Enquanto uns provam grandes e caros vinhos, utopia para a maioria, gosto mesmo é de garimpar, buscar vinhos que façam bonito na taça por um preço que a maioria de nós pobres mortais possam pagar. É aquela história de desmistificar o mundo do vinho na prática e não só na teoria! Nada contra provar e beber grandes vinhos, mas o que eu acrescentarei ao que tantos e mais classificados colunistas do vinho já não disseram sobre esses vinhos para lá de exclusivos? Será que você está mesmo interessado em ler que o Sassicaia é um grande vinho, ou que um grande Barolo de Gaja ou Brunello da Poggio di Sotto é inesquecível e todos acima de R$1.500? Óbvio que tomá-los é, normalmente, uma experiência incrível e gosto tanto como qualquer um, mas hoje ando mais na fase de me perguntar; o que isso me acrescenta? Para tomá-los há que se fazer uma poupança com um cofrinho especial e tenho tanta coisa mais importante para fazer com essa grana! rs Agora, por outro lado fica a indagação, acrescento algo ao meu leitor ou meu cliente falando dele? Recomendo que que vão nesse tipo de eventos, é certamente uma bela experiência para qualquer um e é um belo capital investido, mas eu ficar aqui falando deles não sei se faz sentido e tenho cá minhas dúvidas, porém quem sabe você me diz algo?
Nesse sentido sou mais baixo clero, mais pé no chão e acredito numa outra vertente de nossa vinosfera, os achados e olha que os conseguimos em várias faixas de preço! Vinhos em que a percepção de valor é superior ao preço pago, a harmonização do bolso! rs Com esse foco, hoje compartilho com você mais dois bons e baratos (com toda a subjetividade da palavra “barato”) vinhos aqui no blog e os dois europeus de origem, inclusive um francês!!
Maison L.Tramier Linteau Côtes du Rhône. Quando os vinhos da região trazem o nome da comuna no nome, já falamos de um Côtes-du-Rhône diferenciado e qualidade um patamar acima da maioria e o que tem por aí beeeem baratinho não são vinhos de grande valia. Este está numa faixa de preço intermediária (entre R$75 a 80) e já nos traz um “papo” mais evoluído, um vinho que usa tão somente uvas da comuna e não de tudo o que é lugar do Rhône. Um blend de 70% de Grenache e 30% de Syrah, gosto, gera um vinho de médio corpo versátil e muito saboroso. Toques defumados, frutos vermelhos maduros, rico meio de boca, balanceado, toques terrosos, taninos aveludados e marcantes com boa persistência de final de boca. Leve passagem por madeira, cerca de seis meses, é uma grata surpresa de média complexidade podendo harmonizar de hambúrguer a costela de porco ou lingüiça de pernil com ervas, até bacalhau no forno ou lagareiro para quem gosta de sair da mesmice.
Canforrales Classico Tempranillo – La Mancha não é das regiões produtoras espanholas de maior destaque, apesar de ser a maior, porém é de lá que vêm alguns dos melhores custos benefícios do mercado nos dias de hoje. Muitos vinhos nesta faixa tendem a ser algo esqueléticos, ligeiros e sem qualquer estrutura, porém este rótulo é uma prova viva de que se pode tomar bons vinhos sem deixar um rombo no bolso no processo. Nove meses de passagem por madeira (americana e francesa de segundo e terceiro usos), taninos sedosos, boa estrutura, fruta fresca abundante (cereja bem presente), acidez presente e bem balanceada um ótimo gama de entrada para esta uva, um vinho que diz a que veio! Para acompanhar carnes grelhadas, queijo manchego, chorizo (lingüiça) fatiado, até uma morcilla! Entre R$65 a 70,00, um bom achado que há tempos habita minha taça.
Finalizando o post de hoje, me lembrei de um vinho que tomei neste último Domingo e publiquei no face, que exemplifica bem o que falo sobre achados nas mais diversas faixas de preço. Vinhos que dão uma percepção de valor superior ao preço pago, o Diamandes de Uco 2008, um vinho soberbo por cerca de R$190 mas que parece custar bem mais. Depois falo dele, um grande vinho, mas hoje fico por aqui. Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos vendo por aí!