro entre diversos outros a garimpar.

Salute e kanimambo

Vinhos de Aniversario – Última Parte

              Depois de uma semana vivida muito intensamente na Expovinis, mais um lote, misto de bons e grandes vinhos,  para finalizar a sequência de vinhos de celebração consumidos em meu niver.  Como tinha mostrado em post anterior, foram 12 vinhos escolhidos a dedo e faltava comentar estes seis. Estamos sempre aprendendo e, mais uma vez, os vinhos me mostraram como nossa vinosfera é imprevisível o que nos força, eheh, a ter que conhecer cada vez mais o que, neste caso, significa litragem. Só temos certeza das coisas quando as experimentamos e o que não falta é opção no mercado!

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Rústico de Nino Franco, mais um daqueles Proseccos de primeiro nível que me agrada muitíssimo. Uma paleta aromática mais complexa com aromas que me lembram pêra e algo de pêssego, médio corpo sem ser pesado, muito harmônico, cremoso com suave presença de sabores de levedura na boca, perlage delicada e abundante,um senhor prosecco com uma personalidade muito própria que mantém o que mais gosto num bom espumante, o frescor que o torna vibrante e difícil de deixar de pensar na segunda garrafa! Disponível na Expand.

 Abadia Retuerta  Selección Especial 2001, vinho de um produtor que me encanta e que possui em seu portfolio alguns grandes vinhos. Este é estupendo, um vinho para não esquecer apesar de que, talvez, o tenha deixado na adega um pouco demais. Nos aromas estava algo tímido, sem grande expressão, mostrando algo de frutas negras, terroso com toques herbáceos e alguma madeira. Um grande vinho que segue em pleno esplendor, mas acredito que se o tivesse tomado um ano antes, a probabilidade seria de o aproveitar em seu apogeu. Na boca não existe qualquer alusão à madeira que se torna coadjuvante, fruta madura intensa, taninos maduros mostrando um perfeito equilíbrio de grande riqueza de sabores. Entrada de boca impactante com taninos finos que se amaciam na boca mostrando um final sedoso, longo e algo mineral com nuances de especiarias no retrogosto. Já provei o 2004 que acredito esteja agora entrando no seu apogeu onde deve permanecer por mais um ou dois anos não devendo evoluir muito depois disso. Um grande vinho que no Brasil está disponível na Península.

Bindella, Nobile de Montepulciano 2004, corte de Prugnolo gentile / Canaiolo Nero / Colorino e Mammolo, um vinho que me empolga cada vez mais a cada garrafa que abro. Ainda me restou uma garrafa que pretendo abrir somente no segundo semestre do ano. Um presente de uma amiga Italiana, trader de vinhos, e por isso ainda mais gostoso (rsrs). Da primeira garrafa, tomada no inicio do ano passado, até hoje e três garrafas depois, o vinho tem mostrado grande evolução mostrando-se mais equilibrado com um final de boca menos agressivo, mais aveludado com taninos maduros formando um conjunto muito agradável de tomar. Rico, bom volume de boca, corpo médio para encorpado, belo acompanhante para um pernil de cordeiro assado no forno com batatas. Não é, lamentavelmente, importado por ninguém.

Chateau Milens, Saint Emillion Grand Cru 2001. Uma compra feita na Au Verger de la Madelaine, em plena Place de Madelaine / Paris. Comprado há cerca de 4 anos, permaneceu na adega esperando o momento certo. Depois do Selección Especial de Abadia Retuerta, achei que teria em mãos um vinho já pronto, redondo e fácil de tomar. Mezzo a mezzo, já que precisou de uma hora e pouco de decanter para realmente começar a se mostrar o que realmente ocorreu na taça. Corte de Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, mostra aromas de fruta vermelha de boa intensidade se abrindo na taça. Na boca é harmônico, firme, de boa estrutura mostrando taninos maduros, elegante, uma certa complexidade de sabores e um final de boca de média persistência com nuances de baunilha suaves e algo de café. Uma bela sugestão de quem me atendeu na época e, pelos cerca de 15 Euros que paguei, uma barganha!

Chateau +Les +Trois +Croix 1999 da região de Fronsac em Bordeaux. Não sei quem importa, mas este comprei no free shop de Paris, creio, na mesma viagem em que comprei o Chateau de Milens. Não é um blockbuster, puxa para uma certa rusticidade na boca, denso, encorpado, mais um que mesmo com 10 anos ainda teve que passar quase uma hora no decanter para se abrir. Muita tosta, alcazuz, algo terroso, boa acidez, um vinho ao qual falta refinamento e certamente pede comida. Talvez lhe tenha faltado uma carne vermelha assada na brasa para criar uma harmonização que o ressaltasse, coisa que não ocorreu. O vinho que menos me agradou em todos os 12 tomados, fazendo um estilo de vinho austero, que não é muito do meu agrado.

Quinta do Noval Unfiltered LBV 2000, um dos melhores LBV’s que conheço e, lamentavelmente (snif/snif), foi minha última garrafa. Muito aromático, algo floral, ótimo corpo, muito balanceado com ótima acidez e absolutamente no ponto de beber. Muito rico,boa concentração, fruta, especiarias, doçura equilibrada, taninos maduros firmes porém sedosos sem qualquer agressividade mostrando ótima estrutura. O ano de 2000 foi um grande ano para o Vinho do Porto e este sem filtragem certamente seguirá evoluindo por mais alguns anos, todavia já está absolutamente divino mostrando um saboroso e muito agradável final de boca que acompanha maravilhosamente sobremesas à base de chocolate. Trouxe de Portugal, mas está disponível na Grand Cru.

             Amanhã comento o incrível Desafio Decanter Falando de Vinhos de Syrah realizado na Enoteca Decanter. Grandes vinhos e algumas surpresas!

Salute e kanimambo.

Noticias do Front – Avant Premiére

É, mais um ano e os motores se aquecem para mais uma edição de nosso maior evento enófilo, a Expovinis. Nesta época, muitos dos produtores e importadores, aproveitam o momento para uma série de eventos paralelos. Neste ano começamos com a excelente mostra de Vinhos do Porto e Douro promovidos pelo IVDP (Instituto do Vinho do Douro e Porto) em São Paulo ontem. Cerca de 30 importadores representando mais de 50 produtores, mostraram as delicias que compõem o calidoscópio de estilos dos vinhos da região. Produtos de grande qualidade, um verdadeiro avant-premiére do que poderemos ver na Expovinis com um tempero muito especial, duas provas muito especiais; uma de vinhos TOP do Douro comentada e apresentado por Carlos Cabral e uma outra de Vinho do Porto (da qual participei) harmonizado com sobremesas – Branco, Tawny 10 Anos, Tawny 20 Anos, LBV e Vintages harmonizados com as proposta do Chef pâtissier Henri Schaeffer, conduzida por José Maria Santana, jornalista e representante no Brasil do Solar do Vinho do Porto.

 

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Entre os mais de 30 vinhos provados, entre Douros e Portos, alguns me atraíram mais que outros. Por outro lado, pelo menos uma meia dúzia de rótulos importantes não consegui provar. Eis alguns de meus destaques do Douro, já que sobre os Vinhos do Porto farei matéria separada mais adiante, encontrados na feira. Os preços,quando obtidos, são uma indicação de preço sugerido ao consumidor.

 

Domingos Alves de SouzaDecanter – Três vinhos; um branco muito bom, um tinto de ótimo custo X beneficio e um outro tinto divino.

