Este foi o terceiro Desafio de Vinhos itinerante promovido por Falando de Vinhos e um dos mais interessantes já que busquei trazer desafiantes que fossem fáceis de encontrar e, acima de tudo, que fossem de preço bom, no máximo até R$85,00. Á lista dos sete rótulos previamente definidos: Fantail 2003 / Trumpeter Reserva 2005 / Salton Talento 2005 / Villaggio Grando II / Mitchelton Crescent 2005 / J. Carrau Pujol 2004 e Villard L’Assemblage Grand Vin 2005 , adicionei dois vinhos surpresa; o Palo Alto 2007 e o Rio Sol Assemblage básico 2006, perfazendo nove desafiantes aos titulos de; Melhor Vinho, Melhor Custo x Beneficio e Best Buy da noite. Antes de tudo, os meus agradecimentos à Expand, Decanter, Zahil, Wine Society, Salton, Villaggio Grando e Assemblage Vinhos por terem gentilmente cedido os vinhos para a prova.
A prova foi realizada na Assemblage Vinhos (fechada em finais de 2009) aqui na Granja Viana. Aqui compareceram, desta feita, um total de dez pessoas, mais a Bete e o Marcel (proprietários), perfazendo uma eclética banca julgadora de 12 membros. Estiveram presentes o Emilio Santoro (Portal dos Vinhos), Evandro Silva e Francisco Stredel (Confraria 2 Panas), Zé Roberto Pedreira, Fábio Gimenes, Alexandre Frias (Diário de Baco), Cristiano Orlandi (Vivendo Vinhos), Denise Cavalcante (Assessora de Imprensa), Jaerton e eu. Devido ao maior numero de participantes, optei por anular a pior e a melhor nota dada a cada vinho. Agora falemos dos vinhos e dos resultados obtidos, vamos descobrir quem ganhou a noite.
- Fantail 2003 – corte sul africano de Merlot / Cabernet / Pinotage / Malbec / Pinot e Cabernet Franc – Importador Expand – preço R$55,00. Um vinho que poucos conhecem e que veio substituir um dos meus campeões de custo x benéfico, o Goats do Roam red que queria que o pessoal conhecesse assim como gostaria de ter visto como se comportaria frente a frente com vinhos bem mais caros. Não foi possível, estava esgotado, então veio seu substituto que fez bonito. Aromas não muito intensos onde aparecem suaves frutas do bosque e algo herbáceo. Na boca se apresenta muito macio, redondo com taninos sedosos e sem arestas, num final de boca não muito persistente lembrando café torrado. Obteve uma pontuação média de 83,65.
- Rio Sol Assemblage 2006 – o mais básico da família elaborado com um corte igual de Cabernet Sauvignon e Syrah, vindo da região do Vale do São Francisco no nordeste brasileiro. Um dos vinhos surpresas da noite, estava aqui por duas razões; preço (carca de R$19 em média) e por ter sido eleito na Expovinis 2008, o melhor tinto nacional conjuntamente com o Marson Cabernet Sauvignon Gran Reserva deixando para trás grandes nomes da produção Brasileira. Esta era a prova dos nove. Pessoalmente, acho o vinho gostoso, fácil de beber, bastante equilibrado e um porto seguro nas horas de caixa mais baixo, concorrente direto dos vinhos argentinos de baixo valor para o dia-a-dia. Nesta noite não empolgou, especialmente na comparação direta com vinhos de maior gabarito, mas teve seus seguidores, inclusive com votos para Best Buy. Nariz tímido sem muita intensidade expressando-se melhor na boca quando apresenta um bom volume, frutado, especiado, final de média persistência com boa acidez e equilíbrio. Obteve a pontuação média de 79,85.
- Trumpeter Reserva 2005 – representante argentino, corte de Tempranillo, Cabernet Sauvignon e Malbec – Importador Zahil – Preço R$64,00. Um dos vinhos das Bodegas Rutini, Trumpeter, menos conhecido no mercado e, a meu ver, um dos melhores desta linha. Nariz frutado e algo floral bastante franco. Na boca é mais complexo, de boa estrutura, equilibrado com taninos maduros e aveludados, final de boca saboroso e elegante de média persistência, fruta, especiarias, algo de caramelo, boa acidez convidando a um bom prato, melhor se for carne. Pontuação média obtida, 85,35.
- Salton Talento 05 – corte de Cabernet Sauvignon / Merlot e Tannat – Vale dos Vinhedos na Serra Gaúcha – Preço médio de R$58,00 e reconhecidamente um dos melhores vinhos nacionais. O nono e último desafiante a se apresentar na noite com uma diversa linha de opiniões que passando por todos os estágios, de fraco a sensacional, foi um vinho que causou discussão passando longe da uniformidade de pontuação. No olfato, uma certa timidez inicial que vai se abrindo na taça de forma sutil e delicada mostrando aromas de ameixa, cassis com algo de chocolate. Na boca mostra bom corpo, fruta madura, boa acidez, taninos finos e aveludados ainda bem presentes num final de boca bastante redondo e de boa persistência, harmônico enchendo a boca de prazer. Pontuação média obtida 87,10.
