Um deserto é uma zona geográfica com menos de 400ml de chuva ano e grande amplitude térmica entre dia e noite podendo ser áridos (até 250ml), semi-áridos (250 a 500ml) e gelados (desertos polares com menos de 5ml. O Sahara recebe algo como 250ml anuais / Atacama, o mais seco, algo ao redor de 1ml a cada 5 ou dez anos / Gobi recebe aproximadamente 180ml ano e Mendoza entre 200 a 250ml! A proximidade dos Andes e sua águas de degelo junto com as famosas acéquias (canais) inicialmente construídos pelos índios Huarpes, posteriormente desenvolvidos pelos espanhóis que por lá aportaram, complementam as necessidades hídricas e faz com que a água, mais do que a terra, seja o mais valioso bem da região.
A partir de 1890, começa um trabalho de construção de diques que represam as águas de degelo possibilitando um maior crescimento e desenvolvimento de toda a região e da indústria do vinho. O Departamento de Irrigação é que controla a abertura das comportas que libera a água para as diversas vinícolas espalhadas pela região. Algumas terras também possuem poços o que faz com que sejam incrivelmente valorizadas, já que terra barata por estas bandas, quer dizer terra seca!
Atrás deste terroir que produz aproximadamente 70% do vinho argentino, veio gente de todos os cantos do mundo; franceses, italianos, portugueses, americanos, espanhol e com eles uma rica gastronomia num complexo e diverso caleidoscópio de sabores e aromas que vale muito a pena ser conhecido, até porque toda essa riqueza está bem próxima da gente e possui preços bem acessíveis. Difícil é escolher entre essa imensidão de vinícolas e grandes vinhos, as que visitar em tão curto espaço de tempo. Fazer três ou quatro viagens destas com 6 a 9 vinicolas sem repetir nenhuma é algo não só viável como desejável! Ficaram de fora um monte de lugares a visitar e certamente outras viagens serão necessárias, até porque devemos ter provado uns 56 a 60 rótulos porém meu chute é que hajam disponíveis em Mendoza mais de 13.000 ou seja, mal raspamos a superfície desse mar de vinho abençoado por Baco.
Eu estive por lá mais uma vez, desta feita com a WFTE (Wine Food Travel Experience) um projeto que retomei depois de um longo hiato, levando um grupo de 13 amigos e leitores numa viajem de descobrimentos que durou quatro saborosos e intensos dias que já deixam saudades do lugar, dos vinhos, dos pratos e especialmente dos agradáveis momentos passados com um grupo de pessoas especiais. Aqui no blog vou relatar e compartilhar com os amigos que não puderam nos acompanhar e ficaram curiosos, nossas visitas e jantares o que não deixa, também, de ser uma forma de reviver esses momentos e matar saudades. Acompanhe nossas atividades e meus comentários sobre os locais, vinhos e comida nos próximos dias. Salute e kanimambo