Manhã preguiçosa e como já disse no primeiro post deste diário da viagem, Deus escreve certo por linhas tortas! Não tínhamos conseguido ir à Domínio del Plata no primeiro dia, porém conseguimos transferir essa visita para este Domingo e que visita! Antes no entanto, uma passada por um dos shoppings da cidade com aqueles que estavam a fins de compras. Um agradável passeio de cerca de duas horas, mas os cafés, horríveis! Aliás, disso senti falta por lá e só tomamos café decente em locais com nexpresso.
Treze horas, tempo para nosso check out do hotel e quase que o Paulão fica para trás! rs A van trouxe reforço pois a quantidade de “equipaje” deu uma crescida e aumento de peso. Finalmente a caminho da Dominio del Plata e o seu restaurante Osadia de Crear onde terminaríamos nossas visitas a bodegas e posteriormente visitaríamos um lagar de azeites, lanche e aeroporto. (clique nas imagens para ampliá-las)
A Domínio del Plata é a casa de Suzana Balbo, enóloga desbravadora persistente, competente e de personalidade forte absolutamente necessários para sobreviver num mercado, à época, marcantemente machista. Simpática, embaixadora mundial dos vinhos argentinos com um lindo projeto á frente da Wines of Argentina é uma pessoa a se conhecer assim como a seus vinhos. Uma bodega familiar de médio porte para grande, possui uma linha de vinhos que extrapola qualidade desde seus vinhos mais simples aos mais complexos de produção limitada como o fantástico Nosotros, um Malbec de grande classe. Localizado num dos melhores terroirs de Mendoza, em Agrelo, Lujan de Cuyo. Seu vinho ícone Nosotros,é uma homenagem ao grupo de pessoas que compõem a Bodega, pois de acordo com sua filosofia, uma empresa é composta de pessoas e não de produtos. Empresa jovem, com pouco mais de 12 anos, mas com uma bagagem técnica enorme, a bodega tem hoje uma capacidade de produção de mais de um milhão de garrafas distribuídos entre as linhas; Anubis, Crios (cerca de 50%), Benmarco, Suzana Balbo e Nosotros.
Demos uma rápida passagem pela bodega onde conhecemos seu mais recente investimento tecnológico com uma bateria de tanque de cimento conhecidos como Huevos. Neles, devido ao seu formato que gera a circulação continua do mosto evitando-se a battonage, ganha-se eficiência no processo de fermentação com temperaturas mais homogêneas e o vinho apresenta maior mineralidade, volume de boca e maciez. Chegando ao Osadia, uma bateria de belos vinhos que escolhemos junto com nossos anfitriões. Benmarco Torrontés, Crios Syrah/Malbec, Susana Balbo Signature Cabenet Sauvignon, Benmarco Malbec, Susana Balbo Brioso e Susana Balbo Malbec Late Harvest. Achou que tinha terminado? Terminou não, ainda tinha o vinho Ícone Nosotros que tomaríamos nos jardins da bodega. Como foram muitos eu vou tentar ser algo mais sucinto nos comentários dos vinhos, mas não posso deixar de falar também da saborosa e criativa comida do Osadia e como os vinhos harmonizaram maravilhosamente com os pratos, realmente um grande final!
Benmarco Torrontés – Tinha conhecido há uns dois anos lá mesmo na Bodega quando estava recém engarrafado. O único que eu conheço que passa levemente por barrica e é excepcional, entre os melhores do país com uma sofisticação ímpar! Nossas boas vindas á altura de um almoço que se mostraria Inês-quecível.
Crios Syrah/Bonarda – para mim o melhor desta vasta família de vinhos junto com o rosé e o torrontés, todos na casa do R$50 para baixo. Comprovou tudo o que já comentei dele e casou muito bem com o prato servido. Um vinho muito saboroso e equilibrado, ótima escolha nesta faixa de preços.
Susana Balbo Signature Cabernet Sauvignon – altamente pontuado pelo Guia Descorchados e recomendação do amigo Eduardo Milan, estava louco para provar e curti demais, realmente um belo vinho mostrando o potencial desta uva mostrando-se muito equilibrado. Muito bom meio de boca com bom volume, cassis, ameixas, com notas tostadas e terrosas, taninos sedosos, um cabernet menos sisudo e mais vibrante valeu a espera, gostei muito.