  • Branco da Gaivosa 2007, um corte de uvas autóctones da região, Viosinho/Gouveio/Rabigato/Malvasia Fina e algumas mais. Complexo ao nariz, muito frescor, ótima acidez com toques minerais um vinho realmente de muitas qualidades. (R$91)
  • Caldas Tinto 2006, corte de uvas tradicionais já nossas conhecidas como tinta roroz/touriga nacional e tinta barroca mescladas com outras menos conhecidas como souzão e tinta Francisca. Aromas bem frutados, seco, redondo, boa tipicidade da região e fácil de agradar. (R$53)
  • Quinta Vale da Raposa Touriga Nacional 2005, um senhor vinho fazendo parte da elite dos grandes vinhos portugueses. Aquele floral (violeta) típico da casta está bem presente muito bem equacionada com fruta abundante dando-lhe um perfil aromático harmônico e de boa intensidade. Na boca ainda está um pouco firme , corpo médio para encorpado, taninos finos mostrando força mas bem dosado, boa acidez e um final com toques de especiarias. Belo vinho, não é barato, mas é muito bom. (R$213)

         Quinta do Vale Dona Maria 2006Expand – queria também ter provado o Casal de Loivos, mas não deu tempo. Vou sugerir ao IVDP uma ampliação de horário já que tanta coisa boa para se conhecer, mais provas especiais tudo em apenas 6 horas, é muito pouco tempo! Este vinho é mais um dos grandes e membro da elite dos vinhos portugueses, não só do Douro. Potente firme, ainda uma criança, untuoso e de grande persistência, um vinho que precisa de no mínimo uma hora de decanter ou, melhor ainda, guarde-o por mais uns três anos.

Quinta da Touriga Chã 2004Interfood – vinho que passa por 16 meses de carvalho e pede tempo! Touriga Nacional e Tinta Roriz, num corte em que o nariz é todo Touriga Nacional. Na boca é de taninos firmes, aveludados e algo austeros neste momento de sua vida, final de boca com toques de especiarias e algo balsâmico, ainda muito novo e pedindo decantação para mostrar todo o seu potencial. Um grande vinho. (R$120)

Quinta do CrastoQualimpor – um senhor produtor da região reconhecido por seus excelentes vinhos.

  • Quinta do Crasto Branco 2007, corte de cerceal, gouveio, roupeiro e rabigato o primeiro branco da casa e chega para deixar sua marca. O nariz é estupendo, de grande intensidade mostrando fruta cítrica que se confirma na boca. É muito balanceado, fresco, seco na dose certa um vinho jovial e irreverente. Gostei muito e o preço deverá estar entre R$65,00 a 70,00. (aguardem o sorteio!)
  • Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2006 – sua versão 2005 foi o terceiroo colocado no TOP 100 da Wine Spectator no ano passado (primeiro vinho português a chegar nos TOP 10) e um vinho que dispensa apresentações. É meio que chover no molhado, mas talvez seja a melhor relação Qualidade x Preço x Satisfação disponível no mercado e não só de vinhos portugueses. È um grande vinho! Este 2006 só vem nos confirmar que nasceu para ser grande, è daqueles vinhos que sabemos que dará guarda pelos próximos 10 anos, mas já está pronto a tomar, sem qualquer agressividade, mostrando uma incrível elegância, riqueza de sabores e harmonia ímpar. Sedutor, com uma entrada de boca impactante e um final longo e macio, absolutamente divino! (de R$150 a 170).

         Pintas Character 2005Vinci – mais um grande vinho do Douro, com muito caráter e de grande impacto. Aromas sedutores, firme, novo, muito rico e complexo nos sabores, robusto, porém de taninos finos e macios mostrando uma elegância latente que virá à tona com decantação ou mais três anos em garrafa quando deve liberar todo o seu potencial. Para quem poder comprar e guardar, certamente lhe será guardado o privilégio de sorver um verdadeiro néctar. Corte em partes iguais de tinta roriz/touriga nacional e tinta barroca. (aprox. R$280).

         Quinta das Tecedeiras Reserva tinto 2005 – agora na Winebrands – mais um grande vinho da região e de Portugal, corte tradicional com diversas castas do Douro advindo de um vinhedo de cerca de 80 anos e limitada produção. Cor rubi bonita que convida à boca, ainda firme, taninos aveludados presentes, equilibrado, complexo, algo austero, potente, final muito saboroso de grande persistência com nuances de pimenta e especiarias. Mais um que faz parte da elite. ($150 a 160)

        

         Interessante observar que os vinhos portugueses em sua maioria, são vinhos para serem tomados após pelo menos três anos de vida, sendo que estes vinhos de exceção que fazem parte da elite da produção regional do Douro, são vinhos de guarda que realmente se mostram em todo o seu esplendor após o quinto ano de vida. Minha experiência com estes vinhos tem demonstrado que a decantação é quase sempre necessária. Já diz o ditado que “o apressado come cru” o que, neste caso, é absolutamente correto e se aplica integralmente. Dê tempo aos vinhos, compre safras mais antigas, guarde se for possível ou decante por pelo menos uma hora. Você verá, ou sentirá, emoções outras que mostrarão uma enorme complexidade e riqueza de sabores com uma personalidade muito típica da região decorrentes de um terroir muito especial e cepas autóctones de grande capacidade de assemblage resultando em vinhos de real grande qualidade que somente nos últimos anos o mundo vem descobrindo.

          A Wine Spectator já o ano passado publicou matéria dizendo que Portugal é a bola da vez e disso não me resta qualquer duvida. Aliás, não é de agora! As pessoas só precisam deixar os preconceitos de lado e entrar nessa rota de descobertas incríveis. Dos vinhos mais baratos, saborosos e de bom preço para o dia-a-dia, até grandes néctares, Portugal tem uma enorme diversidade de regiões, cepas, estilos e terroirs que valem a pena ser conhecidos, sendo o Douro um bom ponto de partida para essa viagem.

         Assim que der falo dos Vinhos do Porto, experiência intensa e única com alguns dos grande néctares da região. Salute e não deixe de provar, preferencialmente tomar, alguns destes grandes vinhos.

Falando dos Vinhos de Aniversário I

Dizer que todo o vinho caro é bom é uma heresia, mas que certamente os bons vinhos custam uns “trocados” a mais, disso não restam duvidas. Mais uma vez esse fato fica constatado neste belo conjunto de vinhos tomados durante a celebração (30 dias) de meu aniversário, todos de mais de 100 Reais, exceção feita ao Prosecco. Como não era uma data assim tão especial, só considero especiais os aniversários a cada 5 anos, deixei algumas preciosidades para os meus 55 e meus 60, mas os escolhidos de agora deixaram-me extremamente satisfeito dando-me enorme prazer ao tomá-los. Nesta primeira parte, todos vinhos de muita qualidade que adoraria poder tomar, não diariamente, mas pelo menos semanalmente. Para quem pode, recomendo todos eles com grande ênfase.  

 

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Prosecco Bedim, um dos melhores disponíveis no mercado, freqüentando minha taça com uma certa assiduidade. Extremamente saboroso, sedutor, delicado e muito fresco com ótimo balanço de acidez, bem cítrico e macio de perlage abundante e fina com muito boa persistência. Retrogosto agradável de quero mais, e mais, e mais, ………..Para quem ainda não experimentou, uma grande opção de Prosecco, até para quem não é muito chegado em proseccos! A importação é da Decanter.

 

Peter Lehmann Cabernet/Merlot 2004, um vinho australiano de primeira linha que me foi presentado por meu sobrinho que mora por aquelas bandas. Sim, já provei alguns vinhos de lá que mostraram ser excessivamente concentrados, potentes e repletos de madeira. Por outro lado, a maioria do que tenho tomado, confesso não serem muitos, têm me surpreendido por sua elegância e madeira bem balanceada no conjunto. Este é mais um desses exemplos de vinho com classe que mexem com nossas emoções. Não é grande, mas é um vinho que provoca enorme prazer ao ser tomado devido a sua harmonia, riqueza de sabores e ótima estrutura. Os taninos estão domados, aveludados final de boca muito agradável e frutado, um vinho sedutor. A importação deste produtor é feita pela Expand, mas não vi este rótulo em seu portfolio.

