Temas Gerais

Happy Wine Time – é Hoje, é Hoje!

e com Doule Wine é só na Vino & Sapore toda a Sexta, então hoje é dia! Espero os amigos, até porque hoje os caldos são Lusos, em homenagem ao pessoal que embarca amanhã para mais uma viajem de descobertas Enogastroculturais por Portugal, um empreendimento Inês Cruz (Viavitis) e JFC. Da região Tejo, ex-Ribatejo, conheceremos alguns dos vinhos da Quinta da Lagoalva (Mistral), uma das vinícolas que faz parte de nosso roteiro estrá presente com três vinhos:

  • Quinta da Lagoalva Talhão 1 – um vinho branco elaborado com castas tipicamente portuguesas as; Fernão Pires, Arinto e Alvarinho, esta última em menor proporção. Somente com passagem em inox, é um vinho em que o frescor impera. Fresco e aromático, este saboroso branco é perfeito para um aperitivo ou para acompanhar peixes e frutos do mar. Esta deliciosa combinações de castas locais resulta em um vinho original e de grande apelo gustativo. Deverá de dar muito bem com as empanadas de bacalhau, creme de amarão e queijo disponíveis no combo.
  • Quinta da Lagoalva Castelão/Touriga Nacional – um blend 50/50 destas duas castas autóctones portuguesas que formam um caldo extremamente prazeroso de tomar. Um vinho de corpo leve para médio, muito saboroso e fácil de agradar. Com 50% passando em madeira, é um vinho muito rico em sabores que encantam o palato, macio, equilibrado com boa acidez o que lhe dá um certo frescor, mostra taninos redondos, sedosos e amistosos que alongam o final de boca deixando um gostinho de quero mais. É uma ótima companhia para bacalhau, então acredito que as empanadas de bacalhau e as de frango podem ser harmonizações interessantes.
  • Quinta da Lagoalva Reserva – Este Reserva é um vinho muito agradável e fresco de ser tomado, com muita fruta aparente e taninos muito bem equacionados sendo que as nuances de baunilha deixam claro a presença de madeira aqui colocada como apoio e anteparo ao restante do conjunto. Um estilo mais moderno e muito prazeroso de tomar. É um tinto incrivelmente elegante e macio, mostrando madeira de excelente qualidade perfeitamente integrada. A feliz combinação das castas Alfrocheiro Preto, Cabernet Sauvignon e Syrah resulta em um tinto complexo e envolvente. Boa companhia para as Salteñas ou quem sabe um chouriço português assado?

       Aguardamos você num ambiente descontraido, aconchegante e sem fescura como deve ser o trato com o vinho. depois, se ainda estiver com fome, jante no Emilia Romagna um restaurante de boa comida, boa carta e gente simpática bem ao lado da Vino.  Salute, kanimambo e bom fim de semana.

Desafio de Cabernets do Chile

         No último dia 26 de Outubro, tivemos o prazer de realizar na Vino & Sapore um embate bastante interessante. Importante diferencial é que ele foi feito com consumidores e não críticos de vinho, consequentemente entendo que seja uma visão mais hedonística e privilegiada do pensamento de boa parte do mercado. Nesse desafio às cegas com cerca de apenas 30/40 minutos de aeração dos vinhos, colocamos frente a frente um Ícone dos cabernets chilenos o consistente e respeitado Don Melchor com suas 22 edições, este o de 2007, e da mesma safra também o Manso de Velasco que dispensa apresentações. Afora esses dois mais conhecidos, mais três rótulos menos midiáticos porém, a meu ver, de grande valor o que me fez escolhê-los para este embate; Anya Ícono 2010, William Févre Chacai 2008 e Casa Lapostolle Cuvée Alexandre  2009. Óbvio que melhor seria se todos fossem da mesma safra, porém isso é um pouco complicado de se conseguir.

        O mais interessante, mais uma vez provando que conceitos genéricos neste mundo do vinho não têm vez, é que cada um desses vinhos mostrou uma cara bem diferente dos outros. Vejamos como cada um se comportou:

Concha y Toro Don Melchor 2007 –  com 3% de Cabernet Franc mostrou ser, como sempre, super consistente tanto que creio que em 22 edições somente em uma meia dúzia andou por baixo dos 90 pontos na visão da grande critica. A referência em cabernets chilenos junto com mais uma meia dúzia de importantes e renomados rótulos. Eu o considerei bastante pronto a beber apesar de ainda ter aí mais uns bons seis anos pela frente de franca evolução. De inicio fechado no nariz, abre-se aos poucos mostrando-se bastante frutado. Muito equilibrado na boca, taninos muito finos, complexo, boa acidez, ótimo final de boca, muito boa persistência, um vinho sem arestas e muito apetecível, feito para agradar. Um caldo muito bom, mas acho os sugeridos R$400 de preço de venda algo fora de propósito, porém é um vinho que tem seu histórico, seus séquito e quem pague então a vinícola o precifica bem sendo que até no Chile anda caro, por volta dos 130 dólares. Este exemplar veio de um amigo que o trouxe da Inglaterra, 50 libras, especialmente para este momento. Importação  VCT Brasil.

