A Nova Zelândia é para a maioria de nós, uma eterna desconhecida como produtora de vinhos e não só! Terra dos All Blacks (rugby), do Kiwi (fruta), Koala (ursinho) e da Sauvignon Blanc, calma estava chegando lá, possui 10 regiões produtoras com cerca de 700 vinícolas ativas e uma produção anual em torno de 250 milhões de litros dos quais cerca de 70% é exportado. Uma população pequena, em torno de 4 milhões de habitantes consumindo cerca de 21 litros per capita (mais de dez vezes a média brasileira). Como curiosidade, a população de ovelhas no país é de cerca de 80 milhões ou seja, 20 vezes superiores à de habitantes!
Em 1981 haviam cerca de 100 vinícolas e foi aí que entrou um projeto de desenvolvimento do setor que fez com que, depois de estabelecidas as bases para crescimento, a partir de 1995 a vitivinicultura disparasse se tornando um importante player mundial (8º maior exportador do mundo) baseando sua produção e exportação na Sauvignon Blanc (66% do volume exportado) que virou marca registrada da Nova Zelândia no mundo. Aqui o foco não é a diversidade, até agora, e mais em se concentrar no que realmente o terroir produz de melhor, os brancos e em especial a Sauvignon Blanc, porém também a Chardonnay e a Riesling uvas que gostam de climas frios.
Foi nessa época, em 1982, que a família Tiller montou sua vinícola no vale de Wairau em Marlborough, a maior região produtora com cerca de 50%. Suas uvas de Sauvignon Blanc fizeram parte, por muito tempo, do blend de uvas usadas pelo produtor do icônico Cloudy Bay um dos mais famosos e conceituados vinhos da Nova Zelândia. Empresa familiar trabalhando de forma sustentável, algo importante no cenário produtor do país, num sistema de single vineyards com parcelas únicas divididas por clones e terroirs específicos, desde 1994 engarrafa seus próprios vinhos e tive a oportunidade de conhecer quatro deles; Sauvignon Blanc, Dry Riesling, Pinot Gris e um Pinot Noir, todos em torno dos US$50 na Mistral, exceto o último (tinha que ser o que mais me seduziu!) que está na casa dos US$85.
O Riesling, com apenas 2grs de açúcar residual, é marcadamente seco, fino e elegante com um mineral típico bem sutil e o Sauvignon Blanc exala Nova Zelãndia por todos os poros sendo exuberante na fruta cítrica, ótima acidez e longo final de boca. Os mais marcantes para mim, no entanto, foram o Pinot Gris e o Pinot Noir que me seduziram e recomendo.
Isabel Estate Pinot Gris – não é uma uva que conheça bem, porém o vinho me seduziu por seu frescor, frutos cítricos, cremosidade e, essencialmente, seu tremendo balanço de tudo isso com enorme finesse bem diferente daquele estilo mais rústico e gritante dos pinot grigios italianos. Frutos do mar, salmão grelhado, queijinho de cabra fresco, salada cesar, comida asiática, me deu uma água na boca! Uma surpresa muito agradável e apetecível.
Isabel Estate Pinot Noir – apenas 6000 garrafas produzidas, uma planta por garrafa, um belo exemplo de Pinot Noir com boa tipicidade da casta, suave floral no nariz sobre uma base de fruta (ameixa), boa textura, delicado mas bem estruturado, taninos aveludados, madeira muito bem aplicada ressaltando a fruta , um vinho que, novamente, seduz pelo enorme equilíbrio. Bom para tomar já e que deve seguir evoluindo pelos próximos 4 a 5 anos, gostei muito!
Enfim, com a Nova Zelândia, país que preciso conhecer pois os amigos que por lá andaram falaram maravilhas, e os vinhos da Isabel Estates me retiro para o fim de semana. Amanhã é dia da criança (não sempre?!), mas abrirei a loja das 11 ás 16 para tentar garantir o leite do netinho, espero você lá! Semana que vem falo dos tintos do TOP 50 dos Vinhos de Portugal e outras cositas más, salute e kanimambo. Ótimo fim de semana para todos.
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