Depois de uma semana vivida muito intensamente na Expovinis, mais um lote, misto de bons e grandes vinhos, para finalizar a sequência de vinhos de celebração consumidos em meu niver. Como tinha mostrado em post anterior, foram 12 vinhos escolhidos a dedo e faltava comentar estes seis. Estamos sempre aprendendo e, mais uma vez, os vinhos me mostraram como nossa vinosfera é imprevisível o que nos força, eheh, a ter que conhecer cada vez mais o que, neste caso, significa litragem. Só temos certeza das coisas quando as experimentamos e o que não falta é opção no mercado!
Rústico de Nino Franco, mais um daqueles Proseccos de primeiro nível que me agrada muitíssimo. Uma paleta aromática mais complexa com aromas que me lembram pêra e algo de pêssego, médio corpo sem ser pesado, muito harmônico, cremoso com suave presença de sabores de levedura na boca, perlage delicada e abundante,um senhor prosecco com uma personalidade muito própria que mantém o que mais gosto num bom espumante, o frescor que o torna vibrante e difícil de deixar de pensar na segunda garrafa! Disponível na Expand.
Abadia Retuerta Selección Especial 2001, vinho de um produtor que me encanta e que possui em seu portfolio alguns grandes vinhos. Este é estupendo, um vinho para não esquecer apesar de que, talvez, o tenha deixado na adega um pouco demais. Nos aromas estava algo tímido, sem grande expressão, mostrando algo de frutas negras, terroso com toques herbáceos e alguma madeira. Um grande vinho que segue em pleno esplendor, mas acredito que se o tivesse tomado um ano antes, a probabilidade seria de o aproveitar em seu apogeu. Na boca não existe qualquer alusão à madeira que se torna coadjuvante, fruta madura intensa, taninos maduros mostrando um perfeito equilíbrio de grande riqueza de sabores. Entrada de boca impactante com taninos finos que se amaciam na boca mostrando um final sedoso, longo e algo mineral com nuances de especiarias no retrogosto. Já provei o 2004 que acredito esteja agora entrando no seu apogeu onde deve permanecer por mais um ou dois anos não devendo evoluir muito depois disso. Um grande vinho que no Brasil está disponível na Península.
Bindella, Nobile de Montepulciano 2004, corte de Prugnolo gentile / Canaiolo Nero / Colorino e Mammolo, um vinho que me empolga cada vez mais a cada garrafa que abro. Ainda me restou uma garrafa que pretendo abrir somente no segundo semestre do ano. Um presente de uma amiga Italiana, trader de vinhos, e por isso ainda mais gostoso (rsrs). Da primeira garrafa, tomada no inicio do ano passado, até hoje e três garrafas depois, o vinho tem mostrado grande evolução mostrando-se mais equilibrado com um final de boca menos agressivo, mais aveludado com taninos maduros formando um conjunto muito agradável de tomar. Rico, bom volume de boca, corpo médio para encorpado, belo acompanhante para um pernil de cordeiro assado no forno com batatas. Não é, lamentavelmente, importado por ninguém.
Chateau Milens, Saint Emillion Grand Cru 2001. Uma compra feita na Au Verger de la Madelaine, em plena Place de Madelaine / Paris. Comprado há cerca de 4 anos, permaneceu na adega esperando o momento certo. Depois do Selección Especial de Abadia Retuerta, achei que teria em mãos um vinho já pronto, redondo e fácil de tomar. Mezzo a mezzo, já que precisou de uma hora e pouco de decanter para realmente começar a se mostrar o que realmente ocorreu na taça. Corte de Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, mostra aromas de fruta vermelha de boa intensidade se abrindo na taça. Na boca é harmônico, firme, de boa estrutura mostrando taninos maduros, elegante, uma certa complexidade de sabores e um final de boca de média persistência com nuances de baunilha suaves e algo de café. Uma bela sugestão de quem me atendeu na época e, pelos cerca de 15 Euros que paguei, uma barganha!
Chateau +Les +Trois +Croix 1999 da região de Fronsac em Bordeaux. Não sei quem importa, mas este comprei no free shop de Paris, creio, na mesma viagem em que comprei o Chateau de Milens. Não é um blockbuster, puxa para uma certa rusticidade na boca, denso, encorpado, mais um que mesmo com 10 anos ainda teve que passar quase uma hora no decanter para se abrir. Muita tosta, alcazuz, algo terroso, boa acidez, um vinho ao qual falta refinamento e certamente pede comida. Talvez lhe tenha faltado uma carne vermelha assada na brasa para criar uma harmonização que o ressaltasse, coisa que não ocorreu. O vinho que menos me agradou em todos os 12 tomados, fazendo um estilo de vinho austero, que não é muito do meu agrado.
Quinta do Noval Unfiltered LBV 2000, um dos melhores LBV’s que conheço e, lamentavelmente (snif/snif), foi minha última garrafa. Muito aromático, algo floral, ótimo corpo, muito balanceado com ótima acidez e absolutamente no ponto de beber. Muito rico,boa concentração, fruta, especiarias, doçura equilibrada, taninos maduros firmes porém sedosos sem qualquer agressividade mostrando ótima estrutura. O ano de 2000 foi um grande ano para o Vinho do Porto e este sem filtragem certamente seguirá evoluindo por mais alguns anos, todavia já está absolutamente divino mostrando um saboroso e muito agradável final de boca que acompanha maravilhosamente sobremesas à base de chocolate. Trouxe de Portugal, mas está disponível na Grand Cru.
Amanhã comento o incrível Desafio Decanter Falando de Vinhos de Syrah realizado na Enoteca Decanter. Grandes vinhos e algumas surpresas!
Salute e kanimambo.