Vinhos do Chile Segundo Tempo!

É, semana passada postei a primeira parte das impressões da Raquel sobre a participação dela na Wines of Chile deste ano e agora segue a segunda. A Raquel Santos afora ser uma amiga, é uma sommelier formada na escola da Alexandra Corvo e uma entusiasta das coisas de Baco, me ajuda muito e sabe do que fala, então, Fala aí Raquel!

Viña Casa Silva

Produtores consagrados no Vale de Colchagua desde o início da historia da vitivinicultura chilena. A qualidade da sua produção foi reconhecida várias vezes em concursos nacionais e internacionais. Representado pelo seu enólogo Mario Geisse que apresentou o Microterroir de los Lingues Carmenére 2011. Quando se pensa num vinho chileno da uva Carmenére, já vem à cabeça um estereótipo do que foi um dia o padrão para eles: Encorpado, potente, frutado com notas vegetais etc… e o que encontramos aqui é algo bem diferente!   Um vinho extremamente elegante, equilibrado e complexo.

 Veramonte

Vinícola familiar do Vale de Casablanca onde se destacou com seu Sauvignon Blanc. Hoje possui propriedades em outras regiões como Apalta no Vale de Colchagua. A marca Neyen vem desta região e o vinho apresentado foi o Neyen 2011, um corte de Carmenére e Cabernet Sauvignon. Esse chamou-me atenção não por novidades e sim pela característica clássica dos vinhos chilenos: Cor intensa na taça, aromas frutados, tostados, tabaco e um frescor que prometia  leveza em contrapartida à potencia inicial. Em boca, era exatamente o que  descrevi acima (do que se espera ao provar um vinho típico chileno!). Encorpado, com muita fruta, notas vegetais (ervas frescas), acidez que pede comida, com taninos macios, etc. Um vinho clássico, equilibrado e elegante.

Viña el Principal

Na região mais alta do Vale do Maipo, comuna de Pirque, bem perto da capital Santiago, estão situados os vinhedos onde a Cabernet Sauvignon se junta com outras castas, como a Cabernet Franc, Petit Verdot, Carmenére e Syrah. Blends ao estilo de Bordeaux, mas com característica mediterrânea e influencia da Cordilheira dos Andes. Provamos o El Principal 2013 que é elaborado com 87% Cabernet Sauvignon, 9% Petit Verdot e 4% Cabernet Franc. Foi um ano de temperatura mais baixa que o usual onde a maturação das uvas foi mais lenta, resultando em um vinho de ótima acidez, bom corpo e taninos maduros. Não filtrado, o que lhe confere complexidade para evoluir por muito tempo. Muito interessante o final de boca remetendo à figos em compota.

Quando se depara com um panorama tão vasto quanto esse que nos foi apresentado, instintivamente nossa atenção se volta para tudo que for diferente, ou seja, os elementos que se destacam do todo que nos passam a impressão de que conseguiram dar um passo além, porém nunca devemos desprezar a origem que deu o sustento para o primeiro passo. Tenho observado um fenômeno recorrente na produção de vinhos em todo mundo: As novas gerações, que são herdeiras das terras produtoras de seus pais e de seus avós, quando resolveram dar sequencia ao negocio de família adquiriram um modelo antigo se pensarmos nas referências do mundo de hoje.

O efeito “globalização” e o acesso à informação fez com que consumidores e produtores trocassem conhecimento, ou seja, chilenos, italiano, americanos , etc, não consomem/produzem apenas o vinho em seu pais de origem.  A produção em larga escala, visando a distribuição mundial, o apelo mercadológico do produto em questão, feito em grandes quantidades sem perder a qualidade, o fomento tecnológico proporcionaram uma nova relação na produção do vinho. Isso é muito visível nos países da América do Sul, que investiram muito em tecnologia para desenvolver um produto de qualidade e que agora buscam se destacar de alguma forma uns dos outro. Quando um produtor investe em um novo terroir, ou trabalha no resgate de uma casta esquecida, um método de vinificação ancestral, na produção artesanal, em blends inusitados, ou na tecnologia de ponta para criar o “seu vinho”, ele está criando uma identidade.