 

Il Brusciato 2005, um vinho da região de Bolgheri na Toscana, produzido pela Tenuta Guado el Taso, Antinori, muito elegante e extremamente saboroso. Um delicioso corte de 40% Merlot com 40% de Cabernet Sauvignon que passam por barricas francesas, aos quais é adicionado Syrah que passa por barricas americanas. Boa paleta aromática em que sobressaem as frutas vermelhas, algo de especiarias e salumeria. Na boca é muito agradável, mostra boa estrutura, fruta madura e taninos leves e macios, acidez moderada, elegante e harmônico com um bom e longo final de boca. De médio corpo para encorpado, possui ótimo volume de boca com um final algo mineral que convida à próxima taça. Uma das boas relações Qualidade x Preço x Satisfação no mercado e um vinho que me encanta cada vez mais cada vez que o tomo. Disponível na Expand.

 

D. Pedro de Soutomaior 2007. Vinho branco elaborado com Albariño na região de Rias baixas na Galicia, Espanha. Esta uva também tem grande importância na região do Minho, norte de Portugal, onde é conhecida por Alvarinho, sendo usada tanto em varietal como em cortes, na produção de Vinhos Verdes. Os Albariños são algo mais encorpados e secos do que seus primos portugueses, porém sem perder seu frescor e característica cítrica que tanto me encanta. Este vinho é um reflexo de seu terroir mostrando aromas de frutas brancas como pêra e melão, muito agradáveis ao nariz. Na boca é super saboroso, fresco na medida e muito bem balanceado, bom volume e algo cremoso com um agradável final de boca de ótima persistência que nos deixa um retrogosto que lembra pêssegos. Um belo vinho que acompanhou maravilhosamente bem um prato de lulas recheadas. Importação da Península.

 

Emme Grande Escolha 2003. produzido em Azeitão, Terras do Sado, próximo a Setúbal por um produtor que me agrada muito, a Cachamoa. Um dos poucos varietais tomados neste lote de belos vinhos, este sendo elaborado com 100% Cabernet Sauvignon e um senhor vinho ainda com muita vida pela frente. Ainda no outro dia comentei sobre um outro vinho deles que me seduz, o Barão do Sul Garrafeira 2002 que fica melhor a cada garrafa que tomo e acho que este seguirá o mesmo caminho. Nariz intenso, algo tostado com nuances vegetais. Na boca é austero, terroso firme e de grande estrutura, potentoso e gordo, muito rico em sabores, complexo, taninos finos presentes, cheio bastante equilibrado e muito longo. Com este vinho, esta casta mostra sua perfeita adaptação à região da península de Setúbal, trazendo-nos mais um ótimo Cabernet Sauvignon português. Acompanhou uma rabada desfiada, puxada num molho do próprio vinho, maravilhosamente! Importação da Lusitana.

 

Allende 2004, mais um dos varietais tomados, aliás acho que os três estão aqui nesta primeira metade da matéria já que o Albariño também o é. Este é da Rioja e 100% Tempranillo, um vinho que já andava na adega há algum tempo me tentando cada vez que lá ia buscar um vinho. Achei que merecia uma ocasião de maior importância e finalmente a abri e que beleza. Um vinho que necessita de decantação de cerca de uma hora, por sinal o EMME ficou 45 minutos, para mostrar todos os seus predicados. Mais um vinho potente e opulento com um nariz complexo.  Muito rico, denso e complexo na boca, harmônico conseguindo balancear muito bem esse seu vigor com elegância, taninos firmes, mas aveludados mostrando que com 5 anos de idade ainda é uma criança em plena evolução. O final de boca é longo, saboroso e algo mineral com nuances de baunilha advindos de uma madeira muito bem trabalhada. Importador Península.

 

         Não existe um preferido, cada um destes vinhos me fez sorrir bastante, deixando-me imensamente feliz. Cada um me atendeu de uma forma diferente e é isto que faz com que nossa vinosfera seja tão intrigante. É a diversidade que seduz nossa curiosidade sempre na busca do novo e de satisfação total. Estes primeiros 6 vinhos, de um total de 12 tomados nesta celebração, deixaram-me com água na boca e mal acostumado!

Salute e kanimambo.

Vinhos da Semana

Uma semana de algumas confirmações e outras descobertas. Só tintos, mas todos de grande valor e relação Qualidade x Preço x Satisfação.

 

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Ceirós 2004, um vinho para quem tem paciência, pois há que se decantar por cerca de 45 minutos para começar a desfrutar de todas as suas qualidades. Apesar do preço, um vinho para quem não tem pressa pois há que se lhe dar tempo para ele se mostrar. Um corte de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca é vinho complexo produzido pela Quinta do Bucheiro na região do Douro. Direto da garrafa para a taça, o vinho é impactante, algo rústico, vinhoso de aromas não muito sedutores.  Deixe-o respirar e desfrute de um vinho untuoso, fruta madura (ameixa), bom volume de boca, rico, taninos presentes mas bem equacionados num final de boca longo, macio e algo apimentado. Um vinho muito particular e marcante com boa acidez que pede comida e agrada sobremaneira. Importado pela Vinhas do Douro e á venda na BR Bebidas por apenas R$35,00. I.S.P. $

 

.Com 2005, um vinho muito bem feito, macio e fácil de agradar que não tomava já fazia um tempinho. Para derrubar aqueles que acham que os vinhos do Alentejo são só força e rústicos. Há muito que não são assim e este é mais um exemplo de que as coisas realmente estão a mudar por aquelas bandas. Este é um novo projeto (já tem uns três anos) do filho de Joaquim e Margarida Cabaço da Quinta dos Cabaços, Tiago, em que ele busca uma modernidade tanto no nome como na estrutura de seu vinho. È um corte típico da região elaborado com  Alicante Bouschet, Aragonez, Trincadeira e, algo menos tradicional, uma parte de Cabernet Sauvignon. È um vinho em que a fruta madura toma conta do conjunto, mostrando-se muito equilibrado apesar de um teor de alcoólico algo alto. A palavra que mais me veio à cabeça para definir este vinho, é de que é um vinho vibrante e jovem, macio, muito saboroso e fácil de tomar, atendendo exatamente aquilo que o produtor buscava, um vinho para cativar os jovens, mas não só, o que efetivamente ocorreu aqui em casa. Elegante, fino suave mas pleno de sabor, um vinho para tomar às garrafas num bate-papo com os amigos. Importado pela Adega Alentejana, comprei do amigo Ricardo, Casa Palla, por R$37,00. I.S.P.  

 

Concentus 2005, até agora não tomei um vinho da Pizatto que não tenha gostado e, de grande valia, um “plus” que é o fato de seus preços serem, em geral, muito bons versus a qualidade de seus produtos. Este Concentus não nega a raça e é um vinho muito saboroso com aromas de frutos do bosque negro como mirtilos, cassis e frutas do gênero. É na boca, no entanto, em que ele realmente nos seduz por seu equilíbrio e harmonia, num conjunto com taninos firmes, finos e aveludados, de boa estrutura, corpo médio para encorpado, rico, complexo, enche a boca de prazer, saboroso final de boa persistência, mesmo não sendo muito longo, deixando-nos um gostinho de quero mais na boca. Um belo corte de Merlot, Tannat e Cabernet Sauvignon que não faz feio em lugar nenhum. Acompanhou maravilhosamente bem um pernil de cordeiro com risoto de funghi, muito yummy! Preço por volta dos R$50,00. I.S.P.

