Conhece a Uva Lacrima?

Eu também não, mas já comecei a pesquisar e no dia 23 de Julho pretendo prová-la junto com quem estiver presente em mais uma degustação que armei! Em parceria com a logoMARCA_almeria-OK importadora Almería de meu amigo Juan e seu filho Alexandre, montei uma degustação que tem como tema a exploração de novos sabores provando vinhos elaborados com essa uva rara e outras pouco conhecidas, vai dar mole? São só 12 vagas e nem lancei e só sobraram 8! Ainda não consegui um local em Sampa, então esta também será realizada na Vino & Sapore na Granja Viana a partir das 20 horas.

Recepção: Espumante Gouguenheim Bubbles Brut, um Rosé de Malbec. Argentina

  • Degustação:
    Lolo Albariño – uva branca da região da Galicia, Rías Baixas, Espanha (R$87,00)
    Paco Vintage Garnacha/Tempranillo – a Garnacha é a uva de Navarra, mas junto com a Tempranillo são as mais importantes uvas tintas do país. Espanha (R$98,00)
    Hecula Monastrel – Monastrel é nascida e criada nas regiões próximo a Valencia; Yecla, Alicante e Jumilla na Espanha (R$65,00)
    Orgiolo Lacrima di Morro d’Alba – olha ela aqui! Lacrima é uma uva rara que só se encontra em vinhedos na cidade de Morro d’Alba na Puglia, Itália (R$98,00)
    Perez Cruz Cabernet Franc Edición Limitada – esta uva ganha espaço nas taças dos enófilos porém ainda não é de conhecimento geral. Esta versão vem do Chile (R$105,00)
    Chaski Petit Verdot – A Petit Verdot segue sendo uma incógnita para a maioria e é tradicionalmente usada em blends, no entanto tem despontado como varietal em algumas regiões com grande sucesso. (R$148,00)

Almeria Uvas Pouco Comuns

Pequeno resumo sobre as características das uvas e suas origens será fornecido no dia com espaço para anotações. Para acompanhar, as tradicionais travessas com queijos e frios, água, pão e café ao final. Tudo isso por apenas R$90,00 , pagos no ato da reserva, dos quais R$20 ficam disponíveis como crédito na compra de qualquer um desses vinhos nessa noite. Diversidade sempre, vem desbravar nossa vinosfera você também! Kanimambo pela visita e espero te ver dia 23. Telefone para contato na Vino & Sapore de Terça a Sábado das 14 às 20 horas (11) 4612-6343.

Chaski Petit Verdot 2011 na Taça

A Perez Cruz é um velho conhecido (agora trazido pelas mãos da Almeria) e produz vinhos de muita qualidade e preço justo, gosto desse binômio! Seu Reserva Cabernet Sauvignon já demonstrou ser um dos melhores custo x beneficio chilenos em nosso mercado, acho muito bons os Limited Edition; Cabernet Franc, especialmente se com alguns anos nas costas, o Cot (malbec) que costuma surpreender os incautos apreciadores desta cepa sendo, talvez, o em que a madeira mais esteja presente, sem contar o excelente Syrah!

Este Chaski Petit Verdot, é de uma linha acima dos demais e há muito esperava na minha adega para ser provado, porém esperava a companhia certa, neste caso um Prime Rib, e a espera valeu a pena. Provei este vinho pela primeira vez em 2010, da safra 2008 e especialmente engarrafado para nós, pois ainda não estava disponível no mercado. Foi no Desafio de Petit Verdot que promovi com a participação de mais oito vinhos e amigos blogueiros, colunistas e especialisatas em geral assim como parceiros enófilos de longa data, vale a pena ver mais aqui.

Fazendo jus ao restante da família e á própria cepa que gera alguns ótimos vinhos varietais e faz mágica em blends, o Chaski mostrou ser um vinho másculo que, como aconteceu em 2010, mostra que precisa de pelo menos uma meia dúzia de anos em garrafa antes de se mostrar como um todo. Minha sugestão para quem o quiser abrir agora é aerá-lo por pelo menos uma hora ou dar umas três ou quatro passadas pelo magic decanter para que ele se integre melhor CAM01497e libere um pouco de seus potentes 14,5% de álcool.

Vinho potente, aromas de frutos negros maduros e um toque balsâmico. Na boca é denso, grande estrutura, taninos potentes porém finos mostrando a necessidade de tempo, agradável textura, especiarias, complexo, longo, vinho com boa presença, acidez que pede comida e o Prime Rib, mesmo estando um pouco bem passado demais para meu gosto, foi parceiro e aguentou o tranco.

