Salvaguardas

Salvaguardas – Pensamentos Soltos

       Semana que vem volto a falar de vinhos e experiências gastronômicas, tenho um monte de coisas represadas em função desta excrescência chamada Salvaguardas! Também iniciarei a postar os textos de uma amiga que se mandou para terras francesas (Eliza Leão) e que agora nos falará esporadicamente sobre a região do Languedoc e seus vinhos, enfim vou retomar as rédeas de meu blog antes que seja tarde! Rs Hoje, como chato (de galocha) assumido contra as salvaguardas que sou, ainda vou tecer alguns comentários com algumas das coisas que tenho ouvido e visto, porém antes deixo aqui um pensamento para reflexão:

“Quase todos os homens podem suportar a adversidade,

mas se você quiser testar o caráter de um, dê-lhe  poder.” Abraham Lincoln 

Debate do Vinho:

     O debate ficou aquém do desejado, até porque os homens da Ibravin falaram tanto que pouco tempo sobrou para debate. No entanto algumas coisas ficaram claras, para mim pelo menos, e gostaria de ressaltar alguns tópicos para reflexão:

1 – todas as decisões são unânimes e a ACAVITIS faz parte da Ibravin, então me parece que os produtores Catarinenses têm que buscar resposta em sua associação que aderiu, ou se absteve, quando, pelo menos ao que consta, a maioria de seus associados é contrária ás Salvaguardas. Seria interessante uma manifestação oficial de sua presidência.

2 – O Sr. Leocir Bottega, que deveria falar do custo de produção no Brasil, passou o tempo inteiro numa manifestação de defesa da Ibravin e de números pouco falou. Quando o fez, me lembrou aquela frase do economista Rodrigo Constantino que diz que estatísticas são o “ato de torturar números até que eles confessem qualquer coisa”. Ninguém acreditou naquela salada apresentada de forma apressada!

3 – Interessante o quanto a Ibravin faz questão de dizer que os produtores não têm nada a ver com a ação tomada e que isto foi orquestrado pelas entidades peticionárias. Chegaram a instruir produtores a não se manifestarem, mas estes não têm nada com isso! As entidades não são formadas por associados? Estes não são consultados pelas entidades, especialmente quando de um assunto tão sério?

4 – Orlando Rodrigues, diretor da importadora Premium, ressaltou o fato de que o Brasil é o dos poucos mercados, se não o único, em que não existe uma sistemática de distribuição pré-estabelecida. Aqui todo mundo vende para todo mundo, transformando clientes em concorrentes. Realmente algo a se repensar até em função da guerra fiscal que gera brechas e práticas comerciais desleais e predadoras inclusive no âmbito do comércio virtual.

5 – O mesmo Orlando informou que o setor, através de suas entidades, estaria apresentando uma proposta de reconciliação e discussão construtiva do caminhos do vinho no Brasil e se a Ibravin aceitaria recuar em seu pedido de Salvaguardas para discutir o tema no fórum adequado. Vejam aqui a Carta Aberta, item 9. Disse o Paviani, diretor geral da Ibravin, que ao recebê-la a analisaria, mas não senti firmeza não!

Vinhos Finos e a Similaridade de Produtos X Salvaguardas ao Vinho Nacional

Este tema será, certamente, um dos mais discutidos no âmbito do Ministério e cito um exemplo, sem qualquer desrespeito á história e importância da marca no âmbito nacional como uma porta de entrada á nossa vinosfera tupiniquim, mas é difícil, se não impossível, entender a validade das salvaguardas quando a Cooperativa Garibaldi diz querer dobrar sua participação em vinhos finos com a compra da Granja União! Ora, as salvaguardas não contemplarão a Argentina de onde vem a vasta maioria de vinhos de entrada de gama e maior concorrente da produção nacional e sim atingirão, do ponto de vista da circular, os “similares” vinhos da Borgonha, Bordeaux, Rioja e Douro. Em sã consciência, isso não faz o mínimo sentido!

Entrevista do Adriano Miolo à Revista Menu

A ibravin diz que consultou as víncolas, já o Adriano diz que a Miolo não foi! Quem se esqueceu do quê? O Adriano diz que falou com seus clientes, quais? Lojistas, restaurantes distribuidores? Sim, porque o consumidor, esse nunca recebeu nenhuma resposta, inclusive eu e pelo menos mais um dos leitores que já se manifestou aqui no blog sobre esse mesmo tema. Lavar as mãos e dizer que isso é coisa das entidades, é lamentável e traz uma percepção ao mercado (consumidores) que não condiz com a história da empresa e do empresário. Parafraseando  o conceituado jornalista Sardenberg da CBN, meteu o pé na jaca, uma pena!

Resumo da Ópera

O enófilo apreciador de vinhos finos de qualidade certamente pagará mais caro porém não deixará de tomar bons vinhos, sejam eles importados ou não, deixando as zurrapas de qualquer origem á margem.  Os grandes concorrentes da produção nacional são; os impostos locais e federais, a quem os salvaguardistas e seus defensores deveriam dirigir suas ações e seu forte lobby politico, os vinhos baratos da Argentina (que não serão atingidos por essas Salvaguardas) e do Chile, vinhos de origem duvidosa (se policiarem e controlarem as fronteiras reduzindo os estimados 40 milhões de litros de contrabando seria ótimo para todo o setor) não os vinhos da Borgonha, Bordeaux, Rioja ou Douro que as Salvaguardas atingirão diretamente. Aumento de vinho nacional por decreto é uma utopia tal que fica dificil entender e aceitar que ainda haja gente que nos dias de hoje ainda acredite nisso! Tem hora que penso que deve haver algo mais por trás desta estratégia adotada ao botarem o bode na sala, só não consegui ainda solucionar o inigma, pois ignorantes eles não me parecem ser!! As pessoas tomarão menos preservando a qualidade a que se habituaram ou migrarão para outras bebidas e toda essa zorra que armaram só trará prejuizos para o setor como um todo.