 

Chateau Gamage 2003, para quem reclamou de que os vinhos da Expand Sale não prestavam, mais uma prova de que não souberam fazer o dever de casa e não leram este blog, eheheh. Bordeaux Superieure com toda a tipicidade da margem direita em que a uva Merlot se apresenta majoritária (70%) no assemblage que é composto também de Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon em partes iguais. Aromas algo defumados, terroso, fruta madura que vem a se confirmar na boca de forma bastante equilibrada. Taninos finos e aveludados, mas ainda presentes e firmes mostrando que ainda possui uns bons três ou quatro anos de evolução pela frente. Macio, mostrou-se mais harmônico quando baixei a temperatura a 16º.  Na Expand por R$78,00 só que na Expand Sale estava por R$38,00, um achado! I.S.P.    

 

Casillero Del Diablo Merlot 2007, podem dizer o que quiserem sobre os vinhos desta safra, mas este Merlot segue sendo um dos meus favoritos. O Syrah também e estupendo assim como o Cabernet Sauvignon e Carmenére, mas para o meu gosto este vinho se excede e está delicioso, uma barganha e um dos meus campeões de Relação de Beneficio disponíveis no mercado. De corpo médio, bom volume de boca, nariz bem frutado, algo especiado, é um vinho de grande elegância com a “redondês” característica da uva merlot produzindo um conjunto saboroso, equilibrado, macio com um final muito agradável de boa persistência com nuances de chocolate. Um porto seguro disponível no mercado por diversos preços tendo este sido comprado por R$27,00 porém já vi a R$35,00. Me lembro dos preços, mas não de onde comprei (oops!), de qualquer forma levarei em conta um preço médio de R$32,00. I.S.P.  $  

          

         Sem gastar muito tomei diversos bons e agradáveis vinhos. É o que sempre digo, não há necessidade de se gastar rios de dinheiro para se dar bem em nossa vinosfera, basta garimpar um pouco. Agora, podendo gastar, este nosso mundo dos vinhos vira um enorme playground!

Salute e kanimambo.

Bacalhau & Vinho – Mais Experiências.

Quando preparei a matéria sobre harmonização de Bacalhau e Vinho para a Páscoa, lancei o desafio para um monte de gente amiga. Pois bem, o Marcio Marson, nascido e criado nesse mundo vinícola levou esse desafio um passo adiante e se juntou com amigos para tirar a prova dos nove. Vejam só a mensagem que ele me enviou e o resultado de sua prova!

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          Na noite do dia 04.04.09 me reuni com uma turma de amigos na casa do casal Eduardo Milan e Wendy Elago, advogados e amigos de longa data, para aproveitar o convite feito por você sobre a melhor harmonização de Vinho & Bacalhau para esta páscoa com vinhos até R$100,00. Achei que melhor do que elaborar sobre suposições, por melhores que fossem, nada como as testar. Eis o resultado dessa divertida prova decorrente de seu desafio.

Compras:

Eu me encarreguei na primeira parte de comprar o bacalhau e a opção feita foi um Lombo de Bacalhau Porto Imperial, comprado na loja do Pão-de-Açúcar na praça Panamericana, auxiliado pelo simpatissíssimo atendente Fernando. Boa compra !!! Os vinhos combinamos que cada pessoa levasse o seu rótulo entre tintos, brancos ou rosés.

Os vinhos escolhidos foram:

1. Dobogò Furmint Tokaj 06 – Hungria

(será trazido para o Brasil pela WineBrands)

2. Cordilheira de Santana Reserva Especial Chardonnay 05 – Brasil

(EIVIN São Paulo 11.5042.3890 = R$ 57,00)

3. Dão Sul Quinta de Cabriz Rosé 07 – Portugal

(Expand por volta de  R$ 30,00)

4. Chateau Gamage Bordeaux Rosé 05 – França

(Expand por volta de R$ 70,00)

5. Dão Sul Quinta de Cabriz Tinto 06 – Portugal

(Expand por volta de R$ 30,00)

6. Miolo Quinta do Seival Castas Portuguesas 05 – Brasil

(Miolo Wine Group São Paulo – 11 2167.1600 preço R$ 45,00)

7. Monte da Penha Fino Reserva 02 – Portugal

(Vinea Store = 11.3059.5200 = R$ 98,70)

8. Chateau Peyruchet Cuvé Jean-Baptiste Premier Côtes de Bordeaux 05 – França – (Expand por volta de R$ 50,00)

 (todos os pratos preparados pela amiga Wendy, aluna do Curso Chef de Cozinha Internacional – SENAC/SP)

Entradas:

Pães italianos, patê de foie gras c/ vitelo e ervas no conhaque.

Ostras defumadas em conserva de óleo de semente de algodão

Azeitonas pretas chilenas e portuguesas

Tudo uma delícia !!!

 mmarson-bacalhau-confitado-no-azeite1ºPrato: Bacalhau Confitado no Azeite (c/ cebola e alho)         

Vinho1: Cordilheira de Sant’Ana Chardonnay 05, 14% álcool, 100% chardonnay. Harmonizou muito bem pois manteve a elegância do prato. Vinho de cor amarelo dourado e brilhante, com aromas tostados, baunilha, de grande estrutura, na boca é cheio, intenso paladar tostado, caramelo, complexo, estruturado mas macio.

  • Vinho2: Dão Sul Quinta do Cabriz Rosé 07, 13% álcool, touriga nacional e alfrocheiro. Teve uma harmonização menos correta talvez pela falta de estrutura. Vinho de cor rosado brilhante, aromas de framboesa, morango, mel e florais, bem sutil, na boca se mostrou fresco, de médio corpo, macio, elegante, redondo, toques de geléia.
  • Vinho3: Chateau Gamage Bordeaux Rosé 05, 13,5% álcool, 100% merlot. Teve uma boa harmonização, mas não tão adequada quanto o branco. Vinho de cor rosado tostado, brilhante, com aroma maduro, cravo, especiarias, geléia de framboesa, na boca redondo mas complexo, macio, elegante, toques florais.

 mmarson-bacalhau-em-postas-com-molho-de-tomate2ºPrato: Bacalhau em Postas ao Molho Tomate (c/ batatas, ovos, azeitonas e pimentão)

  • Vinho1: Dobogô Furmint Tokaj 06, 13% álcool, 100% uvas furmint. Harmonizou muito bem pois manteve a elegância do prato. Vinho de coloração amarelo dourado claro, brilhante, com aroma maduro, tostado, especiarias, calda de tangerina e mel; na boca cheio, macio, maduro, com notas de especiarias, laranja em calda.
  • Vinho2: Dão Sul Quinta do Cabriz Tinto 06, 13% álcool, uvas alfrocheiro, tinta roriz e touriga nacional . Teve a harmonização dificultada pela presença de taninos frescos. Vinho de cor rubi intenso, vivo, brilhante, com aromas de frutas vermelhas, canela e terra, na boca se mostra fresco, bem seco, marca de vegetal e tanino presente, marcante no final de boca.
  • Vinho3: Miolo Quinta do Seival Castas Portuguesas 05, 13,5% álcool, uvas touriga nacional, alfrocheiro e tinta roriz. Também teve harmonização um pouco dificultada pelos taninos do vinho. Cor rubi intenso, profundo, aromas maduros de framboesa em calda, couro e chocolate, na boca se mostrou cheio, gostoso, macio, estruturado, quente, com notas maduras e especiarias.
  • Vinho4: Monte da Penha Fino Reserva 02, Alentejo, 13% álcool, uvas alicante bouchet, aragonêz e trincadeira. Também teve boa harmonização pois està macio e taninos maduros. Vinho de cor rubi profundo, evoluído, bem escuro, aromas de frutas vermelhas maduras e/ou cristalizadas, especiarias, doce, complexo, na boca é quente, frutas vermelhas compotadas, gostoso.