The Day After

Sobrou e na segunda matei a garrafa, autre chose! De um dia para o outro com somente meia garrafa houve tempo para o vinho aerar com o oxigênio lá existente e isso provocou uma enorme mudança no vinho o que confirma minha sugestão de aerar por pelo menos uma hora em Decanter ou algo similar. Os taninos arredondaram, o álcool volatizou (também deixei na taça um pouco esperando aumentar a temperatura pois estava na geladeira) e o vinho todo se integrou mostrando uma elegância que não estava lá no dia anterior. Os frutos negros e especiarias mais presentes, final aveludado e apetitoso sem perder a concentração e volume de boca, ficou difícil não terminar com a danada e …….acabou!!

Chaski, o mensageiro, é mais um bom vinho da Perez Cruz e este exemplar anda na casa dos R$120,00. Aliás, acho que tá na hora de promover um outro Desafio de Petit Verdot pois há muita coisa interessante por aí! Na Sexta publico meu último post com os Brancos e Tintos que fizeram a minha cabeça em 2014, nos vemos por aqui? Cheers e kanimambo.

“Quem faz o Melhor Malbec?”

Certamente os argentinos dirão que eles, os chilenos diriam que há controvérsias e os franceses, bem, os franceses vão dizer que os outros são meras cópias dos grandes vinhos de Cahors. Sinceramente, não tenho essas duvidas não, vinho para mim se conhece mesmo é tomando então vou fazer a prova mesmo sabendo que é muito difícil conseguir um comparativo real já que a maioria dos Malbecs de Cahors não são 100% e os que encontrei ou eram num patamar de preços inferior ou acima. O exercício, de qualquer forma, tem uma conotação mais hedonística, so what the hell, vamos em frente!

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Dia 31/07, vagas já esgotadas (na verdade ainda temos uma vaga neste momento) salvo uma ou outra desistência de última hora, provaremos ás cegas seis rótulos, um de cada país (França/Argentina e Chile) em duas faixas de preços; de 75 a 100 Reais e de 100 a 135 Reais, vejam os vinhos participantes:

Faixa de R$75 a 100,00
Chateau Chevalier Lagrezette (França/Decanter) / Bodegas Riglos Quinto (Argentina/Decanter) / Perez Cruz Cot Limites Edition (Chile/Almeria)

Faixa de R$100 a 135
Chateau des Haute-Sérre (França/Mistral) / Arrroba Malbec Roble de Autor (Argentina/Berenguer) / Loma Larga Malbec (Chile/Winemais)

Ao final fecharemos o evento com pizza gourmet da mais nova pizza delivery da Granja Viana a Vianna Gourmet Pizza e um premio especial para o participante que acertar a origem dos seis vinhos que, obviamente, serão servidos ás cegas aSorry sold Out partir das 20:00. Investimento, meros R$85,00. Quem ainda quiser se habilitar, quem sabe dá sorte, contate a Vino & Sapore por tel. (11) 4612-1433 ou pelo e-mail comercial@vinoesapore.com.br , eventualmente me envie um comentário por aqui mesmo. Depois falo do resultado, por enquanto kanimambo pela visita e bom fim de semana

Diversidade na Taça no Fim de Semana Longo

      Feriado chegou, mas ainda dá tempo para garantir seu prazer neste longo fim de semana seja ele na praia, campo ou em casa mesmo num churrasco com os amigos! Por outro lado, as  festas de final de ano se aproximam e começamos nossa busca pelos vinhos que acompanharão nossos intermináveis almoços e jantares de confraternização com amigos, colegas e família. Eis aqui algumas dicas do que buscar, há um pouco de tudo e de todos os preços, pois a diversidade impera e há que aproveitá-la, então vamos lá começando pelos brancos e seguindo com rosés e tintos, alguns vinhos que provei e revi mais recentemente e os quais recomendo. Os preços são meramente indicativos e padrão Sampa, mas tem coisa para escolher!.

House of Mandela Sauvignon Blanc – Se apresenta bem fresco, mais citrino com grama molhada bem presente numa presença de boca toda ela mais sutil, elegante e balanceada terminando com uma certa mineralidade. Um vinho muito agradável de se tomar e certamente uma bela companhia para os queijos de cabra e frutos do mar grelhados ou fritos. R$45,00

Amalaya branco – Vinho á base da cepa Torrontés que produz alguns bons vinhos na Argentina, especialmente em Salta de onde vem este rótulo. Com um toque de Riesling para equilibrar a acidez, mostra aquele floral típico da cepa, porém de forma menos intensa com algo cítrico no nariz e na boca um frescor muito bom advindo da presença da Riesling que aporta um equilíbrio importante porque muitos torrontés por aí tendem a ficar algo enjoativos. Este é suave, balanceado e fácil de se gostar com um único inconveniente, a garrafa tem a tendência a acabar rápido demais! Preço na casa dos R$49,00.