Casa Lapostolle Cuvée Alexandre 2009 – com 15% de Carmenére, ainda muito jovem e algo desbalanceado com o vegetal da carmenére se sobrepondo ao cabernet sauvignon e álcool aparente tanto no nariz como na boca. Os 40 minutos foram pouco e creio que deveria melhorar com mais uma hora de aeração quando deveria encontrar seu ponto de equilibrio. Custa ao redor dos R$120,00 mas neste embate mostrou-se um patamar abaixo dos restantes competidores. Importação Mistral.

Torres Manso de Velasco 2007 – um 100% Cabernet Sauvignon de vinhas velhas, potente, complexo, rico, equilibrado com taninos ainda bem presentes, encorpado porém com taninos finos e aveludados de muita qualidade. Um senhor vinho, melhor de boca que de nariz, que faz jus a sua fama e vai durar muitos anos ainda, vinho que não é para gente ansiosa! rs Dê-lhe tempo, compre agora e tome daqui a dois ou três anos acompanhada por uma paleta de cordeiro ou picanha suculenta! Vinho na casa dos R$190/200,00 aqui em Sampa. Importação Devinum.

William Févre Chacai 2008 – com 15% de Cabernet Franc, um vinho absolutamente sedutor no nariz que te convida a levar a taça à boca. Aromas intensos de frutos vermelhos e alguma especiaria. Na boca mostra uma certa complexidade, rico, boa estrutura, taninos finos e sedosos, final de boca muito agradável e fresco que pede o próximo gole. Certamente o vinho mais pronto e vibrante de todos apresentados, tendo entusiasmado a maioria. Custa ao redor de R$130,00 porém a nova safra que obteve 93 pontos no Descorchados 2012 (igual ao Don Melchor), deve chegar por volta dos R$190,00 e virá em quantidade minguada que deve sumir rapidamente! Importação Dominio Cassis.

Anya Ícono 2010 – o mais jovem dos vinhos e o que mais se ressentiu da falta de um maior tempo de aeração. Foi também o mais intrigante dos vinhos provados neste noite com aromas animais, estrebaria se sobrepondo á fruta que aparece mais ao longo do tempo na taça. Na boca é cheio, untuoso, encorpado pedindo comida e certamente será um grande companheiro para uma carne suculenta como um bife de chorizo! Recebeu 92 pontos da revista Vinho Magazine e custa ao redor dos R$115,00 o que o transforma no best buy deste embate e um vinho para comprar e guardar abrindo uma garrafa aqui outra daqui a seis meses, depois mais seis,…… Importador Palácio dos Vinhos.

         Óbvio que a esta altura vocês já está mesmo é querendo saber quem foi o ganhador e concordo, já não é sem tempo! Há no entanto, que se considerar que o painel foi muito parelho tendo havido votos de primeiro lugar para 4 dos 5 competidores. Eis a classificação abaixo:

  1. William Févre Chacai 2008

  2. Don Melchor 2007
  3. Manso de Velasco 2007
  4. Anya Ícono 2010
  5. Cuvée Alexandre 2009

     Mais um desafio realizado e mais uma vez a constatação de algo que ao longo dos anos neste blog acontece muito amiúde em nossos painéis e desafios, nome não ganha campeonato! Ás cegas, o que vale mesmo é vinho na taça assim como no futebol é bola na rede. Por isso curto tanto a diversidade e o garimpo por coisas novas saindo da mesmice, é isso que faz viajar por nossa vinosfera uma experiência única e tão prazerosa. Por falar em viajar, um amigo leitor, o Guilherme, vai compartilhar conosco sua experiência pelos vinhedos da África do Sul nesta próxima Quinta-feira, não deixe de sintonizar neste canal! Salute e kanimambo.

Como Você Escolhe Vinhos Numa Loja?

