Depois de um dia intenso em que terminamos jantando no La Toscana, um belo restaurante em Neuquen, com Julio Viola e os vinhos da Fin del Mundo, tínhamos mais um dia de muitas descobertas pela frente. Antes porém, preciso falar desse jantar onde pela primeira vez comi rinones por indicação do amigo Didu. Muito bom!! Uma consistência diferente (me pareceu moelas), e o prato dava para três, sem chance de terminar.
Para acompanhar o jantar tivemos a companhia do Julio que nos apresentou alguns vinhos da Fin del Mundo e da NQN (Malma) bodega recentemente comprada por eles e que iríamos visitar no dia seguinte.
Muito bom espumante extra-brut á base de chardonnay com Pinot Noir para nos preparar o palato para o que estava por vir. Vinhos potentes e o famoso Fin del Mundo Blend segue não me encantando mesmo fazendo a cabeça de muitos, sei bem disso. Sigo preferindo vinhos menos excessivos e a este há que se lhe dar tempo para que encontre seu equilíbrio, coisa nem sempre fácil de executar. Dos vinhos que tomamos nessa noite; Fin del Mundo Reserva Chardonnay, Malma Finca La Papay Pinot, Fin del Mundo Single Vineyard, Fin del Mundo Single Vineyard Pinot 2010 e o Special Blend, tenho que confessar que meu coração bateu mais forte com o Sinlgle Vineyard Pinot e o Cabernet Franc que “maridou” perfeitamente com os rinones! Cansados, nos arrastamos para a van que nos esperava para nos levar ao hotel e um merecido repouso.
Temprano, saímos para visitar as bodegas Fin del Mundo e NQN, uma do lado da outra, e me deparei com algo que nunca tinha visto, escondidos atrás de uma cortina de alamos 800 hectares de vinhas e cerca de 9 milhões de litros de vinho de todas as gamas. O verdadeiro significado de “indústria do vinho”. Adorei a coleção de barricas antigas pintadas por diversos artistas plásticos, prática que posteriormente vimos em outras bodegas, porém sem a mesma quantidade e foco.
Na Fin del Mundo, cerca de 2.200 barricas e a maior produção, cerca de 7.5 milhões de litros (9 milhões o com a NQN) com diversas linhas de produtos das quais as linhas de entrada Ventus e Postales representam cerca de 50% da produção. Fomos recebidos com uma taça de espumante que me encantou ao ponto de o trazer na mala para a minha já tradicional Degustação da Mala quando tenho a oportunidade de compartilhar com quem não foi, alguns frutos de meu garimpo.
Espumante Nature de Pinot Noir – Não vem ao Brasil e somente são produzidas cerca de 15.000 garrafas ano. A primeira fermentação é feita em cubas de carvalho francês e passa 36 meses sur lie. Um vinho complexo, estruturado, ótima perlage e personalidade própria, daquelas que você não esquece.
Postales Rosé – simples, saboroso, sem compromisso.
Newen Sauvignon Blanc – fácil, pouca expressão da casta
Postales Malbec – na linha do Rosé, sem compromisso
Newen Malbec – 12 meses de barrica ainda por integrar, comercial, boa extração.
Fin del Mundo Reserva Malbec – de 12 a 14 meses de barrica francesa, ainda muito jovem (2013), madeira bem presente, fruta madura, feito para agradar uma fatia de mercado interessante que consome malbec deste estilo, mas a meu ver faltou a tipicidade regional.
Fin del Mundo Gran Reserva – para mim, junto com o Cabernet Franc provado na noite anterior, o melhor vinho da casa. De 12 a 14 meses de barrica francesa (70%) e americana, um delicioso e muito harmônico blend de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec e Merlot cheio de fruta vibrante, especiarias, meio de boca muito rico, taninos de muita qualidade, fino e elegante mostrando um estilo mais patagônico de ser!
Na “camioneta”, rapidamente até ao outro lado da estrada e já estávamos na NQN (Malma) onde iríamos almoçar e também fomos recebidos com um espumante, um extra-brut meio estranho já que deixava um retrogosto doce mostrando um residual de açúcar bem acima do esperado num extra-brut. O prédio e esculturas em ferro velho são marcantes e fiquei impressionado com as esculturas que podem ser vistas no slide show que vou colocar aqui abaixo daqui a mais uns momentos já que não quis atrasar o texto. Fomos á sala de degustação onde nos foram dados à prova cinco vinhos com a mão, importante frisar, de Roberto de la Motta o enólogo consultor da bodega.
Finca Papay Malbec – 30% do vinho passa em barrica por seis meses. Um vinho agradável, não chega a encantar porém é bem feito, fresco, sem arestas nem excessos, gostoso de beber.
Reserva da Familia Pinot Noir – misto de roble francês e americano, mais deste último, muito fresco, equilibrado, boa fruta e elegante, taninos suaves muito bem trabalhados, um pinot que me agradou bastante.
Reserva da Familia Malbec – mais um bom vinho repleto de fruta viva, fresco, taninos sedosos e madeira muito bem integrada. Aqui uma ressalva, o Merlot deles da Reserva da Familia, que conhecia de outros carnavais mas que não provamos no dia, é também de muito boa qualidade. Esta gama de produtos é toda de qualidade muito boa.
Universo Malbec , a gama top da casa – 100% de roble francês por 15 meses e um teor alcoólico alto, 14.6% perfeitamente integrado não deixando marcas. Pelo menos na prova, não sei depois da terceira taça! rs Fruta bem presente,, fresco, taninos finos,um vinho de classe e este 2010 ainda está jovem devendo evoluir bem na garrafa por mais uma meia dúzia de anos.
Universo Blend – um grande vinho com muito futuro pela frente e, na minha opnião, algo melhor que o Malbec. Blend e Malbec (60%) com Cabernet Sauvignon, apresenta-se muito bem equilibrado, untuoso, especiado e com notas mais tostadas mostrando a madeira que ainda precisa de tempo para uma maior integração pois o vinho era 2012, uma criança engatinhando!
Esse foi nosso passeio pela patagônia e ficou a vontade de voltar uma outra vez, quem sabe com a Wine and Food Travel Experience, para conhecer algumas outras bodegas como a Noemia, Chacras e Patritti entre outras. Hora de voltar ao hotel para um breve descanso e encarar dez horas de ônibus até Mendoza, confesso que estava preocupado!
Finalizei o slide show e para vê-lo basta clicar na imagem abaixo que ela te levará lá! Uma ótima semana para todos e não deixem de estudar a possibilidade de vir comigo a Mendoza dia 21 de Janeiro, um roteiro para enófilo nenhum botar defeito! Saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.