Muros Antigos Loureiro – A uva Loureiro tem como característica, gerar vinhos muito frescos, por sua ótima acidez, e aromáticos. São ótima companhia para pratos de frutos do mar e gosto muito de harmonizá-lo com caldeirada de lulas. Este delicioso Muros Antigos, de aromas sutis com nuances de flor de laranjeira, muito cítrico, balanceado, fino, saboroso que nos seduz facilmente enquanto nos acaricia o palato com um toque mineral de boa persistência. Foi escolhido como um dos TOP 50 vinhos portugueses para o Brasil este ano e o preço é bem camarada para nossos padrões, R$69,00.

William Févre Espino Gran Cuvée Chardonnay – este anda mais amiúde por minha taça, mas sempre me satisfaz muitíssimo! Um dos melhores chardonnays chilenos com uma madeira suave muito bem colocada e um estilo bem chablisiano de ser com bastante mineralidade. R$85,00

Ballabio Vintage Rosé – um vinho com uma leve efervescência elaborado na Lombardia (Itália) e 100% Pinot Nero. Delicado, apesar de um bouquet pronunciado, com elegante perfume de frutas vermelhas e violetas. Seco, equilibrado, com um agradável fundo frutado, um vinho alegre e festivo que tem tudo a ver com o nosso verão. Wine for Fun por R$48,00!

Canforrales Rosado – um rosé espanhol da região de La Mancha á base de Garnacha, de ótimo custo x beneficio que vale muito a pena como um vinho de entrada, pois possui muito das característica dos brancos mais vibrantes. Notas de framboesa, acidez bem equilibrada que elimina eventuais sensações doces, uma mineralidade presente que me surpreendeu, boa textura com interessante volume de boca, certamente acompanhará bem um arroz de mariscos e um papo informal. Preço na casa dos R$42,00

El Milagro Syrah – chileno de ótima relação custo x beneficio, R$65, fazia tempo que não levava á taça e mais uma vez mostrou toda a sua qualidade. Muito equilibrado, aveludado na boca, redondo e muito, mas muito saboroso, é um achado entre os bons vinhos que o Chile vem elaborando com esta casta.

Hécula Monastrel – outro que fazia tempo que eu não revia e que mais uma vez me deu muito prazer rever. De casa nova, agora na Almería, um monastrel sem nada de doce, corpo médio, taninos finos muito bem integrados, não é á toa que possui tanta premiação e altos pontos pelos principais críticos internacionais. Melhor, o preço está na casa dos R$67,00.

Albert Bichot Pinot Noir Vieilles Vignes – não é fácil encontrar um pinot da Borgonha que satisfaça e tenha preços abaixo dos 100 reais, então este há que se destacar, pois está na casa dos R$98,00. Um bom e muito característico Borgonha que mostra muita qualidade na boca e deve acompanhar bem um Peru á Califórnia.

Perez Cruz Cabernet Sauvignon Reserva – Frutos negros bem presentes e taninos aveludados que são sua marca registrada. Final de boca muito agradável e levemente especiado e profundo. Madeira e álcool muito bem integrados nos trazem um conjunto realmente apetecível e guloso que vale muito o preço na casa dos R$60,00 mais ou menos cinco.

Aracuri Cabernet/Merlot – um representante brasileiro de uma região pouco comum, este vem de Campos de Cima ainda Rio Grande do Sul. Boa estrutura de boca, equilibrado, fruta bem presente, rico com taninos sedosos bem integrados que valem muito o preço na casa dos R$45,00. Não é Cepacol (rs), mas é bom de boca!

Pasíon de Bobal – esta uva, Bobal, espanhola pouco conhecida entre nós é surpreendente. Um vinho daqueles que acaba rápido e pede a próxima garrafa! Fresco, frutado, boa textura, taninos maduros e macios, com um final “pra lá” de apetecível fazem dele uma escolha muito interessante para quem gosta de sair da mesmice e provar coisas diferentes. Preço na casa dos R$80,00

In Situ Red Blend – um vinho de corte surpreendente entre Cabernet, Petit verdot e Carmenére que é a única coisa que ele tem chileno. No resto, ás cegas, tem gente que diz ser alentejano e outros bordalês. Muito bem equilibrado, ótima textura, corpo médio de taninos aveludados, é um vinho cativante que ainda tem a seu favor o preço, R$57,00.

