Semana de revisitar alguns rótulos amigos e provar um novo que, se não chegou a encantar, também não decepcionou. Vinhos que cabem no bolso da maioria, vinhos fáceis de beber e, majoritariamente, portos seguros já que nem sempre nos apetece singrar novos mares nem gastar muito!
Alaia 2004. Nome completo; Dehesa de Rubiales Alaia vindo de La Tierra de Castilla y León na Espanha. Apresenta bastante complexidade de sabores e aromas para um vinho nesta faixa de preço e uma experiência única já que é um corte muito bem elaborado com uma uva autóctone pouco conhecida por aqui, a Prieto Picudo, que é a cepa protagonista, tendo a Tempranillo e Merlot como coadjuvantes e um leve aporte de madeira passando 4 meses em carvalho francês novo. Aromático, muita fruta negra no nariz, já mostrando sua face mineral. Na boca está tudo lá, a fruta fresca, algo de chocolate, num corpo médio e equilibrado, redondo mostrando boa textura e taninos finos, mas acima de tudo o que mais me encanta neste vinho é sua identidade e personalidade. Não é um vinho tradicional com aromas e boca comum. É um vinho que atrai, cativa e seduz com algo diferente saindo da mesmice e nos fazendo experimentar sensações e sabores diferenciados. Desde a primeira garrafa que tomei lá atrás, no final de 2007 quando a Península trouxe seu primeiro lote experimental, deixei-me levar por essas experiências diferenciadas. Pela primeira vez creio que concordo com o tal do Jay Miller que lhe dá 89 pontos no Wine Advocate, um vinho que me traz grandes prazeres por um preço justo. Preço na Península, por volta de R$47,00. I.S.P.
Alfredo Roca Pinot Noir 2006,esta bodega Argentina faz vinhos de diversos níveis e de diversos preços. Quem se meter a grandes harmonizções, fartos jantares ou esperar muito dele, certamente se desapontará. Por outro lado quem o encarar como aquilo que ele é, um vinho básico, para o dia-a-dia, para traçar a pizza de Domingo, um belo sanduba, para aquele momento descontraído e descompromissado, aquela massa de domingo com o cunhado, aí eu acho que o vinho cumpre o seu papel e agrada. Não é um vinho de grande tipicidade, mas é gostoso no nariz e, apesar de um pouco ralo, é gostoso, macio, redondo mostrando bastante equilíbrio. Ainda prefiro o Malbec básico deles, especialmente se for para um churrasco com um monte de gente ou até um casamento mais á vontade, mas este Pinot cumpre o seu papel e é sempre um companheiro seguro, ainda mais pelo preço em torno de R$16,00. Sirva levemente refrescado, a cerca de 15 ou 16º e opte por uma safra mais nova. I.S.P. $
Vale da Clara 2005, bom vinho português por um preço muito correto. Produzido por uma das boas casas vinícolas da região do Douro, a Quinta de la Rosa. A safra de 2005 foi muito boa na região e este vinho se valeu muito dessas condições. De boa estrutura, é suave, madeira bem equacionada, simples sem grandes aspirações, porém muito correto e saboroso. Bem equilibrado, taninos finos e boa acidez o que lhe confere um frescor muito agradável ao palato, apesar de começar a sentir um pouco o peso da idade. Já perdeu um pouco da vivacidade e personalidade que me conquistou na primeira vez que o tomei e que me surpreendeu pela relação Qualidade x Preço, então a sugestão é optar por uma safra mais nova, preferencialmente a de 2007 se já estiver disponível. Na Expand por volta de R$38,00. I.S.P. $
Dal Pizzol Touriga Nacional 2007, mais um vinho revisitado, cerca de um ano após seu lançamento. Há época escrevi; “No nariz, possui um primeiro ataque frutado e fresco de boa intensidade. Na taça evolui deixando aparecer alguns toques florais bem tipicos da casta. Na boca é suave, elegante, com taninos maduros e um teor de álcool bem comportado, 13º. Bastante equilíbrio e harmonia num vinho leve que, certamente, agradará fácil. Mudou o terroir, mas a essência da uva está lá. Gostei; um vinho correto, fácil de beber”. Pois bem, não mudou muito e o que mudou foi para melhor. A fruta está mais presente, o vinho arredondou, ganhou maior harmonia e persistência mostrando bastante elegância. Um vinho gostoso que evoluiu bem e que surpreende, inclusive em função do preço, por volta de R$29,00, o que o torna uma das boas opções de compra dentro da faixa de preços. I.S.P. $
Yalumba Y Series Shiraz/Viognier 2005. Do sul da Austrália, um corte típico dos vinhos de Cote-Rotie no Rhône francês. Este vinho é algo mineral, quente, especiarias, taninos ainda mostrando uma “pegada” firme que, certamente, mereceria ter passado uma meia hora ou quarenta e cinco minutos de decantação. Bastante fruta madura compotada, algo floral no nariz (viognier), encorpado, boa concentração e volume de boca, certa austeridade na boca e média persistência com final apimentado, um estilo bem novo mundo. Fechado, algo desequilibrado, não encantou. O problema de copiar cortes ou vinhos de reconhecida qualidade é criar uma expectativa comparativa, mesmo que involuntária, difícil de ser alcançada. Culpa de quem compra com essa percepção? Talvez. Boa companhia para um churrasco. Importado pela KMM com um preço ao consumidor por volta de R$75,00. I.S.P.
Salute e kanimambo