Merlot é Vinho de Mulherzinha.

Quem já não escutou isso?? Eu já e um monte de vezes, mas, cá entre nós, tremenda asneira e mostra que quem eventualmente tenha expressado tal ideia não entende nada, nem de mulher e muito menos de vinho!! rs Brincadeiras à parte, cansei de ouvir gente dizer que não gosta de Merlot e a estes sempre respondo de uma só forma, “que pena, ia te dar um Petrus”! Sim, para quem não sabe este ícone de Bordeaux e mundial é elaborado com 100% de merlot, salvo um ou outro ano em que até 5% de Cabernet Franc podem ser usados.

Mas porquê do titulo deste post, afora chamar sua atenção obviamente (rs)? Porque fui convidado pelo amigo Walter Tommasi (editor de vinhos da Go Where Gastronomia) a participar de um encontro de uma de suas confrarias da qual fazem parte alguns outros amigos. Tema, Merlots com mais de 10 anos, ás cegas obviamente. Afora o enorme prazer de rever os amigos, mais uma confirmação de que a Merlot pode e gera alguns vinhos de muita estrutura e bem longevos como em Bordeaux, margem direita onde ela está mais presente, que mostra isso faz décadas. Como com qualquer casta, o que ocorre com o vinho tem a ver com terroir e muito com o que o enólogo quer extrair dela. Sim, existe um traço, uma característica, uma linha mestra que pode estar presente na maioria dos vinhos de uma mesma casta, mas as variáveis são tão grandes que, pelo menos eu, evito generalizar e dizer, “olha os vinhos desta uva são assim” da mesma forma que não dá para fazer isso com gente de uma região, de um país, de uma religião ou de uma preferência política, não acredito nisso!

Nesta degustação, essa premissa esteve bem presente, vinhos bem diferentes entre si expressando a vontade do terroir e, certamente, do enólogo. Painel muito interessante, uma confirmação e um desejo que vai ficar na minha lista de a realizar. Eis um resumo do que provei na ordem de serviço:

SIMSIC Teodor Rdcec 2006 – da Slovenia, fechado nos aromas, boca bem frutada, equilibrado, final longo com um toque especiado, taninos bem integrados e macios. Leva 15% de Cabernet Sauvignon e para mim se mostrou o mais pronto de todos os vinhos provados. Meu quinto vinho, sendo que para o resto do pessoal ficou em quarto.

Cholqui Tres Palacios 2006 – do Chile, mostrou-se mais químico no nariz, na boca é gordo, toque vegetal mais presente, taninos rústicos, boa estrutura, mais pegada, parecia mais jovem do que é. Meu terceiro colocado com 90 pontos, mas para a maioria ficou em segundo.

Podalirio da Quercetto de Castellini 2005 – IGT da Toscana, um tremendo vinho (pensei que fosse Bordeaux), nariz intenso com notas florais, boca firme, terroso, bom volume de boca, taninos firmes mas muito finos, alguma especiaria, ótima persistência deixando um gostinho de quero mais na boca. Baita vinho e na minha avaliação o melhor vinho da noite, dei-lhe 92 pontos, o que acabou sendo vero também na contagem geral da turma. De longe o melhor Merlot italiano que já tomei e meu desejo, mas deverá ter que vir de fora, porque acho que ninguém o está trazendo.

Storia Merlot 2005 da Valduga – não o reconheci, mudou desde a última vez que o provei já lá vai um par de anos. Sua pontuação, no entanto, foi igual há que lhe dei nessa última avaliação 91 pontos e sempre que o provo fica por aí, entre 90 a 92 pontos. Na minha opinião um vinho especial de uma safra especial, mas que nunca mais conseguiu o mesmo êxito mesmo seguindo sendo um belo vinho. Denso, frutos negros suculentos, taninos ainda bem presentes e aveludados mostrando que há ainda potencial para evolução, nariz intenso, notas achocolatadas, primeira linha e meu segundo colocado no painel, terceiro para a maioria. A confirmação.

Antenata Bindella 2007 –  mais um italiano da Toscana. Jovem, bem jovem ainda com muitos anos pela frente. Taninos bem presentes ainda por integrar, nariz tímido, na boca muito boa estrutura, algo rústico mostrando uma acidez acentuada, algo vegetal, muito bom vinho, mas vai melhorar mais com um bom par de anos pela frente. Foi meu quarto vinho e quinto do resto da turma.

