Bacalhau à Lagareiro

Bacalhau e Otra Piel, Não é Que Deu Tango!

Cada um presenteia da forma e como pode, assim foi neste Dia das Mães! Três mães em casa para almoçar, minha Loira, a sogra e minha filha Cátia a mãe do Bruninho. A singela forma de as homenagear foi preparar um prato especial  para o almoço que pouco faço, Bacalhau à Lagareira. Gosto de bacalhau e o preparo de um monte de formas, porém esta receita só em momentos especiais e, sem querer me gabar não (rs), ficou da hora. Gadus Morhua é o nome do bicho e este era de primeira belos lombos!!

Primeiro os deixei descansar por umas três horas no azeite com um leve toque de pimenta mixta moída na hora. Leve empanada nos lombos, rápida passagem pela frigideira com um pouco de azeite, depois forno (com mais azeite) com azeitonas pretas, tomate cereja (pouco antes do final), alho á vontade, batata ao murro, brócoli e cebola palito (toque meu) e um refogado de cebola azeite e alho jogado por cima. Esta receita, existem diversas, esta que uso é a do Restaurante Antiquarius, também praticada no A Bela Sintra, e é a que gosto de fazer, veja receita completa aqui.

Bacalhau à lagareiro Dia das Mães - JFC

Podia ter harmonizado com um bom tinto português, mas optei por correr riscos e alçar diferentes vôos, peguei na adega um vinho da Bodega Gen d’Alma, o vinho Otra Piel Blend 2014 elaborado a quatro mãos pelos enólogos Gerardo Michelini (sou fã dessa família) e Andreia Mufatto. Como quase tudo o que vem dessa família, um vinho Bacalhau e Otra Pieldiferenciado, corte de Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon cofermentadas e com passagem de 9 meses por ânfora de cimento de 2000ltrs enterrada com adição de Pinot Noir ao final do processo. Meu amigo Didu sei que é fã desse vinho orgânico que faz uso de leveduras selvagens e me lembro que a primeira vez que tomei este vinho foi exatamente na companhia dele lá na Vinoteca JÁ em Buenos Aires. Um vinho vibrante com muita fruta e mineralidade, médio corpo, terroso, muito boa acidez, vinho vibrante, um leve toque fumado, taninos suaves como convém para combinar com o bacalhau.

Foi um risco, mas não me preocupei não porque tinha back up de monte na adega (rs) aos quais não tive que recorrer porque deu tudo certo. Belo vinho, belo prato, grande companhia, mais uma delicia de Domingo e só senti pena porque faltou gente! Quer tentar essa harmonização ou simplesmente tomar uma garrafa de Otra Piel? Bem, não tem jeito, só em Buenos Aires, ao que eu saiba, e lá anda na casa dos 350 a 400 pesos e sei que na JÁ tem, trouxe de lá! Um duo luso-argentino sobre a mesa num bailado atlântico, dois portos, um fado tangado! rs

Kanimambo pela visita, saúde e seguimos nos encontrando por aí nas estradas de nossa vinosfera.

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Harmonizando Clássicos de 2009 – Parte I > Quinta da Bacalhôa

Curto harmonizar meus vinhos e sempre que possível pratico esse exercício até porque, na minha opinião, um nasceu para o outro! Já postei essas imagens no face, porém esta semana quero compartilhar com os amigos essa experiências de forma mais completa tentando colocar no papel, digo no teclado, algo mais! Por outro lado, a partir deste post, sempre que escrever sobre experiências de harmonização darei uma nota até cinco; 1 quando nada deu certo, 2 quando for muito meia boca, 3 quando for abaixo do esperado mas aceitável, 4 quando for justo mas sem chegar a encantar e 5 quando extrapolar.

Na Páscoa me meti a, pela primeira vez, fazer um bacalhau à Lagareiro com batas ao murro e entrei na rede fuçando por receitas, gente como tem receita diferente para a mesma coisa, impressionante! Enfim, depois de muito fuçar acabei optando pela que me pareceu mais tradicional e que achava ser capaz de realizar considerando minhas limitadas aptidões na cozinha. Compartilho o link aqui e, cá entre nós, ficou da hora e os elogios foram unânimes tendo eu trocado o tomate da receita por pequenas cebolinhas. Agora preciso repetir para ver se não foi só sorte de principiante! rs Ah, óbvio que os lombos foram de Gadus Morhua, porque o bacalhau certo é o primeiro passo para o sucesso do prato.

Clipboard Bacalhau à lagareira

Para acompanhar, optei por uma garrafa de minha adega de guarda, um não muito antigo e clássico, “Quinta da Bacalhôa 2009” que se mostrou um parceiro perfeito para o Bacalhau. Estava um pouco preocupado de inicio pois este vinho costuma demorar alguns anos mais para mostrar toda a sua exuberância, mas ficou no ponto, um equilíbrio perfeito com o prato. Para quem não conhece (está esperando o quê?), este vinho é elaborado na região de Setúbal em Portugal desde 1979 tendo como protagonista a Cabernet Sauvignon e um leve toque de 10% de Merlot ou seja, nada das célebres uvas autóctones portuguesas. Fruta presente sem exageros, algo de notas vegetais típicas da cepa, ótima estrutura e volume de boca, taninos aveludados, acidez em perfeito equilíbrio, final de boca longo e algo apimentado, rico, puro prazer. É um vinho que entra ano sai ano, mostra-se sempre muito equilibrado e um porto seguro, tendo me deixado profundamente satisfeito neste encontro com meu bacalhau de Páscoa e a meu ver logo de inicio, minha primeira nota máxima, 5 pontos!

harmonização FV Lagareira com Bacalhôa

O preço do vinho, estava esquecendo disso, é de cerca de R$150 hoje no mercado o que salga um pouco a harmonização. Por outro lado, os USD 39 do  free shop, já foi 27, é uma boa pedida! Durante a semana publicarei a segunda harmonização com mais um clássico de nossa vinosfera safra 2009, aguardem. Por hoje é só e espero que tenham uma ótima semana. Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.