       Cada um tem seu jeito de garimpar vinhos numa loja, mas nem sempre estas atendem essa necessidade. Por cultura ou modismo, as lojas tendem a organizar suas prateleiras por país, mas será que é isso mesmo que você quer? Como você se sentiria mais á vontade ao entrar numa loja para escolher seu vinho?  Esta enquete visa descobrir isso então clique e dê sua opinião.

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Salute e kanimambo.

Expo Azeite 2012, Estive Por Lá!

           Fui entusiasmado mas a sensação foi de que me meti numa furada, talvez até provocado pela meu desconhecimento de causa. De São Paulo a Campinas para visitar uma “Feira de Azeites” no centro da cidade, Instituto Agrônomo, para ver cinco bancadas com três importadores e dois produtores buscando importadores no saguão de entrada do instituto. Três horas de viagem e trinta minutos de feira, isso porque encontrei por lá o amigo Bruno Viana da ABS de Campinas, foi muito pouco. Quem passasse pela região sequer saberia do evento pois não havia uma placa externa que indicasse a existência do mesmo. No canto do mesmo saguão, duas dezenas de cadeiras para cursos rápidos sobre os mistérios do azeite,  posteriormente fiquei sabendo que eram cursos de culinária, tudo isso num calor danado enfim, uma boa ideia ( a feira) que, a meu ver, foi mal executada e ficou bem aquém de minhas expectativas! 

           Aparentemente o concurso  esse sim foi bem movimentado com um monte de participantes, mas destes somente vimos uma exposição dos azeites que participaram. Aparentemente, pelo que me foi informado pelos organizadores no comentário abaixo, o congresso foi bem movimentado e um grande sucesso, mas desse não participei, fui pelos azeites e, nesse sentido, me frustrei. Enfim, me disseram que outras edições realizadas em São Paulo, comprovado pelos filmes e fotos de edições anteriores publicado no próprio site da Expoazeites, tiveram outro viés e que a participação de produtores e importadores foi bem maior, quem sabe numa próxima edição  minha opinião mude, mas esta, a meu ver, foi uma furada e deixou muito a desejar como “Feira de Azeites”. Aparentemente um acidente de percurso pelo que pude ver das outras edições (filmes e vídeos) que serviram de base para meu interesse da ida a Campinas.

         Tendo dito tudo isso, tenho que reconhecer que pelo menos consegui descobrir algo muito interessante nesta minha viajem de descobrimentos pelo misterioso mundo dos azeites que começo a realizar. Descobri uma linha de ótimos azeites uruguaios, uma enorme surpresa porque ainda por cima estes pequenos produtores se situam numa região de que gosto muito, Colonia de Sacramento no sul do país, a uma hora de Buenos Aires pelo Barco-Bus. Fiquemos de olhos abertos e papilas gustativas prontas pois estamos prestes a conhecer uma outra faceta deste simpático país de bons vinhos e povo amistoso. Em breve falarei desses novos azeites que, em tendo o preço adequado, certamente acharão um espaço nas prateleiras da Vino & Sapore.

Salute, kanimambo e nos vemos por aqui.

Pensamentos para Começar Bem a Semana

 

        Uma ótima semana para todos lembrando que nesta Quinta, para quem não for viajar, na Vino & Sapore teremos nosso primeiro Happy Friday com Vino y Empanadas e Double Wine! Em breve aqui no blog mais informações lembrando que, como diz a imagem abaixo, não importa se o copo está meio cheio ou meio vazio, o que fica claro é que há espaço para mais vinho!

Salute e kanimambo!

Sinais dos Tempos – Um Pensamento Para Reflexão

        O tempo passa e nem sempre as coisas evoluem. Aliás, há situações cíclicas que no decorrer do tempo se repetem e, dando uma limpa em meu escritório neste fim de semana, me deparei com um artigo publicado na Revista de Vinhos portuguesa datada de Maio de 2009, que não poderia estar mais atualizada e nos deixa um ponto para reflexão. Sem mais demoras eis o texto sob o titulo, Snobs do Vinho:

         “Sinais dos tempos, os vinhos mais badalados de 40 a 50 Euros a botelha, há dois anos atrás era vê-los desaparecer das prateleiras na semana que chegavam. Para se obter uma dessas garrafas era preciso meter uma cunha a um amigo do proprietário da loja. Agora é vê-lo por aí disponíveis para quem os quiser levar e a serem vendidos num ritmo bem mais ajustado aos tempos que correm. Até o próprio conceito de snobismo vínico começa a mudar. Hoje em dia quando um consumidor endinheirado leva à mesa uma daquelas garrafas míticas para impressionar os amigos e fazer alarde de sua generosidade e largueza financeira, arrisca-se a aparecer um conviva com uma outra garrafa bem menos conhecida que a coloca do lado da primeira dizendo; “ora, provem lá esta categoria de vinho que eu encontrei e custa menos da metade desse aí e tão bom quanto”. Começa a estar mais na moda, em determinados ciclos sociais, saber de vinho e comprar a melhor relação Qualidade-Preço, do que mostrar sua capacidade de pagar muito dinheiro por uma garrafa de vinho. A crise tem dessas coisas e nem todas são más (LL).”