Sobremesa:

                   Vinho Chateau Peyruchet Cuvé Jean-Baptiste Premier Côtes, Bordeaux 05, Gironde – França. 13% álcool, colheita Tardia

Avaliações Finais :

Num contexto geral, os dois brancos ficaram melhores harmonizados com ambos os pratos, apesar de achar que o vinho húngaro perdeu um pouco da sua exuberância pelo fato do prato de bacalhau com que ele foi servido conter tomates. Talvez, o segundo prato, por ter o molho mais básico, fosse o mais indicado para ter sido tomado com os dois brancos.
Quanto ao Cordilheira, por ter notas de amêndoas e um certo toque amanteigado casou perfeitamente com o azeite e a untuosidade do segundo prato de bacalhau.

 

           Valeu Marcio, é com experiências dessas compartilhadas on-line que todos aprendemos um pouco mais sobre este tema de nossa intrigante vinosfera.

Salute

 

 

Portugal a Toque de Caixa

O bom de viajar pela Europa e em especial por Portugal, é que as distâncias são pequenas e a oferta de opções e atrações enorme. Apesar do objeto de minha recente e rápida viagem não ter sido turismo, consegui incluir curtas viagens 20 a 50 kms, até para desanuviar o espírito, visitando alguns locais interessantes. Como a diversos-058Golegã capital do cavalo Lusitano onde fui para almoçar no Cú da Mula (isso mesmo) por recomendação de meu primo Carlos, mas como estava fechado para descanso semanal acabei no Barrigas onde comi um delicioso prato de borrego (cordeiro) assado que acompanhei com um simples mas saboroso tinto do Alentejo, o Loios.

A origem de minha família é no Ribatejo; Vila Nova da Barquinha e Moita do Norte, acompanhando o Rio Tejo que vem desaguar em Lisboa onde ganha fama. A região é terra de touros, cavalos, povo hospitaleiro e gente boa (obviamente) em que pequenas casas antigas e vielas cheias de história se mesclam com a modernidade de construções novas. Tancos, Constância, Arrepiado, Castelo de Almourol, locais próximos que o convidam a relaxar em paisagens idílicas. Os vinhos do Ribatejo têm fama de rústicos, simples sem grande qualidade, mais centrados em vinhos de mesa do que na elaboração de vinhos finos e é vero. Isso, no entanto, começa a mudar com grandes investimentos e busca das castaquinta-da-lagoalvas mais adequadas ao terroir da região. Meus primos Chico e Bia me apresentaram ao Quinta da Lagoalva, vendido aqui pela Mistral, que me surpreendeu positivamente. Este 2004 é um corte de 60% Castelão com Touriga Nacional, muito agradável, macio, cremoso de taninos maduros bem equilibrado que me fez trazer umas garrafas, inclusive pelo preço abaixo de 4 Euros. Uma boa sugestão para os amigos que queiram ter uma ideia dos vinhos da região e que me despertou a curiosidade de conhecer o Quinta da Lagoalva de Cima que dizem ser um dos melhores do pedaço. Fica para uma próxima vez!

quinta-da-lagoaNo Domingo dei um pulo a Nelas, terra do Dão e um pouco mais longe, próximo a Viseu uma viagem de pouco mais de duas horas onde almocei em família. Dei uma passadinha na Quinta dos Roques que estava fechada e passei pela Quinta da Lagoa onde comprei um belíssimo queijo da Serra DOP (denominação de origem protegida) direto do produtor e das mãos de dona Maria Palmeira.

A caminho do Barreiro, sul do Tejo próximo a Almada, Montijo e Coina, uma passada em Lisboa para almoçar no O Caseiro uma deliciosa carne de porco á Alentejana com amêijoas à Bulhão Pato de entrada, delicias-de-portugalatravessar a rua e comer uma par de pastéis de Belém acompanhados por um porto tawny e finalizado com uma bica (cafezinho) cheia. Uma breve passada para um bate-papo com o Jaime na Garrafeira Nacional para comprar uns vinhos e descobrir novidades como os Rieslings que o Dirk Niepoort começa a produzir em Trás-os-Montes. Saindo da Garrafeira, um carrinho com irresistiveis castanhas assadas, mesmo que um pouco de fora de época. No Barreiro, meio caminho entre Lisboa e Setúbal ao sul do Tejo uma curta visita à região do Azeitão (Terras do Sado) para uma visita de médico àdiversos-101r Quinta da Bacalhôa, com suas milenares oliveiras, e à sede antiga da José Maria da Fonseca casa da marca mais antiga de vinhos portugueses, Piriquita, primeiro a engarrafar seus vinhos em 1850 e famosa por seus Moscatéis de Setúbal, onde descobri um Clarete de Malbec! Não sendo uma região somente de vinhos, uma passada relâmpago pela Quinta do Camarate que afora os vinhos é um dos principais produtores de Queijo de Azeitão, também DOP, rodeado de ovelhas, campos e vinhedos. Também a fábrica de azulejos artesanais, Azulejos de Azeitão, um lugar imperdível que merece, como todos os outros locais, mais tempo para mergulhamos em sua cultura e história.

diversos-125Em Setúbal, nada como um almoço com um amigo saudoso no Novo 10, uma marisqueira de primeira na praça da Fonte Luminosa. Seu arroz de mariscos, quase um ensopado, repleto de gostosuras acompanhado por um delicioso Herdade do Pinheiro branco 2007 (adoro os vinhos deste produtor), corte de Antão Vaz e Roupeiro, foi um pitéu e uma grande finalização para uma conturbada viagem que me aguçou o apetite por uma viagem de férias a valer.

Vinho não existe só. Existe conjuntamente com o queijo, com os azeites, com a vida no campo, com gastronomia, história e cultura de um povo e de uma região. Conhecer o mundo do vinho é mergulhar nesse emaranhado de informações, sabores e imagens. Fazer isso numa terra em que se compartilha o conhecimento pelo mesmo idioma, em que se é bem recebido por um povo genuinamente hospitaleiro e em que os preços são acessíveis é bem mais agradável. Portugal reune um imenso acervo enogastronômico, cultural e histórico a ser explorado e quem ainda lá não foi tem que começar a repensar seus próximos programas de férias. Compartilho com você um pedaço desta curta, porém intensa experiência neste slide show abaixo.

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Salute e kanimambo

 

Salvar

Salvar

Ajustando o Fuso e as Idéias

 Pataniscas de bacalhau com meia jarra de vinho tomadas num copo de pingado numa tasca na companhia de um primo há muito não visto, uma dessas experiências que não tem grana que pague e serve de consolo para qualquer mal. A vida nem sempre é fácil muito menos feita somente de alegrias. Por vezes somos atingidos por perdas irreparáveis, por outras nos surpreendemos por novas e inesperadas amizades, apoio e demonstrações de carinho. Em outras ocasiões; nos frustramos com a falta de apoios esperados, porém nos alegramos pela confirmação de outros. Tudo na vida tem seus altos e baixos, suas alegrias e tristezas, seus amores e desamores e assim vamos tocando essa montanha russa que é o nosso caminho por estas terras até que um dia a deixemos por algo que, a maioria acredita, ser algo melhor. Por vezes nos deixamos levar tanto por nossas vidas cheios de compromissos e luta pela sobrevivência, que deixamos de observar as coisas simples que a vida nos proporciona. Abramos os olhos!

diversos-093Ontem foi Domingo de Páscoa passado na companhia de meu núcleo familiar devidamente adornado com quitutes que trouxe de Portugal como um chouriço de porco preto alentejano assado no álcool, castanhas de ovos, pastéis de Belém comprados antes de ir para o aeroporto, queijo de azeitão comprado na fazenda dois dias antes, amêndoas de tudo o que é jeito, gentilmente presenteados por minha prima, e uma bela garrafa de Quinta da Lagoalva um digno representante dos novos vinhos Ribatejanos. prato-de-amendoasrFoi um dia de fortes emoções e de grande alegria o primeiro de uma nova fase de minha vida que espero poder seguir compartilhando com você através destas mal traçadas linhas.

