Temas Gerais

Vin Santo e Outras Delicias da Páscoa

O Vin Santo é um vinho tradicional desta época do ano na Itália, tanto na Toscana como no Veneto e Umbria. È na Toscana, no entanto, onde essa tradição está mais enraizada, especialmente quando tomado geladinho com biscoitos de amêndoa chamados Cantuccini gentilmente molhado nesse saboroso e doce caldo. Mas porquê Vin Santo? Bem, existem diversas teorias, mas eu gosto desta; as uvas são colhidas no pico de sua maturação em Setembro ou Outubro e são depois colocadas para “secar” durante um período de cerca de quatro meses quando então é vinificado, ou seja em Março próximo à páscoa! Óbvio que existem Vin santos e Vin Santos! Uns como o Vin Santo Catarello são verdadeiras obras de arte para serem tomados de joelhos e molhar nele um Cantuccini é quase que um sacrilégio! Todavia, existem Vin Santos deliciosos a bom preço, como o Podere Del Paradiso, que são perfeitos para esta prática.

          Uma outra boa dica para esta páscoa é presentear, ou se presentear, com algumas delicias como Banyuls de Chapoutier, um perfeito companheiro para os chocolates da Valrhona ou um Porto Tawny com amêndoas cobertas de chocolate ou Ballas de Chocolate da Bella (uma especialidade artesanal), Porto LBV com praline de chocolate amargo ou os Valrhonas (divinos chocolates gourmet franceses) com alto teor de cacau como os Caraibe e Guanaja ou ainda um Porto Tawny 10 anos com torta de amêndoas. Enfim, existem divinas combinações para você presentear ou servir num final de almoço de páscoa. Ao fim e ao cabo, Páscoa não é só das crianças e ovinhos de chocolate!

         Na Vino & Sapore existem um sem número de opções de kits prontos e a montar, porém existem outros locais que certamente disponibilizam kits semelhantes, então não se acanhe e invente!

Salute e Kanimambo pela visita

Loja de Vinhos Procura!

             Chardonnay chileno de boa qualidade com menos de 14% de teor alcoólico, equilibrado, sem excesso de madeira e enjoativa intensidade de aromas de baunilha e abacaxi extra-maduro! Tem que custar, preço final, entre R$60 a 75,00, tem alguém aí que se habilite? Esse é um pedido especial que me faz o xará (rs) João Filipe da Vino & Sapore. Alguém tem alguma dica ou se candidata a um lugar nas prateleiras dessa agradável e simpática (rs) loja de vinhos na Granja Viana?

              Depois de muito provar só restou apelar para os universitários! Sugestões e dicas são mais que bem-vindas. Salute e kanimambo.

Curso de Vinhos na Granja Viana

              Quem acompanha este blog sabe que sou um profundo divulgador de que a melhor forma de aprender e desvendar os mistérios de nossa vinosfera é litragem! rs. Brincadeiras á parte, é bebendo e degustando que desenvolvemos nossa capacidade de avaliação descobrindo novos e sedutores sabores e aromas. No entanto, uma “mãozinha” mais técnica creio que ajuda e muito, então um bom curso de vinhos é essencial. É a junção desses dois fatores (conhecimento e litragem) que farão você desbravar os caminhos de Baco de forma mais eficiente.

           Foi pensando nisso e conhecendo a limitação dos diversos cursos ministrados por aí nas mais diversas lojas e importadoras, com algumas poucas exceções, que desenvolvi na Vino & Sapore, agora no mês de Abril, esta parceria com a Via Vitis da enóloga portuguesa Inês Cruz disponibilizando mais do que um mero curso básico e sim um curso de maior abrangência tanto para quem está começando como para os iniciados autodidatas que desejem aprimorar seus conhecimentos. Ninguém melhor para direcionar nossos caminhos e derimir nossas duvidas, do que alguém com formação e experiência de campo que, ainda por cima, exala simpatia. Não é um curso qualquer, serão mais de 10 horas de aula e degustação de pelo menos 16 vinhos o que já será uma bela experiência porque provaremos diversos estilos de vinho de diversas cepas e formas de vinificação.