E nessa busca pelo reconhecimento todos ganham. Se você é apreciador de bons vinhos ou deseja um dia ser, pode esperar que se ainda não encontrou o vinho pra chamar de “seu” , ele mesmo te encontrará!”

Bem depois disso, “in Bacco & Raquel Veritás” diria eu que não pude estar por lá. Certamente Bacco falou com ela e feliz de poder compartilhar essa experiência dela com os amigos, grato Raquel. Abraço, saúde e kanimambo pela visita lembrando que em Novembro tem viagem de exploração à Patagônia, vem comigo?? Uma ótima semana para todos

Viña Maquis, você conhece?

Eu não conhecia e sigo conhecendo pouco, porém esse pouco me despertou a curiosidade esperando que num futuro não muito longínquo eu, e você, possamos ter a oportunidade de conhecer melhor seus vinhos. Conheci dois rótulos deles no recente encontro da Wines of Chile durante a Master Class (virou moda) apresentada pelo Jorge Lucki e posteriormente no salão de degustações por onde passei rapidamente.

Na Master Class provamos alguns ótimos vinhos chilenos que demonstraram bem as características de cada uma das novas denominações (Costa/Entre Cordilleras e Andes) entre eles destaco; o marcante Sauvignon Blanc Cool Coast da Casa Silva, o sempre confiável Cousino Macul com seu Finis Terrae um mui equilibrado e muito bom blend de Cabernet, Syrah e Merlot, o agradável Santa Carolina Reserva da Familia Cabernet Sauvignon, o complexo e bem estruturado Intriga da Montgras que mesmo sendo 100% Cabernet Sauvignon não apresenta as goiabas e pimentões muito presentes nestes vinhos e que, sinceramente, não me agradam, porém o maior destaque de todos foi o Maquis Lien.

Lien em Mapuche, quer dizer metal prateado que eles simbolizaram no rótulo com um lagarto prateado. Aliás, todos os Maquis lizardrótulos deste produtor possuem uma marca diferenciada e muito interessante. A Viña Maquis existe desde 1927, porém somente a partir de 2002 a família começou a engarrafar seus próprios vinhos e ainda não está presente entre nós. Pelos comentários e cochichos de bastidores, creio que logo, logo estarão por aqui, então fique de olho ou, se for passear por terras chilenas, eis um produtor a visitar. Estão localizados na região Entre Cordilleras do Valle de Colchagua estrategicamente posicionados entre dois rios o que lhe confere condições de solo diferenciadas. O Maquis Lien 2009, elaborado pelo enólogo bordalês Jacques Boissenot, é daqueles vinhos que exalam personalidade desde as primeiras fungadas e nos levam a rapidamente querer levar a taça à boca onde ele se mostra potente porém muito elegante (ótima combinação essa!) de taninos bem presentes mas finos e aveludados, equilibrado, frutos negros bem presentes (cassis), ótima estrutura, denso e muito jovem, um adolescente com promissor futuro mas já muito guloso e sedutor, de final apetecível, longo e algo especiado.  Mais uma vez um blend que seduz, comprovando que este estilo de vinhos realmente se mostra bem mais complexo que a grande maioria dos varietais, ainda mais quando no corte se coloca um pouco Maquis Rosede Petit Verdot (sempre ela!). A composição do vinho é um corte de Cabernet Franc (42%) Syrah (32%) Carmenére (23%) e aquele toque mágico, 3% de Petit Verdot!

Enfim, fique de olho no mercado pois esse vinho não deve tardar a chegar por aqui e merece toda a nossa atenção, só espero que venha a preços que caibam no bolso. No salão ainda provei seu Rosé de Malbec que é um vinho delicioso e refrescante que certamente fará sucesso em nosso verão por chegar.

Salute, kanimambo e um ótimo final de semana para todos.

 

Degustar é Essencial!