No pouco tempo que tive disponível para mim, tive oportunidade de passear num supermercado, visitar (ou pelo menos tentar) duas vinícolas, pesquisar preços e dar uma esticada até Setúbal para almoçar no Novo 10 com meu amigo José Eduardo e matar saudades do belo arroz de mariscos, bem diferente daqui, que eles preparam. Depois falo um pouco disso, mas veja só alguns dos preços encontrados e a comparação com os preços locais:

  • Vinho Verde Muralhas – lá em torno de 3,89 Euros e aqui por R$38,00.
  • Quinta da Lagoalva – lá por 3,59 Euros e aqui R$50,00
  • Cortes de Cima – lá por 9,69 Euros e aqui por volta dos R$100 a 110,00. 
  • Fonte do Nico Fashion – lá por 1,99 Euros e aqui pó R$38,00
  • Altano Douro – lá por 2,79 Euros e aqui por R$43,00
  • Vila Santa Alentejo – lá por cerca de 10 Euros, aqui por algo próximo a R$95,00.  
  • Só Touriga Nacional – lá por 11 Euros, já por aqui anda batendo a barreira dos R$100 ficando algo entre 100 a 120 dependendo da loja e idade do estoque

Dureza, não? Antes que termine esta mensagem, uma dica para os amigo(a)s que se aventuram por terras Lusas. O Aeroporto de Lisboa passou por uma reformulação e está dez, mas não deixem para comprar produtos no free shop, especialmente vinhos! Preços que variam de 20 a 40% mais caros do que nas garrafeiras e supermercados da cidade, realmente uma enorme frustração, sem falar dos azeites que estão mais baratos por aqui. Somente uma opção para quem tenha esquecido algo ou já esteja com excesso de peso na bagagem a ser despachada.

Bom estar de volta, mas de coração dividido pois enquanto estive por lá fui pego por uma “sensação de pertencer” que há muito não sentia. Agora tenho que correr atrás de uma semana em que as coisas ficaram paradas, retomar o fio da meada, preparar novos posts, fazer novos contatos, buscar inspiração, etc., etc., etc. Logo, logo volto ao normal porém, por enquanto, ainda sigo acordando no meio da noite, tendo sono no meio da tarde, ………

Salute e kanimambo

Vinhos da Semana

Mais uma série de vinhos tomados e, mais uma vez bem escolhidos. Tá, já sei estou puxando a sardinha para a minha brasa, mas fazer o quê, foram boas escolhas mesmo! Rsrs Brincadeiras à parte, alguns eram vinhos já conhecidos e agora revisitados, outros foram fruto de garimpo e, outro, presente recebido de uma amiga italiana. No todo, 5 vinhos muito agradáveis e de boa qualidade de que gostei bastante e espero que você também caso tenha a oportunidade de se deparar com um deles por aí. Eu me diverti bastante!

 

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Trio Chardonnay 07 – este é um vinho que freqüenta a minha mesa com uma certa assiduidade em função de ótima relação Qualidade x Preço x Prazer. Como já havia comentado, é um saboroso corte de Chardonnay (70%), Pinot Blanc (15%) e Pinot Grigio (15%) em que as primeiras duas passam por cerca de 10 meses de barricas e o ultimo somente em tanques inox para preservar mais a fruta e a mineralidade que aporta ao corte. Possui um nariz bastante complexo com muita fruta fresca, algo cítrico de boa intensidade. Na boca é cremoso, macio mostrando estar muito balanceado com um frescor muito agradável e um final de boca com leves nuances de abacaxi. Foi grande companheiro para um gostoso risoto de salmão. Com um preço ao redor de 40 reais, é uma das boas opções do mercado e um curinga para se ter na adega. I.S.P. $

 

 

 

Lorca Fantasia Malbec 07 –  mais um que vem nos lembrar que para ser bom o vinho não precisa ser caro. Aromas de boa tipicidade com aporte de frutas silvestres e algo mineral com nuances terrosas e cor violeta típica da cepa e da idade. Entrada de boca gostosa com leve especiado, boa estrutura e acidez balanceada que pede um belo bife de chorizo. Taninos finos, algo aveludados com final de boca sedoso e levemente quente (olho na temperatura) de boa persistência com retrogosto suavemente tostado. Um vinho que agrada fácil e uma ótima pedida para um churrasco com os amigos.  Trazido pela Ana Import, tem um preço sugerido em torno de R$36,00 e vale. I.S.P. $

 

 

 

Quinta do Encontro Merlot/Baga 04 – comprado na Expand Sale do inicio do ano e ainda tenho mais três garrafitas guardadas. Grande escolha. Tem gente que reclama de produtos comprados nesses grandes mata/mata e até concordo que tem muita coisa que não é lá nenhuma Brastemp ou já está em franca decadência, quando não é já um pobre corpo estendido na prateleira. Agora, para ir num lugar desses tem que fazer lição de casa e eu fiz direitinho. Tenho outros rótulos comprados e me dei bem em todos. Mas vamos a este portuga da Bairrada em que a Merlot aparece em conjunto com a Baga, cepa habitualmente vigorosa, amaciando-a e tornando o vinho mais amistoso. Boa fruta silvestre no nariz, corpo médio, na boca mostra fruta madura, bom equilíbrio, sente-se um certo frescor fruto de uma acidez bem dosada, saboroso final de boca de média persistência com taninos sedosos já totalmente equacionados gritando me bebe, me bebe! Um porto seguro, pronto a beber e quem comprou pelos míseros R$17,50 que paguei, se deu muiiiito bem. O preço normal é de R$35,00, ou por aí, o que segue sendo uma boa pedida. Pelo preço que paguei, vai receber um meio smile extra. I.S.P.  $  

 

 

Rio Sol 06 – um corte muito bem elaborado de Syrah com Cabernet que, não tem uma vez que ponho na boca e não me impressiono. Incrível como os portugueses da Dão Sul acertaram a mão neste vinho e, de certo, o terroir de alguma forma ajuda e muito no processo. Já fazia mais de ano que não tomava este vinho e só me surpreendi positivamente. Melhorou, ou eu melhorei minha percepção, desde a última safra provada mostrando-se um vinho realmente muito saboroso, de grande harmonia, taninos sedosos, boa textura e volume de boca, corpo médio formando um conjunto difícil de não gostar. Um dos melhores vinhos abaixo de 20 Reais hoje disponíveis no mercado e, á cegas, acho que daria um banho em muito rótulo medalhado que há por aí, como aliás já o fez na Expovinis de 2008. Um vinho para acabar com o reinado argentino de vinhos bons e baratos, só precisa o brasileiro descobrir. Na Expand por R$19,00 e uma opção para não deixar de lado. I.S.P. $  

 

 

 

Fattoria di Bagnolo Chianti Colli Fiorentini 2006 – de Marchesi Bartlini Baldelli, de vinhedos DOCG localizados nas colinas ao sul de Florença, vem este agradável exemplar de Sangiovese/Colorino e Merlot num corte bastante agradável. Rubi escuro, aromas intensos de fruta vermelha com algum floral. Na boca possui corpo médio, bastante equilíbrio com taninos finos ainda presentes, aveludados de boa textura, num estilo mais puxando para a elegância,com final de boca macio e saboroso. Fácil de beber, é um vinho que, ao preço certo, poderia muito bem virar assíduo frequentador de minha mesa. Boa companhia para massas (agnolotti de vitelo) e uma carne grelhada. Este me foi trazido de presente por uma amiga, trader de vinhos que representa o produtor no mercado externo. I.S.P.  