         Garanta já sua vaga, são só 14 sendo que parte destas já estão tomadas, e saia daqui com mais conhecimento que lhe permitirá degustar e comprar melhor aproveitando ao máximo o que estes caldos podem lhe oferecer. Só para que tenham uma idéia, eis os principais temas a serem cobertos:

  • 1ª Aula: História, Aspectos sociais e Análise  Sensorial – Vinhos a degustar – Toscana (Sangiovese), Portugal (Blend), Uruguai (Tannat) e Alemanha  (Riesling);
  • 2ª Aula: Novo Mundo versus o Velho Mundo: Países  vitivinícolas – Vinhos a degustar – Bordeaux e Espanha x África do  Sul (Pinotage) e EUA (Zinfandel);
  • 3ª Aula: Castas, Terroirs e Classificação dos diversos tipos de vinhos – Vinhos a degustar – Malbec (Argentina),  Cabernet (Chile), Shiraz (Austrália) e Merlot (Brasil);
  • 4ª Aula: Processos de vinificação, Amadurecimento versus envelhecimento; Rolhas, Serviço do vinho e harmonização – Espumante  (Brasil), Branco (Vinho Verde), Rosé (Espanha ou França – Provence) e Tinto  (blend) e/ou Late  Harvest

Vejam detalhes abaixo:

Urinol e Outras Bobagens

Eh, eh, nada a ver com vinho né?! Agora, toma bastante vinho e água, sempre importante equilibrar, e logo, logo o aperto chega! Agora tem a ver, né? E se nessa hora você chegasse e desse de cara com isso, usaria ou procuraria uma moita?!! rs

 

e as ladies?

Achei no site Tu Ultimo Capricho e me diverti demais! O blog pode até ser controverso em alguns momentos, surrealista, mas é um show de imagens que vale uma viajem.  Agora uns ditados dos hermanos, sendo que um deles me foi enviado por amigos, gracias Fabio e Zé Roberto, em viajem por Mendoza!

Salute e kanimambo pela visita. Bom fim de semana com muita alegria, saúde e bom humor. Semana que vem tem mais, quem sabe até falarei de vinho!

Montando Sua Confraria

Você já se perguntou sobre o que ter em mente quando da montagem de uma confraria? Juntar um pessoal para tomar alguns bons vinhos, avaliá-los e/ou harmonizá-los, trocar idéias, enfim curtir esse mundo de Baco?  Eu cá tenho as minhas idéias sobre isso, mas optei por dar uma viajada pela internet me deparando com este texto que me agradou muitíssimo e achei por bem compartilhar com você que está pensando em criar ou dar uma arrumada na sua Confraria. O texto é do dedicado e entusiasta, por tudo o que li em seu blog porque não o conheço pessoalmente, Osvaldir Castro publicado há quase dois anos, em Maio de 2009 no seu blog “Per Bacco”, que creio não existe mais. Veja o que ele diz: “O vinho é a mais social das bebidas.  Que tal você reunir um grupo de amigos e formar uma confraria? Alí vocês terão a oportunidade de trocar conhecimentos e informações e, principalmente degustar muitos e muitos vinhos, o que seria muito mais difícil de realizar sozinho. Algumas regrinhas precisam ser observadas para o êxito do empreendimento:

  •     O grupo deve ter no máximo 12 membros, para que se possa fazer uma boa degustação
  •    Um dos integrantes será escolhido para coordenar o grupo (pode ser chamado de coordenador, presidente ou ditador)
  •    As reuniões poderão ser mensais, com as datas e locais escolhidos pelo grupo
  •    O horário estabelecido deve ser seguido rigidamente (quem se atrasar poderá ser multado – trazendo um vinho na próxoma reunião
  •    O local escolhido deve ser ausente de odores (perfume nem pensar)
  •     Deve ser fixada uma mensalidade, obrigatória, inclusive, para os faltantes (não deve haver nenhuma justificativa para a ausência)
  •    O grupo deve utilizar uma ficha de avaliação, facilmente encontada na internet, em sites de confrarias.  Ela poderá, no inicio, ser adaptada e simplificada
  •    A degustação deve ser às cegas, com as garrafas embrulhadas em papel alumínio ou outro papel opaco, numeradas por um elemento estranho ao grupo
  •    O número ideal de garrafas é 5 (mais do que isso o álcool poderá fazer a diferença!)
  •    A escolha dos vinhos deve obedecer a um critério establecido pelo grupo (tipo de uva, região, país,etc.)
  •    O responsável indicado para a aquisição dos vinhos deverá pesquisar informações sobre os mesmos (detalhar região, tipicidade da cepa, informar sobre a vinícola,etc.)
  •   As opiniões individuais devem ser sempre respeitadas, evitando-se polêmicas que não ajudam a enriquecer o cabedal enofílico (sic!)”

Agora, com relação á Confraria, que mais você acha que pode ser adicionado a essa receita? Eu vi, essa não lembro mais aonde, que o ideal é convidar pelos menos um mais endinheirado que é para ele levar o vinho caro! rs E aí participe mandando sua receita de montagem de uma confraria, junto tudo e depois publico mais um post.

Salute e kanimambo

Lugar de Mulher é na Cozinha!