              Nosso conhecimento viníco só cresce de duas formas, estudo e prova! Sómente participando de degustações conseguimos colocar na prática conhecimentos teóricos (importante) e definir aquilo de que gostamos. Como já disse Alexis Lichine; “no que se refere a vinho, sempre recomendo que se joguem fora tabelas de safras e manuais investindo num saca-rolhas. Vinho se conhece mesmo é bebendo!” touché!

Na Vino & Sapore

 

Na Portal dos Vinhos

Salute e kanimambo

Desafio de Petit Verdot, Desvendando os Ganhadores

              Adoro estes meus Desafios de Vinhos quando coloco às cegas uma série de rótulos sob um mesmo tema. Falar e provar desta cepa ainda pouco divulgada no mercado foi em si, já um grande desafio e uma experiência riquíssima para mim e, tenho a certeza, também para boa parte da banca degustadora. Aliás, quase deu casa cheia!

     Venho ao longo dos tempos verificando os benefícios que um pouco desta cepa bordalesa nos cortes de diversos vinhos consegue fazer por eles. Sempre em pequenos porcentuais, a Petit Verdot aporta cor, sabor e corpo aos vinhos dando-lhes uma riqueza e complexidade que muito me satisfazem. É uma cepa difícil em sua terra natal, de amadurecimento muito tardio o que muitas vezes faz com que boa parte da colheita se perca tornando seu uso escasso e caro devido à quebra de produtividade. Nos países mais quentes no entanto, esse tempo de amadurecimento se dá de forma mais administrada devido ás condições climáticas. Um exemplo no Velho Mundo são os vinhos espanhóis, região de verões mais quentes e longos, elaborados com ela.

               Já no Novo Mundo, de condições climáticas mais adequadas, a cepa vem sendo vinificada como varietal com a ocorrência de um fato que já verificamos na vinificação de vinhos Tannat, que é a “amansada” nos vinhos, produzindo rótulos mais harmônicos, menos tânicos enquanto preserva suas características de estrutura  e riqueza de sabores. Foi para ver como estes vinhos se comportam que, desta feita, reuni dez exemplares para este Desafio na busca do Melhor Vinho, melhor Custo x Beneficio e Melhor Compra.

                  Nos reunimos no bonito e bom restaurante Ávila, que por sinal possui uma bela adega climatizada construida pela Joshuá Adegas, onde o Tavares e sua equipe nos atenderam muito bem.  Nove rótulos de que todos tinham conhecimento mais um surpresa, foram servidos ás cegas e em ordem aleatória após alguns saborosos e refrescantes goles de dois espumantes sobre os quais falarei em outra altura. Certamente o que os amigos querem mesmo saber, é o resultado desse gostoso embate, então falemos um pouco de cada um desses vinhos participantes julgados por uma competente banca de degustadores conforme já listado em meu post anterior com a lista dos participantes .

              Como o aereador que iríamos testar não chegou a tempo, os vinhos foram decantados por cerca de uma hora cada um. Eis os vinhos com suas notas conforme ordem de serviço.

Enrique Mendoza Petit Verdot 2005 representante espanhol de Alicante, trazido pela Peninsula e que possui um preço de mercado ao redor de R$120,00. No nariz uma presença  herbácea e algum foral que fazia lembrar violetas. A fruta apareceu mais no palato, de taninos redondos e macios, complexo, um pouco fechado abrindo-se com o tempo em taça, final algo defumado e quente sem prejudicar o conjunto que agradou bastante e posteriormente acompanhou bem a fraldinha. Média de 86,7 pontos.