Confidencial – da região Lisboa, um tinto elaborado com cerca de seis a oito castas não divulgadas. Bem frutado, médio corpo, rico, frutas silvestres, taninos maduros e suculentos, um verdadeiro achado que agrada fácil e custa pouco, apenas R$32,00.

Gougenheim Valle Escondido Malbec com educados 13.5% de teor alcoólico Na cor é rubi com toques violáceos típicos da cepa sem a típica super extração que resulta em vinhos muito escuros. Nariz sedutor de frutos negros com nuances florais, que convidam a levar a taça à boca onde ele se mostra extremamente sedutor, equilibrado e elegante com taninos macios e sedosos, boa estrutura, corpo médio e um final muito agradável algo especiado que pede mais uma taça Parker lhe deu 87 pontos, eu lhe daria talvez um pontinho a mais pela boa relação Qualidade x Preço x Prazer pois é um vinho de preço final de R$48,00

Enfim, são 15 sugestões para você curtir o feriado em boa companhia. o resto fica por sua conta! Salute, kanimambo e devagar nas estradas, quero ver todo mundo de volta na Segunda vendendo saúde e desestressado!! se estiver à toa no Sábado, vem me fazer companhia na Vino & Sapore porque estarei de plantão com uma garrafa aberta recebendo os amigos. Até!

Desafio de Petit Verdot, Desvendando os Ganhadores

              Adoro estes meus Desafios de Vinhos quando coloco às cegas uma série de rótulos sob um mesmo tema. Falar e provar desta cepa ainda pouco divulgada no mercado foi em si, já um grande desafio e uma experiência riquíssima para mim e, tenho a certeza, também para boa parte da banca degustadora. Aliás, quase deu casa cheia!

     Venho ao longo dos tempos verificando os benefícios que um pouco desta cepa bordalesa nos cortes de diversos vinhos consegue fazer por eles. Sempre em pequenos porcentuais, a Petit Verdot aporta cor, sabor e corpo aos vinhos dando-lhes uma riqueza e complexidade que muito me satisfazem. É uma cepa difícil em sua terra natal, de amadurecimento muito tardio o que muitas vezes faz com que boa parte da colheita se perca tornando seu uso escasso e caro devido à quebra de produtividade. Nos países mais quentes no entanto, esse tempo de amadurecimento se dá de forma mais administrada devido ás condições climáticas. Um exemplo no Velho Mundo são os vinhos espanhóis, região de verões mais quentes e longos, elaborados com ela.

               Já no Novo Mundo, de condições climáticas mais adequadas, a cepa vem sendo vinificada como varietal com a ocorrência de um fato que já verificamos na vinificação de vinhos Tannat, que é a “amansada” nos vinhos, produzindo rótulos mais harmônicos, menos tânicos enquanto preserva suas características de estrutura  e riqueza de sabores. Foi para ver como estes vinhos se comportam que, desta feita, reuni dez exemplares para este Desafio na busca do Melhor Vinho, melhor Custo x Beneficio e Melhor Compra.

                  Nos reunimos no bonito e bom restaurante Ávila, que por sinal possui uma bela adega climatizada construida pela Joshuá Adegas, onde o Tavares e sua equipe nos atenderam muito bem.  Nove rótulos de que todos tinham conhecimento mais um surpresa, foram servidos ás cegas e em ordem aleatória após alguns saborosos e refrescantes goles de dois espumantes sobre os quais falarei em outra altura. Certamente o que os amigos querem mesmo saber, é o resultado desse gostoso embate, então falemos um pouco de cada um desses vinhos participantes julgados por uma competente banca de degustadores conforme já listado em meu post anterior com a lista dos participantes .

              Como o aereador que iríamos testar não chegou a tempo, os vinhos foram decantados por cerca de uma hora cada um. Eis os vinhos com suas notas conforme ordem de serviço.

Enrique Mendoza Petit Verdot 2005 representante espanhol de Alicante, trazido pela Peninsula e que possui um preço de mercado ao redor de R$120,00. No nariz uma presença  herbácea e algum foral que fazia lembrar violetas. A fruta apareceu mais no palato, de taninos redondos e macios, complexo, um pouco fechado abrindo-se com o tempo em taça, final algo defumado e quente sem prejudicar o conjunto que agradou bastante e posteriormente acompanhou bem a fraldinha. Média de 86,7 pontos.