Chateau Ampelia 2000, Cotes de Castillon, Bordeaux – algo químico, acetona me veio à mente, corpo médio, álcool mais presente, notas herbáceas, faltou personalidade e ficou entre os meus últimos colocados do painel acompanhando a maioria.

Nelson Neves 2009 – um representante luso da região da Bairrada. Boa tipicidade aromática, mas sutil, de baixa intensidade, algo tímidos. Na boca seus 14,5% de álcool estão bem aparentes afetando o conjunto, vegetal bem presente, especiarias, taninos mais rústicos e bem presentes, para mim o vinho de pior nota. Tem qualidades, porém a meu ver com muitas arestas, quem sabe precise de mais tempo para se encontrar ou, quiçá, para eu entendê-lo! rs

Chateau de Millery Saint Emilion Grand Cru 2004, Bordeaux – esta propriedade pertence ao Chateau Figeac (um dos grandes de Bordeaux) e é composto de Merlot com um toque de 10% de cabernet Franc. Para simplificar e ir direto ao ponto, um vinho difícil. Frutos negros com notas terrosas, duro na boca, fósforo, álcool aparente, taninos ainda bem presentes, madeira por integrar, um vinho que não me empolgou e e fiquei um pouco frustrado ao saber a quem pertence. Foi o último colocado da noite, para mim o penúltimo.

 

Por menos generalizações e preconceitos para com determinadas cepas, afinal as variáveis na vinificação e terroirs são tão grandes! Uma ótima semana para todos e kanimambo pela visita.

Saúde

 

 

Paradoxo Merlot

Hoje tem Wine Bar com a Salton e, como convidado a participar do evento, recebi algumas garrafas para prova. Tínhamos para almoço de Domingo um singelo lombo no forno com batatas e arroz então decidi me antecipar (normalmente atraso, rs) ao encontro do Wine Bar e acabei abrindo esta garrafa do Paradoxo Merlot 2012 para acompanhá-lo. Nada de complexidades nem grandes rasgos culinários e o vinho acompanhou bem a essa premissa.

          O nome, bem bolado por sinal e com uma certa dose de poesia, vem do fato que há alguns anos atrás se achava impossível ter qualidade de vinhedos nessas regiões e; quando o impossível se torna realidade, se converte em paradoxo. Este vinho é elaborado com uvas de parceiros da vinícola na Campanha Gaúcha que tem mostrado, junto com Encruzilhada do Sul, ser uma região produtora de grande futuro. Já mencionei num post anterior sobre vinhos desta vinícola, que gosto de sua politica de precificação e qualidade, produzido muitos bons vinhos de entrada de gama e médios, com consistência. Este é mais um exemplo disso que falei, pois é um vinho na casa dos 25 Reais que entrega o que promete e disso eu gosto.

Salton Paradoxo merlot e lombo         O lombo levemente temperado com ervas e vinho branco se apresentou á mesa bem suave e o vinho; com taninos macios e maduros, boa fruta e acidez no ponto,  prima pelo equilíbrio o que o fez um parceiro à altura do prato não passando por cima nem ficando devendo, que é o que se procura numa harmonização. Apesar de seis meses de barrica (50/50 francesa e americana) que acredito deva ser de segundo ou terceiro uso, a madeira se mostra bem integrada deixando umas notas de especiarias mais presentes no final de boca de média persistência, talvez fruto dos seis meses em garrafa antes de ser colocado no mercado. Acho os Merlots nacionais os melhores (relação qualidade x quantidade) da região e este vem comprovar isso numa faixa de preço difícil de encontrar concorrentes argentinos e chilenos (da mesma uva) com a mesma estirpe.

          Hoje á noite, tendo um tempinho, não deixe de acompanhar o Wine Bar com a Salton pois tem novidade na área e eu também estou curioso em provar o Septimum! Salute, kanimambo e nos vemos mais tarde

Sublime Simplicidade

        Muitas vezes ficamos quebrando a cabeça, criando os mais complexos pratos e buscando as mais incríveis harmonizações com um vinho à altura. Na maioria das vezes, no entanto, o menos é mais e aqui está um belo exemplo disso, um simples arroz de bacalhau com brócoli e um saboroso e macio merlot da Villaggio Grando de companhia.