             A simples menção dessa frase já causa arrepios e quem não me conhece melhor poderia até acreditar que sigo essa corrente machista, muito pelo contrário, mas de qualquer forma creio que consegui o objetivo que era chamar sua atenção, rs, então agora falemos sério. “ O ditado popular, além de politicamente incorreto, é uma falácia. Ninguém em sã consciência, e sintonizado com o mundo, ousaria dizê-lo impunemente, pelo menos nos países ocidentais, ou segui-lo. A Alemanha é comandada por uma mulher assim como Chile, a Argentina e o Brasil entre diversos outros países do mundo. E esta tendência não é apenas na política!” Permitam-me  então, prestar-lhes uma homenagem singela no dia de hoje usando as palavras de outro. Sim, quando nos deparamos com um belo texto, mesmo que um pouco longo, como este que mostra a grandeza das mulheres inclusive no mundo do vinho, só temos que reverenciá-lo e lamentar não ter a mesma capacidade. Este texto, com a devida vênia, é de Luiz Gastão Bolonhez, editor de Vinhos da Revista ADEGA e o descobri na internet já há algum tempo, agora descubra como as mulheres estão revolucionando o mundo do vinho com a sensibilidade e elegância que lhes é peculiar.

Várias áreas econômicas já se renderam aos encantos da mulher. A saia já substitui a gravata em cargos importantes de diversas empresas privadas. No mundo do vinho não é diferente. As mulheres brilham cada vez mais e conquistam o mercado internacional com vinhos que aliam sensibilidade e elegância.

           No início de agosto, desembarcou no Brasil a portuguesa Filipa Pato, que seguiu os passos do pai na formação universitária em química e, como ele, deixou o mundo dos átomos para se dedicar ao vinho. Em sua presença, um ditado sempre vem à tona: “Filha de Pato, Patinho é”. O trocadilho é justificado quando se degusta os vinhos produzidos por ela. Seu pai, Luís Pato, é um dos enólogos mais prestigiados de Portugal, com elogios constantes da renomada crítica inglesa Jancis Robinson, mais uma mulher no mundo do vinho. Com formação em Bordeaux e estágios na Argentina, Filipa promete superar o pai. Ela imprime raça e modernidade aos seus vinhos, produzidos em duas tradicionais regiões portuguesas, Dão e Bairrada. Os destaques de Filipa – e das outras enólogas mencionadas na matéria – podem ser conferidos, em destaque, na seção Cave, entre as páginas 72 e 81.

                Outra enóloga que passou pelo país, na segunda semana de agosto, foi a elegante Maria Luz Marin, que escolheu para seu primeiro projeto a região chilena do Vale de Leyda, situada no Vale de Santo Antonio, ao sul de Valparaiso. A escolha, por si só, já demonstra a força da intuição feminina. Atualmente a região está entre as duas grandes descobertas vitivinícolas do Chile nos últimos anos, junto com o Vale de Limarí, ao norte. A proximidade com o mar e as brisas marítimas criam condições excepcionais para a plantação de algumas variedades, como a Sauvignon Blanc, a Chardonnay, a Syrah e, principalmente, a Pinot Noir. E adivinhe quem produz, no Chile, os melhores vinhos com essa última variedade? Isso mesmo, a Casa Marin, de Maria Luz.

              Se por um lado Filipa representa a juventude e a força de um país que precisa de mudanças, por outro Maria Marin é uma empresária e enóloga que decidiu produzir vinhos de exceção em um dos países que mais cresce na produção de vinhos especiais em todo o planeta. Mas os exemplos não param por aí. A encantadora Madame May Eliane de Lencquesaing, proprietária do maravilhoso Chateau Pichon Longueville Comtesse de Lalande, é a única mulher – proprietária e produtora de vinhos – que ostenta o título de Men of the Year, da revista inglesa Decanter. Sua história é impressionante. Ela foi casada com um general francês e fez parte da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial.

             As deliciosas histórias de May Eliane, que teve seu Chateau invadido pelos nazistas durante o conflito, se encontram no livro Vinho e Guerra do Casal Kladstrup (Jorge Zahar, R$ 36). A paixão de Madame May Eliane por seus vinhos encanta qualquer apreciador de vinho… e de história. Na última vez que estive com ela, discutimos os preços exorbitantes da safra 2000. Com muito jeito e elegância, ela me disse, quase aos sussurros: “Fique tranqüilo, pois nosso 2001 é tão espetacular quanto o 2000”. Tive o privilégio de provar esse vinho que, mesmo jovem, já mostrava seu potencial. No início de agosto, por causa desta matéria, tive o prazer de degustálo novamente. A sinceridade e a dica de Madame May Eliane me tocaram. Estamos diante de um vinho espetacular. Outra dica de Madame May é sempre comprar os deuxième vins (segundo vinho) de grandes produtores.