Pisano RPF Petit Verdot 2007 representando os bons vinhos uruguaios. Importação da Mistral, custa USD31,50 ou seja, algo próximo a R$57 nas taxas atuais. Uma paleta olfativa muito rica, o que não é tão tradicional á cepa, em que o café com aniz estava bem presente, toffee, baunilha, realmente muito interessante e convidativa. Na boca a boa estrutura da cepa, taninos aveludados e de boa qualidade, algo balsâmico com um final suave onde apreceram alguns toques de especiarias. Obteve a média de 86,20 pontos

Morkell Petit Verdot 2004, sul-africano trazido pela d’Olivino, preço ao redor de R$130,00, o mais evoluído de todos os rótulos participantes. Halo de evolução presentes na taça mostrando sua idade, trazendo ao olfato suaves notas tostadas e fruta vermelha. Na boca é um vinho resolvido, de boa textura e volume de boca adequado, algo de couro com nuances terrosas, maduro, muito rico, complexo, de taninos finos, macios e elegantes, final de boca sutil e saboroso mostrando toques minerais. Um vinho literalmente encantador, sem a pujança que se poderia esperar da cepa, porém mostrando uma personalidade muito própria e impressionando muito positivamente a totalidade da banca degustadora. Um belo Petit Verdot, um grande vinho que merece ser conferido, aliás como a maioria dos outros rótulos presentes, tendo faltado garrafa para tanta demanda. Delicioso e a nota só confirma isso, média de 90,70 pontos.

Perez Cruz Limited Edition PV 2008, o primeiro chileno da noite e ainda não disponível no Brasil. O importador dos bons vinhos deste produtor, a Wine Company, deverá estar por trazê-lo dentro em breve, mas este viajou somente para este encontro. Baseado no preço do Syrah, acredito que deverá chegar por volta dos R$130,00. Nariz complexo, herbáceo, algo de farmácia e um tico a mais de álcool do que necessário, porém sem ser algo marcante que incomode. Na boca, presença de mentol, alguma casca de laranja confeitada, taninos de qualidade ainda um pouco adstringentes, mostrando-se muito novo, grande estrutura, vinho que precisa de mais tempo em garrafa quando deverá mostrar todo o seu potencial. Vinho para guardar por mais uns dois ou três anos. Média de 87,10 pontos.

Trumpeter Reserva Petit Verdot 2008, o primeiro argentino a se apresentar, novo, com nariz tímido, frutado com algumas nuances florais bem sutis. Na boca sobra um pouco de álcool, taninos um pouco rústicos e doces, final de especiarias com algo de noz moscada, conforme lembraram alguns dos degustadores. Não chega a encantar, mas acredito que precisa de mais tempo em garrafa já que ainda não encontrou seu equilíbrio. Trazido pela Zahil e custando cerca de R$64,00, obteve a média de 84,95 pontos

Landelia Petit Verdot 2005, importado pela Ana Imports e gentilmente cedido pelo colega e membro da banca, o Jeriel da Costa, com preço de mercado ao redor de R$60,00, foi um vinho ansiosamente esperado diversos dos amigos presentes. Foi também o vinho que mais criou polêmica com um pedaço da mesa achando que estava prejudicado e aoutra metade enchendo-o de elogios. No nariz mostrou notas de torrefação e algo químico que foi se dissipando com o tempo. Na boca, fruta compotada, taninos potentes e algo rústicos, alcaçuz, acidez alta e final de boca macio. A nota média não foi das melhores, 83,90, mas por tudo o que falaram deste vinho, certamente é um rótulo que merece uma segunda chance.

Tomero Petit Verdot 2006, mais um argentino presente, desta feita trazido pelas mãos da Domno do Brasil produtor dos saborosos espumantes Ponto Nero, em especial do extra-brut de que tanto gosto. Um vinho que já se encontrou, tendo mostrado sua maturidade tanto nos aromas como no sabor. Fruta madura de boa intensidade com sutis nuances de baunilha, mostrando-se com ótimo volume de boca e boa textura. Os taninos estão sedosos, muito boa acidez, rico, com um final muito saboroso e mineral onde aparece também um toque cítrico muito interessante e cativante. Muito consistente com minhas experiências anteriores, um vinho que obteve a boa média de 88,10 pontos.