Benmarco Malbec – estamos em Mendoza, não podia deixar de escalar um vinho com esta cepa. Madeira mais presente, jovem, untuoso café torrado, fruta madura mais presente taninos marcantes, especiarias, final longo e fresco com notas de baunilha. Um malbec algo mais tradicional porém sem a doçura de muitos, necessitando um pouco mais de tempo em garrafa para se integrar. A meu ver, nesta gama de vinhos (Benmarco) o grande destaque segue sendo o Expressivo (está a mais na foto) que é um assemblage complexo, rico e marcante.
Susana Balbo Brioso – Já falei dele recentemente aqui, blend de Cabernet Sauvignon / Malbec / Merlot / Cabernet Franc e Petit Verdot (corte bordalês completo) que mostra extrema complexidade aromática e explode na boca com muita harmonia e equilíbrio deixando um rastro de muito prazer, sem perder sua personalidade mendocina mostrando boa estrutura e volume de boca, porém com muita finesse. Um vinho de grande expressão, sutil, fresco e encantador tendo seduzido a boa parte dos amigos presentes.
Susana Balbo Malbec Late Harvest – uma enorme surpresa, a quantidade de late harvests de malbec hoje sendo produzido em Mendoza, mas este está num patamar acima com um frescor marcante, um vinho certamente sedutor. O melhor entre os que provamos nesta rápida viajem cheia de novos sabores e descobertas.
Os melhores pratos e harmonização desta viagem em minha opinião e isso não é falar pouco porque comemos e bebemos muito bem! Os pratos não só criativos como excepcionalmente bem executados pela equipe da Chef Robertina complementado pela eficiente Andrea nossa anfitriã, no salão e serviço dos vinhos.
Para finalizar no entanto, a cereja do bolo, o incrível Nosotros um dos melhores malbecs mendocinos em minha modesta opinião, brindando com os amigos nos jardins da bodega curtindo o dia lindo, it does’nt get much better than this!!
Nosotros Malbec – Pé franco, um vinho diferenciado entre o mar de malbecs de Mendoza. Uma seleção de uvas de vinhedos antigos, cinco vinhedos diferentes, geram um vinho que, mesmo com 24 meses de barrica francesa, prima pela elegância e riqueza de sabores com a madeira extremamente bem integrada. Um vinho muito fresco e longo, frutos negros bem presentes, floral, textura de boca aveludada, taninos finos, final especiado e bem longo que nos fazem pedir bis. Para mim, um daqueles vinhos que digo que precisam vir á mesa de fraque e cartola, uma dádiva dos deuses de extrema elegância. Teve gente arrumando mala para acomodar mais umas garrafas!!! rs
Teríamos que ir ao lagar de azeite, digo teríamos porque quando a contragosto da maioria conseguimos sair da Dominio del Plata, já não dava tempo e fomos então fazer um pequeno city tour acabando num restaurante muito típico da região onde nos acomodamos no final do dia para uns tapas e………, é isso mesmo que pensaram! Eta gente insaciável, mas tínhamos que fazer algo antes de irmos para o aeroporto, né! Gente, nem lembro do que pedimos, sei que um Série A Bonarda do Zucardi tinha, mas tenho a certeza que houve pelo menos mais dois outros rótulos, Roberto ajuda aqui!! O El Palenque é um lugar despojado mas bem interessante tendo curtido muito sua adega que é subterrânea e você a vê pelo piso que é de vidro, genial!
Foi isso meus amigos e quem quiser sentir isso na pele, na alma, na taça e no prato sugiro já reservar os dias 21 a 26 de Janeiro quando estarei por lá com mais um grupo de “loucos por vinhos”! Em breve detalhes do novo roteiro com preços, porém deste Gran Finale eu não abro mão não. Aos amigos que estiveram comigo nesta viagem de descobrimentos de novos sabores e emoções, pelos meus cálculos algo ao redor de uns 56 vinhos provados (quantidade com qualidade), meu muito obrigado por terem me prestigiado neste recomeço da Wine & Food Travel Experiences. Pela paciência, pela confiança, pela colaboração, por entenderem eventuais deslizes, mas acima de tudo pela alegria de todos criando uma sinergia muito legal. Um brinde de Nosotros com Nosotros, salute! Kanimambo e nos vemos pelas estradas de nossa vinosfera ou por aqui mesmo.