          Ainda em Bordeaux, uma mulher empresta a sua imagem a um dos vinhos mais emblemáticos do mundo, o “Chateau Mouton Rothschild”. A Baronesa Philippine de Rothschild é filha do lendário Baron Philipe, um dos maiores ícones do mundo do vinho. A história que Philippine traz da Segunda Guerra Mundial é mais dramática do que a de Madame May. Capturada pelos nazistas, sua mãe faleceu em Ravensbruck, em 1945. Philippine herdou do pai a personalidade excêntrica e conseguiu manter o prestígio do “Chateau Mouton Rothschild” após a morte do barão, em 1988. Falar desse vinho é “chover no molhado”.

             Além do Mouton, ela produz na mesma região os prestigiados “D’Armailhac”, ex-Chateau Baronne Philippe, e “Clerc Milon”, que está entre os vinhos de melhor custo benefício de Bordeaux. Ela também possui um belíssimo empreendimento no sul da França (Languedoc, Roussillon), onde produz vinhos muito interessantes em parceria com produtores locais. Tudo isso sem contar o ordinário e famoso “Mouton Cadet”, o vinho de volume da marca. Além de produzir bons vinhos, o projeto do sul da Franca tem caráter social de destaque internacional. A baronesa vende barricas de 250 litros e engarrafa os vinhos com o nome do proprietário. O valor arrecadado da venda das barricas é doado para projetos sociais. Não bastasse o desafio em seu próprio país, a baronesa deu seqüência ao projeto franco-americano de seu pai no famoso e contestado Opus One, na Califórnia, em parceria com Robert Mondavi, e no suntuoso projeto Almaviva, no Chile, em parceria com a família Guilisasti da Concha y Toro.

            A elegante Hélène Garcin-Lévêque é outra francesa a figurar no rol das mulheres do vinho. Com formação em Gestão de Hotelaria, em Lyon, ela herdou de sua mãe o Chateau Haut Bergey, em Pessac, e expandiu o negócio com outras aquisições: Chateau Branon, também em Pessac, Clos L´Eglise, em Pomerol, e Chateau Barde Haut, em Saint Emilion. Casada com o viticultor Patrice Lévêque, Hélène é a imagem da nova era de mulheres do vinho na França. Sem dúvida, uma grande candidata à sucessora de Madame May Eliane. O que mais impressiona é que seus vinhos parecem estar em um cosmos, pois eles se complementam e nunca competem. O “Clos L’Eglise 1998”, primeira safra de sua gestão, já mostrou muita diferença. Esse vinho está entre os mais prestigiados do Pomerol, fazendo sombra a clássicos como “Petrus” e “L´Evangile”. O “Barde-Haut” mostra o que se pode esperar de um Saint Emilion moderno. Nessa propriedade, Hélène segue os passos do garage wine Valandraud, atualmente uma das maiores sensações de Saint Emilion. Em todos esses vinhos, Hélène tem a consultoria do competente e controverso enólogo Michel Rolland. Mas, como a conterrânea Baronesa Philippine de Rothschild, Hélène investiu talento fora do país. Na Argentina, ela montou um projeto visionário chamado Poesia e conseguiu produzir um vinho de terroir com o mesmo estilo de seus Grand Crus franceses.

          Sem deixar a Argentina, encontramos outra mulher que faz diferença no mundo do vinho. Durante 30 anos, Alicia Arizu e o marido Alberto, da família proprietária da grande vinícola Argentina Luigi Bosca, estudaram e praticaram, em um projeto experimental, a micro-vinificação e o envelhecimento de diversas castas provenientes de vinhas muito antigas, nas cercanias de Luján de Cuyo. O objetivo do trabalho era elaborar vinhos especiais e suntuosos que colocassem o terroir acima da tecnologia, e a qualidade, acima da quantidade. Desse trabalho nasceu a Viña Alicia, em 1998, comandada pela própria Alicia. Tratase de uma vinícola pequena responsável por vinhos de expressão também chamados de cult wines. São quatro varietais e dois cortes reconhecidos no mundo inteiro. O “Nebbiolo 2003” foi considerado por Michael Franz, do Washington Post, o melhor vinho dessa casta produzido fora da Itália. Mais um ponto para as mulheres.

         Se o poeta Vinícius de Moraes tivesse conhecido a portuguesa Sandra Tavares da Silva Borges, certamente elogiaria os dotes da terra de Fernando Pessoa e repetiria a célebre frase: “Desculpem-me as feias, mas mulher tem que ser bonita”. Sem dúvida, Sandra pode ser aclamada como a mais bela enóloga do mundo, mas não foi a partir de sua beleza que ela conquistou um mundo masculino. O Quinta do Vale D. Maria 2001, produzido no Douro, foi o grande campeão de uma degustação realizada há três anos em Portugal, batendo ícones como o já citado “Mouton Rothschild” e o badalado espanhol “Vega Sicília”. Além de tintos e brancos, Sandra também produz um belo e poderoso Porto Vintage (a safra 2002 está comentada em Cave).

