Morgado de Santa catherina

Hummmm, que Delicia!!

Camarões á piri-piri (Moçambique), já publiquei aqui inclusive com a receita, e quando dá ($!) me lambuzo inteiro! Desta feita me tratei em dose dupla, a primeira com esse excelente Sauvignon Blanc da Loma Larga, Camarão piri-piri com Loma Larga Sauvignon Blancelaborado em Casablanca/Chile, que casou à perfeição não sobrando gota para contar a história. Bela acidez bem balanceada, frutos tropicais, fino, grama molhada sem excessos verdes, inebriante e sedutor, notas cítricas de final de boca com alguma mineralidade, estilo mais Loire de ser,  um vinho que certamente voltará mais vezes a minha taça! De entrada tivemos deliciosos mexilhões à vinagrete elaborados por meu genro Julio (bom de cozinha o garoto!) e o casamento com esse Loma Larga foi sublime.

.O segundo na taça, um ótimo branco luso, não poderia faltar um, o Morgado de Sta. Catherina Reserva da região Lisboa, DOC Bucelas. Um Arinto 100% fermentado em barricas borgonhesas,com 8 meses morgado e camarãosur-lie, que se integra com perfeição á fruta e acidez típicas da casta,com um final mineral e algo especiado. Cremoso e sedutor, é um vinho que me encanta normalmente e que mais uma vez confirma sua aptidão gastronômica. Um grande parceiro ao camarão, num estilo diferente do Loma Larga, um pouco mais encorpado, mas igualmente prazeroso.

Mexilhões, camarão, salada tropical, dois belos vinhos brancos, ótima companhia, nesses momentos a gente até esquece os problemas. Pena que no dia seguinte caímos na real, enfim, life must go on! Este foi meu presente de aniversário comemorado com quem mais amo (minha família) apenas faltando algumas peças nesse quebra-cabeça.Cheers, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui. Ótima semana para todos e espero que 2015 possa ser repleto desses momentos para todos nós.

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Os Brancos Portugueses Estão em Ótima Forma

Não é de hoje que venho ressaltando a ótima fase pela qual passam os vinhos portugueses e um destaque especial deve ser dado aos brancos que vêm se destacando no cenário mundial na mais diversas faixas de preço. Induzi a Confraria Saca Rolhas a enveredar por este caminho no mês passado e só senti que não pudesse ter colocado alguns outros grandes brancos, porém há limites tanto para grana quanto para o número de rótulos nestes sempre agradáveis encontros mensais. Faltaram um monte de rótulos que adoraria ver por aqui e certamente cada leitor terá os seus indicados, mas eis o que a amiga Raquel, porta voz da confraria, tem a nos dizer sobre mais essa curta viagem de descobrimentos!

No começo do mês de Abril, resolvemos nos despedir daquele verão escaldante que tivemos este ano, com uma boa dose de vinhos brancos que, apesar de pouco consumido por nós, acho sempre uma boa escolha. São leves, refrescantes e acompanham bem uma refeição. Optamos pelos brancos de Portugal, tão pouco conhecidos e com uma variedade tão grande de castas nativas que mereciam uma noite de degustação só para eles.
Os vinhos portugueses tem me encantado cada vez mais. Tanto tintos como brancos, são cheios de tipicidade e caráter. São mais de 300 variedades de castas, com seus nomes esquisitos, que variam dependendo da região de onde provêm: A uva “Fernão Pires” do Dão, é chamada de “Maria Gomes” no Alentejo. A “Bical” da Bairrada, é conhecida como “Borrado das Moscas”no Dão. A “Tinta Roriz do norte é conhecida como “Aragonêz” no sul. A “Sercial”, “Cercial” e a “Cerceal”, são castas diferentes! E por aí vai…… Atualmente podemos encontrar no mercado uma grande variedade deles, coisa que à poucos anos não era possível. Acho que estão deixando a modéstia peculiar de lado e investindo na produção e divulgação do seu produto para todo o mundo. Sorte a nossa!

