Festival de Tempranillos ou Não!

       Sou fã desta uva e adorei a ideia das Enoladies, confraria de mulheres, em se reunir para provar vinhos desta cepa das mais variadas regiões da Espanha. Para apimentar um pouco o painel, inclui um (pensei eu) único vinho que não era 100% Tempranillo e não as deixei ver os contra rótulos das garrafas, mesmo sabendo o vinho sendo servido. Exercício sensorial legal, descobrir qual era o vinho que tinha um tempero extra! Seis vinhos que vieram de; Rioja, La Mancha, Ribera del Duero, Pago de la Guardia (Toledo), Castilla y Leon (Sardon del Duero) e Toro. Para começar os “trabalhos”, já marca registrada de todas as degustações que promovo, um espumante para limpar o palato preparando-o para o que está por vir, e desta feita um delicioso Collin Cremant de Limoux (Languedoc) muito fresco e cremoso, mais um fruto do garimpo que faço por esta vinosfera e que vale cada tostão gasto.

Canforrales Selección  (La Mancha) – um vinho bem saboroso e equilibrado, taninos sedosos, redondo e pronto que foi bem solo porém com a chegada dos outros vinhos de outro patamar de qualidade se ressentiu. Pelo preço, no entanto, um vinho que cumpre seu papel com galhardia. Abaixo de R$70,00.

Sierra Cantabria Crianza (Rioja) – riojano em sua essência, amadeirado no ponto, aquela baunilha típica, complexo e rico, taninos sedosos que evoluem na taça muito bem, fruta madura, notas terrosas, finalizando com toques achocolatados. Um vinho sedutor, tradicional, que não nega as caracteristicas desta região de origem. Preço ao redor de R$110,00.

Rivola (Castilla y Leon) – a Abadia Retuerta é uma Bodega que produz grandes vinhos em Sardon del Duero e este é um vinho de gama de entrada que leva 40% de Cabernet que apareciam nas nuances vegetais, em especial a azeitona, muito bem integradas, cremoso na boca um vinho que encantou a maioria. Muito boa paleta olfativa que convida ao próximo gole. Preço ao redor dos R$95,00

Elias Mora Tinto (Toro) – este rótulo é uma de minhas últimas descobertas, um vinho que consegue unir força com elegância num conjunto rico que encanta ao primeiro gole, pois é na boca que ele se mostra em todo seu esplendor com notas de fruto negros e algum tostado. O final de boca encanta, longo, algo especiado e vibrante. Preço por volta dos R$98,00.

Martúe (Campos Pago de la Guardia) – um vinho de Pago na Espanha significa que estamos diante de uma região ou vinhedo  de excepcional qualidade (são somente 13 no país) e este vinho não nega a raça. Já o comentei aqui, mas a cada garrafa que abro mais me seduz, um vinho encorpado,  muita fruta madura, complexo, taninos firmes mas aveludados e aqui minhas desculpas publicas às Enoladies pois este vinho também não era 100% Tempranillo, onde eu estava com a cabeça?!!  É sim um blend que justifica a complexidade do vinho, em que a menor parte é Tempranillo, mas valeu de qualquer forma porque o vinho é da hora. Cabernet Sauvignon (33%), Merlot (22%), Tempranillo (21%), Petit Verdot (13%) y Syrah (11%), um vinho imperdível, na minha opinião a melhor relação custo x prazer deste painel de vinhos, que custa R$98,00. Esteve presente no Happy Wine Time da Vino & Sapore faz umas duas semanas e foi um enorme sucesso.

Uma Cepa (Ribera del Duero) – uma garrafa por planta, é essa a relação fruta x garrafa desse vinho. Um vinho marcante, de produção meticulosa que aparece na taça. Já vendeu por R$135 chegou a 170,00. Está num patamar acima dos outros vinhos, mas o objetivo desses encontros não é só didático, é também se dar bem e este vinho cumpre com honras esse intento, um vinhaço que encanta e, se achado em promoção, tem que comprar de caixa. Denso, muito saboroso, untuoso, ótima textura, especiarias, frutos negros, musculoso porém com um toque de elegância no final de boca, fazendo jus aos vinhos da região que tradicionalmente se mostram bem mais encorpados do que os de Rioja. Um grande vinho a ser conhecido e não foi à toa que foi considerado o melhor vinho do encontro seguido do Elias Mora e Martùe.

No todo, uma seleção muito boa e muito saborosa que seduziu a maioria que posteriormente se esbaldou com um belo pedaço de Chipaguaçu, um quitute da hora trazido pela Mariana, mas esse é papo para outro post. Por hoje é só. Salute, kanimambo e nos vemos por aí ou por aqui, quem sabe onde nossos caminhos nos levam!

 

 

Páscoa Com Martúe e Espino Chardonnay Sem Salvaguardas, ufa!

       Para não me irritar, nesta Páscoa tentei nem pensar, nem ler, nem escrever nada sobre essa excrecência chamada Salvaguardas. Tentei me dedicar ao trabalho, aos amigos (obrigado pela visita Albert e espero que o Bacalhau tenha ficado bom) e especialmente à família. Tem algo mais maravilhoso que ver o neto se esbaldar com seu primeiro ovo de páscoa!!

         Esta sim é a melhor harmonização da Páscoa, felicidade entre a família e as gargalhadas desse moleque. Agora, não é por isso que devemos negligenciar os sentidos e necessidades mais básicas! Na Sexta-feira Santa, até as 13:30 não sabia o que fazer para o almoço já que eu e minha esposa estávamos sós. Ao fecharmos a loja, após breve abertura quando alguns amigos deram o ar de sua graça, passamos no supermercado e lá me encantei com uns camarões que insistiam em piscar para mim. Cerca de 15 horas e já estávamos nos deliciando com Camarão à Charlston (que na verdade deveria ser com bavette ou fetuccine) acompanhado deste coringa que é o gostoso Espino Grand Cuvée Chardonnay que a William Févre produz no Chile (Imp. Dominio Cassis) e que tem poucos concorrentes à altura nessa faixa de preço. Combinação da hora!

      Depois passo a receita, mas é super simples e a base é de limão siciliano, mas eu coloquei um algo mais que deu um toque especial e só fez os sabores extrapolarem. Bom demais e Domingo com a família toda, esta paleta de cordeiro na brasa com um delicioso e surpreendente Martuè, (Imp. Almeria) vinho que conheci ontem pela primeira vez, um espanhol de Pago na região de Toledo próximo a Madrid. Precisava saber se passava no crivo para entrar no portfolio da loja e o fez com louvor, baita vinho que fez uma “maridage” perfeita e maravilhosa com o Cordeiro. Caiu o queixo, mas da garrafa não sobrou gota para contar a história!!

          Depois de uma Páscoa tão bem harmonizada – Prato, Vinho, Familia – falar mais o quê? Só assistir a tempestade de granizo e secar o estrago!!!!!!!!!!

         Salute , kanimambo e para dizer que não falei das Salvaguardas, que tal Coca-cola Fermentada do Rio Grande do Sul? Leia aqui > http://clubedaenogastronomia.blogspot.com.br/2012/04/vem-ai-coca-cola-de-uva-fermentada.html?spref=fb . Amanhã tem mais, uma ótima semana para todos.