        Como diz o ditado, há males que vêm para o bem, e este tipo de mudança de hábito, em que se preze muito mais o conteúdo da garrafa do que a marca estampada no rótulo, é certamente muito bem vinda. Salute, kanimambo, uma ótima semana para todos e comprem com sabedoria!

Derrubando Mitos do Vinho – Participe

             O texto do Marcio publicado ontem aqui, foi muito apreciado pelos amigos e houve quem comentasse que há mais do que aqueles 10 mitos citados. Fica aqui um convite aos amigos leitores, mandem-me Mitos do Vinho que merecem ser derrubados e que não constem do texto do Marcio, depois compilo tudo e publico tudo num post especifico com seus devidos créditos. E aí, tem Mitos outros que merecem ser derrubados? O Guilherme, por exemplo, citou aquele de que “vinho bom é aquele que você gosta” é uma furada, você acha?

Ps. Imagem colhida do blog Falsas Verdades. Clique na imagem para passear por lá!

Minha Primeira Vez

        Nunca pensei que um dia estaria escrevendo sobre isto aqui no blog, porém tudo na vida tem sua primeira vez e no futebol não podia ser diferente. Envolto em meu manto alvinegro praiano me curvo perante o time que melhor futebol tem apresentado este ano mostrando a força do grupo sobre as individualidades, um bando de loucos que, também pela primeira vez, sentiram o sabor gostoso da vitória continental. Mais do que o time, no entanto, enalteço a vitória da perseverança e tenacidade na busca dos objetivos traçados.

  Corinthians, campeão da Libertadores meus parabéns e hoje estou feliz porque meu filho deve estar radiante! Agora vão ter pela frente o Chelsea, se passarem pelo jogo classificatório, aí quem sabe conseguem ser campeões mundiais por méritos, porque aquele outro titulo foi meia boca, né?!! Salute e kanimambo, gostoso ver esse time guerreiro e unido celebrando a merecida vitória e ganhando, finalmente, seu passaporte!

Coluna da Eliza – Francês Tipo Exportação, Domaine Paul Mas

 Como tenho dito, a Eliza voltou, e trouxe na bagagem muitas experiências que vem compartilhando conosco em sua coluna quinzenal por aqui em Falando de Vinhos. Hoje fiquei feliz por ver que escreveu sobre este produtor criativo e “humilde” que possui um rótulo divinamente divertido e bem bolado, a linha do Arrogant Frog. Vale a pena entrar no site deles só para se divertir com os criativos e bonitos rótulos, uma baita jogada de marketing abraçando bons caldos só podia dar nisso, sucesso! Conheça um pouco mais nas palavras da amiga Eliza.

 

            Domaine Paul Mas. Esta empresa começou nas mãos de Jean-Claude Mas e nos seus 35 hectares de vinhas herdadas do pai. Hoje, com 320 hectares de terras “compradas” e mais 800 hectares de terras “contratadas”, a empresa tornou-se um verdadeiro fenômeno da exportação: ela está presente em 45 países e nos 5 continentes… Mas não se engane, ela não deixou de ser familiar e quem decide tudo (ainda) é o dono. E olha que dono! O danado está reinventando o vinho francês e mostrando para o mundo que o “luxo” não precisa ser caro. Vale a pena conferir!

            Filho, neto, bisneto, trineto de vigneron… o “vírus da vinha” veio de longe e foi conquistando, pouco a pouco, o jovem estudante de economia e marketing. Dúvidas sobre seguir a profissão de seus antepassados? Acredito que ele tinha algumas. Nas próprias palavras do empresário, “trabalhar a terra é difícil”. Mas o menino cresceu e mostrou que tem talento, trabalhando seus diferentes terroirs espalhados pelo Languedoc com maestria, ao longo dos últimos 12 anos. Apaixonado pela diversidade da região e consciente do seu grande potencial, Jean-Claude trabalha suas vinhas de forma tradicional, para extrair o melhor de cada terroir. Nas terras banhadas pelo mar mediterrâneo, os verões são quentes e secos e os invernos, amenos e úmidos. O clima joga à seu favor. Em mais de 10 anos de vindimas, ele se lembra da única vez em que teve que adiantar uma, para não deixar a humidade apodrecer suas preciosas uvas, isentas de pesticidas e outros produtos químicos. E foi justamente no meio de uma vindima, que ele me recebeu, entre uma adega em turbilhão, um escritório enxuto e 80 hectares de vinha.