O primeiro vinho a ser degustado, como de regra, foi um espumante:

  • Luis Pato Bruto-2009 – Feito à partir da casta Maria Gomes, aparentava um leve tom dourado. Muito fresco, boa acidez, bom extrato, frutado e um leve traço de oxidação em função da idade.

Na sequência, provamos pela ordem:

  • Prova Régia Premium-2012 – Lisboa, D.O.C. Bucelas, feito à partir da Arinto. Amadurecido em tanques de aço inox, mas passa 1 mês em contato com as borras (sur lie). Os aromas estavam um pouco fechados no início, mas com o tempo e conforme a temperatura foi atingindo seu nível ideal, apareceram os aromas florais, vegetais e da própria levedura, agregando maior complexidade tanto no nariz como na boca. Ervas e frutas brancas vão ficando mais evidentes, com muito frescor e persistência.
  • Pomares-2012 – Douro, elaborado com Viosinho, Gouveio e Rabigato.
  • Nariz bem presente de frutas maduras como pêssego, abacaxi. Encorpado, bem estruturado e leve traço de madeira, apesar de não passar por ela.
  • Morgado de Santa Catherina Reserva-2011 – Lisboa, D.O.C. Bucelas, 100% Arinto. Fermentado em barricas de carvalho francês, com estágio de 9 meses sob as borras. Aromas muito frescos, minerais, florais (lavanda, jasmim) e especiarias. Muito equilibrado em acidez e corpo. Sabores que confirmam os aromas de frescor e evoluem bastante na taça.
  • Quinta dos Roques-Encruzado-2012 – Da região do Dão, elaborado com a uva Encruzado. Aromas delicados, cítricos. Muito elegante e equilibrado, sem deixar sobressair nenhum elemento de destaque. Apesar do frescor e leveza, mostra-se com boa estrutura e persistência. Com o tempo em taça, aparecem traços de tostado da madeira.
  • Muros de Melgaço 2010 – Região de Vinhos Verdes, 100% Alvarinho. Elaborado com um clone raro desta casta, que tem a casca alaranjada, confere a este vinho características bem diferentes do esperado. Com aromas cítricos e frescos no primeiro impacto, vai tornando-se mais encorpado e complexo com o tempo. Ótima acidez, que o faz um bom companheiro nas refeições, sem perder seu volume em boca até com pratos mais untuosos e marcantes. Ouvi dizer que escoltou com bravura até um barreado(carne cozida lentamente em panela de barro) Não duvido !
  • Malhadinha 2010 – Alentejo, foi elaborado com as castas Chardonnay, Arinto e Viognier. De cor dourada e muito aromático. Boa estrutura e equilíbrio entre corpo e acidez. Os sabores cítricos, de limão e tangerina (que me fizeram lembrar as balas azedinhas da minha infância) convivem perfeitamente com a densidade do tostado abaunilhado da madeira. Mostrou as qualidades de um vinho robusto e evoluído, sem perder o frescor, a alegria e a alma jovem, que caracterizam a maioria dos brancos.

Portugueses brancos
          Até hoje em dia, ainda ouço vez por outra, falarem que o vinhos brancos não estão no mesmo patamar de importância que os vinhos tintos ocupam e até justificam que os melhores vinhos do mundo são os tintos. Desculpem! Acho que as pessoas que afirmam isso, ainda não foram apresentados à um grande branco! Existem brancos excepcionais na Borgonha(França), no Reno(Alemanha), sem falar dos espumantes de Champanhe e os botritizados de Sauternes. Atualmente, não podemos esquecer os Vinhos Verde feitos à partir das castas Alvarinho e Loureiro, tão pouco conhecidos e com um potencial de envelhecimento incrível, o que só é possível quando se fala de vinhos de grande qualidade. Além disso, acompanham muito bem pratos a base de peixes e frutos do mar, são leves e com dosagem alcoólica baixa, o que faz deles mais agradáveis e refrescantes no verão.
Outro questão que sempre me chamou atenção, foi o fato de que os melhores e mais bem estruturados vinhos brancos produzidos pelo mundo, provêm de países frios, onde seu consumo não está necessariamente associado aos verões tropicais, com muito calor, como os que temos por aqui. Podem tanto acompanhar uma refeição, ou descontraidamente escoltar um aperitivo com amigos, ou mesmo serem apreciados num momento de relaxamento e reflexão. São muito versáteis e amigáveis!  Portanto se você é daqueles que ainda não se deparou com o “seu” grande vinho branco, não perca por esperar. Dê-lhes uma chance e garanto que seu leque de prazer só irá aumentar.