         Os vinhos da Villaggio Grando me são muito apetecíveis e não é de hoje tendo já provado toda a sua linha de produtos que agora, com uma política mais adequada de preços, valem quanto pesam. Este Merlot 2007  é de cor rubi, média  concentração e leve halo. Delicado aroma frutado, ameixas,  chocolate, toques químicos e defumado  agradável.  Alta acidez, corpo médio e persistência longa, final de boca elegante, taninos finos e muito agradável. Já o bacalhau; desfiado e refogado com o brócoli juntando-se no final o arroz que cozinhou com parte da água advinda da última dessalgada  (24 horas na geladeira com 4 trocas) do bacalhau, é um prato fácil e rápido de ser elaborado, muito saboroso e leve mesmo que regado com bastante azeite do bom. O equílibrio foi perfeito e recomendo aos amigos tentarem esse encontro para confirmar como este mundo da enogastronomia, graças a Deus, não é nada binário. Aqui matemática não explica, mas dois mais dois não somam quatro e sim muito mais.

         Com 600grs de bacalhau desfiado, comida para cinco e eu, obviamente, comi  mais do que devia, porém ainda restou esse pratinho que matei solito no dia seguinte. Ainda sinto o gostinho e olha que já faz mais de uma semana!!!

Salute e kanimambo

Uvas & Vinhos – Merlot

          Como prometido, começamos hoje a publicar os posts sobre as uvas e os vinhos que compõem nossa vinosfera. Mais do que falar sobre as uvas, forneceremos uma lista de vinhos que acreditamos representar bem o caleidoscópioMariana de sabores, aromas e estilos dessa cepa. Optei por começar falando de Merlot, porque neste último mês falei muito de vinhos elaborados com esta uva, tive degustações e embates, mas mais que tudo pela confusão que o amigo, de nossa historinha da semana retrasada, fez quanto às características desta gentil cepa, fato que motivou esta coluna quinzenal que assino junto com a amiga e parceira, Mariana Morgado. Para quem ainda não a conhece, ó ela aqui do ladinho >>>>>>>>>

           Uva tinta de origem francesa da região de Bordeaux. É cultivada em toda a região do Sudoeste da França, com maior destaque nas regiões de Pomerol e Saint Émilion, margem direita de Bordeaux, onde junto com as uvas Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, compõe o tradicional corte bordalês, podendo também receber um pouco de Malbec e Petit Verdot no corte. Para quem se atreve a dizer que não gosta de Merlot, um lembrete para o fato de que o ícone Petrus é elaborado em Saint Émilion com cerca de 95% Merlot ou seja, é técnicamente um varietal desta cepa! Tem a certza que não gosta de merlot, ou será que você simplesmente ainda não tomou o vinho certo?

            Hoje em dia, é uma das uvas tintas mais cultivadas no mundo, competindo somente com a Cabernet Sauvignon como a uva tinta mais conhecida. É a uva tinta mais plantada em Bordeaux, somando 101 mil hectares plantados contra os 53 mil hectares de Cabernet Sauvignon. Apesar de ter sido achacada no filme Sideways com influência negativa no mercado consumidor, especialmente o americano, no mundo, já existem mais de 250.000 hectares de vinhedos plantados com esta delicada cepa e seu volume comercial volta a avançar.

Em geral, os vinhos da Merlot podem ter dois estilos básicos:

  • Quando as uvas são colhidas o mais tardiamente possível para gerar uma maior concentração e intensidade de cor e aromas de frutas, como ameixa e amora além de taninos macios e maduros combinados com bom corpo, graduação alcoólica e notas de frutas maduras. Tudo isso ainda pode ser complementado por estágio em barricas de carvalho, em geral francês. Este seria um padrão “internacional” de vinhos com Merlot, muito encontrado em vinhos do Novo Mundo.
  • Quando a opção é por colher as uvas antes, quando atingam seu grau correto de maturação (normalmente a Merlot amadurece pelo menos uma semana antes que a Cabernet Sauvignon), gerando vinhos com corpo e graduação alcoólica mais leves e sedosos, mas com maior acidez e aromas de frutas vermelhas maduras, como framboesa e morango, e ainda algumas notas vegetais. Essa seria a versão francesa dos tintos da Merlot.

Merlot Grapes         Quando vinificada sozinha como varietal gera, tradicionalmente, vinhos macios, fáceis de beber, com taninos sedosos e redondos para serem bebidos geralmente mais jovens, entre três a cinco anos, exceção feita a grandes vinhos de terroir que podem e vão mais longe. Quando mesclada à Cabernet Sauvignon e Tannat, resulta em vinhos de maior estrutura, equilíbrio e potencial de envelhecimento ajudando a amaciar estas cepas mais poderosas e bastante tânicas.