 

Salute e Kanimambo

Bacalhau e Vinhos – Harmonizando a Páscoa

              Como dizem meus compatriotas, pelo menos é o que rege a lenda, “bacalhau não é peixe, é bacalhau” e estamos falados! Uns gostam com vinho branco, outros não abrem mão de um tinto, mas quem conhece do riscado sabe que é essencial saber o tipo de bacalhau que será servido. Bacalhau com natas, à Lagareiro, à Braz, à Zé do Pipo, à Gomes de Sá, à Espanhola, ao Forno, à Marialva, à Fenomenal, à Portuguesa cozido com batatas e grelos (tipo de couve), à Espanhola, Arroz de bacalhau com brócolis, à Narcisa enfim existem inúmeras formas de preparar bacalhau e outras de tanto de o harmonizar, até porque isto não é uma ciência exata e o gosto junto com a litragem de cada um é que determina o melhor casamento entre os dois. Para melhor demonstrar toda essa subjetividade, enviei um e-mail para diversos e experientes amigos de nossa vinosfera e fiz-lhes a seguinte pergunta. Lhe dou 100 Reais (30 Euros) para comprar vinho, ou vinhos, que harmonizem com seu bacalhau da Páscoa, quais seriam? Uma ressalva, os produtores não poderiam listar seus próprios vinhos. A maioria me respondeu, outros deixaram-me na mão, mas deu uma coletânea bastante interessante e diversificada de sugestões para você avaliar e, eventualmente, achar seu caminho.

  panorama-bacalhau1                                              Álvaro Galvão (Divino Guia) – Como gosto de fazer harmonizações não mito óbvias, indico o rosado maravilhoso da Miguel Torres Chilena, o Santa Digna, que é da Reloco, e deve girar na faixa de R$50,00.Como sobra a metade, indico o Prelúdio, um corte bordalês brasileiro do projeto Vinha Solo do Marco Daniele R$ 40,00. Deixo claro também que estou pensando em um bacalhau às natas para o primeiro e para o corte bordalês, uma bacalhoada, com pimentões e cebolas em abundância de azeite. Ainda sobra para a sobremesa!

         Arthur de Azevedo (Revista Wine Style e ABS) – Prefiro o bacalhau preparado de modo bem simples para valorizar o peixe propriamente dito. Sempre gosto de combinar bacalhau com vinhos brancos, como os Rieslings da Alsácia e da Alemanha, secos ou no máximo com uma leve insinuação de doçura. De Portugal ficaria com os vinhos brancos da Bairrada, como o Filipa Pato Ensaios Branco, ou com o Luis Pato Vinhas Velhas Branco, ou com um belo Arinto ou Antão Vaz do Alentejo, como os ótimos vinhos do Paulo Laureano. Se quiser mudar para a Espanha, use um ótimo Verdejo como o Emina Rueda.

         Didu Russo (Gula/Revista RSVP/Blog/Celebre) – Eu iria de tinto da Bairrada, um Luis Pato de uva baga. Aprendi isso em Portugal e adotei. Não concordo com os brancos, barricados ou não, bacalhau tem untuosidade que pede tanino e tanino seco nada de vinho madeirado tipo Malbec do Rolland não heim… Fica um horror. Também é uma ilusão os verdes frescos que os portuguêses com calor aqui no Brasil passaram a adotar, nada a ver “Secondo Me”. Com bolinhos fritos é diferente, iria de verdes claro para limpar a boca da gordura com as agulhas dos verdes. É isso.

         Pingus Vinicius (Pingas no Copo) – Eu gosto de um bacalhau à lagareiro (azeite e alho e batatas). Com este prato metia um tinto do Dão. Não tinha dúvidas. Escolhia um Quinta do Corujão Grande Escolha 2004 que custa menos de 25€ em Portugal. Se o bacalhau fosse assado no forno e acompanhado com puré, provavelmente o acompanharia com um Douro Branco. Um Redoma ou um Encosta Longa fermentado em barrica. Se o Bacalhau for confeccionado em sopa, com poejo e pão avançaria para um branco do alentejo. Um Pera Manca ficava-lhe bem.

         José Luiz Pagliari (Wine Experts / Revista Freetime / SBAV / Consultor) – Lembro-me do Saul Galvão falando duma série de harmonizações de bacalhau e vinho, chegando na melhor com o Conde de Valdemar Fermentado em Barricas, da Mistral (US$36.90), mas não me lembro qual receita de bacalhau estava sendo provada. Para a escolha do que beber é importante a maneira como o bacalhau é preparado, o método de cocção, os ingredientes. Meu favorito, espécie de curinga, mas se dando muito bem com receitas mais cremosas como o “Bacalhau com Natas” é o Esporão Reserva Branco, a R$78. Esse branco tem a vantagem de ser longevo, bebendo-se bem com 6, 7 anos ou mais.

         João Pedro de Carvalho (Copo de 3) – OK desafio aceite , vamos lá ver então. Bacalhau para o Domingo de Páscoa, por tradição na minha zona não comemos carne sexta feira santa pelo que é nesse dia que comemos o bacalhau. Como sou do Alentejo manda a tradição que Domingo se coma borrego assado no forno. Mas vamos então ao bacalhau, que pode ser entre tantas, de duas maneiras:

Cozido com batata e couve, ou grelos salteados em fio de azeite:

Um prato onde penso que o vegetal e o salgado suave do bacalhau juntando ao gosto forte do mesmo liga bem com um vinho que tenha corpo, frescura, mineralidade e boa dose de fruta e vegetal fresco.

Sugeria em plano mais económico: Soalheiro Alvarinho 2007 ou 2008, um Covela Escolha 2007, Redoma 2007, subindo um pouco mais claramente um Soalheiro Primeiras Vinhas que é para mim um dos melhores brancos de Portugal neste momento, ou um Quinta dos Roques Encruzado 2007. Se fosse para fora, iria buscar ao Vale do Loire um Chenin Blanc por exemplo qualquer um da gama Baumard ou um Domaine du Collier, que são vinhos acentes numa belíssima mineralidade e frescura, capazes de ligar bem com o vegetal, o grosso da batata e o exigente bacalhau.

No forno com natas, batata e pão ralado:

Aqui procuro sempre vinhos onde a madeira confira alguma untuosidade ao vinho, vinhos um pouco mais gordos na boca, com toques de tosta leve. O Redoma Reserva é bom exemplo, o Soalheiro Primeiras Vinhas 2007 aqui também liga bem, Malhadinha 2007. Do Chile o Montes Alpha Chardonnay gosto muito com este tipo de prato, mas por outro lado gosto de alguns tintos, como o Quinta de Saes Estágio Prolongado, que tem a frescura suficiente para o prato mas ao mesmo tempo a madeira que mostra é suave e liga bastante bem.

         Breno Raigorodsky (Sommelier FISAR/ Colunista) – Meu bacalhau é uma receita meio minha, meio do resto do mundo! É francesa com ingrediente italiano. É a brandade com o arremate do azeite aromatizado com trufa branca. Vou para um Moulin a Vin para caber com folga na sua verba de R$100,00 ou vou para um Dolcetto ou um Barbera de grande qualidade. A trufa manda no bacalhau e no vinho…Mas estarei muito bem servido nesta minha Páscoa, no doubt.

         Hamilton Reis (Enólogo da Cortes de Cima) – uma ressalva, vinhos da casa não poderiam ser sugeridos. Eu até posso, eles não! Eheh “Bom esta para mim é bastante fácil porque aqui à dias comi um bacalhau na brasa que foi brilhantemente acompanhado por um vinho que eu adoro, Morgado de Santa Catarina branco 2005, é de Bucelas e é, na minha opinião, um dos melhores brancos Portugueses da actualidade (pelo menos um dos melhores que eu conheço). Este vinho é muito equilibrado e ao mesmo tempo muito completo, nariz com boa intensidade, muito fresco. Na boca é crocante e gordo ao mesmo tempo, bons traços de mineralidade e com uma madeira no final muito discreta que lhe fica muito bem.

