Para Além do Vinho

Establishment Blues

               Esta semana estou saindo um pouco fora do roteiro dos vinhos apesar de que, nos fim de semana, costumo me dar ao direito de viajar para lugares além. É que o Goats do Roam mexeu com algumas coisas que há muito estavam guardadas. Enfim,  final dos anos sessenta inicio dos setenta, vivíamos ainda o sonho de que podíamos mudar o mundo. Que seria viável criarmos um mundo de paz e harmonia, época em que ainda se sentiam os efeitos de “Imagine” e “Give Peace a Chance”, em que era proibido proibir! Inocência, sonhos, devaneios?

              Na África do Sul, sob o domínio do apartheid, uma população jovem cada vez mais engajada ouvia  (Sixto) Rodriguez e seu Establishment Blues ou Sugar Man, fonte de inspiração para mudanças sociais que precisavam ocorrer. Desde aquela época que tenho uma inclinação para quebrar esse establishment, fazer diferente e fazer diferença buscando caminhos alternativos. O que isso tem a ver com o vinho? Quase nada ou quase tudo, depende de seu ponto de vista. Os posts onde falo da “Goats do Roam” e seus vinhos,  me fizeram viajar, relembrar Rodriguez, pois eles também inovam, criam e contestam o establishment. Os próprios vinhos do Uruguai com seus criativos e inovadores produtores, também são um pouco assim. Tenho o CD “Live Fact” do Rodriguez que é genial, a foto sonora de uma geração, junto com vários outros cantores e compositores da época que influenciaram uma geração.

                  Afora o Establishment Blues tem; Sugar Man (clássico), Inner City Blues, Forget it, Crucify Your Mind e I Wonder todas absolutamente geniais. Uma época em que musica não era só uma questão de ritmo, mas de letras, de conteúdo! Aqui acho que muito poucos o conheceram então, tomei a liberdade de compartilhar um pouco dele com vocês.  Para quem curte, leia a letra, veja o vídeo (imagens meio ruins, mas …) e, se quiser conhecer mais, clique aqui.  Deixo-vos hoje, com uma frase de Rodriguez;   “…don’t waste your time, make up your mind, and make it happen…”. Não perca tempo, decida-se, faça acontecer ou como dizia Vandré “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Bom fim de semana, salute e, Kanimambo!

THIS IS NOT A SONG IT’S AN OUTBURST: OR THE ESTABLISHMENT BLUES

 

The mayor hides the crime rate
council woman hesitates
Public gets irate but forget the vote date
Weatherman complaining, predicted sun, it’s raining
Everyone’s protesting, boyfriend keeps suggesting
you’re not like all of the rest.

Garbage ain’t collected, women ain’t protected
Politicians using people, they’ve been abusing
The mafia’s getting bigger, like pollution in the river
And you tell me that this is where it’s at.

Woke up this moming with an ache in my head
Splashed on my clothes as I spilled out of bed
Opened the window to listen to the news
But all I heard was the Establishment’s Blues.

Gun sales are soaring, housewives find life boring

Divorce the only answer smoking causes cancer
This system’s gonna fall soon, to an angry young tune
And that’s a concrete cold fact.

The pope digs population, freedom from taxation
Teeny Bops are up tight, drinking at a stoplight
Miniskirt is flirting I can’t stop so I’m hurting
Spinster sells her hopeless chest.

Adultery plays the kitchen, bigot cops non-fiction
The little man gets shafted, sons and monies drafted
Living by a time piece, new war in the far east.
Can you pass the Rorschach test?

It’s a hassle is an educated guess.
Well, frankly I couldn’t care less.

  www.youtube.com/watch?v=JHR74nxb-uA  / http://www.youtube.com/watch?v=24uYmHxERNk&feature=related / http://www.youtube.com/watch?v=2MX4Atd7lLU&feature=related

Aos amigos que não falam Inglês que me perdoem, mas há coisas que só podem ser apreciadas no original.

Dia Internacional da Mulher – um dia especial!

 Hoje é um dia especial, é o dia Internacional da Mulher, dia que homenageia sua luta por um lugar ao sol, pela igualdade, por seus direitos e por, fundamentalmente, respeito. Nada a acrescentar ao que os poetas já tão amplamente exprimiram. Só tenho uma palavra para todas neste dia.

OBRIGADO

Obrigado; ás que já se foram deixando saudade, às que por aqui estão alegrando nosso dia-a-dia e iluminando nossos caminhos, às que ainda virão, resultado do circulo da vida. Obrigado por existirem, por serem o contra-ponto de nós homens, pela firmeza, pela doçura, pela sensibilidade, pelo carinho, pela força, pela incansável capacidade de luta, pela eterna capacidade de perdoar, por colorirem e darem forma a um “mundo” masculino meio desforme e monocromático, por serem o que são: Mulheres. Em toda a sua essência, complexidade e mistérios transformando nossas vidas, enriquecendo nossos dias, iluminando nossas almas.

OBRIGADO, mil vezes OBRIGADO

Ps. Obrigado meu Deus; por aquela lutadora incansável, na vida de quem entrei há 53 anos atrás e que tenho o orgulho de chamar de Mãe; por aquela que conquistou meu coração há 32 anos e quem tem sido companheira e parceira em todos os momentos, bons e maus, aguentando meu mau humor e intolerância; por duas flores que vieram colorir o meu jardim e que tenho enorme orgulho de chamar de filhas, mulheres razão de meu viver.  Obrigado meu Deus pelas bençãos que me concedeste ao colocar no meu caminho tantas outras mulheres maravilhosas; tia, primas, cunhada, sobrinhas, amigas, ……..