         Com exceção das regiões de Médoc e Graves, margem esquerda de Bordeaux, onde a Cabernet Sauvignon predomina, além de St-Émilion e Pomerol, encontramos vinhedos de Merlot também em Côtes de Bourg, Blaye, Fronsac. Além disso, está presente na maioria das regiões vinícolas do mundo, como Califórnia, Austrália, África do Sul, Brasil, Uruguai, Chile (onde, durante muito tempo foi confundida com a casta Carménère), na Itália (na região da Toscana, onde entra em muitos cortes dos Super Toscanos, Friulli e Sicilia) e muitos outros.

         Definir características olfativas, em qualquer vinho, acho meio temerário devido á enorme diversidade de estilos e terroirs, mais ou menos concentração, mais ou menos madeira, etc., no entanto, para aqueles que preferem tintos de estrutura média, taninos macios, agradáveis sabores, aromas de frutas vermelha e delicadas notas herbáceas, experimentem os Merlots produzidos mundo afora. Dê uma especial atenção aos rótulos Brasileiros onde esta cepa tem demonstrado uma enorme capacidade de adaptação, gerando ótimos vinhos em diversas faixas de preço e estilos. Aqui abaixo listarei algumas boas opções de rótulos com preços aproximados, que recomendo, mas garimpe, são inúmeros os bons vinhos disponíveis no mercado.

  • Villaggio Grando 2006 – Santa Catarina – R$45,00
  • Dal Pizzol – R$30,00
  • Marco Luigi Varietal – R$24,00
  • Marco Luigi Reserva da Família – R$ 32,00
  • Cordelier garrafa velha 2007 – R$18,00
  • Cordelier Reserva 2006 – R$25,00
  • Pizzato Reserva 2005 – R$35,00
  • Cavalleri Reserva 2005 – R$32,00
  • Salton Volpi 2005 – R$24,00
  • Vina Carmen Reserve 2005 – Mistral / Chile – R$51,00
  • Salton Desejo 2005 – R$60,00
  • Miolo Terroir 2005 – R$60,00
  • Valduga Premium 2007 – R$35,00
  • Storia 2005 – Valduga – R$110,00
  • Casillero Del Diablo 2007 – VCT Brasil / Chile – R$30,00
  • Marqués de Casa Concha 2006 – Expand / Chile – R$78,00
  • Fabre Montmayou Patagônia Gran Reserva – Expand / Argentina – R$98,00
  • La Butte Vieilles Vignes 2005 – Mistral / França – R$ 85,00
  • Wente Crane Ridge 2004 – Vinhos do Mundo / USA – R$98,00
  • Fleur du Cap Unfiltered 2004 – Casa Flora / África do Sul – R$83,00
  • Smithbrook 2005 – Wine Society / Austrália – R$75,00
  • Chateau la Monastere 2005 – Merlot, Cabernet Sauvignon e um tico de Malbec – Expand / Bordeaux – R$60,00
  • Chateau Puycarpin 2006 – Merlot, Cabernet Sauvignon e Franc – Zahil / Bordeaux – R$69,00
  • Chateau La Guérinniére 2005 – Merlot com Cabernet Sauvignon – D’Olivino / Bordeaux – R$98,00
  • Chateau Noaillac 2005 – Merlot, Cabernet Sauvignon e um tico de Petit Verdot – Decanter / Bordeaux – R$104,00
  • Pisano Rio de Los Pajaros Tannat/Merlot 2005 – Mistral / Uruguai – R$30,00
  • Don Pascual Tannat/Merlot 2007 – Expand / Uruguai – R$39,00
  • Cordilheira de Sant’ana Tannat/Merlot 2005 – Brasil – R$46,00
  • Cuvée Marguerite 2002 – Chateau Desclau – Vinea Store/Bordeaux – R$98,00
  • Bouza Tannat/Merlot 2006 – Decanter/Uruguai – R$85,00
  • Alain Brumont Côtes de Gascogne Tannat/Merlot 2006 – Decanter / França – R$49,00.

Clipboard Merlot

             Harmonizar Merlot e comida é relativamente simples divido à característica menos tânica do vinho tornando-o um vinho bastante “amistoso”. Como o segredo de qualquer harmonização é o equilíbrio do peso do vinho com o do prato, o ideal é servir estes vinhos acompanhando pratos mais delicados como frango, peru, vitela, pato, carnes grelhadas sendo que a combinação de Merlot com pratos em que cogumelos façam parte de sua elaboração é  particularmente saborosa. Desta forma, carne assada com molho marsala/madeira ou strogonoff de carne, por exemplo, são duas ótimas combinações que devem resultar naquela matemática característica de qualquer harmonização bem feita em que a soma de um mais um iguala três!