      Sou um ferrenho adversário das Salvaguardas como enófilo estudioso do vinho e do mercado, comerciante de vinhos e colunista que sou. Me sinto ultrajado, desrespeitado porque não buscam soluções de fato para os problemas do setor e sim formas absurdas e prepotentes de atingir a livre concorrência sem atacar os problemas essenciais, fazendo-nos de idiotas com suas explicações sem nexo para um ato absolutamente truculento e desnecessário. Sou a favor do vinho brasileiro, especialmente dos pequenos produtores que penam para levar o dia a dia num ambiente tributário inóspito, mas sou radicalmente contra a ganância, o oligopólio, a ditadura e truculência, a falta de democracia e transparência, a politização das entidades, o peleguismo, a Ibravin e restante das entidades peticionárias das Salvaguardas que não nos levarão a lugar nenhum como o Selo Fiscal não o fez!

      Amanhã Dicas da Semana e outros papos. Na Semana que vem voltarei a Falar de Vinho, porém não esquecerei as Salvaguardas não!  Aproveitando, a petição publica está chegando em 10.000 assinaturas e você, já assinou? Acesse o site e vamos em frente porque a luta continua. Salute e kanimambo.

Salvaguardas – Finalmente o Adriano Falou

         Suzana Barelli (Revista Menu) conseguiu entrevistar Adriano Miolo que, aparentemente, fala pela primeira vez sobre o imbroglio das Salvaguardas. Eu cá tenho a minha opinião, mas leia você a entrevista clicando aqui neste link e faça seu juizo de valor. Para mim, me chamaram a atenção três pontos abordados:

“Por que a Miolo demorou a se pronunciar?

Assim que saiu a notícia da salvaguarda, começou o tiroteiro. Decidimos deixar as coisas acontecerem antes de nos pronunciarmos na imprensa. Mas temos falado com nossos clientes desde o primeiro dia, explicado nossa situação. Só não dá para dizer que foi a Miolo que pediu a salvaguarda. A Miolo não é sócia do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho). Foi o Ibravin que apresentou a proposta da salvaguarda e não as empresas. O Ibravin fez isso a partir de seus sócios, que são 52 associações. As associações de produtores são os sócios do Ibravin. A Apex-Brasil é sócia do Ibravin. A Abrabe é sócia do Ibravin. Não são as vinícolas que são sócias. E o setor tem fóruns legítimos para estas discussões, que é a Câmara Setorial da Uva e do Vinho.

Mas a salvaguarda não foi discutida nesta câmara. O Ibravin e mais três entidades do setor apresentaram a proposta diretamente para o Ministério da Indústria.

Não entendo porque a salvaguarda não foi discutida neste fórum. Mas não adianta atacar as empresas. Temos de fazer a discussão de como resolver a crise do vinho brasileiro. E nós, da Miolo, somos pelo entendimento, não pelo enfrentamento, como algumas empresas, alguns importadores e alguns jornalistas.

A Ibravin diz que a ideia da salvaguarda foi discutida antes com as vinícolas.

Nunca fomos convidados para discutir este tema com o Ibravin.

         Pelo acima exposto, acho incrível a autonomia que a Ibravin tem para tomar as rédeas da vitivinicultura gaúcha e brasileira sem consulta nem satisfação aos grandes produtores nacionais! Por outro lado, pelo que outras vinicolas têm falado e pelas respostas acima, me parece que existe aqui um festival de incongruências, mas enfim……..cada um que acredite no que quiser; Papai Noel, Coelhinho da Páscoa,……….

A luta continua!

Salvaguardas – o Mundo Questiona o Protecionismo do Brasil

        Tanto fizeram que conseguiram! Quando as razões não fazem sentido e não há justificativa plausível, o mundo é contra e só “elles” enclausurados em seus castelos ainda seguem recitando seus mantras!

1 – Deu no Estadão, um dos principais jornais paulistas e brasileiros.

Jamil Chade, correspondente de O Estado de S.Paulo

GENEBRA – Os maiores exportadores de vinho do mundo levam queixas às reuniões da Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o Brasil, que anunciou recentemente estudar a imposição de salvaguardas contra o vinho importado. Produtores nacionais já indicaram que esperam que a medida seja válida por três anos.

Uma coalizão de países que inclui Chile, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, além de países europeus, cobrou respostas por parte do Brasil ontem, em Genebra, apelando para que as investigações realizadas no País estejam em conformidade com as leis internacionais e exigindo explicações sobre o motivo da medida protecionista.

Não se trata ainda de uma disputa nos tribunais da OMC, e não haverá, por enquanto, um processo judicial. Mas a decisão dessa série de governos de levar o assunto a um encontro na entidade serviu de recado ao governo brasileiro de que esses países vão defender seus interesses, inclusive nos fóruns internacionais.

