Uma Joia Rara na Taça, Diamandes Gran Reserva 2008

Um vinho em três momentos! O provei há uns cinco anos e não me agradou, fazendo um estilo de vinho que não faz minha cabeça, muito over, eu diria. Provei novamente, desta Diamandes Gran Reserva 08 Taçafeita na vinícola, em 2014 e já me animei, o vinho melhorou muito com alguns anos a mais de garrafa, tanto que comprei uma (deveria ter trazido mais!) que abri há alguns dia, VINHAÇO!!

Um vinho que precisa de tempo para se integrar, mostrar toda a sua complexidade tornando-se absolutamente sedutor. Um vinho para não esquecer e, como toda a joia, não é barato, já está na casa dos R$280 a 300,00 pelo que pude saber do importador, a Magnum.

Dois terços Malbec com Cabernet Sauvignon. O que era over virou sofisticação, o que era puro músculo virou elegância e se tivesse mais duas garrafas, uma guardaria para 2018 pois acho que ainda vai evoluir mais. Um vinho cheio de camadas e aromas instigantes que me fez querer mais e mais num redemoinho de sensações que realmente me entusiasmou! Almoço de família, sinceramente não me ative a detalhes para ficar aqui descrevendo o vinho, mas mexeu comigo ao ponto de eu escrever esta curta exaltação. Não tenho 300 pratas para gastar num vinho, mas se tivesse certamente estaria em minha lista,um vinho para quem acha que vinho argentino é tudo igual. kkkk Ledo engano, saúde!!

Diamandes Gran Reserva 08

Kanimambo pela visita e uma ótima semana para todos!

Um Belo Syrah Argentino

Para mostrar, por mais uma vez, que nem só de Malbec vive a Argentina e quem for hoje na ATE, vai sacar isso ao vivo e na taça. Os melhores syrahs argentinos costumam vir de San Juan, porém de Mendoza encontramos algumas preciosidades também, como este Arriero Syrah Reserva 2007, Hacienda del Plata, apenas 4600 garrafas produzidas e o vinhedo não mais existe então, quem 2015 - Set - Arriero Syrah reservetomou, tomou quem não tomou não tomará mais a não ser que tenha guardado! rs Este fez parte de minha primeira seleção na Confraria Frutos do Garimpo, conheça um pouco mais dessa pepita garimpada.

A vinha data de 1993 e a colheita foi manual, a seleção das uvas já começa nesta etapa onde são verificadas a saúde e maturidade de cada fruto. Após a fermentação alcoólica realizada em tanques de aço inox por 21 dias, o vinho é colocado em barricas de carvalho francês e americano por 9 meses onde permanece em temperatura controlada entre 9º e 14º C. O vinho é então engarrafado e envelhecido por mais 8 meses antes de ser comercializado.

Já o conhecia de outros carnavais, e voltou a me seduzir. Apresentou um nariz de boa tipicidade, fruta algo caramelada, bom corpo, entrada de boca firme que arredonda no meio de boca e termina aveludado, madeira bem colocada, especiado, com final de média para boa persistência. Mostrou estar bem balanceado, apesar de seu alto teor de álcool em torno de 14.5º que refletiu num final de boca um pouco quente que não chega a incomodar e um tempo de Decanter faz o ajuste final. Um vinho muito saboroso, mostrando que a Argentina também possui bons exemplares de Syrah, que deve fazer um belo contraponto a pratos de boa estrutura como ragu de rabada sobre cama de polenta, boeuf bourguignon, um bife de chorizo com uma boa dose de gordura, quem sabe um steak a poivre?

Um vinho ainda muito vivo, porém já mais comportado e integrado que deve ainda evoluir por mais um par de anos, mas no ponto desde já! Por hoje é isso, amanhã detalhes e preços de minha viagem à Serra Catarinense e seus Vinhos de Altitude, ficou da hora essa viagem de dia 28 de Outubro a 2 de Novembro. Kanimambo, salud e nos vemos por aí, nos caminhos de nossa vinosfera.

Hola Amigos, Retorné Pero Aun No A La Normalidad!

É amigos, depois de dez dias rodando pelas estradas (3.580kms) e vinícolas argentinas da Patagônia a La Rioja, faz alguns dias que retornei, porém está difícil voltar à normalidade. Tanta coisa a fazer e tão pouco tempo!! Sem contar o choque da volta!!!

Estas viagens de garimpo são sempre extremamente proveitosas e o ganho de conhecimento é enorme. Eu, que sempre fui avesso aos bombados e doces vinhos argentinos com super extração, fico imensamente feliz de acompanhar uma mudança, não só da boca para fora, nos conceitos e estratégias produtoras de boa parte dos vinhos dos Hermanos.

Quando levei um grupo lá em Agosto (veja mais em Wine & Food Travel Experience), focamos muito os vinhos de assemblage (blend/corte) e voltei extremamente feliz com o que provei. Não estão baratos e rivalizam em preço com bons rótulos europeus que pagam bem mais imposto, mas não posso negar que certamente dariam a estes últimos muito trabalho numa prova ás cegas. Fica aqui a idéia para a Wines of Argentina!

Desta feita, a viagem buscou trabalhar a diversidade em diversos aspectos; nas uvas, no tamanho dos produtores, nas regiões, nos estilos e nos conceitos. Provamos mais de 270 vinhos (eu um pouquinho menos) e vimos de tudo! Do pequeno produtor orgânico á grande cooperativa, do produtor com mais de 100 anos de história ao mais recente com pouco mais de 4 anos de vida, vinhos caros e vinhos baratos, tendo sido uma viagem de descobertas extremamente interessantes e um aprendizado incrível. Desconfie de quem acha que sabe tudo!!

