Dia das Mães é dia de celebrar junto com aquela que me acompanha há 38 anos e que tem sido uma mãe exemplar e uma avó carinhosa que se derrete toda quando o netinho pede uma frutinha e senta do lado dela para juntos assistirem “desenho” na tv. É também um dia para relembrar das Mães que já não mais estão conosco, para lembrar das Mães que nas intempéries da vida não puderam estar por perto tanto quanto queriam, para saudar as Avós que por muitas vezes tiveram que reassumir o papel de mães de forma mais enfática, porque Mães sempre serão, já que a vida nem sempre se materializa como a imaginamos e desejamos, até alguns Pais que assumiram também esse papel em suas vidas. Este é sempre, também, um dia de nostalgia em que um monte de sensações e emoções tomam conta de meu coração e certamente de muitos outros como eu, uma mescla de felicidade e alegria com uma certa dose de saudade.
Minha homenagem hoje se inicia com uma história com raízes nos idos de 1960 quando muitos jovens portugueses foram enviados para a guerra nas províncias de Angola e Moçambique até 1974 quando a Revolução dos Cravos “liberou” as províncias que se tornaram independentes. Mas porquê dessa história, porque foi nessa época que uma canção embalou essas famílias separadas por uma guerra sem sentido, como todas, que ceifou vidas de lado a lado com muitas Mães perdendo seus filhos de forma irracional nas selvas africanas. Esta canção de titulo Mãe foi composta e gravada pelo Conjunto Oliveira Muge, por volta de 61 tendo sido há época proibida no Portugal continental sob o regime salazarista.
Eu não estive na guerra, era muito novo mas escapei por pouco, e mesmo vivendo em Moçambique passei boa parte de minha adolescência na África do Sul onde estudei em colégio interno dos 11 aos 18 anos. Dias difíceis aqueles pois duas pessoas que tanto se amavam tiveram que passar longos períodos separados por pura necessidade, mas o amor ultrapassa qualquer barreira e fronteira e a minha Mãe devo quase tudo o que eu sou, porque convenhamos, minha fiel escudeira também tem lá sua parte de responsabilidade, ou culpa, sei lá!! rs
A canção vem carregada de uma certa melancolia, repleta de amor, nostalgia, sofrimento e saudades tão tipicamente lusas, tendo servido de embalo e consolo a muitos naquela época e sempre foi um “hino” particular que eu e Dª Lourdes tínhamos como nossa música! A ela e a todas as mães que não puderam estar tão juntos “fisicamente” como desejavam ao longo da vida fica esta homenagem na voz do Conjunto de Oliveira Muge. Obrigado Mãe, saudades, não chores!
http://www.youtube.com/watch?v=rGCb1hl7i8I