                    Mas falar do Domaine Paul Mas é, antes de tudo, falar de criatividade e eficiência. A empresa é detentora da marca “Arrogant Frog”. Para quem ainda não conhece, ela traz, fora da garrafa, caricaturas engraçadíssimas de um sapo e dentro, um excelente vinho francês custo/benefício. A idéia, que faz uma referência aos próprios franceses – gentilmente apelidados pelos ingleses de “comedores de sapo” que virou “sapo” e “arrogantes” – conquistou o Japão e em seguida o mundo inteiro. Hoje, tornou-se um dos best-sellers da empresa. Fácil de entender quando o vinho é bonito de se ver, fácil de pagar e ainda gostoso de tomar!

           Outra inovação que vale a pena ser citada chama-se Luxe Rural, um novo conceito de luxo proposto pelo produtor. Para ele, luxo é algo simples, que nos proporciona prazer, que mexe com as nossas emoções e que transforma este momento, num momento perfeito. E olha que esse é o objetivo de Jean-Claude: produzir vinhos ricos e saborosos, capazes de despertar sentimentos esquecidos, aquecer corações e transformar um mero encontro de amigos numa ocasião mais que especial. Criatividade, autenticidade, refinamento e respeito à natureza. A empresa trabalha em agricultura sustentável, conhecida na França como agriculture raisonnée. Com certificação da empresa Terra Vitis, a idéia principal desta filosofia é trabalhar a vinha promovendo o equilíbrio com o seu ecossistema, favorecendo a vida dentro da terra e, em consequência, as defesas imunitárias da própria planta. Tudo isso em detrimento do uso de produtos químicos e de mega tratores que compactam o solo.

           Fica aqui mais uma dica imperdível do Falando de Vinhos, que a nossa Decanter tem o prazer e a competência de representar, desde 2011 no nosso Brasil.

             Bonne semaine et à bientôt!

Ps. Esta marca virou febre e alcança diversos produtos outros que não o vinho e uma série especial de imagens com o “Arrogant Frog” nas mais diversas atividades. Para quem curte design, um case de marketing bem sucedido, porém só imagem não vende, há que se ter conteúdo e aqui ele está sempre presente com um conceito diferenciado; “Vinhos do Velho Mundo com Atitude de Novo Mundo”. Visite seu site e blog, vale a pena. Salute e kanimambo – JFC

 

Coluna da Eliza – Foie Gras, Patrimônio Culinário e Cultural da França

      A Eliza voltou, e trouxe na bagagem muitas experiências que estará compartilhando conosco em sua coluna quinzenal por aqui em Falando de Vinhos. Nem tudo, no entanto, será sobre vinhos, pois vivendo por dois anos na região de Montpelier as experiências são também gastronômicas e culturais.  Hoje fala de um produto que para muitos é tabu e para outros uma delicatesse, porém sem duvida alguma é um clássico francês!

         

      Nunca vou esquecer do meu primeiro contato com essa especialidade francesa. Restaurante La Vecchia Cucina do Chef Sergio Arno em São Paulo… jantar festivo… experimentei sem saber o que estava comendo, achei simplesmente delicioso! Depois de saborear metade da entrada, decidi perguntar para o meu “vizinho” o nome de tamanha iguaria… confesso que bateu uma dor no coração… eu nunca tinha ouvido falar “bem” do foie gras… conhecia somente o discurso do fígado gordo e doente do pato que foi forçado a comer e nada mais. Mas a gula fala mais alto. Comi tudo.

          Hoje, sou consumidora moderada. Depois de experimentar e re-experimentar diferentes marcas e tipos de preparação durante os meus 2 anos de imersão na sociedade francesa, ler muito sobre o assunto e ouvir diferentes opniões por aqui, assumo que sou completamente apaixonada pelo seu sabor e sua textura, mas como somente quando tenho muita vontade. E você?

