Eheheh, não é sacanagem não, é vero! Três eras juntas, algo imaginável que só poderia ser realizado em nossa Terra Brasilis e em nossa vinosfera! Tá legal, abusei da criatividade, porém é tudo verdade. Jarno Trulli, sim o da Toyota na Formula 1, é sócio de uma vinícola italiana, a Podere Castorani, com atividades em Abruzzo, Puglia e Sicília, e a Cantine Leonardo da Vinci é um produtor bastante conceituado com uma linha bastante ampla de vinhos na Toscana. Ambos são agora importados para o Brasil, com exclusividade, pela Santa Ceia, uma jovem empresa de Valinhos. Agora deixem-me compartilhar com vocês um pouco deste meu encontro com os três.
Primeiramente falemos da Santa Ceia, que são os responsáveis por este encontro de tão ilustres figuras (rsrs). Um sonho do Chef e restauranteur Rogério Bertazzoli (Cantina Família Bertazzoli em Vinhedo) que decidiu dar um tempo às panelas e abraçar uma outra paixão, os vinhos. Para realizar esse sonho, se unio a dois outros amantes do vinho buscando novos desafios; o Ricardo Selmi (Grupo Selmi) e Belarmino Marta (Rádio Campinas) para criar a Santa Ceia em Abril de 2008, uma importadora de vinhos buscando trazer ao mercado vinhos de qualidade com um posicionamento de preços competitivo. Para começar, quatro produtores e três países; da Itália os nossos protagonistas da chamada deste post, a Podere Castorani de Jarno/Enzo Trulli e seus sócios, assim como a Cantine Leonardo da Vinci com seus prestigiados e bem avaliados vinhos da Toscana, do Chile a Torreón de Paredes e da Argentina a linha Zolo da Fincas Patagonicas / Bodegas Tapiz. Tive a oportunidade de conhecer alguns destes bons vinhos que comentarei mais abaixo e, pelo que pude apreciar, creio que é mais uma boa opção para o enófilo consciente que quer bons vinhos por bons preços. É só o inicio de um trabalho que terei imenso prazer em acompanhar, até porque já falam de um bistrô aqui no endereço de São Paulo, e me parece que as bases plantadas são muito boas. Falemos dos Vinhos e seus criativos produtores com um incrível e atraente apelo visual.
Os vinhedos da Podere Castorani, vinícola que data de 1793 mas que passou por diversas mãos até que chegou nos presentes 4 sócios, possuem uma idade média superior a 25 anos e são localizados na região de Abruzzo. As vinhas produzem, essencialmente, as cepas da região, ou seja; a Montepulciano, a Trebbiano d’Abruzzo e algo de Malvasia. Possui, também, vinhedos na Sicília e em Puglia de onde vêm, respectivamente, os rótulos Picciò e Scià. Gostei bastante do design da linha Majolica, que nos convida a provar os vinhos.
Provei dois dos três rótulos da linha Majolica que tem o Montepulciano, o Trebbiano e o Rosé.
O Montepulciano 07 mostrou bastante tipicidade, com uma paleta olfativa de muito boa intensidade e uma boca bem saborosa, mas de taninos firmes ainda presentes mostrando qualidades porém ainda muito novo. Necessita de decantação ou, pelo menos, mais um ano de garrafa para mostrar todo o seu potencial. Um pouco curto, mas de agradável retrogosto.
O Rosé 07, elaborado com 100% de Montepulciano é de uma cor rosada muito bonita e chamativa. Aromas frutados e frescos de fruta vermelha como cereja e morango, na boca mostra uma certa untuosidade, muito bem balanceado, bom frescor com um final de boca muito saboroso e de média persistência. Ótimo para ser servido a 8º de temperatura como aperitivo ou acompanhando pratos leves.
Ainda preciso provar os outros rótulos disponíveis, especialmente o Scià, um vinho mais em conta, e os topo de gama, incluindo o Jarno, porém o aperitivo foi muito bom e me abriu o apetite para conhecer mais dos vinhos da Podere Castorani. Estes vinhos provados estão por volta de R$43,00.