Essa é a primeira vez, porém, que as críticas vêm tanto de países ricos quanto de outros emergentes. O Brasil anunciou a abertura de uma investigação para estabelecer salvaguardas contra vinhos de qualquer origem, exceto dos países do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai).

Produtores nacionais não escondem que a meta da barreira é a de permitir que o setor nacional possa ganhar competitividade e a esperança é a de que sejam estabelecidas cotas. O que se quer evitar é que o crescente mercado consumidor de vinho nacional acabe dominado por marcas estrangeiras. Dados oficiais indicam que, em 2010, o Brasil importou 75,3 milhões de litros de vinho. Desse total, 26,5 milhões de litros vieram do Chile, ante 18 milhões da Argentina, 13 milhões da Itália e 8 milhões de Portugal.

Briga. Na sexta-feira, 27, não por acaso, os chilenos foram os maiores queixosos. Segundo a delegação de Santiago, suas exportações seriam as mais afetadas, lembrando que seus principais concorrentes – Argentina e Uruguai – ficarão isentos da barreira por serem parte do Mercosul.

A Europa também questionou o Brasil. Segundo a missão europeia, Bruxelas tem pelo menos quatro preocupações. A primeira é o fato de que apenas um tipo de vinho está sob investigação, e cobra explicações sobre o motivo pelo qual esse segmento foi escolhido. Bruxelas ainda alerta que não houve um aumento drástico na exportação de vinhos para o Brasil nos últimos dois anos, insinuando que não haveria motivo para a salvaguarda.
 
A UE ainda alertou que a presença do vinho estrangeiro no mercado nacional, mesmo que represente 80% do consumo, teria pouco impacto na produção nacional e não haveria sinais de prejuízos aos fabricantes brasileiros. Segundo os europeus, os produtores nacionais estão “desfrutando de altas vendas e lucros”.

A Europa ainda criticou o fato de a Argentina ter ficado isenta da barreira, apesar de ser um dos principais exportadores de vinhos ao Brasil.

A União Europeia já havia manifestado ao Brasil preocupação em relação à atitude. O comissário de Agricultura europeu, Dacian Ciolos, enviou uma carta às autoridades brasileiras no dia 15 de março, justamente alertando que a barreira não seria justificável. Na Europa, produtores vêm enfrentando uma concorrência cada vez mais acirrada do vinho do “Novo Mundo”, e o fechamento do mercado brasileiro seria mais um golpe.
Ontem, na OMC, o governo americano também alertou ao Brasil que está “monitorando o caso” e diz “compartilhar as preocupações” de outros exportadores.

O governo brasileiro, como vem adotando em outras disputas, afirmou que está convidando as delegações de Austrália, Chile, África do Sul e Estados Unidos a participar de consultas bilaterais e investigações em curso no Brasil.”

2 – Conforme comunicação recebida do Carlos Arruda, Academia do Vinho, o Comité de la Communauté économique européenne des Industries et du Commerce des Vins, Vins aromatisés, Vins mousseux, Vins de Liqueur et autres Produits de la Vigne (CEEV) já apresentou um requerimento solicitando o arquivamento do processo de Salvaguardas como peticionado pela Ibravin, Uvibra e Cia, patrocinados pelos grandes produtores de vinho brasileiro. Já tinha aqui comentado de que tecnicamente essas Salvaguardas não passam por falta total de embasamento e da premissa básica essencial aos processos desta natureza, “prejuízo grave ou risco de” baseado em dados públicos divulgados nos próprios sites desses produtores assim como por seus assessores de imprensa. A CEEV no entanto, com todo o seu expertise, vai bem mais fundo e faz uma análise detalhada e muito bem construída que vem demonstrar a falácia apresentada pelos peticionários ao Ministério e que os levou a uma primeira análise equivocada. Vale muito a pena acessar este link ( http://www.academiadovinho.com.br/fotos/Manifestacao_CEEV.pdf) e ler as muitas páginas que compõem esse requerimento, mas duas coisas me chamaram a atenção:

  • A alegação das Peticionárias de que a redução do consumo na europa iniciou inesperadamente em “meados de 2009” é simplesmente falsa. É fato que o consumo de vinho na Europa segue uma tendência decrescente há diversos anos. Essa tendência decrescente no consumo de vinho europeu é devida a questões estruturais. Os consumidores europeus alteraram, durante um período de 20 a 30 anos, os seus padrões de consumo: passaram a consumir vinhos de qualidade mais alta e de forma mais moderada e responsável. O consumo de vinho na Europa reduziu em 15 milhões de hectolitros nos últimos 20 anos, com um decréscimo de mais de 20% nos países que são tradicionais produtores (França, Itália, Espanha e Portugal) desde 1996. Essa tendência estrutural se manteve estável por diversos anos, conforme demonstrado na tabela do Anexo 1. O impacto da crise econômica (sentido com maior força em 2008 e 2009) é dificilmente visível nos dados de consumo. Consequentemente, a redução do consumo de vinho na Europa não pode ser descrita, conforme alegam as Peticionárias, como “evolução imprevista das circunstâncias”. Trata-se de um fenômeno conhecido, que foi desenvolvido durante diversos anos e é desconexo com a recente crise econômica. A redução do consumo europeu de vinho é uma tendência estrutural que é completamente desconexa da crise econômica e financeira de 2008/2009.
  • O padrão estabelecido pelo Órgão de Apelação da OMC requer os seguintes fatores: “É necessário que as autoridades analisem importações recentes, e não simplesmente as tendências durante os últimos cinco anos – ou, para essa finalidade, durante qualquer outro período de diversos anos.  De fato, os dados apresentados pela Circular são imprecisos, pois se baseiam em um período de 5 anos, de 2006 a 2010, e não contém dados recentes (2011 e o início de 2012). Isso afeta a relevância das provas apresentadas e está em discrepância com os requisitos estabelecidos pelo Órgão de Apelação da OMC. De fato, as estatísticas disponíveis de 2011 demonstram que não houve aumento nas importações de vinhos classificados no código 22.04.21.00 (aumento de 3% em comparação a 2010).