            Agora, se o estilo do vinho for de um caldo mais encorpado, aí pode-se buscar pratos mais elaborados lembrando que a melhor harmonização é aquela que lhe dá maior prazer e satisfação, não existem regras e estas são somente algumas dicas que podem lhe ajudar na busca do “casamento” ideal. Não sei se os especialistas recomendariam, mas uma vez tomei um saboroso Merlot Reserva da Familia do Marco Luigi acompanhando um fettucine com rabada desfiada e rucula, que estava de lamber os beiços! Nos finais de semana gosto de fazer uns sandubas em casa como hamburger de picanha grelhada, presunto cru com brie e até algumas variações de bruschetas e acho muito gostoso acompanhar esses lanches com vinhos tintos leves e de taninos delicados o que, invariavelmente, me faz escolher um merlot jovem com pouca ou nenhuma madeira, taninos doces e macios como acompanhamento.

             Bem, é isso e, para variar, me alonguei demais. Daqui a quinze dias voltamos, Mariana e eu, a falar de Uvas & Vinhos. Os comentários, duvidas, criticas (vê se não bate muito forte) são sempre bem-vindos especialmente se for para acrescentar conhecimento e nos fazer melhorar. Se quiser ver mais, acesse os links a seguir:

http://falandodevinhos.wordpress.com/2009/06/10/merlots-brasileiros-para-que-outros/

e

 http://falandodevinhos.wordpress.com/2009/07/01/desafio-merlots-do-mundo-resultado.

Salute e kanimambo

Novo Desafio – Merlots do Mundo.

Meus amigos, mais um Desafio de Vinhos se avizinha, desta vez com 13 rótulos! Não será um Desafio, será uma maratona, mas vamos que vamos. Colocarei na disputa Merlots do Mundo com a inclusão de dois fortes participantes brasileiros o Miolo Terroir e o Storia, ganhadores que foram da degustação de merlots nacionais realizada pela revista Freetime. Vejam abaixo a lista dos Desafiantes a; Melhor Vinho, Melhor Custo x Beneficio e Melhor Compra, títulos que serão outorgados pela média de notas e votação dos membros da banca presentes.

  • De Portugal o Má Partilha 01, para mostrar que o país não só vive de uvas autóctones – Quinta da Bacalhôa / Portuscale – R$120,00
  • Da Argentina o Fabre Montmayou Patagonia Gran Reserva 05, vinho que provei há uns tempos atrás e me encantou mostrando que a Merlot também dá bons vinhos por lá – Expand – R$98,00
  • Da Espanha o Abadal 5 de 2003, um corte de cinco clones de origens (Califórnia, França e Itália) e parcelas diferentes dentro do vinhedo – Decanter – R$113,60.
  • Da Australia o Smithbrook 05, dentro do limite mínimo exigido pela banca (85%) possuindo 86% de Merlot. Um dos poucos a não ser 100% Merlot – Wine Society – Austrália– R$75,00.
  • Do Chile o Marqués de Casa Concha 05, desafiante que dispensa apresentações – Expand – R$78,00
  • Da África do Sul o Fleur du Cap Unfiltered Merlot 05 – África do Sul – Casa Flora – R$83,00
  • Do Brasil o Storia 05Valduga – Brasil – R$105,00 (de R$90 a 120)
  • Do Brasil Miolo Terroir 05Miolo – Brasil – R$65,00
  • Da Itália o Planeta Merlot 05, mais precisamente da Sicília e um dos Desafiantes mais respeitados e conceituados – Interfood – R$143,00.
  • Dos Estados Unidos o Wente Crane Ridge Merlot 04, de um dos produtores americanos mais antigos, este vinho contém 98% de Merlot, os outros 2% conto depois – California/EUA – Vinhos do Mundo – R$98,80
  • Da França o Chateau La Butte Vieilles Vignes 2005, um Desafiante de peso vindo da região berço da Merlot no mundo – Bordeaux/França – Mistral – USD43,50.