A partir da semana que começarei a publicar um diário da viagem com slide shows, contando um pouco do que vimos e provamos, porém como não faço só isso e não posso só ficar falando de Argentina, vamos ter algumas semanas pela frente juntos. Afora uma série de gostosas surpresas, tanto na taça quanto de conceitos e destaques, talvez o que mais tenha me impressionado é esse enorme contraste de aridez com oásis ainda mais presente quando nos dirigimos ao norte do país. Nasci em África e lá me criei até os 18 anos, a natureza faz parte do meu ser e me encanta, chamando a minha atenção, mas não só. Hoje quero compartilhar com os amigos essa parte menos prática da viagem, um outro enfoque que acredito ser de igual valia já que nem só do vinho vive o homem! Salute, kanimambo por me seguir nesta viagem pelos mistérios de nossa vinosfera e continuamos nos encontrando por aqui esperando que curtam este primeiro slide show (clique na imagem abaixo) que montei. A partir da semana que vem os posts falando de vinhos retornarão, inté!

SS1-A

 

Assassinei meu Bife Ancho

Arma usada, um Cobos “calibre” (rs) 2002! Como o João Pedro, amigo e colega blogueiro português, alentejano de boa cepa e autor do Copo de 3, gosto de meus vinhos mais “cordatos no trato do que abruptos e sem modos.”

         Bem, não posso deixar de reconhecer que cometi aqui um erro, devia ter me aprofundado ainda mais na escolha do vinho antes de o abrir. De forma simplista, pensei que um vinho Malbec de 2002, nove aninhos nas costas e que descansava em minha adega há cerca de sete anos, já deveria ter-se encontrado e apresentaria uma nuance mais equilibrada e fina até porque os vastos elogios, teve até um blog que se referiu a ele como uma “dama”, e alta pontuação o procediam e indicavam um vinho de excepcional qualidade. Ledo engano, o bicho veio soltando labaredas pelas ventas tendo como combustível seus enormes 15.8% de teor alcoólico e uma tremenda camada de borra solidificada nos ombros da garrafa.

            Já tive oportunidade de participar juntos com os amigos “panas” de uma degustação de poderosos Malbecs de Mendoza e minha opinião só se confirmou com este Cobos, não dá! Tudo bem, tem gente que gosta e respeito, mas são excessivos em tudo especialmente no álcool que toma conta do todo, não há equilíbrio que agüente!!! Pior é que dava para sentir, especialmente no palato, que existia uma base de boa qualidade por baixo, mas que o álcool não permitia que aparecesse. Pode até ser que daqui a mais uns dez anos ele se encontre e se torne um pouco mais cordato, mas neste momento, mesmo que podendo até existirem alguns potenciais predicados qualitativos a serem descobertos, deixa muito a desejar no aspecto hedonístico da degustação e certamente prejudica qualquer harmonização. Num momento desses, essencialmente hedonístico e não técnico, é dificil tentar desvendar esses potenciais predicados. No popular, é como se alguém chegasse para te conhecer e emvez de um abraço te desse um tapa na cara. Você perde o rumo e fica, justificavelmente, dificil buscar eventuais aspectos positivos nesse encontro!

          Sei que provavelmente levarei porrada de tudo que é canto e ignorante deverá ser o menor dos insultos , parte aceita em função da péssima escolha de harmonização, porém não poderia deixar de compartilhar com os amigos esta incrível experiência. De qualquer forma, ainda tentarei repetir a prova com outro prato ou solo, porque como já diz o amigo Álvaro Galvão “um dia podemos não estar bem, noutro o vinho então só há terceira podemos fazer uma avaliação mais justa”, mas o preço é bem puxado o que limita eventuais testes e “colheres de chá”. O de 2006 (RP 98/99) está por volta dos R$700 (não pago para ver!) e o 2002 (RP 92/94) é difícil de se achar e custava algo em torno dos R$300,00.

Bem, falar sobre meu bife ancho a esta altura dos acontecimentos é sacanagem,  o Cobos atropelou, deu ré passou por cima de novo sem dó nem piedade, fugindo deixando um rastro de destruição! Só nos restou o triste ritual de ter que enterrar o bife ancho que não resistiu a tamanhos maus tratos! Tenho minhas sérias criticas a este estilo de vinho  que, mais uma vez, comprova minha tese da “Terceira taça”, este nível de teor alcoólico num vinho não fortificado simplesmente não dá, meu genro que o diga, pois na segunda taça já estava assim……. digamos, em estado, quase, catatônico! Já eu, bem, eu não fiquei muito atrás e fui obrigado a dar um “time” para me recuperar.

          Apesar de tudo isso tenho que reconhecer, lá no fundo da alma esse vinho apresenta alguns predicados porém, a meu ver e dentro de meus limitados conhecimentos, nada que o catapulte ao estrelato, pelo menos este que tomei. Sim, apesar de tudo e numa visão mais técnica, a fruta estava lá e os taninos nem estavam assim tão agresssivos mostrando bastante qualidade, acidez correta, difícil foi apreciar tudo isso sob aquele manto de álcool encobrindo todas essas potenciais qualidades. Servi a cerca de 17 graus, quem sabe se eu o tivesse resfriado um pouco mais?! Enfim, para quem gosta do estilo certamente é um prato, digo, taça cheia, já eu, bem, eu dispenso!

         Salute e kanimambo