De qualquer modo, os dados apresentados na Circular (até 2010) demonstram uma tendência estável no aumento de importações de vinhos finos no Brasil, ao invés de um surto “repentino, recente e acentuado”, conforme exigido pela jurisprudência da OMC. A única aceleração genuína de importações de vinho fino pode ser notada em 2010. Isso pode ser explicado pelo fato de que as autoridades brasileiras introduziram uma nova regulação fiscal (selo de controle) no referido ano. De modo a evitar esse custo adicional, importadores reorganizaram a cadeia de fornecimento para importar vinhos antes da entrada em vigor da referida medida., coisa que começa a repetir neste inicio de 2012 com as ameaças de estabelecimento de eventuais salvaguardas. Esse evento específico inflou artificialmente o nível de importações em 2010, mas os dados de 2011 demonstram que o aumento nas importações notado em 2010 não foi contínuo. O Anexo 4 contém artigos confirmando os efeitos da imposição da medida supracitada pelo governo brasileiro em 2010, dentre os quais há um comunicado de imprensa do próprio IBRAVIN reconhecendo que as importações voltaram a se estabilizar em 2011 após o impacto da nova regulação fiscal ser absorvido pelo mercado.

Em suma, os fatos apontam claramente que:

  • Nenhuma “evolução imprevista das circunstâncias” pode ser comprovada, que possa ter resultado em um aumento de importações de vinhos finos no Brasil.
  • O aumento de importações do produto investigado não é recente, repentino ou acentuado, conforme requerido pelas normas e jurisprudência da OMC.

 O caldo está engrossando! No geral, quanto mais vejo o que os peticionários escreveram e o que falam, mais me lembro de uma frase que li um dia em algum lugar, de que “estatistica é a arte de torturar os números até que alcancem o resultado desejado”! 

Salute e kanimamb0.

Salvaguardas – Carta Aberta

        Já publiquei aqui carta aberta do Ciro Lila, nota da Ibravin, manifestação de produtores e agora mais uma, desta feita das associações que representam importadores e supermercados que certamente já formalizaram, junto ao MDIC, defesa mostrando a falácia das informações fornecidas pela Ibravin em sua petição.  Boa parte do que consta aqui já foi comentada por muitos de nós, porém importante que esta nota oficial tenha sido finalmente publicada e, mais uma vez, se estende a mão à Ibravin, Uvibra e Cia com proposta conciliadora porém, a meu ver, não se negocia com a faca no pescoço e está passada a hora do pessoal da Ibravin mostrar também um minimo de disposição ao debate e não ao embate. Enfim, esperemos que neste imbroglio ainda apareça uma luz e o bom senso prevaleça sobre a xenofobia e o protecionismo. Se quiser aumentar a imagem, clique duas vezes sobre ela.

 

Salvaguardas – De Luto Contra as Salvaguardas na Expovinis

     Manifestação pacífica e cidadã dos amantes do vinho em terras brasilis. Quem for à Expovinis e Debate do Vinho no Brasil (Fecomercio) e compartilhar da mesma indignação pelo que a Ibravin e seus patrocinadores estão querendo armar contra nós consumidores, demonstre seu desagravo indo de preto! Não esqueça, aproveite e IGNORE-OS também. Para ver quem é quem, clique aqui.