Afora estes onze Desafiantes listados acima, escalei dois desafiantes surpresa que serão apresentados somente após o término da contenda que, como de praxe, será realizada às cegas. Como 13 não é um Fotos Pietro 005número que traz bons fluidos, talvez ainda inclua um décimo-quarto desafiante ainda a ser escolhido. O Embate será realizado nas aconchegantes instalações da Trattoria do Pietro no Morumbi, ali próximo ao Portal do Morumbi na Av. Guilherme D. Vilares 1210, no shopping Open Center. Parceiro da Decanter, como este blog, possui uma carta de bons vinhos e pratos saborosos com preços honestos, tendo tudo para vir a se tornar mais um parceiro de Falando de Vinhos.

Em breve retorno com mais noticias sobre este embate. Quem ganhará, brasileiro ou estrangeiro? Quer arriscar um palpite?

Salute e kanimambo.

Merlot Brasileiro – Para quê outros?!

               No post sobre a degustação de Châteauneuf-du-Pape publicado nesta última Segunda, falei de que na seqüência provamos um painel de doze rótulos dos bons Merlots brasileiros. Pois bem, ficou claro que, por mais que os produtores busquem a uva ícone brasileira; Merlot, Cabernet Sauvignon, Marselan, Egiodola e Ancelotta entre outras, é na Merlot que nosso terroir mostra sua cara numa enorme quantidade de rótulos de muito bom nível. Na minha modesta opinião e para muitos dos que apreciam bons vinhos, enófilos desprovidos de preconceitos, é na Merlot que devemos apostar nossas fichas e, apesar de já estar claro que esta é nossa cepa principal, ainda não aprendemos a lidar com esse fato do ponto de vista mercadológico. A Merlot é decididamente nossa grande cepa e, como veremos na degustação abaixo, não só na Serra Gaúcha não. Reproduzo abaixo os comentários e resultados conforme constam na revista Freetime já nas bancas.

             Desta feita, apesar de minhas notas estarem bem parecidas com a média alcançada, somente acertei o primeiro (Storia) e o último, no meio uma salada só. Para terem uma idéia do equilibrio, nas minhas notas eu tenho nada mais, nada menos do que quatro rótulos empatados em segundo lugar! De ressaltar a boa média de pontuação, sem grandes variações, com dez, das doze notas, acima de 85 pontos ou seja, vinhos de muito boa qualidade. Costumo dizer que nossos Merlots,  preço por preço, batem a maioria dos importados e que na faixa mais baixa são invencíveis. Este painel só veio confirmar isso e agora resta-me colocar alguns destes vinhos num Desafio  de Vinhos Merlots no Mundo o que farei neste mês de Junho, colocando frente a frente nossos melhores contra vinhos da; França, Espanha, Argentina, Itália, Chile, Australia, Portugal e África do Sul. Nos próximos dias falarei mais dessa “contenda”. Maiores destaques e Best Buys deste painel, no meu conceito,  foram o Pizzato Reserva, o Dal Pizzol e o Cavalleri Reserva todos com preços médios no mercado entre R$ 28 e 35,00 (minha pesquisa). Vamos aos vinhos conforme notas e comentários da revista:

Merlot TerroirMIOLO MERLOT TERROIR 2005 – Rubi violáceo, alta concentração, sem halo. Complexo, predominando frutas vermelhas maduras, amora, tostado agradável, caramelo, especiarias. Potente com ótima acidez, taninos muito finos, envolvente, volumoso, persistência longa e retrogosto frutado com toques de alcaçuz – Preço R$ 60,00 – Nota 88.7

 

Merlot Storia labelVALDUGA STORIA GRAN RESERVA 2005 – Rubi intenso, brilhante, sem halo. Complexo, muito frutado, cerejas, ameixas, especiarias, café, menta, floral, baunilha e toques lácteos. Redondo, ótima acidez, taninos doces, estruturado, longo, retrogosto frutado muito agradável – Preço R$ 120,00 – Nota 88.7

 

Merlot Desejo labelSALTON DESEJO 2006 – Violáceo,alta concentração,sem halo. Complexo frutado, especiarias, pimenta preta, sous bois, anis, tabaco e toques de coco e baunilha. Jovem com ótima acidez, taninos finos, encorpado, persistência longa e final de boca agradavelmente frutado – Preço R$ 59,00 – Nota 87,3

 

LUIZ ARGENTA GRAN RESERVA 2005 – Violáceo, alta concentração,sem halo. Muito frutado, amoras em compota, especiarias, toques florais, e vegetais lembrando menta. Elegante, ótima acidez, taninos presentes, bom corpo e persistência, e final de boca muito agradável – Preço R$ 50,00 – Nota 87,0