Cantine Leonardo da Vinci, um ilustre representante dos vinhos da Toscana com muito prestigio junto á critica especializada mundial, especialmente a Wine Spectator onde seus vinhos alcançam pontuações bastante altas. Em 1961, trinta produtores locais se uniram para produzir vinhos tendo a partir de 71, também entrado na comercialização para melhor controlar seu destino. Hoje são cerca de 200 pequenos produtores e mais de 500 hectares de vinhas distribuídos pela região de Chianti, Montepulciano e Maremma na Toscana, produzindo vinhos de qualidade sob a batuta do conceituado winemaker Alberto Antonini que já andou pelas bandas de casas famosas como Marchesi Antinori e Marchesi de Frescobaldi. Tendo estudado em Bordeaux e Califórnia, obteve seu doutorado em agronomia, o que lhe permite tratar a terra e o cultivo dos vinhedos de forma diferenciada. É uma ponte entre o clássico e o moderno que se sente nos vinhos elaborados pela casa. Uma das poucas vinícolas a ostentar DOCG em seus rótulos de chianti, somente 24 na região desde 2003, produzindo vinhos realmente encantadores. Das diversas linhas produzidas, provei alguns da linha Leonardo e da linha Vinci que comentarei abaixo, mas mais uma vez me encantei com o design e classe dos rótulos que realmente nos convidam a abrir a garrafa. Lógico que se o conteúdo não acompanhar o design de nada adianta e, neste caso, é um casamento perfeito.
Dos vinhos acima provei o Leonardo Chianti, o Maremma Morellino di Scansano, o Vinci Chianti e o Vinci Chianti Clássico. Lamentavelmente a fotografia não é uma arte que domino, mas garanto que os rótulos são realmente muito bem desenhados, clássicos mas com um toque de modernidade, assim como os vinhos.
Morellino di Scansano 2006, notas frutadas com aromas delicados de ameixas vermelhas. Boca macia, harmônica com taninos finos, macios e sedutores. Um vinho muito fácil de agradar, tendo harmonizado muito bem com uma massa recheada de queijo brie e damascos, coberta com um molho de tomate caseiro. Preço por volta dos R$68,00.
Leonardo Chianti DOCG 2007, decididamente um vinho que ainda necessita de decantação, pois ainda se encontra meio viril, precisando ser domado. Depois de uns 40 minutos mostra suas qualidades. Não sendo um blockbuster, é sim um vinho bastante agradável, de boa tipicidade, nariz tímido, de bom equilíbrio na boca, taninos firmes e aveludados com um final de boca saboroso e levemente apimentado. Acompanhou muitíssimo bem umas polpetas com molho de tomate. Preço por volta dos R$54,00.
Da Vinci Chianti DOCG 06, no meu conceito um degrau acima dos demais. Nariz intenso de frutas vermelhas, muito rico, sedutor, cremoso, fruta fresca na boca, taninos finos presentes, redondo, com uma acidez muito boa mostrando toda a sua aptidão para acompanhar um bom prato, neste caso braciola, yummy. De médio corpo e boa persistência, me agradou bastante. Preço ao redor de R$60,00.
Da Vinci Chianti Clássico DOCG 06, surpreendentemente pronto para o ano, mas mostrando estrutura para guarda de alguns anos mais. Boa paleta olfativa, ótima entrada e meio de boca, final saboroso, de média persistência mostrando muita harmonia e equilíbrio. Taninos presentes, mas de grande elegância, finos e sedosos, muito rico de sabores, um vinho sedutor que dá grande prazer de tomar e nos convida à próxima taça. Este eu tomei acompanhando um bom bate-papo e um queijo parmesão. Com um preço de cerca de R$72,00 foi, para mim, a melhor relação Qualidade x Preço x Prazer dentro os vinhos que provei.
Ainda tem os chilenos e argentinos, tem Brunello e Rosso di Montalcino, tem Super Toscano, mas isso deixo para um outro dia. Agora que lhe apresentei aos protagonistas deste post, só me resta recomendar uma visita para conhecer a loja e seus vinhos, mais um que provei e aprovei. Se quiser conhecer mais e visitar um de seus três endereços (Valinhos / Campinas e São Paulo) dê uma olhada em www.santaceiavinhos.com.br. O endereço de São Paulo fica na Rua da Consolação alí próximo à Alameda Franca, local simples e sem frescura com projeto para se tornar um point de encontro para os amantes de vinho na região dos Jardins.
Salute e kanimambo