Salvaguardas – Convocação Geral

         Salvaguardas, chegou o momento de mostrar nossas caras! O assessor de imprensa da malfadada Ibravin, de acordo com o blog do Didu, postou em sua página do Face a seguinte frase, “Restam poucos “chatos da salvaguarda” em atividade. Cansou!”. Parece-me que se arrependeu da asneira dita, ou alguém mais acima se tocou do disparate e lhe instruiu a retirar, porém não mais está lá!
        Mais uma vez, o total despreparo e erro de estratégia desse pessoal que decidiu vir de forma truculenta para o embate destrutivo e separatista em vez de escolher o caminho construtivo do debate, vem á tona desrespeitando consumidores e enófilos de plantão. Acreditam que vamos esquecer este golpe que estão armando e que tratam de nos forçar goela abaixo. Que brasileiro é bonzinho e vai deixar para lá, sem boicotes ou qualquer ação contrária. Que não estamos unidos nesta imensa manifestação que prega o Não às Salvaguardas ao Vinho Nacional, pelo direito de escolha e por reduções de tributos.
       Nesta próxima semana de importantes feiras do setor, Encontro de Vinhos Off e Expovinis em especial, vamos dar a resposta adequada a esse arrogante e deselegante assessor de imprensa da Ibravin? TODOS DE LUTO circulando nas feiras de preto ou com algo similar (braçadeira, laço na lapela, etc) evitando e ignorando os eventos da Ibravin, que tal deixá-los vazios (será que entenderiam, finalmente, o recado?) e IGNORAR os estandes dos coronéis do vinho que não se dignam a descer do pedestal e nos dar uma resposta objetiva do por quê de tanta truculência e se aprovam ou não as ações da Ibravin? Gente que patrocina o pedido de salvaguardas como; Miolo, Aurora, Lovara, Don Giovanni, Domno, Valduga, Perini, Garibaldi, etc. ou pelo menos aparentam fazê-lo porque insistem em permanecer calados apesar dos insitentes questionamentos, IGNORE-OS como eles insistem em fazer conosco!
     Cada reação depende do tipo de ação e creio que as ações, atitudes e postura desse pessoal já está mais que clara para todos e essa última manifestação do assessor de imprensa só vem reiterar isso. Esse tipo de gente só entende uma linguajem e, lamentavelmente, não é a da sutileza! Tem que ser claro, objetivo, ações contundentes e cidadãs sem descambar para a falta de educação, a xenofobia ou agressividade. Temos que nos manifestar na paz, mas de forma concreta e clara para que não pairem duvidas do que achamos dessa excrecência chamada Salvaguardas. Não concorda com o que está sendo pleiteado por esse pessoal, então marque sua posição e mostre seu descontentamento, as armas estão aí, basta usá-las e convocar todos os amigos que estarão na feira para fazer o mesmo. Como diz o Lalas, BASTA de abusar de nossa paciência, BASTA de nos desrespeitar, BASTA de nos fazer de idiotas, BASTA de acharem que somos!
Assinado
Um Chato CONTRA as Salvaguardas, porque Chatos das Salvaguardas, são eles! Salute e kanimambo.

Salvaguardas – Hamlet e o IBRAVIN.

       Luís Henrique Zanini é enólogo, winemaker (Vallontano) e poeta. Quando ele fala, nós reles aprendizes nos curvamos e admiramos a obra. Desta vez ele extrapolou num texto curto e direto, algo que não consigo fazer, que li no Face do Alexandre Lalas e não poderia deixar de compartilhar com os amigos.

Semana passada assistimos estupefatos ao vídeo de um programa em que a Dra. Kelly Bruch, assessora jurídica do IBRAVIN, de forma deselegante acusa o Sr. Adolfo Lona, de ter posição contrária a salvaguarda pelo fato de ser argentino. Como diria Shakespeare “há algo de podre no reino da Dinamarca”. A falta de um pedido de desculpas público por parte do IBRAVIN ao Sr. Adolfo Lona e a estratégia do silêncio das grandes indústrias em relação ao pedido de salvaguardas tem a mesma raiz: a prepotência e a arrogância. Se este comportamento não mudar, em breve, o vinho brasileiro corre o risco de desaparecer, com ou sem salvaguardas. “Olhos em tacto, tacto sem vista, ouvidos sem mãos ou olhos, olfato sem nada, a mais insignificante parte de um só e são sentido, teria bastado para impedir esta estupidez. Oh! Vergonha! Onde está teu rubor?” (Hamlet)”

Truco! Precisa comentar algo? Não né, só tirar o chapéu para o mestre! Salute e kanimambo Zanini, que belo e certeiro texto!!! Melhor que isso, só lendo isso acompanhado de seu divino espumante Extra Brut.

Salvaguardas – Tecnicamente não Passa!

       Dando uma resposta aqueles que desejam um debate técnico decidi tocar nesse tema e fica muito claro que, se houver seriedade por parte dos técnicos do Ministério, e acredito que assim seja, esse pedido de Salvaguardas não passa porque os argumentos apresentados são fracos para se sustentar e é um tremendo risco econômico e politico pois as eventuais retaliações podem custar muito mais caro ao país!

1 Vejamos, qual a razão da existência de Salvaguardas?  De acordo com o site do MDIC >  “As medidas de salvaguarda têm como objetivo aumentar, temporariamente, a proteção à indústria doméstica que esteja sofrendo prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave decorrente do aumento, em quantidade, das importações, em termos absolutos ou em relação à produção nacional, com o intuito de que durante o período de vigência de tais medidas a indústria doméstica se ajuste, aumentando a sua competitividade”.  Tendo como base essa premissa e o pleito apresentado pela Ibravin, Uvibra e Cia. por conta e ordem do oligopólio produtor nacional, leia-se Miolo/Lovara (mesmo que Miolo)/Aurora/ Salton (que depois voltou atrás) e outros como Perini, Garibaldi, Don Giovanni, etc. e o que esses mesmos produtores e entidades divulgam na imprensa, fica claro que houve erro de informações/comunicação entre os peticionários e seus seguidores ou má fé, na qual prefiro não acreditar dando-lhes o beneficio da duvida, com graves consequências tanto jurídicas como morais já que 2011, mas palavras deles mesmos, mostra grande recuperação versus o que eles alegam e consta da Circular do MDIC – “Considerando os anos extremos da série, 2006 e 2010, a receita acumulou declínio de 11,2%.”:

  • Site da Miolo: “É a maior exportadora brasileira de vinhos e está entre as três principais produtoras de espumantes, com participação de 15% no mercado. Em 2009, seu faturamento foi R$ 95 milhões, 32% acima do de 2008. “Todas as linhas têm mantido um crescimento constante. Nosso objetivo é fortalecer cada marca e aumentar a participação de mercado”, explica o diretor comercial Alexandre Miolo. A empresa projeta, para 2011, crescimento 30% nas vendas do produto no mercado interno. A linha superpremium – que engloba o Bueno Prestige e o Millésime – registrou crescimento ainda maior, de 50%. Estamos nos preparando para consolidar em 2020 nossa posição como líder nacional na produção de vinhos finos e espumantes e figurar entre os três maiores grupos de vinhos da América do Sul.” Por curiosidade, 2012 + 8 de Salvaguardas = 2020 e nós pagamos a conta!
  • Noticias no site da Perini: “A convenção anual de vendas da Vinícola Perini, realizada na sede da empresa, neste último mês de Março em Farroupilha (RS), reserva um desafio especial aos cerca de 70 participantes, entre diretores, gerentes, representantes e equipes de venda: superar a própria competência. Com crescimento de 23% em 2011, acima da média do mercado, a empresa ambiciona fazer ainda melhor em 2012: “Nossa meta é de crescer 30%. Para isso, estamos investindo cerca de R$ 10 milhões.”
  • Vinicola Aurora – Deu no Jornal Semanário De Bento Gonçalvez última edição! Falando sobre as eleições no conselho de administração e o êxito do comando da empresa nos últimos anos, declaram que “houve um crescimento de 15% no  faturamento em 2011 em relação a 2010, passando de 200 milhões para 231 milhões.”
  • Do site da Salton“O diretor de planejamento da Vinícola Salton, Maurício Salton, recebeu a premiação Grandes Líderes – 500 Maiores do Sul, promovida pela Revista Amanhã, em evento realizado esta semana em Porto Alegre. O ranking da revista destaca empresas de referência do Estado, sempre com ênfase em excelência e gestão. A Salton figura entre as 100 maiores do Rio Grande do Sul. A Salton, hoje a maior produtora de espumantes do Brasil, faturou em 2010 R$ 238 milhões e espera crescer 15% ainda em 2011.”
  • Vinícola Garibaldi – nota do assessor de imprensa enviado ao amigo Beto Duarte do ótimo blog Papo de Vinhos. “A Cooperativa Vinícola Garibaldi atingiu um faturamento de R$ 51,7 milhões em 2011 e pretende alcançar os R$ 62 milhões este ano. Os 347 associados comemoram a evolução da safra de uva, que alcançou 17,3 milhões de quilos este ano, 6,8% a mais do que os 16,2 milhões de quilos de uvas colhidos em 2011. O balanço do ano passado aponta que a comercialização do suco de uva foi ampliada em 28,5% e a venda de vinhos finos cresceu 90% com a aquisição da marca Granja União no final de 2010, reafirmando a posição da empresa como uma das líderes do mercado nacional. Os investimentos realizados nas atividades da empresa alcançaram o valor de R$ 2,4 milhões em 2011, aplicados na modernização da fabricação de vinhos e sucos de uvas com uma nova linha de produção, fundamental para o alcance das novas metas de 2012. “A comemoração das oito décadas de atividade da vinícola teve um saldo vitorioso na produção, no crescimento e no fortalecimento da Garibaldi. Projetamos um futuro, a cada ano, mais promissor para a nossa cooperativa, com resultados positivos constantes e surpreendentes para os nossos associados”, observa Oscar Ló, que foi reconduzido ao cargo de presidente do Conselho Administrativo da Cooperativa Vinícola Garibaldi

    As ameaças de prejuízo grave e declínio na receita são tão evidentes baseado nos dados acima que me assusta ver que as Salvaguardas ainda não tenham sido aprovadas! É uma tremenda injustiça com esses desamparados, não?! Não tenho nada contra seus vinhos nem contra eles fazerem dinheiro, trabalham para isso, agora devagar com o andor, né?! Burro é …….deixa para lá vai!

2 – Declinio de preços – Eles alegam que houve um decréscimo de preços de cerca de 20,3% de 2006 a 2010. Neste caso acho que os advogados das entidades que certamente estarão apresentando defesa contrária à instalação dessas Salvaguardas poderão facilmente apresentar cópias das tabelas de preços dessas empresas no período e não se esqueçam de incluir as de 2011 e 2012, porque estas não param de subir! Só por curiosidade, desconsiderando eventuais promoções, eis uma comparação de preços feita com vinhos aqui em São Paulo:

  • Em julho de 2010 a garrafa de Aurora Espumante Pinot Brut, escrevi aqui sobre ele, tinha um preço que variava entre R$23 a 30,00. Hoje, essa mesma garrafa gira em torno dos R$40,00 a 45,00.
  • Há dois anos se comprava um Quinta do Seival Castas Portugesas da Miolo por cerca de R$50, também escrevi aqui sobre ele, e hoje não se encontra por menos de R$65,00.

e por favor não me venham com histórias de que quem aumentou foram as lojas, porque aí já é abusar de nossa paciência!

 3 – Da similaridade – aqui acho importante os técnicos do Ministério fazerem o trabalho de casa pois vinho não é parafuso! Não existe no Brasil, ou em qualquer outro lugar do mundo, um similar aos vinhos da Borgonha, do Piemonte ou do Douro, só para citar alguns. As diferenças são enormes e o conceito meramente técnico, sem estudar as características e especificidades do setor, de similaridade não se aplicam aqui. Não existe um Barolo nacional, nem um Brunello, nem um Madeira, nem um Bordeaux e tão pouco um Tokaji!!!

