Carmignano DOCG, seu maior representante, a Tenuta di Capezzana com documentos que mencionam a região datados de 804!! Tive contato com a Tenuta di Capezzana no encontro da Mistral de 2009, os famosos Tour Mistral que encantam com tantos produtores de excelência, e adorei, tanto que já tive alguns rótulos na Vino & Sapore inclusive seu gama de entrada Monna Nera que é da hora e um pouco mais acessível. Desta feita fui convidado a participar de uma degustação matinal com a presença de Leone Contini Bonacossi o representante da 5º geração da família. Muitos e ótimos vinhos com alguns rótulos que me entusiasmaram e todos orgânicos desde 2009, exceção feita (creio eu) ao Monna Nera.
Carmignano é uma DOCG desde 1990, localizada a noroeste de Firenze, porém há mais de 12 séculos produz vinho. Foi a primeira região da Toscana a ter a Cabernet Sauvignon homologada dentro de uma DOC ou DOCG sendo que exige (dentro da DOCG) que esta cepa represente um mínimo de 10%. Os vinhos da região exigem um minímo de participação de 50% de Sangiovese e permitem a inclusão de outras uvas como; mínimo de 10 até 20% de Cabernet Sauvignon ou Franc, até 20% de Canaiolo Nero, até 5% de Mammolo e Colorino, até 10% das uvas brancas Malvasia e Trebbiano. Como curiosidade, as primeiras mudas de Cabernet chegadas na região foram importadas do Chateau Lafite Rotschild, Bordeaux. São apenas cerca de 200 hectares e 13 produtores que até 1975 quando obtiveram classificação DOC, estavam sob as normas de Chianti.
Com uma produção estimada em apenas cerca de 500 mil garrafas ano e a primeira safra engarrafada dentro da atual família datada de 1925, a Tenuta di Capezzana produz vinhos brancos e tintos usando tão somente leveduras selvagens. Eis o que tivemos o privilégio de provar:
Tenuta di Capezzana Chardonnay 2013 – uma das mais gratas surpresas desta prova. Muito cremoso, baunilha na boca, fruta fresca, incrível frescor para um vinho de 2013 sem madeira. No nariz e na boca dá para jurar que passa em barrica, mas niente!! Delicia e longo na boca, gostei muito.
Trebbiano VDT 2015 – aqui a madeira já aparece, porém sem qualquer agressividade preservando a fruta. Vinhedos de mais de 60 anos, boca mais densa, mineralidade bem aparente, um bom vinho, gosto dessa uva!
Monna Nera 2015 – o vinho entrada deles que conheci há cerca de dois anos e que gostei muito, um blend de Sangiovese, Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah e Canaiolo com apenas 5 meses de barrica, muito equilibrado, fresco, frutado e fácil de se gostar.
Barco Reale di Carmignano (uma DOC) 2012 – um degrau acima e 10 dólares mais caro que o Monna, blend de Sangiovese, Cabernet Sauvignon e Canaiolo maturado em tanques de inox e passagem por botti (toneis) de 12 mil litros da Slavonia. Notas mais verdes, médio corpo, taninos aveludados, bom mas não me encantou.
Villa di Capezzana Carmignano 2013 – velho conhecido e um vinho alguns degraus acima que me encanta. Encorpado, complexo, blend de Sangiovese e Cabernet Sauvignon que mostra bem o potencial da região. Chegando nos 80 Dólares, já é menos acessível, mas está em linha com vinhos de qualidade similar, para quem tem ($) eu recomendo, um belo vinho que impõe respeito.
Trefiano Carmignano 2010 – Uau! Blend de Sangiovese, Cabernet Sauvignon e canaiolo, profundo, grande estrutura, taninos se fazem mais presentes e apresenta uma certa rusticidade de final de boca, porém sem agressividade. Um grande vinho e uma grande opção para quem gosta de vinhos algo mais robustos e pode guardar por mais uns dois ou três anos que esse vinho só vai melhorar na garrafa.
Ghiaie della Furba IGT 2010 – Curto e grosso, vinhaço!! É um IGT porque sai fora das normas estipuladas pela DOCG já que seu blend tem em sua composição 10% de Syrah e não tem Sangiovese. A protagonista qui é a Cabernet Sauvignon (60%) com Merlot (30%) e Syrah. Um show na taça e na boca, um adolescente que evoluirá muito positivamente por mais uma década e fui atrás de alguns exemplares de 2004, achei! rs Enfim gente, vinho que passa 14 meses em barricas francesas mostrando ótima textura, grande volume de boca, rico, frutos negros, alguma especiaria de final de boca, um grande supertoscano e, nessa faixa, com precinho pois seus cerca de 400 pratas é cerca de metade do que alguns de seus principais concorrentes. Babando para provar o 2004!!
Capezzana 804 IGT 2004 – uma jovem criança, 100% Syrah e apenas 300 caixas produzidas. Um grande vinho com um grande preço e acho que abrir por agora é um desperdício. Depois do Ghiaie della Furba e do impacto que ele me causou, difícil avaliar ou comentar qualquer coisa, sorry, fiquei prejudicado! rs
Ufa, mais uma bela prova matinal promovida pela Mistral e um encontro deveras especial com este produtor escondido numa Toscana pouco conhecida. Saúde, uma ótima semana e kanimambo pela visita. Hoje tem World Wine Experience Ibérico, depois falo como foi, fui!