Olá meus amigos, bom dia e uma ótima semana para todos. Depois de muito falar de vinhos argentinos em decorrência de minha viagem e constantes degustações, volto às origens, a Portugal. Quero compartilhar com vocês um vinho que descobri há uns seis meses atrás e que fez minha cabeça, Francos Reserva 2009, um vinho de alta gama por um preço surpreendente.
Quem me acompanha sabe que sou um garimpeiro de achados, aquelas pepitas de todos os tamanhos, cores e preços que se escondem nessa imensidão que é nossa vinosfera. Vinhos que me deem a percepção de valor superior ao preço que paguei, e este é um deles.
Bons vinhos portugueses se acham em tudo o que faixa de preços e desafio qualquer um a, ás cegas, fazer um prova de vinhos entre R$25 a 40,00 (os do dia a dia) com qualquer dos países hermanos para ver quem leva! Em todas as gamas de qualidade e faixas de preços, os vinhos da terrinha se dão muito bem, todavia os bons vinhos encareceram, aliás, como boa parte dos vinhos dos Hermanos, para além do razoável razão do porquê este vinho ter me surpreendido tanto. Falamos de um vinho entre os TOP 100 escolhidos pela Revista de Vinhos em Portugal, um vinho de pequena produção sendo esta a primeira safra produzida em homenagem aos 30 anos de atividade de seu enólogo José Neiva, galhardeado com o titulo de Senhor Vinho, pela mesma revista, em função do conjunto de sua obra.
Foi um vinho que, à primeira fungada e primeiro gole, vi que estava diante de um caldo diferenciado. Nós que estamos habituados a exaltar os exuberantes e modernos vinhos alentejanos ou os sérios e complexos durienses, temos aqui uma mescla desses dois estilos mostrando que esta região também pode, e produz, grandes vinhos. O Francos Reserva vem da região Lisboa, mais precisamente DOC Alenquer, produzido somente em grandes safras (até agora 2009/2011 e 2012) em quantidade limitada, tendo como composição majoritária a Touriga Nacional que é muito bem coadjuvada por Touriga Franca (duas uvas típicas do norte de Portugal) e Alicante Boushet (mais presente no sul). Um vinho que por terras portuguesas custa algo entre 30 a 35 euros!
Este vinho, pelo menos para mim, mostrou-se exuberante na boca e por que não dizer, algo enigmático conforme o descreveu a amiga Raquel Santos em seus comentários aqui mesmo. Já chama a atenção na primeira fungada onde a Touriga aparece de forma bem marcante com suas notas florais, chá preto com uma fruta vermelha (ameixa?) aparecendo por baixo desse pano numa paleta olfativa bastante interessante. É na boca, no entanto, que o vinho mais me marcou com ótima textura, um meio de boca frutado, rico e muito expressivo, bom corpo, notas de especiarias, final de boca fresco e longo que nos deixa pensando….! Os taninos estão bem presentes, porém já integrados, finos e aveludados formando um conjunto harmônico e extremamente apetecível. Meia horinha de aeração e uma garrafa será pouco! Rs
Depois da agradável sensação hedonista, vem a surpreendente sensação no bolso! Sim, porque se você vive do fruto de seu trabalho e não tem cartão corporativo liberado, este também é um fator de extrema importância. Pensando no que este vinho custa por lá, seria razoável prever que teríamos que desembolsar algo ao redor dos 300 Reais, daí para cima, o que o faria ser apenas mais um bom vinho caro. Ocorre que ele custa em torno dos 130 Reais e é aí que o vinho ganha uns pontos a mais e vira destaque já que o preço é muito similar ao que se paga em Portugal. Não sei quem tem “culpa” disso, se o produtor (DFJ) ou o importador (Lusitano Import), quem sabe são “cúmplices”, rs, porém adorei o resultado.
Enfim, mais um bom vinho português por aqui em Falando de Vinhos para abrir bem esta semana esperando que seja ótima para todos. Salute, kanimambo e agora nos encontramos por aqui!