Pelo menos esse é o dito popular e constatamos isso na pele nesta saborosa viajem! Depois de um primeiro dia maravilhoso em que a sinergia integrou o grupo vindo de Minas, Rio, Bahia, Sampa e Granja Viana fomos informados que por falta de água na Dominio del Plata nossa visita agendada para as 10:30 não poderia ser realizada, e agora José, ou melhor, e agora João!! Foi aí que o anjo que nos acompanhou, (seria a Inês?), e protegeu nessa viagem deu suas caras. Telefone na mão e em 15 minutos estávamos a caminho da Benegas, bodega que não estava no programa inicial e agora não sai mais, onde a Susana em tempo recorde nos preparou uma recepção maravilhosa e “inolvidabile”, ao ponto de alguns dos amigos presentes a terem apontado como a melhor visita, e olha que o roteiro foi muito bom! Eta frase longa!!! rs Bem, falemos da Benegas.
A Benegas-Lynch é um verdadeiro mergulho na história do vinho em Mendoza e em belíssimos rótulos que faz com que essa visita seja um “must” numa passagem por esta linda região produtora. Começa em 1883 com o bisavô de Federico Benegas-Lych (atual proprietário), o Don Tiburcio Benegas que há época fundou a Trapiche que em 1970 foi vendida. Em 1998 Federico compra um vinhedo plantado por seu bisavô (Finca Libertad) e compra uma antiga bodega em Lujan de Cuyo que reforma inteira mantendo as características da mesma datada do século XIX, porém incorporando a mais moderna tecnologia na produção de vinho no sentido de produzir vinhos de excelência . Em 2000, lança seu primeiro vinho.
O prédio de entrada é lindíssimo e as caves subterrâneas (8 metros de profundidade) onde descansam cerca de 400 barricas de carvalho francês são de tirar o fôlego, tendo sido lá embaixo, numa antiga “pileta” de concreto para fermentação dos vinhos (hoje desativadas), que a Susana nos recebeu para uma deliciosa e inês-quecível degustação de alguns de seus rótulos, entre eles seu top de gama Meritage! Em outras “piletas” (tanques) desativadas repousam cerca de 120.000 garrafas a temperaturas que variam ente 13 e 17ºC mantendo uma humidade entre 60 a 70% e uma penumbra que são fatores de grande valia para que possamos, na hora certa, provar os bons vinhos que aqui amadurecem aguardando seu momento de nos fazerem felizes. Lugar sedutor!!
Numa seleção feita a quatro mãos, a Susana nos trouxe á taça quatro vinhos um branco de gama de entrada e três tintos cativantes entre eles seu vinho ícone, com produção limitada a apenas 3.000 garrafas das quais já tive o prazer de provar duas vezes, o Meritage! Como sempre falo demais, então chega de lero e vamos aos vinhos degustados:
Clara Benegas Chardonnay com Sauvignon Blanc 2012 – um dos mais surpreendentes rótulos provados nesta viagem, até porque ninguém esperava muito dos vinhos brancos e este surpreendeu a grande maioria dos presentes. Sem madeira, o Sauvignon Blanc aporta um frescor gostoso ao já bom chardonnay compondo um conjunto de grande balanço e harmonia que agrada sobremaneira. Em tono dos R$55 por terras paulistas, é uma pedida para esta primavera / verão que se aproxima.
Benegas Estate Sangiovese 2008 – para quem queria exatamente trabalhar a diversidade nesta viagem, este vinho foi um prato, digo, taça cheia! Leve floral, folha de tabaco, na boca mostrou-se todo muito elegante com taninos sedosos e muito marcante pedindo um belo risoto para acompanhar. Acidez marcante típica da cepa. Por ser algo estranho ao ninho e de baixa produção, o preço é algo mais elevado o que não o faz tão comercial, mas é uma experiência no mínimo interessante e gostei bastante do vinho. Por aqui anda na casa dos R$135,00.
Benegas Estate Finca Libertad 2009 – um belo e fino assemblage sem Malbec na terra do malbecs! Partes iguais de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot formam um conjunto de fina estirpe em perfeita harmonia. Cada varietal passa por separadamente por barrica francesa por cerca de 8 a 10 meses quando se faz o blend final que passa mais 6 a 8 meses em barricas de primeiro uso. Um vinho sedoso que no nariz traz uma certa complexidade e notas herbáceas que me fizeram lembrar tapenade de azeitona, viajei?! Bom volume de boca, taninos bem integrados, algo especiado e notas terrosas de final de boca com boa persistência. O estilo de vinho de que gosto. Preço em São Paulo na casa dos R$135,00.
Benegas-Lynch Meritage 2007 – esta linha abrange também um Cabernet Franc de vinhedos com cerca de 120 anos (uma garrafa na adega para abrir nos meus 60º aniversário no ano que vem!), Um Malbec e este divino assemblage com somente 3.000 garrafas produzidas. O Meritage é fruto de um blend majoritariamente composto de Cabernet Franc de vinhedos de 120 anos, com Cabernet Sauvignon, Merlot e um toque de Petit Verdot para arredondar. Como no Finca libertad, os varietais são elaborados em separado e amadurecem em barrica francesa de 1º uso por cerca de 12 meses quando é feito o blend voltando para a barrica por mais 6 meses. O afinamento do vinho após engarrafamento se faz por 5 anos nas caves subterrâneas ou seja, este exemplar acabou de sair para o mercado e tem pelo menos mais dez belos anos de evolução pela frente. Estamos diante de um exemplar de fina estirpe para ser aberto em datas especiais até porque com um preço, justo em função do todo, em torno de R$270 a 300,00 não é para qualquer momento. Voltei a degustá-lo recentemente na degustação de Blends Argentinos (veja lá meus comentários sobre o vinho) que trouxe de viagem e quem esteve presente confirmou como este vinho é marcante, vinhaço!
Caímos na Benegas por mero acaso, mas não poderíamos ter melhor inicio do dia que esse. Uma visita marcante que encantou a todos e, se há bens que vêm por mal, esta visita foi uma benção só que tínhamos que seguir em frente! Já estávamos atrasados, como de praxe, para nossa próxima visita com almoço na Lagarde, outra bodega que aguardávamos, pelo menos eu, ansiosamente já que seus vinhos são excelentes e seu restaurante também bastante premiado servindo uma comida típica da região com elaboração sob brasas num fogo de chão. Curioso estava, também, para provar seus azeites outra de minhas paixões. Só que o dia foi cheio e este post, que já está longo, ficaria enorme então deixo a Lagarde para Quarta-feira e fico por aqui. Uma ótima semana para todos, salute e kanimambo. Para a Susana um “muchas gracias muy especial”!