 

Merlot Dal PizzolDAL PIZZOL MERLOT 2005 – Violáceo, média concentração, sem halo. Complexo com destaque para frutas vermelhas maduras, pimenta, couro, animal, toques de baunilha, lácteo. Acidez correta, taninos ainda ligeiramente verdes, corpo correto e boa persistência, final de boca agradável – Preço R$ 28,00 – Nota 86,6

 

Merlot Reserva PizzatoPIZZATO RESERVA 2005 – Violáceo, alta concentração, sem halo. Frutado, vinoso, toques terrosos, especiarias, agradável  tostado e um delicado anis. Ótima acidez, taninos jovens finos, bom corpo e persistência. Retrogosto frutado – Preço R$ 37,00 – Nota 86,6

 

 

Merlot Villaggio LabelVILLAGIO GRANDO 2006 – Rubi, média  concentração e leve halo. Delicado aroma frutado, ameixas, sous bois, chocolate, toques químicos e defumado  agradável.  Alta acidez, corpo médio e persistência longa, final de boca elegante. Pede comida.  – Preço R$ 77,00 – Nota 86,6

 

LIDIO CARRARO GRANDE VINDIMIA 2004 – Granada, média concentração, halo de evolução presente. Aromas frutados evoluídos, passas, sous bois, café, chocolate, toque terroso. Ótima acidez, taninos presentes, bom corpo e persistência retrogosto de passas lembrando o olfativo – Preço R$ 79,00 – Nota 86,4

 

 CAVALLERI PECATO RESERVA 2005 – Violáceo, alta concentração sem halo. Frutado, framboesa, toque adocicado,caixa de charutos, e leve herbáceo .Acidez correta,taninos presentes ainda verdes, bom corpo e persistência. – Preço R$ 31,00 – Nota 86,0

 

VALDUGA PREMIUM 2005 – Violáceo, ultra concentrado, sem halo. Frutado com toques químicos, tabaco, chocolate amargo, torrefação. Ótima acidez, taninos verdes, bom corpo e persistência longa, final de boca amendoado. – Preço R$ 33,00 – Nota 85,8

 

DON LAURINDO ENCORPADO 2006 – Violáceo, alta concentrado, sem halo. Frutas vermelhas compotadas, cerejas, pimenta preta,toque de eucalipto. Boa acidez, taninos ainda jovens, bom corpo e persistência.  – Preço R$ 30,00 – Nota 84,6

 

CORDILHEIRA DE SANTANA 2004 – Rubi, média concentracão, leve halo. Frutas vermelhas evoluídas, ameixa, floral, toque mineral. Alta acidez, taninos ainda verdes, corpo médio e persistência longa, retrogosto frutado.  – Preço R$ 46,00 – Nota 81,5

 

Vejam agora os vinhos favoritos de cada degustador e a nota dada por ele ao exemplar escolhido.

  • Alessandro Tommasi – Merlot Terroir Miolo – Nota – 88,5
  • Beto Acherboin – Merlot Terroir Miolo – Nota – 89,5
  • Débora Breginski – Merlot Terroir Miolo – Nota – 89
  • Carlos Hakim – Salton Desejo – Nota – 88
  • Didú Russo – Dal Pizzol Merlot –Nota 85
  • João Filipe Clemente – Storia Valduga – Nota – 90
  • José Luiz Pagliari – Lidio Carraro Grande Vindímia – Nota – 88
  • José Oswaldo Borges – Salton Desejo – Nota – 92
  • Miguel Lopes – Storia Valduga – Nota – 91
  • Paulo Sampaio – Salton Desejo – Nota – 89
  • Renato Frascino – Merlot Terroir Miolo – Nota – 92
  • Walter Tommasi – Storia Valduga – Nota – 90

Salute e kanimambo

Cinco Vinhos

                 Final de tarde de Domingo muito agradável, sentado no terraço enquanto me delicio com uma taça de Vinho do Porto Quinta de Baldias Tawny (Lusitana), escrevo sobre estes cinco vinhos tomados ao longo destes últimos dias, período no qual me debrucei na prova e descoberta dos vinhos de Bordeaux e Languedoc sob os quais estarei escrevendo a partir da próxima semana. Sem muita escolha, seleção ou ciência, na verdade apenas uma coletânea de opiniões e sensações que gostaria de compartilhar. São vinhos que cabem no bolso, com preços que variam entre R$25 a 37,00, e que me souberam bem.