4 – Da representatividade –  as partes em negrito ressaltadas no texto a seguir, retirado da Circular do MDIC, não é por si só incoerente? “Segundo os peticionários, o setor de vinhos é composto por um grande número de produtores, com forte concentração em pequenas e médias vinícolas, o que impossibilitou a apresentação de dados individualizados de todas as empresas do setor.

Isto não obstante, foram tomados os dados da Cooperativa Vinícola Aurora Ltda., Vinhos Salton S/A, Vinícola Miolo Ltda., Cooperativa Viti Vinícola Aliança Ltda., ABEGE – Participações Ind. e Com. de Bebidas Ltda. e Lovara Vinhos Finos Ltda., que, segundo consta da petição, representam, em conjunto (6 produtores), mais de 50% da produção do Estado do Rio Grande do Sul, proporção considerada substancial para fins de análise da existência de prejuízo grave ou de ameaça de prejuízo grave.”  Ou seja, o que vale é o poder econômico e não a representatividade do grosso das empresas coisa ao qual eu teimo em chamar de democracia!

        Será que passa? Estou sem tempo para esmiuçar mais ainda o pleito constante da circular, lamentavelmente ninguém salvaguarda meu negócio contra a concorrência e desaparecimento de clientela, então tenho que correr atrás para garantir o pão sobre a mesa, aliás algo que a grande maioria de nós tem que fazer. Certamente as entidades representativas dos supermercados e importadores com seu corpo de advogados especialistas já prepararam sua defesa com esses e muitos outros fatos que contestam os dados apresentados, então resta-nos seguir fazendo barulho, elucidando o leitor da melhor maneira possível, e esperar que o bom senso e seriedade dos órgão competentes prevaleça sobre interesses políticos menos claros. Com tanta mídia expondo esse verdadeiro golpe contra o consumidor em pról dos coronéis do vinho, imagino que politicamente ocorra um certo constrangimento (será que isso ainda é possível?) nas hostes do poder para que não se repita a vergonhosa aprovação de bastidores do Selo Fiscal mesmo após parecer negativo da Receita!

       Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos. A luta continua; no Encontro de Vinhos OFF e Expovinis, todos de luto usando algo preto e ignorando os estandes dos coronèis e seus testas de ferro, vamos aderir a esse movimento?!

Salvaguardas – Reações e Comentários

         O amigo Antonio me enviou comentário com uma ótima sugestão. Já fiz um post sobre a as Salvaguardas e as reações a ele, porém o Brasil é enorme e existe muita coisa regional sendo escrita que não chega, necessariamente, ao grande publico e à nossa vinosfera. Então, se você tiver lido algo que ache interessante, compartilhe conosco o link que prometo publicá-lo aqui.  Para começar veja alguns que já recebi e talvez você ainda não tenha visto:

1 – Mário Geisse

http://www.youtube.com/watch?v=_rDHnu2FQ1I

2 – Entrevista do Ciro Lilla ao Salomão Schvartzman na BandNews TV.

http://bandnewstv.band.com.br/colunistas/coluna.asp?idc=111&idn=584561&tt=salomao-schvartzman&tc=entrevista-com-ciro-lilla            

3 – Sergio Inglez, profundo conhecedor da vitivinicultura brasileira, entrevistado pelo Didu.

http://www.youtube.com/watch?v=0sMBGQGgFS4&feature=player_embedded#

4 – Antonio Frizzo no Jornal Semanario de Bento Gonçalves que expôs dados muito preocupantes tanto para as próprias vinícolas quanto para os agricultores da Serra Gaúcha está no site do jornal na pág 04 da Edição de 07/04 sob o titulo – Há Muito a Esclarecer > http://www.jornalsemanario.com.br/pagina-212-Edicao_Impressa.fire  .

         Para não ficar só com textos e imagens de terceiros, que valem muito a pena ser vistos em função do peso que carregam no setor, aproveitei e pincei uma frase contida na circular do Secex sobre o tema de Salvaguardas em estudo e que acho que mostra bem o que o oligopólio de grandes produtores está pretendendo. “os peticionários propuseram o compromisso de ajuste que segue a titulo de : Reestruturação competitiva do segmento produtor de vinhos finos brasileiros.” Entre um monte de projetos propostos de custos milionários que ninguém diz quem  e como será paga essa conta, existe um trecho que acho que elucidam bem o projeto hora em andamento. – “Em outro contexto, mas com o mesmo espírito e determinação em promover ajustes e correções que dêem maior competitividade ao setor vitivinícola, registra-se que este setor vem lutando para melhorar sua competitividade frente ao produto importado, através de aquisições, fusões e incorporações.” Das duas uma; ou transformam nossa vitivinicultura numa enorme cooperativa ou adivinha quem tem o capital (face anúncios que eles mesmo publicaram em seus sites e imprensa) para fazer as aquisições sugeridas? E a cultura, a história, o terroir, a tradição e inovação dos pequenos produtores que fazem a diversidade de nossa vinosfera, o que acontece com eles?