         Na Itália, duas mulheres tiram o fôlego de qualquer um. Visitar a Cantina Braida, na lindíssima cidade de Rocchetta Tanaro, no Piemonte, acompanhado por Raffaela Bologna, é equivalente a correr 10 mil metros. Poucas vezes pude estar ao lado de uma mulher com tanto vigor, determinação e técnica. Nenhum detalhe técnico escapa de Raffaela. A exemplo da Baronesa Philippine de Rothschild, ela traz o vinho no sangue. Falecido há mais de uma década, seu pai, Giacomo Bologna, inventou a Barbera Barricata (foi pioneiro ao colocar vinhos dessa uva em pequenas barricas de carvalho francês), e a inseriu no cenário internacional com seu “Bricco dell Uccelone”. Como Filipa Pato, Raffaela imprime sua personalidade aos vinhos Braida e conquista novos apaixonados pelo seu estilo.

          A conterrânea Elisabeta Foradori não é tão intensa como Raffaela nos seus gestos ou palavras, mas na produção de vinhos, nas Dolomitas, leva muitos a compreender as maravilhas do que pode ser realizado quando o amor é um dos ingredientes envolvidos. Atualmente Elizabeta está entre as mulheres mais importantes da Itália. A cada ano seu vinho ganha mais prestígio. A uva que reina no coração de Elizabeta é a fabulosa Teroldego, variedade autóctone da região do Trentino. Seguramente o mais prestigiado vinho dessa região é o seu “Granato”. Apesar disso, seu vinho base, o “Teroldego Foradori”, pode ser considerado um excelente best buy. Em breve, estarão no mercado os vinhos do novo empreendimento de Elisabeta na Toscana.

         Diante dessas nove mulheres – e de seus maravilhosos vinhos – o machismo cai por terra. Desprestigiadas durante milênios no universo de Baco, elas provam que atrás de um grande rótulo também existe uma grande mulher (só para abusar mais um pouco dos ditados populares). Com sensibilidade e elegância, encantam o paladar masculino de modo inigualável. Um brinde ao estilo dessas mulheres notáveis. E das muitas que ainda surgirão nas adegas.”

          Como estas nove que o Gastão cita acima, pequeno número perto do grande número de mulheres que engrandecem nossa Vinosfera, inúmeras ganham destaque nos mais diversos cantos do mundo fazendo diferença e deixando marcas por onde passam.  Na Itália, país de forte influência machista, existe desde 1988 a associação Le Donne del Vino  que reúne mulheres envolvidas em todos os aspectos profissionais do vinho sejam como traders, sommeliers, vinicultoras, enólogas, etc.. Obviamente que este dia significa muito mais, e já escrevi aqui sobre isso em outros dias 8 de Março, mas hoje, inspirado pelo texto do Gastão, optei por ressaltar o papel da mulher em nossa Vinosfera, kanimambo a todas! No entanto, meu salute e kanimambo muito especiais vão para as mulheres da minha vida e às Enoladies que uma vez por mês enobrecem o recinto da Vino & Sapore.

         Beijo grande e felicidades no dia de hoje e sempre. Hoje é meu dia de ir para a cozinha, nos outros alternamos, e preparar algo especial. Não sou grande mestre cuca, mas meu fettucine com salmão e espinafre fresco é da hora! Rs

ps. os quadros são de Jamie Adams e o clipboard de uma séire intitulada Women & Wine de Kathy Womack

Degustação de Syrah às Cegas

A Vino & Sapore (link aqui do lado) promove no próximo dia 26 sua primeira degustação do ano e desde já algo diferente. Às cegas, serão degustados seis Syrahs de grande qualidade, entre eles o Australiano Shild Shiraz 2005 que com a safra 2008 alcançou sétimo posto entre os TOP 100 da Wine Spectator em 2010, tornando-se o vinho mais barato a chegar nessa posição tendo obtido 94 pontos. Neste Desafio de Vinhos, mais quatro rótulos do Chile, África do Sul, França e Estados Unidos todos com preço entre R$85 e 115,00. Os vinhos que participarão deste evento, nos moldes dos nossos Desafios de Vinhos, são:

  • Representando o Chile, um “vin de garage” que tradicionalmente custa em torno de R$135,00 mas que está neste mês por R$115,00 o que fez se encaixar na faixa de preços definida, mesmo qiue momentaneamente,  o I Latina Syrah 2008. Apenas 9978 garrafas elaboradas por uma das mais conceituadas enólogas do Chile num projeto de autor, feito á mão e que na sua primeira safra (07) obteve 92 pontos do Guia Descorchados.  Terá que passar por uns 45 minutos de decanter, mas certamente mexerá com as sensações dos desgustadores.
  • Representando a Austrália, o Schild Estates Shiraz 2005, o da safra 2008 obteve a sétima colocação entre os TOP 100 de 2010 da Wine Spectator. Em Maio de 2009 num grande embate ás cegas com mais 7 belos e conceituados oponentes, faturou o primeiro lugar. Um desafiante à altura e candidato ao pódio. Rótulo de R$105,00.
  • Da França, especificamente do Rhône berço desta cepa, vem o Vidal Fleury Crozes-Hermitage 07, um vinho que me surpreendeu. A Wine Spectator lhe deu 87 pontos,  eu acho que vale uns dois pontos a mais, mas de qualquer forma cada às cegas veremos como se comporta. Preço deste rótulo; R$112,00.
  • A África do Sul, como o Chile, tem mostrado ter um terroir que produz belos Syrahs, sendo que a grande maioria dos grandes vinhos aqui produzidos são oriundos desta cepa ou a têm como protagonista no blend. O Raka Biography 2005, ganhou status de “cult” na África do Sul onde é reconhecido como um verdadeiro clássico, entre os melhores 25 vinhos sul africanos da atualidade de acordo com John Platter um dos mais importantes críticos da região e autor do guia South African Wines.  Mais um rótulo de qualidade a ser conferido e possue um preço de R$97,00.
  • Dos Estados Unidos, região de Central Coast,  vem mais um desafiante, o Mandolin Syrah 2005, 90 pontos da Wine Enthusiast e entre os TOP 100 “Best Buys” de 2008. Um digno representante yankee nesta contenda que promete ser muito interessante. Preço de R$85,00.
  • Também da Austrália o Two Up Syrah 2006. A international Wine Cellar Magazine lhe deu 89 pontos e a Beverage Dynamics 93 pontos.  Stephen Tanzer 88 pontos e Robert Parker 90, ou seja pontuação não falta, só o que precisamos saber é se ele demonstrará na taça todos esses predicados que lhe renderam essa reputação. Produzido pela Kangrilla Road, eis mais um desafiante de peso do país que adotou esta casta como sua cepa ìcone. Preço R$85,00.

             Bem, esses são os desafiantes a serem degustados, porém a ordem de serviço será aleatória e será servido um espumante de boas vindas aos ilustres degustadores presentes, preparando o palato para o que está por vir.  Para participar deste primeiro encontro em 2011, o investimento será de R$50,00 e qualquer um dos vinhos da prova poderá ser comprado no dia com 10% de desconto e se pagamento em dinheiro ou cheque, mais 3%! Eis aqui uma boa dica para você começar bem o ano. Vagas limitadas então garanta sua vaga fazendo sua reserva, ou pedindo mais informações, através do e-mail comercial@vinoesapore.com.br ou pelo telefone (11) 4612-6343.

Salute e kanimambo. No post desta próxima Quarta, meus Melhores Vinhos de 2010 entre R$80 e 120,00, uma bela seleção de vinhos! Amanhã, dicas de compras e novidades. Nos vemos por aqui.

Retornando à Ativa

Oi pessoal, devagarinho voltarei ao normal, ou quase, mas desde já fica aqui um enorme kanimambo pelo grande numero de pageviews alcançados, passamos de 610 mil!  A partir de Segunda-feira certamente retomo uma certa periodicidade de posts inclusive com o resultado de um painel de espumantes economicos muito interessante e o lançamento de um vinho único brasileiro. Por enquanto, cliquem aqui no logo abaixo e visitem o blog da Vino & Sapore onde iniciei uma programação de degustações da hora num projeto que denominei como “Deguste a Vino & Sapore”. Se houver interesse de algum dos amigos em participar, será uma honra recebê-los. Provaremos um espumante e seis vinhos com preços variando de R$40 a 110 passando por seis países diferentes, varietais, assemblages, um pouco de tudo demonstrando como nossa vinosfera é farta e diversa. Venha viajar com a gente!

Salute e kanimambo.

Ah, a Vino & Sapore fica na Granja Viana, km 24 da Rodovia Raposo Tavares, na Rua José Felix de Oliveira 866, Tel. (11) 4612-6343 ou 4612-1433.  Neste horário, a 20/30 minutos de Embu, Taboão, Cotia, São Roque, Morumbi, Butantã, Pinheiros, Itaim, etc.

Contagem Regressiva Para a Vino & Sapore

Como boa parte dos amigos sabe, desde Abril/Maio que tento abrir minha loja de produtos enogastronomicos aqui na minha querida Granja Viana, região em que vivo há cerca de 28 anos. Tem sido uma árdua, desgastante e angustiante tarefa repleta de problemas.