Bem amigos, por hoje é só, porém esta semana ainda está bastante movimentada com o Encontro Mistral e a APAS, então muita coisa ainda por garimpar. Uma ótima semana para todos e seguimos nos encontrando por aqui. Salute, kanimambo e afora dia 15 com uma noite espanhola, dia 31 promoverei um Wine Dinner Luso, reservem essas datas de Maio pois valerá a pena, eu garanto!

Enquanto Uns fazem Vinhos, Outros Fazem História!

Top 50 vinhos de Portugal        Esse é o lema da Viniportugal que se confirmou no grande evento de vinhos de Portugal no Brasil este ano. Soberbos vinhos que fazem história e mostram que o atual padrão dos vinhos portugueses está parelho com o que de melhor se faz nesta nossa vinosfera e com um plus, os sabores diferentes originados numa imensidade de uvas autóctones (cerca de 250!)  e numa diversidade de terroirs ímpar considerando-se o tamanho do país, pouco maior do que Santa Catarina. Afora os grandes vinhos que tivemos a oportunidade de provar neste grandioso evento, o país está presente no Brasil com um grande número de rótulos que, a grosso modo, apresentam uma ótima relação custo x beneficio na maioria das vezes bem mais competitivos que os vinhos dos hermanos, é o famoso “mais por menos”.

        Todos os anos a Viniportugal elege um famoso e conceituado critico para fazer uma seleção de vinhos portugueses tendo esse projeto se iniciado no Reino Unido em 2004 com o jornalista especializado Richard Mayson que é hoje produtor no Alentejo. De lá para cá:

Charles Metcalfe 2005/ Tim Atkin 2006 / Simon Woods 2007 / Jamie Goode 2008 / Sarah Ahmed 2009 / Tom Cannavan 2010 / Marcelo Copello e Charles Metcalfe 2011 / Julia Harding 2012 e agora em 2013 dois projetos; um visando os Estados Unidos com Doug Frost e o outro Brasil com Dirceu Vianna Junior, Master of Wine brasileiro e único de lingua portuguesa.

       Já publiquei suas escolhas feitas em cima de algumas visitas a Portugal e uma pré-seleção de cerca de 500 vinhos, porém senti falta de algo que o Doug Frost fez e que achei bem legal, seus TOP 10 best buys! Quanto aos vinhos, difícil comentar porque na sua totalidade estamos diante de grandes vinhos porém ficou claro a grande qualidade dos vinhos brancos que a cada ano têm estado presentes em números superiores ao ano anterior. Desta feita foram 14 rótulos ou seja, quase 30%! Falemos um pouco destes que provei.

Morgado de Sta. Catherina – este conheço á tempos e é realmente um vinho marcante advindo das caves da Companhia das Quintas na região Lisboa. Cem por cento Arinto com passagem por barricas borgonhesas que se integra com perfeição á fruta e acidez típicas da casta. Cremoso e sedutor, é um vinho que me encanta !

Quinta Fonte do Ouro Encruzado – A Encruzado é a uva emblemática do Dão produzindo vinhos complexos e de boa guarda, possui menos de 300 hectares plantados em toda a região, é um vinho a se conhecer. Frescor  com boa textura e concentração, cremoso e longo final de boca. É uma uva de que gosto muito, porém não conhecia o produtor que agora está na minha alça de mira! Há que se trabalhar melhor o Dão e suas uvas por aqui em terras brasilis!