Pisano RPF Petit Verdot 2007 representando os bons vinhos uruguaios. Importação da Mistral, custa USD31,50 ou seja, algo próximo a R$57 nas taxas atuais. Uma paleta olfativa muito rica, o que não é tão tradicional á cepa, em que o café com aniz estava bem presente, toffee, baunilha, realmente muito interessante e convidativa. Na boca a boa estrutura da cepa, taninos aveludados e de boa qualidade, algo balsâmico com um final suave onde apreceram alguns toques de especiarias. Obteve a média de 86,20 pontos

Morkell Petit Verdot 2004, sul-africano trazido pela d’Olivino, preço ao redor de R$130,00, o mais evoluído de todos os rótulos participantes. Halo de evolução presentes na taça mostrando sua idade, trazendo ao olfato suaves notas tostadas e fruta vermelha. Na boca é um vinho resolvido, de boa textura e volume de boca adequado, algo de couro com nuances terrosas, maduro, muito rico, complexo, de taninos finos, macios e elegantes, final de boca sutil e saboroso mostrando toques minerais. Um vinho literalmente encantador, sem a pujança que se poderia esperar da cepa, porém mostrando uma personalidade muito própria e impressionando muito positivamente a totalidade da banca degustadora. Um belo Petit Verdot, um grande vinho que merece ser conferido, aliás como a maioria dos outros rótulos presentes, tendo faltado garrafa para tanta demanda. Delicioso e a nota só confirma isso, média de 90,70 pontos.

Perez Cruz Limited Edition PV 2008, o primeiro chileno da noite e ainda não disponível no Brasil. O importador dos bons vinhos deste produtor, a Wine Company, deverá estar por trazê-lo dentro em breve, mas este viajou somente para este encontro. Baseado no preço do Syrah, acredito que deverá chegar por volta dos R$130,00. Nariz complexo, herbáceo, algo de farmácia e um tico a mais de álcool do que necessário, porém sem ser algo marcante que incomode. Na boca, presença de mentol, alguma casca de laranja confeitada, taninos de qualidade ainda um pouco adstringentes, mostrando-se muito novo, grande estrutura, vinho que precisa de mais tempo em garrafa quando deverá mostrar todo o seu potencial. Vinho para guardar por mais uns dois ou três anos. Média de 87,10 pontos.

Trumpeter Reserva Petit Verdot 2008, o primeiro argentino a se apresentar, novo, com nariz tímido, frutado com algumas nuances florais bem sutis. Na boca sobra um pouco de álcool, taninos um pouco rústicos e doces, final de especiarias com algo de noz moscada, conforme lembraram alguns dos degustadores. Não chega a encantar, mas acredito que precisa de mais tempo em garrafa já que ainda não encontrou seu equilíbrio. Trazido pela Zahil e custando cerca de R$64,00, obteve a média de 84,95 pontos

Landelia Petit Verdot 2005, importado pela Ana Imports e gentilmente cedido pelo colega e membro da banca, o Jeriel da Costa, com preço de mercado ao redor de R$60,00, foi um vinho ansiosamente esperado diversos dos amigos presentes. Foi também o vinho que mais criou polêmica com um pedaço da mesa achando que estava prejudicado e aoutra metade enchendo-o de elogios. No nariz mostrou notas de torrefação e algo químico que foi se dissipando com o tempo. Na boca, fruta compotada, taninos potentes e algo rústicos, alcaçuz, acidez alta e final de boca macio. A nota média não foi das melhores, 83,90, mas por tudo o que falaram deste vinho, certamente é um rótulo que merece uma segunda chance.

Tomero Petit Verdot 2006, mais um argentino presente, desta feita trazido pelas mãos da Domno do Brasil produtor dos saborosos espumantes Ponto Nero, em especial do extra-brut de que tanto gosto. Um vinho que já se encontrou, tendo mostrado sua maturidade tanto nos aromas como no sabor. Fruta madura de boa intensidade com sutis nuances de baunilha, mostrando-se com ótimo volume de boca e boa textura. Os taninos estão sedosos, muito boa acidez, rico, com um final muito saboroso e mineral onde aparece também um toque cítrico muito interessante e cativante. Muito consistente com minhas experiências anteriores, um vinho que obteve a boa média de 88,10 pontos.