- Villaggio Grando Innominabile II – corte de Cabernet Sauvignon / Cabernet Franc / Merlot / Malbec e Pinot Noir com um toque especial, recebe um blend de 20% do vinho da safra anterior – Santa Catarina – Preço médio ao redor de R$60,00. Um vinho elegante e delicado que tenho recomendado bastante por aqui e tenho visto que o Saul Galvão também lhe tece bastante elogios em seu blog. Nesta noite apresentou-se floral e algo doce ao nariz, fruta madura e toques herbáceos. Halo aquoso bastante amplo na taça, mostrando um vinho já com boa evolução sem grandes perspectivas de maior guarda. Leve, taninos doces já equacionados, final de curta persistência e algo ralo. Pelo que conheço do vinho, mereceria abrir uma segunda garrafa na hora, mas esta estava em casa e fora das condições ideais de serviço. Pontuação média obtida, 78,40.
- Mitchelton Crescent 2005 – representante australiano, corte de Shiraz, Mouvedre e Grenache importado por Wine Society com preço de R$81,00. Um corte no estilo do Sul da França, regiões de Languedoc e, especialmente, Rhône, muito bem elaborado. Já no nariz começa a mostrar sua complexidade com aromas de amoras silvestres, pimenta algo de cacau. No palato repete a complexidade com bastante elegância, suculento, rico, taninos finos em perfeito equilíbrio com uma acidez que nos dá água na boca e convida à próxima taça. Final saboroso de boa persistência com retrogosto que nos faz lembrar caramelo, café/capuccino. Pontuação média obtida, 86,50.
- Juan Carrau Pujol Gran Tradicción 2004 – Tannat/Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc – importador Zahil e gentilmente cedido pela ASSEMBLAGE vinhos- Preço ao redor de R$82,00. A meu ver um grande vinho, tanto que fiz questão que ele estivesse presente neste Desafio para mostrar a classe e pujança da industria de vinhos uruguaia. Lamentavelmente a rolha havia vazado e o vinho ficou comprometido. Em algum outro desafio o incluirei, é um belo vinho com uma boa relação Qualidade x Preço x Satisfação.
- L’Assemblage Grand Vin 2005 da Villard, um recém chegado rótulo desta excelente vinícola chilena. Corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah – importado pela Decanter com preço de R$78,30. Paleta olfativa de boa intensidade, complexa com muita fruta vermelha, algo balsâmico com nuances florais muito interessantes e bastante cativante. No palato mostra muito boa estrutura, taninos finos firmes, presentes sem qualquer agressividade, muito rico mostrando uma deliciosa complexidade de sabores que nos “obriga” a tomar a taça toda na busca de respostas. Macio, untuoso, final de boca algo mentolada com presença de especiarias e bastante longo. Pontuação média obtida, 86,55.
- Palo Alto 2007, mais um dos vinhos surpresa da noite produzido por esta bodega chilena que faz parte do grupo Concha y Toro, e importado pela Expand. É um corte majoritário de Cabernet Sauvignon com Carmenére e Syrah que está no mercado por volta dos R$31,00. Fruta madura compotada, café e algo químico no olfato. Na boca é redondo, amistoso, taninos maduros e algo doces, cremoso apresentando uma certa untuosidade, boa persistência e volume de boca, muito fácil de gostar sendo um acompanhamento versátil para a maioria de nossos pratos do cotidiano, uma pasta, pizza de domingo, risoto de funghi, churrasco, etc. Talvez o vinho mais uniforme nas notas, tendo obtido a pontuação média de 85,10.
O grande campeão desta agradável noite foi o TALENTO 2005, seguido por decisão no photochart, pelo Villard L’Assemblage Grand Vin e o Mitchelton Crescent em segundo e terceiro respectivamente, sendo o pódio completado pelo Trumpeter e Palo Alto. Escolhido como a melhor relação Custo x Beneficio o próprio campeão da noite, o Talento e como Best Buy o Palo Alto, o quinto colocado da noite.
Para começar o desafio e prepararmos o palato para os rótulos que estavam por vir, tivemos a presença fresca e mui agradável do .Nero Brut, um produto elaborado pelo novo projeto da Famiglia Valduga, a Domno. Elaborado pelo processo charmat longo, é um espumante muito bem feito, balanceado, boa e delicada perlage de média persistência, saboroso com um final bastante tropical em que sobressai o abacaxi. Este novo projeto caracteriza-se por duas frentes de negócios: a importação de vinhos e a elaboração e exportação de espumantes. A sede da nova empresa, fica as margens da RST 470 Km 224 – Garibaldi, terra dos espumantes, em uma área de mais de 60mil m2,cujas atividades comerciais iniciaram em agosto de 2008. Uma bela opção para iniciar os “trabalhos”, brindando ao que estava por vir e aos amigos presentes. Aos amigos da Domno, meus agradecimentos pela gentileza de prestigiar este Desafio, kanimambo!
O Próximo Desafio, de Junho, será de Merlots do Mundo quando espero poder reunir um total de 12 rótulos, depende de logística, dando-nos um perfil bastante eclético dos vinhos desta cepa vindos dos mais diversos terroirs. Sujeito a confirmação, teremos presentes desafiantes da França, Portugal, Espanha, Austrália, Brasil, Chile, Argentina, África do Sul, Estados Unidos e Itália. Em breve darei mais noticias sobre esse evento que promete muito! Um muito obrigado aos amigos (felizes na foto abaixo) que compareceram e abrilhantaram o resultado final de mais este Desafio de Vinhos.
Salute e kanimambo.