Um pouco de história

       Tudo deve ter começado às margens do rio Nilo. Segundo historiadores, os primeiros registros da engorda de gansos foram encontrados no Antigo Egito. Um desenho numa tumba de 4 mil e 500 anos é a grande testemunha dessa tradição: nele estão representados um ganso e uma escrava que o alimenta com figos.

            Acredita-se que os egípcios observaram que os gansos e os patos, que se preparavam para a longa viagem de migração, comiam muito mais para estocar a energia necessária na forma de gordura. Desta forma, reforçando o comportamento natural das aves migratórias, eles começaram a “incentivar” gansos a comer mais e mais. E, meu instinto me diz, que uma vez gordinhos, eles eram mais apetitosos.

            A prática fez sucesso e foi adotada pelos gregos e, em seguida, pelos romanos. Patos e gansos continuaram à ser engordados a base de figos durante todo o Império Romano. O fígado gordo, muito apreciado, ganhou o nome de Jecur Ficatum, ou seja, “fígado com figos”. Mais tarde, ainda no Império Romano, outros animais foram engordados com figos e o termo Ficaum, “figos” passou a ser utilizado em todas as criações. Ficaum, foie, fegato, fígado… a semelhança chama a atenção e não é uma coincidência: o fígado gordo fez tanto sucesso que o termo utilizado na época deu origem ao nome do orgão fígado nas línguas românicas.

            Após a queda do Império, a tradição foi mantida principalmente pelos judeus, que utilizavam a gordura do pato nas suas preparações culinárias. Mas o mais surpreendente é que, na França da idade média, o fígado gordo não conhecia barreiras econômicas, religiosas nem sociais. Os camponeses engordavam os seus próprios animais e os consumiam com regularidade, preparando-os de diferentes formas. Paradoxalmente, os reis também apreciavam muito a iguaria e o foie gras era servido nos banquetes reais.

            Com a descoberta das américas e do milho, Cristovão Colombo contribuiu, e muito, para o desenvolvimento da produção do foie gras. Prático e super adaptado à alimentação dos patos e gansos, o milho substituiu o figo, permitindo assim, uma rápida difusão da técnica de gavage, principalmente na região da Alsace e no suldoeste da França.

            Durante o século XIX, criaram-se as regras de produção e o processo industrial. A iguaria foi então difundida no mundo todo e tornou-se um símbolo festivo da culinária francesa.

            Hoje, o foie gras de canard faz parte da cultura do país e é patrimônio culinário e cultural protegido pela lei. Ele faz parte de uma gastronomia que, desde 2010, a Unesco reconheceu como Patrimônio cultural imaterial da humanidade. A arte de manger à la française, mundialmente conhecida, inclui todo o ritual, seus produtos de terroir e suas tradições…

 Definição e regras de produção

      A definição oficial é fortemente contestada pelas associações protetoras dos animais. “Fígado sadio de um pato ou ganso adulto, robusto e em boa saúde, criado segundo a tradição.” Será?

            Pois bem, segundo a tradição, os futuros patos e gansos gordos permanecem ao abrigo do primeiro dia de vida, até a 4ª ou a 5ª semana. Desde que as suas plumas estejam suficientemente espessas para protegê-los, eles ganham a liberdade e são criados soltos durante dois meses e meio. Nada de chocante, à primeira vista, eles parecem mais bem tratados que os nossos frangos de granja. No entanto, com cerca de 12 semanas de vida, já adultos, eles são confinados e submetidos à gavage. A polêmica se inicia neste momento. Eles vão receber uma alimentação controlada, forçada e progressiva, durante 2 semanas. E eles vão engordar, muito e muito rápido.

            Por lá o assunto não é tabu. A França é, de longe, a maior produtora e também a maior consumidora de foie gras do mundo. Um lar francês, a cada dois, o consome, especialmente nos dias de festa.

A Polêmica

         A gavage é uma prática condenada e proíbida em 13 países da União Européia.  Vegetarianos ou não, muitos a consideram uma crueldade sem justificativa. Esta prática consiste na ingestão forçada, com a ajuda de um funil metálico (também chamado de sonda gástrica), de uma pasta feita à base de milho, altamente calórica. Patos e gansos são obrigados a comer, pela ação da força física. Claro que esta prática pode ser considerada nada bonita de se ver, especialmente quando ela é realizada em grande escala e os animais são mantidos imobilizados… mas a verdade é que o aumento do consumo e a busca constante pela redução dos custos anda atropelando o bem estar animal em todas as criações… Assustador, não?

Bonne semaine à tous et à la prochaine!