Casa Silva Gran Reserva Petit Verdot 2007, de importação exclusiva da Vinhos do Mundo com um preço de mercado ao redor dos R$89,00, foi um vinho que insisti que estivesse presente já que o tinha conhecido, e adorado, numa degustação da Casa Silva em que estive presente no ano passado. Chileno, demonstrou notas herbáceas, couro e nuances balsâmicas no olfato, formando uma paleta algo peculiar e não muito convidativa. Na boca mostrou-se melhor, redondo, taninos aveludados, bom corpo e um final especiado bastante acentuado de média persistência que não chega a encantar.  Achei que o 2006 (recomendo) que provei estava bem superior a este, talvez mais pronto? Média de 84,45 pontos.

Pomar Petit Verdot 2008, o nosso vinho surpresa e sim, Cristiano, é Venezuelano sem importador no Brasil. Da mesma bodega que nos surpreendeu a todos no Desafio de Cepas Ícones, desta feita ficou aquém do que se esperava e mais um dos rótulos em que as notas variaram demais. Tipo ame-o ou deixe-o!  Nariz intenso, frutado, mas algo monocromático, sem grande complexidade que não chega a empolgar. Entrada de boca algo dispersa que necessita de tempo para se encontrar. Acidez instável, algum álcool em excesso, taninos macios e um final algo doce. Um adolescente irrequieto e imprevisível que melhorou com um tempo em taça e, mesmo com todas essas variáveis, obteve a surpreendente média de 85,11 pontos. Preferi o Reserva, um blend mais equilibrado.

Ruca Malen Reserva Petit Verdot 2007, o último representante de uma noite muito gostosa e intrigante repleta de bons vinhos. Argentino, importado pela Hannover Vinhos, foi para mim a mais agradável surpresa de todas, especialmente em função do preço, somente R$54,00. Possui uma paleta olfativa com forte presença de frutas negras compotadas com um leve toque de farmácia, mostrando-se bastante convidativa. Na boca possui boa estrutura, volume de boca adequado, taninos finos ainda presentes, mas sem qualquer agressividade, equilibrado com uma acidez interessante e gastronômica, final saboroso ainda que a madeira tenha aparecido um pouco.  Nota média de 86,25 pontos.

 Sempre listo a preferência de cada um dos membros da banca degustadora, mas hoje não “carece”! Pela primeira vez em mais de um ano destes Desafios, tivemos uma unanimidade em torno do Melhor Vinho Petit Verdot da noite, o Morkell. Realmente um grande vinho e Nelson Rodrigues que me perdoe, neste caso a unanimidade foi sábia! Para compor o pódio, em segundo lugar o ótimo Tomero, seguido pelo Perez Cruz, Enrique Mendoza e Ruca Malen. Pelo voto direto, a Melhor Compra foi o Pisano RPF e pelo cálculo matemático inventado pelo amigo e confrade (médico fisiologista do glorioso alvinegro praiano, salve/salve, campeão paulista 2010) Dr. Luis Fernando, tivemos como Melhor Custo x Beneficio o Ruca Malen.

             Uma grande noite em que ficou constatado que há muito mais vida além dos cabernets e malbecs que andam por aí. Temos que nos abrir para as novidades, para novas experiências, para as cepas menos comuns, porém extremamente ricas. Kanimambo à banca degustadora pela agradável presença, lembrando que os comentários, assim como as notas, são o resultado da média do pensamento de todos e que, certamente, cada um tem sua própria avaliação/opinião que deverá aparecer nos blogs do Alexandre, Jeriel, Álvaro e Evandro que são sempre ótimas fontes de informação. Por sinal, meus parabéns ao Evandro, seu blog da Confraria 2 Panas está detonando, legal!

              Salute, e agora preciso pensar no próximo desafio, o de Junho. Que tema, que vinhos, que lugar? Nos vemos por aqui.

Casa Silva visita a Assemblage Vinhos

        Tenho que confessar que nunca senti muita atração pelos vinhos da Casa Silva, produtor chileno, que tem como seu enólogo principal o Mario Geisse, maestro de alguns dos melhores espumantes brasileiros. Quando isso acontece gosto de conferir porque muitas vezes tendemos a generalizar situações baseado em alguma má experiência e já fazia tempo que não tomava estes vinhos. Tenho que confessar que me surpreendi e revi posição.