         Helena Sardinha (Enóloga Assistente na Cortes de Cima) – concordo plenamente com a sugestão do Hamilton. Um branco gordo e com alguma estrutura é o ideal para o bacalhau! Contudo, o bacalhau, que é um peixe quase carne, também fica muito bem com um tinto mais suave e com boa acidez. No caso dos tintos, a minha sugestão seria um tinto do Dão, como o Quinta da Pellada Touriga Nacional 2004 (é muito bom, muito elegante e com aromas muito perfumados). Esta é a minha sugestão…um bom Touriga Nacional do Dão!

         Emilio Santoro (Portal dos Vinhos) – os vinhos que gosto para acompanhar bacalhaus são:

Os chardonnays do novo mundo fermentados em barricas de carvalho, entre eles Casa Valduga Gran Reserva, Caliterra Tribute, Angélica Chardonnay.

Dentre os brancos do velho mundo, também fermentados em barricas de carvalho, o Esporão Reserva, Vila dos Frades Reserva, Cartuxa, Vetiver Crianza.

Tintos evoluídos das seguintes regiões: Douro, Alentejo, Rioja, Borgonha.

         Walter Tommasi (Editor de Vinhos da revista Gowhere Gastronomia/Colunista/Degustador) – Como eu sou um cara que gosta da simplicidade e tradição ficaria com um bacalhau que tenha muito azeite , cebola, azeitonas batatas e um puco de tomate, que é o que todos acabam fazendo pela simplicidade e pelo resultado final. Neste tipo de prato certamente iria para um tinto e daria duas linhas :

Uma compatibilização por “Tradição” ou seja, com um bom exemplar português

por gosto pessoal escolheria um bom Douro, pelo prato tender para o salgado e ter bastante untuosidade preferiria escolher um Douro com maior acidez , mais  elegante, e menos tânico ; Com isto em mente escolheria um douro “Não Reserva “, como o Conversa Douro da Niepoort que certamente é uma boa pedida e está abaixo dos 100 e o Quinta das Caldas Douro do Domingos Alves de Souza também é uma boa pedida

Saindo da Tradição minha sugestão seria um Nebiolo e a sugestão seria o Pio Cesare que deve ser por volta dos 120 reais ou o Bruno Giacosa ai outra alternativa seria o Barbera  Santa Rosália que é mais acido e está abaixo dos 100.

         Simon Knittel (Kylix) – Para mim, é muito prazeroso falar desta harmonização, pois são as minhas duas paixões. Gosto do Bacalhau feito no forno, bem condimentado, com muito azeite. Meu preferido é o Bacalhau à Lagareiro.

Como dizem, bacalhau não é peixe é bacalhau, então para harmonizar eu escolheria um bom vinho tinto português, e mesmo se fosse peixe, eu sempre digo que o melhor vinho, ou neste caso, a melhor harmonização é a que a gente gosta e pronto!!! Este tinto poderia ser o Cortes de Cima que é feito das uvas Aragonês, Castelão, Syrah e Trincadeira. Juntando seu bom corpo, seu aroma e paladar  frutado e seu toque de chocolate, acredito que será um ótimo parceiro para o meu bacalhau, sem passar por cima do mesmo. Fiquei com água na boca…

         José Eduardo Silva (Relações Publicas e TI da Cortes de Cima) – este fim de semana fiz um “bacalhau fenomenal” e foi muito bem acompanhado por um Monte da Peceguina Tinto 2006 produção da Herdade da Malhadinha Nova.

         Luís Lourenço (proprietário da Quinta dos Roques no Dão) – Não é fácil a resposta até porque não sei que vinhos estão presentes no mercado Brasileiro e a que preços, no entanto vou dar algumas sugestões: Os vinhos têm de ter uma boa estrutura e algum volume para se baterem com o bacalhau mas também boa acidez (ou com vocês dizem – “frescor”) para cortar a gordura do azeite.

Bacalhau assado no forno

Vinho Branco – Vinha Formal do Luís Pato (Bairrada)

Vinho Tinto – Quinta da Vegia da Casa de Cello (Dão)

Bacalhau à Gomes de Sá

Vinho Branco – Quinta do Ameal Escolha da Quinta do Ameal (V. Verde)

Vinho Tinto – Vale da Raposa – Alves de Sousa (Douro)

Vinho Rosé – Covela da Quinta da Covela (Regional Minho)

       Deixei-vos bastantes tontos depois desta série de recomendações e sugestões, não? O propósito foi bem esse, mostrar a diversidade e subjetividade destas escolhas (vejam também o interessante comentário do Luiz Horta). Mesmo com pessoas de grande experiência na área e tanque transbordando de tanta litragem, rsrs, fica claro que apesar de haver uma certa semelhança de escolhas por estilos de vinho em alguns casos, em outros o gosto de cada um impera e caminha, até, em direções opostas. Em harmonização existem tendências, mas é o gosto pessoal de cada um que acaba se sobrepondo a qualquer regra. O que se deve procurar é o equilíbrio entre o prato, o vinho e o seu paladar.  Aí em cima estão diversas opções e, como não poderia negar fogo nesta hora, eis a minha harmonização para o almoço. Farei um pouquinho de batota (trapaça) no total de gastos que passarão um pouco do estipulado, talvez alcançando um total de 120 reais, mas vamos lá.

João Filipe Clemente (Falando de Vinhos), neste dia serei tradicional, abrirei servindo bolinhos de bacalhau, alheira frita e uma salada de feijão fradinho com bacalhau cru, dessalgado e desfiado que acompanharei com um refrescante Casa Paterna Alvarinho/Trajadura (Premium). Para o prato principal que será um bacalhau no forno com grão, batatas, pimentões e batata ao murro, nadando no azeite, vou de Casa da Passarela Dão Vinhas Velhas (Vinica). Pensei muito seriamente num delicioso Reguengos Garrafeira dos Sócios, mas achei que poderia eventualmente abafar o bacalhau então preferi ir pelo caminho mais seguro. Alguns dos vinhos tintos de bom preço que também poderiam ir muito bem aqui são; Casa da Passarela Descoberta, Altano Douro, Grandes Quintas Escolha, DFJ Touriga Nacional/Touriga Franca, Quinta de Nossa Sra. do Carmo Douro (sem madeira) ou um Don Rafael  entre muitos outros, como alguns dos já citados acima. Caso o prato fosse um bacalhau com natas ou à Zé do Pipo, até o meu querido bacalhau à Braz, aí iria de branco, talvez Quinta dos Roques Encruzado, Esporão Reserva ou vinhos que andam menos na mídia por aqui como, o Alvarinho Pouco Comum, Pomares Branco e o Covela Escolha uma lembrança do João Pedro. Pensando bem, poderia também ser um tinto do Douro, de poucos taninos, macio e maduro como o Vila Jusã ou um Travers de Marceau do Languedoc Francês, e ainda sobraria um troco. Eta decisão difícil!

Para finalizar, diz o ditado que existem 1001 maneiras de se preparar bacalhau; grelhados, assados, fritos, cozidos, com ou sem batatas ao murro (que adoro), em postas, desfiado, enfim um monte, entre as quais algumas das que mencionei logo no inicio, então a duvida pode ser cruel ou você já tem seu favorito e vai direto nele? Não sabe o que fazer ou quer variar? Visite estes sites, algumas centenas de receitas para você se esbaldar. http://www.1001receitas.com/ , http://www.livrodereceitas.com/bacalhau ou http://www.bacalhau.com.br/ . Bom apetit, salute e boa Páscoa a todos. Aproveitem o feriado e seguimos nos encontrando por aqui.