Para Além do Vinho – Mafalda

                Não falei que estava com a minha sensibilidade cultural mais á flor da pele? Bem, não exatamente nessas palavras, mas ….  Não sei porquê, mas estou meio nostálgico, saudades de Buenos Aires? Acho que lendo o diário da Helô me contagiei. Enfim, eis a Mafalda! Para quem não conhece, este é só um aperitivo para depois dar uma passada numa livraria e comprar o livro, Toda a Mafalda. Para quem conhece, mate saudades, tire o livro da estante e reveja a genialidade de Quino. Mafalda é uma personagem de quadrinhos, criado por Joaquín Salvador Lavado nascido em Mendoza (olha o elo aqui) em 17 de Julho de 1932, o genial Quino! Seus comentários e experiências são o reflexo de suas inquietudes sociais e políticas dos anos 60.

          Mafalda, nascida em 64, representa o inconformismo perante a humanidade, mas com fé em sua geração. Seus ódios mais aparentes são; a injustiça, as guerras, as armas nucleares, o racismo, as absurdas convenções dos adultos e ….a sopa. Entre suas paixões estão; os Beatles, a paz, os direitos humanos e a democracia. O que diferencia os gênios, da maioria de nós pobres mortais, é a capacidade de se manterem atuais após décadas. Imperdível, Mafalda e sua trupe; Filipe,  Manelinho, Miguelito, Susaninha, Gui, …. Um brinde a Quino, um brinde a Mafalda! Delicie-se com o aperitivo

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“Sinto Vergonha de Mim” – um Brado de Indignação

Relutei muito antes de escrever este post. Talvez porque meu filho me tenha feito prometer que não trataria de política neste blog. Talvez ainda, por realmente achar que este não é o foro adequado para tratar deste assunto. Pensando bem, no entanto, creio que este texto não possui nenhuma conotação ou viés político que possa ferir partidários de qualquer partido ou ideologia e, conseqüentemente, me liberei para, excepcionalmente, abrir um espaço em “Falando de Vinhos” para bradar minha indignação. Este é um brado de cidadania clamando por mais decência, pela ética e moral na política e em nosso dia a dia, pela seriedade no trato com os bens de terceiros, pelo respeito pelo cidadão independente de sua faixa etária, cor, raça, sexo ou nível social. É um ato político sim, mas sem qualquer intenção de atacar qualquer partido; seja ele de direita, esquerda ou centro, de falar sobre o governo de hoje ou de dez, vinte ou trinta anos atrás, até porque o mal é, aparentemente, endêmico. Tão endêmico que, já em 1914, Ruy Barbosa leu no Senado Federal este genial texto de Cleide Canton. A versão de Rolando Boldrin é imperdível, mesmo que somente para relembrar e nos colocar para refletir sobre o Brasil em que vivemos e a nossa responsabilidade no processo. Só não vale beber para esquecer ou afogar as mágoas.

Talvez o texto já esteja muito batido, mas o toque que lhe é dado por Rolando Boldrin e a presente descoberta da farra dos cartões de crédito em todos os níveis, o tornam pertinente e imprescindível. Pela enésima vez, nossa eterna paciência é colocada à prova, a minha se esgotou! Permita-se 3 minutos de reflexão e assista ao vídeo abaixo. Eu deixarei de ter “Vergonha de Mim” pois, dentro do possível, despejarei meu verbo num brado de indignação cidadã que espero possa ter algum eco e desperte alguns. Não há mais como tolerar que nossa terra tão cansada de saques e descaso com seu povo, cansado, carente, ludibriado e usado, em nome de quem, falsamente, se cometem as maiores barbáries, siga sendo tão descaradamente afrontado em seus essenciais valores éticos e morais. E, certamente, não desanimarei, não rirei da honra nem terei vergonha de mim por ser honesto. Pode ser pura utopia, mas ainda acredito na vitória do bem sobre o mal, do certo sobre o errado se deixarmos de ser tão acomodados e lenientes com a mediocridade que insistimos em eleger como nossos representantes em todos os níveis de governo.

Perdoe-me pelo desabafo e por esta breve interrupção, mas “Falando de Vinhos” é secundário neste momento. Vinho é bom, mas não é tudo, existem coisas mais importantes na vida. Aceite meu convite, não deixe de ver o vídeo, é genial. Obrigado, um abraço e não se acomode.

Evocação

               Gosto do que o Ivan Angelo escreve na Vejinha semanalmente. Pego a revista e, começo pelo final, é sempre um banho de bom humor, bom senso, inteligência e civilidade, entre outros atributos, que os Ingleses denominam como “wit”. Um outro cara que tem “wit” na veia, é o Jornalista Salomão Schwartzman do programa Diário da Manhã, na rádio Scala FM das 8 às 9 de la matina em Sampa, imperdível, o rei da ironia e apreciador de bons vinhos. No nosso idioma temos palavras sem tradução como “saudade”, pois bem, “WIT” é a vingança Inglesa para esta ousadia do idioma Português. Sua crônica sobre Evocação, na edição corrente, está divina e, tomo a liberdade, de compartilhar um pequeno trecho com aqueles que, eventualmente, não tenham tido a oportunidade de a ler:

“Evocação não traz nada ruim, é um passeio por alguma coisa que acabou sem nos ter sido tirada. É diferente do sentimento de perda, que causa sofrimento; diferente da saudade, que traz tristeza. É uma conversa afetuosa com o que foi.” “Não ter mais a coisa não significa que ela faz falta, significa apenas que acabou. Um doce (vinho?) : ficou o prazer de tê-lo desfrutado”