Ontem fui fazer a vistoria veicular obrigatória que, para quem não conhece, aqui em São Paulo começou pelos carros mais novos. Sim, um carro zero bala que sai da fábrica para a sua casa, com catalisador e tudo o que a lei determina, tem que passar por esta vistoria atestando que o carro está de acordo com as normas ambientais, e te cobram, afora o imposto anual sobre o carro (IPVA) uma taxa de R$50,00 que iam devolver, mas agora parece que não vão mais. Enquanto isso, a cidade está infestada de carros velhos caindo aos pedaços sem manutenção, soltando fumaça e sei lá mais o quê ajudando a poluir esta megalópole. Estes, bem estes, de acordo com as “otoridades”, serão vistoriados mais para a frente. Depois fazem piada com os portugueses!!!!
Interessante, no entanto, é que nossa gasolina e diesel, dos mais caros do mundo após termos obtido a tão propagandeada auto suficiência, segue sendo de péssimo nível e o congresso ainda deu mais uma postergada na lei que determinava enorme redução nos níveis de enxofre até 2009 (e ainda fizeram pose de protecionistas do meio ambiente em Kopenhaguen!). Aí eu fico fazendo contas; a frota em São Paulo deve rondar os 3.5 milhões de carros, sendo que cerca de 2 milhões devem ter no máximo cinco anos e, consequentemente, passam pela vistoria. Mais motos, veículos de transporte e caminhões, chuto uns quatro milhões de veículos anuais, hoje, o que, vezes R$50,00 por cabeça = uma dinheirama!!!
Enfim, tem que ser feito, goste ou não, então lá vou eu para o local de vistoria no Jaguaré. Bem, maior buraco para instalar esse ponto de vistoria impossível e nem placas indicativas existem, ou seja chegar já não é fácil! O lugar fica literalmente onde Judas perdeu as meias, porque os sapatos há muito já tinham ido. Apesar disso, o recinto mostra modernidade mesmo com uma série de obras pesadas em andamento. Numa área coberta, quatro baias de inspeção (uma demorou a pegar) e entre elas, ilhas onde estão os aparelhos e técnicos todos usando máscaras. Quando pegam seu carro, o instruem a sentar-se numas cadeiras localizadas no meio dessas ilhas. Achei estranho ser convidado a me sentar numa área onde todos os funcionários usavam máscaras, mas os clientes não. Pouco fiquei por lá e me retirei para uma área externa
Decidi que seria legal tirar uma foto panorâmica do local, quando fui abordado pelo Vergilio, imagino que seja um supervisor, me proibindo, de forma muito educada, a atividade. É vedada qualquer foto do local a não ser com ordens superiores da central a quem eu devia contatar e esperar autorização, agendamento e possível acompanhamento. Gente, viajei muito por países de cunho socialista ou comunista e me senti voltando alguns anos na história! China, Iran, Venezuela, Rússia, em qual destes países “democráticos” estamos vivendo? Que segredo de estado está sendo guardado ali (serviço publico, terceirizado ou não). Os equipamentos ali presentes estão disponíveis em qualquer oficina particular que presta serviços semelhantes, então imagino que medo de espionagem industrial não seja! Mera burrocracia? Será que o nome da empresa, Controlar, é mera coincidência?
Aproveitei a abordagem para indagar do porquê os clientes terem que se sentar numa área em que todos estão obrigados ao uso de máscaras protetoras, sem que nos fossem disponibilizados equipamento similar. De acordo com Vergilio, não havia porquê já que aquilo é só precaução pois de acordo com os níveis de poluição e contato, blá, blá, blá …….. não havia essa necessidade. Entendi, para nós, reles povo que paga a conta, não precisa, mas para eles é obrigatório apesar de não ser necessário. Enfim, mais um descalabro daqueles que assolam este país e com o qual temos que conviver, pois nossas instituições estão falidas e os ‘caras’ fazem o que bem entendem acobertados que estão pelos mais diversos conchavos que resultam, como sempre, numa tremenda conta para nós pagarmos.
Sorry, nada a ver com vinhos, mas tem coisa que nem com Chateau Petrus dá para engolir e tinha que desopilar o fígado. Mais tarde tem mais post.
Salute e kanimambo