 

La Florencia 2005, Mendoza, Argentina.  Este rótulo possui também outros varietais dos quais o mais conhecido é o Malbec. Eu tomei o Merlot, porque queria algo diferente e há muito busco encontrar um de qualidade e preço médio na Argentina. A cor é de um rubi profundo e bonito, com bom brilho. Os aromas não me chamaram a atenção, mas na boca aparece alguma fruta vermelha com algumas notas herbáceas e algo defumado ao final, de corpo médio, boa intensidade e um leve amargor no final. De taninos firmes já maduros sem grande adstringência e baixa acidez. Bem feito, mas seu estilo austero não me encantou. Vinho correto por cerca de R$32,00.

 I.S.P.  

 

Monte do Vilar Tinto 2005, Alentejo, Portugal. (Lusitana) Um vinho com a cara do Alentejo, elaborado com Aragonês e Trincadeira, corte típico desta região. Bela paleta aromática de boa intensidade onde aparecem claramente frutas vermelhas e algo de café tostado. Na boca, a sensação olfativa se confirma com acentuação em fruta madura e boa acidez num vinho de corpo leve e fácil de agradar que certamente se dará bem, levemente refrescado, acompanhando um arroz de bacalhau e brócolis ou um churrasco de carnes menos gordurosas ou, quem sabe, até um arroz de pato. Taninos maduros e macios num saboroso final de boca. Por cerca de R$28,00 meu I.S.P.  $   

Marco Luigi Reserva da Família Merlot 2003, Bento Gonçalves, Brasil. Este produtor tem uma série de produtos de que sou fã. Possui um Merlot básico varietal por cerca de R$22,00 que é muito saboroso, um Conceito Tempranillo por cerca de R$30,00 que também acho bastante interessante, assim como os espumantes dos quais destaco o Reserva da Família Brut e o Moscatel. Desta vez tive o prazer de tomar este muito saboroso Merlot da linha Reserva da Família. É realmente, um vinho mais evoluído, de médio corpo com álcool bem comportado em 13º, bom volume de boca, boa acidez, taninos maduros, finos e elegantes estando, na minha opinião, no auge para ser tomado. De interessante complexidade tanto no nariz como na boca, é um vinho de persistência média e bom final de boca que só vem comprovar minha tese de que, nos níveis médios de preço, os Merlots nacionais não devem para ninguém. Um dos bons produtos nacionais disponíveis no mercado e bem posiconado no quesito preço considerando-se a qualidade oferecida. Uma pena que em São Paulo não seja muito fácil de encontrar. Por cerca de R$33,00, vi no site da Costi Bebidas em Porto Alegre. I.S.P.  $ 

Callia Alta Shiraz (syrah)/Malbec 2006, Mendoza, Argentina. (BR Bebidas / Kylix) Pelo que pesquisei, este produtor parece trabalhar muito bem os vinhos de corte tendo a Shiraz, ou syrah, como sua casta dominante. Este corte, especificamente, achei muitíssimo agradável e fácil de tomar. Vinho correto, descompromissado, nariz de boa fruta fresca, taninos finos maduros, plenamente integrados, macio e sedoso, ótimo para acompanhar uma pizza, um bom cheese-salada, mesa de frios ou coisa do gênero. Dentro do estilo, e com um preço ao redor de R$26,00, é um vinho que satisfaz e que incentiva a  provar os outros cortes; Shiraz/Cabernet e Shiraz/Bonarda.

I.S.P. $

Masseria Trajone, Nero D’Avola, Sicília, Itália 2004. (Vinci/Portal dos Vinhos) Não sou um especialista ou grande conhecedor de vinhos Italianos, mas é o segundo vinho elaborado com esta cepa autóctone, que tomo e aprovo. O outro, o Passo Delle Mule, é um espetáculo de vinho que me encantou, tendo-o comentado num post anterior, e está num patamar de preços bem mais alto. Este é um vinho menos elaborado, mas segue sendo extremamente prazeroso de tomar. Tem uma paleta aromática bastante intensa e na boca é puro prazer. Muito equilibrado, boa estrutura, redondo, macio, boa acidez, enche a boca de prazer num final de boca médio e muito saboroso. Um belo achado por este preço de cerca de R$37,00, faixa em que contracena com o Altano, um vinho do Douro importado pela Mistral, mas que não faz parte desta análise, e que é outro belo produto por um preço incrível.

Meu I.S.P. $