Como sempre digo, vinho é bom mas não é tudo! Hoje é dia de falar de Malangatana. Moçambique não possui riquezas naturais exceção feita a suas águas. A grande riqueza de Moçambique jaz mesmo é em sua gente e um grande representante dessa riqueza acabou de nos deixar, Malangatana.
Tive a oportunidade e o privilégio de ter estado com ele algumas vezes. O primeiro encontro se deu nos idos de 1980 quando de uma viagem de negócios a Luanda, Angola, numa época difícil em que até água e pão eu levava na bagagem. No hotel, íamos para o jantar sem saber se haveria comida e, numa dessas vezes dividi a mesa com um senhor simpático, forte, tipo bonachão. Para jantar, o último bife e salsicha com arroz. Gentilmente, apesar de ter chego antes, cedi aquele afável e simpático senhor de bom papo o último bife e me contentei com as salsichas enlatadas. Só depois vim a saber quem era aquele senhor e sua ligação com meu pai.
Depois disso o revi aqui em São Paulo por duas vezes e a última vez que estive com ele foi em 2003 em Maputo, capital de Moçambique. Politico socialmente ativo, foi através das artes, pintura e poesia, que ele ganhou espaço no mundo contando as agruras de seu povo na guerra e, mais recentemente, seguindo uma vertente mais suave e sensual. Foi amigo de meu pai a quem ajudou no que pôde e nos momentos mais difíceis lá estava sua mão estendida.
Sua pintura sempre foi de grande impacto, daquela que carrega mensagens retrato do momento de um povo e sentimentos pessoais; hora Picasso (Guernica), hora Dali, sempre Malangatana reproduzindo a identidade de sua terra. Aqui abaixo um só quadro dele, mas clique neste link para ter uma idéia mais ampla de seu trabalho. Moçambique perde, o mundo perde, vai-se o homem, fica seu legado ético, politico e artístico.
Esta é minha singela homenagem. Um salute especial a esse grande homem que nasceu Moçambicano, morreu Moçambicano, mas se tornou um cidadão do mundo. Kanimambo Malangatana!