         Os dias têm sido extremamente curtos para tanta coisa e tanto detalhe, porém nesta reta final ficam ainda mais, então verão que meus posts ficarão um pouco mais espaçados ainda, mas tentarei atualizar o blog sempre que possível. O nome VINO & SAPORE, em italiano mesmo pois o em português já estava tomado, veio no sentido de expor ao mercado aquilo que é a loja onde serão disponibilizados os mais diversos sabores entre; cafés especiais, especiarias, conservas especiais de diversas partes do mundo e do Brasil, delicatesse com bombons, biscoitos e chocolates suiços, alemães, franceses e belgas, doces especiais e artesanais absolutamente deliciosos, geléias divinas e diferenciadas. Vinhos á taça em nosso Wine Bar, fruto de nossa parceria com a Decanter, com queijos e embutidos de primeira linha já fracionados sendo servidos dentro de um conceito diferenciado e mais de 450 rótulos grande parte garimpados por mim ao longo destes últimos 3 anos de atividade mais intensa em nossa vinosfera, com ênfase em vinhos diferenciados e aquilo que sempre guiou meus passos, a busca por grande relações QualidadexPreçoxPrazer!

             Um menu de cafés gourmet acompanhado de uns biscoitos absolutamente divinos que me foram apresentados pela amiga Denise Cavalcante, com quem, por sinal, estou em falta, vindos do Rio de Janeiro direto para a Granja Viana, estará disponível para aqueles que no dia não estejam a fins de vinho. Enfim, mais do que uma loja, o conceito será de desenvolver um espaço informal e aconchegante para o encontro dos amigos amantes do doce néctar da região e vizinhos do Butantã, Embu, São Roque, Morumbi, etc. que não estão tão distantes assim. Numa vinda à Granja, podem aproveitar para fazer um passeio enogastronomico visitando a loja e almoçando ou jantando em alguns dos bons restaurantes da região como Emilia Romagna, Pattio Viana (do Ney), Açafrão da Terra, Canto, Felix Bistrot, Suez, enfim, a lista é longa, usufruindo de um pouco do muito verde que ainda temos por aqui e bastante ar puro!

         Agora, o nome de um estabelecimento é só isso se não tiver uma imagem adequada que o transforme em marca. Aqui entra a criação de um pessoal amigo a quem desde já estou devendo “big time”. Não tem dinheiro que pague a atenção e carinho do Claudio e Gilberto, profissionais do ramo e amantes do vinho, especialmente o Claudio autor do Le Vin au Blog  junto com a Rafaela. Acho que foram especialmente felizes na elaboração desta marca e espero que gostem tanto quanto eu. A empresa deles, a C-brand, vem criando e executando diversos projetos de primeiro nível e é, certamente, uma empresa que os empresários leitores deste blog devem conhecer e colocar em suas agendas. Como sou suspeito para falar, perguntem para a Cinemark e outras empresas para quem eles já desenvolveram diversos projetos de sucesso! Clique no link aqui acima e conheça um pouco mais dos trabalhos desta gente.

            Assim que abrir vos aviso dando mais dicas do que terei por lá e mostrarei todos os parceiros que farão parte deste projeto. Não conseguirei tudo de cara, mas já tenho uma série de produtos e produtores/importadores no bolso do colete para o ano que vem. Espero, será de fundamental importância, que os amigos apoiem este meu projeto e espero vê-los por lá quando, em se dizendo leitores do blog, serão meus convidados para uma taça de vinho.

Por hoje é só. Espero revê-los por aqui na próxima semana. Salute, kanimambo e um belo fim de semana para todos, porque eu vou mesmo é pegar no pesado!

Filosofando Sobre o Vinho com Marcelo Copello

                   Há poucos dias me deparei com este magnífico texto de Marcelo Copello, pessoa que dispensa apresentações em nossa vinosfera. Não foi à toa que se tornou o jornalista vínico brasileiro mais reconhecido internacionalmente e com diversos livros publicados. Este texto que ele publicou sob o titulo Vinho & Contexto, foi extraído de seu livro Vinho e Algo Mais que concorre ao premio Jabuti deste ano. Em sua apresentação diz ele; “vinho transcende números e o verdadeiro prazer está no contexto em que o vinho é provado. O prazer está, sobretudo, na companhia” o que serve de um belo preâmbulo ao divino texto que, com aprovação dele (valeu Marcelo), repico aqui para seu deleite. Eu adorei e fiquei ansioso por ler o livro, pois o aperitivo me abriu o apetite! Boa leitura.