Soalheiro Alvarinho – Já falei deles tantas vezes aqui que é chover no molhado! Muito bom e vibrante vinho que encanta quem o conhece. Faz pouco tempo abri uma Magnum, delicia!

Muros de Melgaço Alvarinho – entre este e o Soalheiro, os dois melhores Alvarinhos portugueses em minha modesta opinião. Com este já faturei uma harmonização com barreado e muito recentemente o abri em uma confraria, divino! Diferentemente do Soalheiro, este tem passagem por barricas francesas sendo que somente 10% de primeiro uso e o restante de segundo que é para não se sobrepor à fruta. Ganha corpo e complexidade sem perder o frescor marcante dos vinhos verdes e, em especial, da saborosa e vibrante Alvarinho. Vinhaço.

Loureiro – aqui abro espaço para a uva, mais do que para os rótulos, mas já os comento. É uma uva típica da região do Minho porém em vez de ao norte na fronteira com a Espanha acompanhando o rio, onde reina a Alvarinho, o reinado da Loureiro fica um pouco mais abaixo acompanhando o Rio Lima de Viana de castelo a Ponte da Barca com seu epicentro em Ponte de Lima. A uva é muito usada em cortes, porém são inúmeros os bons rótulos vinificados em estreme (varietal 100%) e o Dirceu garimpou alguns desses. Royal Palmeira (este mais ao norte próximo a Monção só para mostrar que para toda a regra existem exceções! rs) da Ideal Drinks é pura sedução tanto no visual da garrafa quanto de seu conteúdo, o Muros Antigos Loureiro, de Anselmo Mendes, que há anos me acompanha e o Casa de Senra de Antonio Souza ainda sem importador no Brasil mas que, com essa qualidade, não deve tardar muito a cá chegar. Em todos; flores silvestres, forte presença cítrica, textura fina e elegante, secos, e vibrantes plenos daquela “crocância” típica da cepa. Adorável uva com vinhos a partir dos R$60 e chegando próximo aos R$150,00.

Quinta de Gomariz Grande Escolha – um corte de três uvas clássicas da região dos vinhos verdes (Minho); Alvarinho, Loureiro e Trajadura. Já está por aqui há um tempo, mas não tinha tido a prazer, que bom que isso mudou! Verão chegando e esse vinho tem que chegar junto a suas mesas, porque á minha certamente estará presente por seu imenso frescor e elegância, gostoso e rico meio de boca, boa concentração de fruta e um final que pede bis! O preço dói um pouco (entre R$100 a 110), caso contrário certamente estaria mais amiúde sobre a minha mesa.

    Há anos que falo aqui e nas colunas que escrevo, dos brancos portugueses e pouco eco tenho ouvido, porém parece que finalmente o mundo e o Brasil despertam para estes saborosos vinhos. Há diversos outros rótulos marcantes, sempre há em qualquer lista, a partir dos R$30 a perder de vista, mas vinhos como o Quinta da Mieira Rabigato, Cova da Ursa Chardonnay e outros rótulos com a uva Arinto, Antão Vaz, Maria Gomes, Gouveio (o espumante Vértice Gouveio é excelente exemplo) e Viosinho são apenas mais uma pequena mostra do que há a explorar. Aliás, estou ná busca de um patrocínio (revistas e jornais são bem vindos) para uma matéria e desafio com vinhos brancos da terrinha, se alguém estiver a fins ou souber de, sou todo ouvidos! rs

    Bem, não vou falar dos tintos hoje, afinal este post já está bem longo ( algo fora do padrão, rs) e nem comecei com eles!  Semana que vem falo deles, por enquanto kanimambo pela visita e desculpem pela falta de fotos, mas deu pau no meu celular no dia, na verdade o tuga aqui bobeou e esqueceu de carregar!! rs Bom fim de semana a todos lembrando que, “Saber Beber é Saber Viver” ! Como homenagem aos vinhos da terrinha, um vídeo com uma canção que ficou famosa na voz da Amália mas que ganha vida hoje com Mariza, fadista das boas, uma “conversa” com o Senhor Vinho.