Como sempre, fuçando o mercado e garimpando bons vinhos com preço idem. Vinhos que não nos causem maiores rombos ao bolso e que nos gerem uma percepção de valor superior ao preço pago, é isto que busco desde o dia 1 deste blog há oito anos atrás e, mais que nunca, sigo firme nesse caminho do garimpo. Estes dois vinhos são, em minha opinião, dois bons exemplos de que, contrariamente à opinião de alguns e de um paradigma que se criou ao longo dos tempos, há sim vida em vinhos europeus de baixo preço, neste caso abaixo das 60 pratas. Na minha opinião, batem a maioria dos vinhos dos hermanos na mesma faixa e sugiro montar uma degustação ás cegas para quebrar esse preconceito.
Clos Lagoru – Da região de Jumilla (Espanha) – Um corte que tem como protagonista a Monastrel, principal uva da região, com Syrah e 20% de Petit Verdot. O mosto é fermentado separadamente com leveduras indígenas e o blend elaborado ao final com o afinamento sendo feito em barricas americanas por quatro meses. Boa parte dos vinhedos são de vinhas velhas e boa parte deles de cultivo orgânico.
A região bem quente favorece um melhor amadurecimento da Petit Verdot e o resultado é um vinho onde a Monastrel dita os rumos, porém a PV deixa sua marca que se sente bem no final de boca, no corpo e na cor do vinho. Cor violácea, boa intensidade aromática, chocolate escuro e frutos negros , algo herbáceo com sutis notas de especiarias. Bom corpo, de médio para encorpado, rico e algo terroso, meio de boca denso com taninos presentes mostrando uma estrutura algo mais rústica, com ligeiro apimentado de final de boca, mostrando-se fresco e de média persistência.
Mandorla Syrah – Da Sicilia, Itália – A Syrah se deu muito bem nestas terras mais quentes com forte clima mediterrâneo e este vinho vem mostrar, mais uma vez, que garimpar vale a pena! Tipicidade á flor da pele com fruta vermelha abundante e especiarias desde o olfato ao último gole. Na boca mostra boa textura, médio corpo, taninos macios, meio de boca muito rico, notas tostadas e um final levemente apimentado de boa persistência, tudo muito bem balanceado sem arestas, um syrah deveras apetecível e acessível! Parece ter alguma passagem por madeira, porém sem dados técnicos disponíveis fica difícil dizer o tipo, no entanto alavanca o produto sem o maquiar. Pastas ao funghi, queijos maturados, carnes ensopadas podem ser bons companheiros e cada vez que penso em comida para harmonizar me vem à cabeça coelho à caçadora! Será que é desejo?? rs
Mais dois vinhos que recentemente compuseram seleções disponibilizadas aos confrades e confreiras da Confraria Frutos do Garimpo com em parceria com o importador, a Galeria dos Vinhos. Lembre-se; saia da mesmice, trace novas rotas, explore o desconhecido, descubra novos sabores, pois essa é a parte mais enigmática e interessante de nossa vinosfera. Saúde e kanimambo pela visita. Na Sexta, mais um dia do Tour Pelos Vinhos de Altitude Santa Catarina, espero você por aqui!