Chilean Vineyards

       A Casa Silva é uma empresa familiar com raízes na produção de vinhos datando do século XIX com três vinhedos; Em Los Lingues de onde vem a Carmenére, a Cabernet Sauvignon e Petit Verdot; Em Angostura de onde vem a Chardonnay e Sauvignon Gris e Loloi de onde vem a Sauvignon Blanc, Syrah e Viognier. Provamos alguns vinhos de sua linha Collecíon (20% do lote passa por madeira), Reserva ( 50% do lote passa por madeira) e Gran Reserva (de 80 a 100% passam por madeira).

Chardonnay 2009 em que somente uns 10% passam por madeira – Claro, translucido, nariz tímido de boa tipicidade com abacaxi, maçã verde e nuances algo florais. Suave, fresco, acidez rasgante ainda por equilibrar já que fazia pouco tempo do engarrafamento, persistência muito boa, mas algo quente em função do alto teor de álcool para um vinho branco. Bom e saboroso, para tomar em 2010 quando deverá estar mais balanceado, acompanhando comida. Seus 14% de teor alcoólico me incomodaram um pouco.

Collecíon Carmenére 2008 – Rubi intenso, resinoso com notas herbáceas e algo de pimentão que gritam, soy chileno! Taninos sedosos, macio, leve para médio corpo, mesmo não sendo uma cepa pela qual morra de amores, este é bastante agradável, mesmo que não seja um blockbuster, mas também não é esse seu intuito.

Cabernet Sauvignon Reserva 2007 – 50% do lote passa por 8 meses em barrica, mas a madeira está bem integrada, ressaltado as virtudes da uva, não encobrindo-a. Frutado, algo terroso, textura sedosa, taninos aveludados, boa acidez, saboroso com um final de boa persistência com notas suaves de mentol.

Casa Silva - Assemblage 001

Los Lingues Carmenére Gran Reserva 06 – Fruta madura e toques herbáceos sutis ao olfato, convidam a levar a taça à boca. Com onze meses de barrica, o vinho possui uma complexidade vibrante no palato, taninos finos, macio, redondo, boa acidez em equilíbrio total com os taninos, um carmenére para até os críticos desta cepa se dobrarem. Eu me dobrei, é um belo vinho, digno de ter na adega, tendo subido alguns degraus nesta degustação.

Los Lingues Gran Reserva Petit Verdot 2006 – Não subimos degraus com este vinho, pulamos! Estupendo é a palavra que me vem à mente quando penso nele e, especialmente, enquanto ele dançava em minha boca. Olfato algo tímido com alguma fruta, nuances terrosas e toques florais que não chegam a encantar, sendo no palato que ele mostra todo o seu valor, um tremendo vinho de muita personalidade que seduz e encanta facilmente os amantes do vinho conseguindo aliar potência com grande elegância, compondo um conjunto harmônico, muito rico e delicioso. Interessante ver como alguns produtores do novo mundo estão conseguindo domar esta cepa que costuma ser bastante tânica. Este Los Lingues mostra muito estrutura, encorpado, equilibrado, denso, porém de tanino finos e redondo podendo ser tomado agora com muito gosto, mas que certamente melhorará muito com um bom par de anos de garrafa. Um grande vinho que me surpreendeu muito positivamente.                                                                                      

Assemblage 003Muito grato ao Marcel e Bete pelo gentil convite e a casa cheia mostrou bem o interesse da clientela por estes vinhos tão bem apresentados pelo Lucas  Cordeiro representando o importador, Vinhos do Mundo. Uma noite muito agradável que mais uma vez me fez ver que em nossa vinosfera, nada como um dia depois do outro. Mudam os vinhos, mudamos nós, uma verdadeira “metamorfose ambulante”, que bom!

Salute e kanimambo.