Quem me conhece sabe que tenho uma paixão especial por Vinho do Porto tendo uma coleção em casa e escrevendo diversos posts sobre eles já que ainda há muita desinformação sobre estes vinhos no mercado brasileiro e não só. Hoje, em homenagem ao Dia do Vinho do Porto que se celebrou no último dia 10 de Setembro, vai aqui um resumo para os amigos que tenham interesse nesse que é mais que um vinho; é história, é cultura, é a tradição de um povo!
Vinho do Porto é fortificado com aguardente vínica após ter sua fermentação interrompida quando atinge o grau de açúcar residual definido por seu enólogo o que gera um vinho com teor alcoólico entre 19 a 22%. Nem todo o Vinho do Porto é igual, então não adianta entrar numa loja e simplesmente pedir um Vinho do Porto, porque você pode levar para casa o que não quer caso o vendedor não lhe atenda da forma adequada. Afinal que Porto você quer? Branco, Tawny ou Ruby? Básico, Colheita, Reserva, Vintage, LBV ou com Indicação de Idade? O que são todas essas classificações?
1 > Branco, mais suave e menos comum por aqui. Este pode ser extra-seco, seco, doce ou meio-doce (o Lacrima é muiiito doce) normalmente produzido com um corte das castas Malvasia Fina, Rabigato, Viosinho, Gouveio e Códega. È o de menor consumo e em Portugal na versão seco ou extra-seco, se tornou muito comum sendo preparado como um drink na forma de um Portônica. Uma dose de Porto branco seco, casquinha de limão, gelo e tônica a gosto. Super referescante e saboroso, ótimo para ser servido como aperitivo, um belo drink de verão. Existe também alguns raros exemplares de vinhos brancos de idade com safra declarada que são de tomar de joelhos e nos quais a Dalva se destaca assim como a Andressen. O Dalva 63 é a divindade em pessoa, depois de três anos da garrafa vazia, ainda exala aromas ao ser aberto!! Brancos de idade, 10 – 20 – 30 ou 40 anos são outras classificações a serem exploradas e são um espetáculo, provei um 40 anos da Dalva que é de ajoelhar!
2 > Tintos, dos quais existem basicamente dois estilos, o Tawny que é aloirado na cor, e o Ruby, de um vermelho mais intenso, cada um deles com algumas variáveis e características próprias conforme demonstrado abaixo. As uvas usadas na elaboração dos vinhos são a Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinta Roriz (tempranillo), Tinto Cão, Tinta Amarela e Touriga Franca ou Francesa.
- Ruby – Os vinhos Ruby, por seu pouco contato com a madeira, são vinhos tradicionalmente mais encorpados, densos, cor vermelho escuro (daí o nome), levemente doces e com aromas de fruta bem presentes e, na minha opinião, vão melhor com sobremesas á base de chocolate e com queijos fortes. O Vintage (safrado) envelhece, inicialmente, em balseiros de mais de 5000 litros (existem balseiros de 20 até 50.000 litros) por um mínimo de dois anos quando o produtor o engarrafa onde envelhece e evolui por 15 a 50 anos, quando não mais, sendo colocado no mercado de imediato e é considerado como o top da escala de qualidade dos Vinhos do Porto, mas há controvérsias, rs. Quando os vinhos nos balseiros, não atingem qualidade de Vintage, eles podem permanecer por mais uns três a quatro anos no balseiro para serem posteriormente engarrafados, com ou sem filtragem, já vindo para o mercado pronto; são os LBV (Late Bottled Vintage), vintages engarrafados tardiamente. Normalmente são engarrafados entre quatro a seis anos após a colheita, dependendo do produtor e do produto pretendido, e também evoluem na garrafa mesmo que sem a longevidde dos Vintage. O Character, ou Reserva, é uma mescla de vinhos de diversas safras que ficam em balseiros entre 4 a 6 anos quando é engarrafado e colocado no mercado pronto para beber. Finalmente o Ruby básico que é uma mescla de vinhos de diversas safras envelhecido em Balseiros por um período de cerca de 3 anos. Não melhora na garrafa e vem pronto para beber.
- Tawny – Da mesma forma do Ruby existem diversas categorias de Tawny. Seu processo de envelhecimento é realizado em pipas 550 litros onde permanecem pelo tempo determinado pelo IVP conforme a categoria do produto que se quer elaborar. Apesar da oxidação que se busca neste estilo de vinho se dar de forma mais rápida nas pipas, alguma parte do vinho poderá ser envelhecida em balseiros. Pelo maior contato com a madeira e maior oxidação, o vinho adquire uma cor mais aloirada e com aromas diferenciados dos Ruby. Nos Tawny, se sentem mais aromas tostados, chocolate, café, frutas secas e amêndoas. Servido levemente refrescado, uma ótima companhia para doçes conventuais Portugueses à base de ovos e amêndoas e, agora no final de ano, ótimo com panetone de frutas! Os Colheitas são tawnies de uma única safra envelhecido em pipas por, no mínimo, sete anos apresentando na garrafa a safra da colheita, porém importante ver no verso a informação de quando foi engarrafado, pois podem ficar envelhecendo por décadas. Vinhos de grande complexidade no nariz e na boca. Depois de abertos, poderão se manter relativamente bem por um período de um a quatro meses. Quanto mais idade tenham, mais aguentam, mas se você demorar mais que uma semana ou duas para tomar a garrafa, se tanto, ou existe algo de errado com o vinho ou com você! Os de Indicação de Idade, Tawny 10, 20, 30 ou mais de 40 anos, são uma mescla de vinhos de diversas safras que estagiam em madeira durante períodos de tempo variáveis, nos quais a idade mencionada no rótulo corresponde à média aproximada das idades dos diferentes vinhos participantes do lote, apresentando características inerentes a um vinho dessa idade e aprovados pelo IDVP. Veja o vídeo abaixo, vale a pena! O Tawny Reserva, é uma mescla de vinhos de diversas safras que, obrigatoriamente, passem por um mínimo de 7 anos em pipas. Finalmente, o Tawny básico são elaborados com vinhos de diversas safras e envelhecimento em pipas por um período de dois a três anos, podendo eventualmente também passar um tempo em balseiros. Dependendo da casa produtora, o vinho envelhece por bem mais anos, caso do Quinta de Baldias que envelhece por oito anos antes de ser engarrafado e uma pena que não mais esteja no Brasil.
Amigos, quem nunca tomou um Vintage com Queijo da Serra ou um Colheita Antigo com uma torta de amêndoas ou solito não conhece realmente o prazer em sua real dimensão. Eu fui um privilegiado e tenho uma abundante coleção dessas experiências ( caso queira pesquisar e saber mais detalhes navegue aqui , no site do IDVP com link aqui do lado ou nos vídeos da Hora de Baco e lhe digo, desse ao menos uma chance de ser feliz, pois ao tomar um bom Porto se descobre o verdadeiro significado de poesia engarrafada.
Salute, kanimambo e na próxima volto à viagem da Argentina e meu diário de visitas. Uma ótima semana para todos, eu já abri meu Niepoort LBV 2004 para brindar e você, vai abrir o quê?