“Vinho não se combina apenas com alimentos ou com música, como já dissertei a respeito, mas com um contexto ou ambience. As circunstâncias influem decisivamente em nossa apreciação de uma boa garrafa. Nosso estado de espírito, a companhia, a temperatura do ambiente, a música, a iluminação, a decoração, a vista, a estação do ano, o que foi bebido antes e o que esperamos consumir depois. A situação completará o significado da experiência sensorial. Por pura diversão, podemos delinear uma classificação dos vinhos neste sentido:

              Alguns, assim como algumas peças musicais, têm uma função. Os prelúdios, ou as aberturas, preparam nossos ouvidos para o que virá a seguir. Podemos, então, chamar de vinhos de introdução aqueles cuja função é aguçar o paladar e “fazer a boca”. Já os vinhos de conversação, são para a confraternização dos companheiros, como nos poemas de Neruda: gregários, bebidos ao sabor de histórias e risadas. Os vinhos de pretexto dispensam a reputação, são mera distração, também conhecidos como vinhos de entretenimento, como a pipoca do cinéfilo. Seu primo é o vinho passatempo, que funciona como o baralho para um jogo de cartas. Não muito distante está o vinho de novela, que quase sempre nem é vinho, mas um líquido fake, como água e groselha.

Os vinhos de visita contém certa formalidade, o rótulo escolhido varia conforme o grau de cerimônia e apreço atribuídos ao visitante. O vinho refrescante é aquele que, assim como as narinas, se abrem ante seu frescor, e o paladar, ante sua acidez, faz o coração se abrir para a vida. Temos também o vinho para 13 à mesa, que, se for realmente bom, motivará outros 13 a cobiçar um lugar à esta, e logo serão 26.

Os vinhos de pessoa jurídica, com muitos dígitos no preço, são adequados para fechar grandes negócios. Um contraparente seu é o vinho de ostentação, para quem o “ter” é mais importante do que o “ser”. Do mesmo clã, temos os vinhos de sonho, aqueles cujo preço e raridade os afastam de nossa realidade e os aproximam de nossas fantasias.

Os vinhos importantes, próprio para pessoas importantes; e vinhos ainda mais importantes, para pessoas simples para quem qualquer vinho é uma dádiva. Muitos almejam provar o vinho para comemorar 100 anos, mas este pode ser o mesmo usado para comemorar cada minuto.

O vinho dos técnicos – agrônomos, enólogos e agricultores – para quem mais que fermentado de uva, é suor, labor diário, dedicação e sustento. Oposto do vinho apolíneo dos degustadores profissionais, das fichas, notas, classificações, rankings e guias; parente do vinho dos práticos e objetivos que querem o “melhor” por seu dinheiro, e buscam este “melhor” nos guias. Existe ainda o vinho poético, embora a poesia não esteja nele e sim em quem o bebe e faz a sua apologia. Não esqueçamos do útil vinho de batalha, quando a quantidade impossibilita a qualidade, muito comum em vernissages, casamentos e noites de autógrafos. Também, porque não, o vinho do pileque, pois é preciso ser moderado em tudo, até na moderação, cometendo às vezes alguns excessos.

O vinho de boas vindas é irmão do vinho de despedida, do qual se pode guardar uma garrafa e transformá-la no vinho do reencontro. O vinho coringa é o que serve para todas as ocasiões, como o Champagne, ótimo para o café da manhã, começando o dia ou encerrando a noite. Alguns vinhos são abertos simplesmente para matar a sede. Outros são tão encorpados que matam a fome também. Os vinhos de aquecimento são muito úteis em locais de clima frio, para aquecer o corpo, a alma e, quem sabe, a cama.

Temos o vinho de reminiscências que nos fazem lembrar histórias, ou até inventá-las. Há os que soltam nossas línguas e os que as enrolam. Sem falar nos vinhos de conversa fiada e vinhos que são o assunto da conversa. Destes, o antepassado mais ilustre é o vinho de meditação, que pede silêncio e concentração. Obras de arte líquida, uma epifania quase religiosa, para se beber de joelhos. Nesta categoria se encaixa a maioria dos vinhos de sobremesa, que nos chegam no final de uma refeição quando estamos em paz com nosso estômago e com nós mesmo, com uma sensação de completude e plenitude. Momento propício para pensar na vida em perspectiva, com religiosidade para os religiosos ou contemplação filosófica para os agnósticos.

O vinho pretensioso é o da paixão, pois toda paixão é pretensiosa, é revolucionária, muda nossa maneira de ver o mundo e faz com que o mudemos. Uma variante é o vinho da sedução, que hipnotiza os amantes, temperando o encanto, umedecendo o fascínio e aquecendo os espíritos.

Fascinante é o vinho da harmonização, combinado a cada prato da refeição. Os verdadeiros enófilos sabem, no entanto, que vinho se combina com o ar que respiramos. Tintos harmonizam com carne, a de que somos feitos. Brancos são para acompanhar os frutos do mar, com a brisa e o som das ondas, e, sobretudo, as sereias.

             A família dos vinhos de assunto é grande, mas o único vinho que não conheço é o da tristeza e o da solidão, pois este azeda rapidamente, sendo conhecido, então, como vinagre. Acima de todos o vinho alegre, pois sem alegria, nem a vida nem o vinho valem a pena.”

Sem mais, porque depois desse texto fica dificil dizer qualquer coisa, salute e kanimambo!