     Vai ficar parado achando que nada pode fazer para alterar o status-quo e depois chorar o leite derramado? Pelo menos tente, assine a petição e peça aos seus amigos para o fazer. Vamos de preto (pode ser também braçadeira ou fita preta no peito) visitar a Expovinis e o Encontro de Vinhos Off? Vamos ignorar os estandes dos tubarões, eventos e degustações que eles e essas entidades (Ibravin/Uvibra, etc) promovam? Vamos em peso prestigiar aqueles produtores que se manifestaram contrários ás salvaguardas? Você como consumidor tem sim força, exerça seus direitos!

Salute e kanimambo

Salvaguardas – Boicote, um mal Necessário e um Direito do Consumidor

         Enquanto preparo uma matéria sobre mais algumas do arsenal de besteirol que a Ibravin vem destilando ao longo da última semana, num verdadeiro processo de tentativa de desvirtuar a verdade e, literalmente, enrolar o consumidor mais desligado ou menos antenado com o a excrecência que eles defendem em pról de um pequeno e rico oligopólio, quero falar um pouco desse tal de BOICOTE. Ação extrema provocada pela Ibravin e Cia que vieram não para dialogar, mas para semear a discórdia no setor e seu tour por Rio de Janeiro e São Paulo mostrou exatamente isso, um monólogo furado de cartilha pronta que não convenceu ninguém. Não vieram dialogar, vieram sentir a temperatura e, surpresa, está quente uma barbaridade tchê!

        Boicote para mim é fazer com eles aquilo que eles querem fazer conosco, nos ignorar. Como acredito no dente por dente, olho por olho, vamos dar o troco na mesma moeda e ignorá-los? Sim, passemos por eles na Expovinis e Encontro de Vinhos Off e ignoremo-los. Já pensaram que bonito, eles gastarem aquele monte de grana para montar seus estandes e eles ficarem às moscas? Bem, ás moscas não ficarão, já que tem sempre alguém disposto a tomar vinho de graça e podem encher o espaço com funcionários para não fazer feio, porém se receberem somente 10% dos visitantes que esperam, seria um troco legal, não?

        Outra, ao passar pelas prateleiras de lojas e supermercados, que tal mudar de lado? Nas cartas dos restaurantes que tenham esses vinhos, vamos virar a página? Dar-lhes o troco onde eles mais sintam me parece a esta altura dos acontecimentos, um ato de legitima defesa contra quem insiste no embate de cima de sua soberba e profunda arrogância achando que somos indefesos e um bando de idiotas.

        A grosso modo sou absolutamente contrário ao ato de boicotar a todos de forma genérica. Por principio não comungo com a generalização e há que se separar o joio do trigo. Colocar todo mundo no mesmo saco é contrário à minha visão do mundo e é uma forma simplista de reação que pode gerar mais injustiças do que gerar benefícios á causa o que, aliás, é comum em terras brasilis. É como colocar no mesmo saco o cara que toma duas taças de vinho ao jantar, com o pinguço do boteco que coleciona garrafas vazias sobre a mesa e depois sai dirigindo no trânsito de forma irresponsável! Óbvio, que cada um é livre para se manifestar e agir como sua consciência ditar e devemos respeitar, porém eu sou a favor de ações claras. Sendo assim estarei ignorando vinhos da Miolo, da Aurora, da Don Giovanni, da Dal Pizzol e da Perini especificamente. Nesse bolo também colocarei empresas que optaram por não se manifestar, o que em meu entender, significa que estão coniventes com o processo. Casos de; Valduga, Domno, Pizatto, Lidio Carraro, Don Laurindo, Marco Luigi, Boscato e Cave Marson entre outros. Faça você sua própria lista, mas destes eu; não provo, não comento, não recomendo, não compro e não vendo.

        Só para que fique claro o conceito legal de boicote por razões comerciais, é uma arma constitucional que o consumidor possui para se defender daquilo que acredita ser ação condenatória por parte de alguém ou empresa, especialmente quando esta é imposta de forma truculenta sem um debate prévio, no popular; contra aqueles que queiram nos forçar algo goela abaixo! Nesta caso específico, reitero, sou contra o boicote indiscriminado ao vinho nacional, porém sou um fervoroso adepto do boicote a empresas produtoras especificas que apoiam o pedido de Salvaguardas ou se escondem por trás da Ibravin que leva a fama e serve de escudo.

       Tem gente que condena o ato de boicote, mas eu deixo aqui uma pergunta no ar, o que eles sugerem como opção, já que o diálogo inexiste e o embate foi claramente a estratégia escolhida? Não basta criticar, sugira algo com a mesma capacidade de efeito!  Tem gente demais em cima do muro, de um lado e de outro, tem gente que até parece que está em outro planeta e que nada está acontecendo em nossa vinosfera tupiniquim, então está na hora de cada um mostrar sua cara! Boicote já, do jeito que cada um puder, essa é minha resposta à truculência do oligopólio e seus testas de ferro.

      Por hoje é só, mas afora o boicote nas feiras, que tal circular com uma tarja preta no braço em sinal de luto pelo que estão querendo fazer com o setor?  Como diziam; Cazuza, “Brasil mostra a sua cara” e Vandré “Quem sabe faz a hora não espera acontecer” e a hora é esta!

      Salute, kanimambo e amanhã tem VinoPiadas porém na Quinta seguirei em minha cruzada pela retirada do pedido de Salvaguardas e um verdadeiro diálogo construtivo no setor.