Casa Silva Gran Reserva Petit Verdot 2007, de importação exclusiva da Vinhos do Mundo com um preço de mercado ao redor dos R$89,00, foi um vinho que insisti que estivesse presente já que o tinha conhecido, e adorado, numa degustação da Casa Silva em que estive presente no ano passado. Chileno, demonstrou notas herbáceas, couro e nuances balsâmicas no olfato, formando uma paleta algo peculiar e não muito convidativa. Na boca mostrou-se melhor, redondo, taninos aveludados, bom corpo e um final especiado bastante acentuado de média persistência que não chega a encantar.  Achei que o 2006 (recomendo) que provei estava bem superior a este, talvez mais pronto? Média de 84,45 pontos.

Pomar Petit Verdot 2008, o nosso vinho surpresa e sim, Cristiano, é Venezuelano sem importador no Brasil. Da mesma bodega que nos surpreendeu a todos no Desafio de Cepas Ícones, desta feita ficou aquém do que se esperava e mais um dos rótulos em que as notas variaram demais. Tipo ame-o ou deixe-o!  Nariz intenso, frutado, mas algo monocromático, sem grande complexidade que não chega a empolgar. Entrada de boca algo dispersa que necessita de tempo para se encontrar. Acidez instável, algum álcool em excesso, taninos macios e um final algo doce. Um adolescente irrequieto e imprevisível que melhorou com um tempo em taça e, mesmo com todas essas variáveis, obteve a surpreendente média de 85,11 pontos. Preferi o Reserva, um blend mais equilibrado.

Ruca Malen Reserva Petit Verdot 2007, o último representante de uma noite muito gostosa e intrigante repleta de bons vinhos. Argentino, importado pela Hannover Vinhos, foi para mim a mais agradável surpresa de todas, especialmente em função do preço, somente R$54,00. Possui uma paleta olfativa com forte presença de frutas negras compotadas com um leve toque de farmácia, mostrando-se bastante convidativa. Na boca possui boa estrutura, volume de boca adequado, taninos finos ainda presentes, mas sem qualquer agressividade, equilibrado com uma acidez interessante e gastronômica, final saboroso ainda que a madeira tenha aparecido um pouco.  Nota média de 86,25 pontos.

 Sempre listo a preferência de cada um dos membros da banca degustadora, mas hoje não “carece”! Pela primeira vez em mais de um ano destes Desafios, tivemos uma unanimidade em torno do Melhor Vinho Petit Verdot da noite, o Morkell. Realmente um grande vinho e Nelson Rodrigues que me perdoe, neste caso a unanimidade foi sábia! Para compor o pódio, em segundo lugar o ótimo Tomero, seguido pelo Perez Cruz, Enrique Mendoza e Ruca Malen. Pelo voto direto, a Melhor Compra foi o Pisano RPF e pelo cálculo matemático inventado pelo amigo e confrade (médico fisiologista do glorioso alvinegro praiano, salve/salve, campeão paulista 2010) Dr. Luis Fernando, tivemos como Melhor Custo x Beneficio o Ruca Malen.

             Uma grande noite em que ficou constatado que há muito mais vida além dos cabernets e malbecs que andam por aí. Temos que nos abrir para as novidades, para novas experiências, para as cepas menos comuns, porém extremamente ricas. Kanimambo à banca degustadora pela agradável presença, lembrando que os comentários, assim como as notas, são o resultado da média do pensamento de todos e que, certamente, cada um tem sua própria avaliação/opinião que deverá aparecer nos blogs do Alexandre, Jeriel, Álvaro e Evandro que são sempre ótimas fontes de informação. Por sinal, meus parabéns ao Evandro, seu blog da Confraria 2 Panas está detonando, legal!

              Salute, e agora preciso pensar no próximo desafio, o de Junho. Que tema, que vinhos, que lugar? Nos vemos por aqui.

Perez Cruz na Wine Company

                   Uma vinícola chilena de primeiro nível, moderna, sem o tamanho das outras, mas ancorada em estreitos parâmetros de qualidade. Trazendo o vinho com exclusividade para o Brasil, a Wine Company, uma empresa que há muito prima por comercializar bons vinhos por bons preços. Tive a oportunidade de degustar a linha completa de seus produtos e verificar que realmente, minhas experiências anteriores estavam corretas, estamos diante de belos vinhos e alguns se destacaram.

                  Em um evento realizado pela amiga e competente Denise Cavalcante no Sofitel, em que nos deliciamos com um belo Buffet de entradas e sobremesas, enquanto para acompanhar os saborosos vinhos servidos nos foi servido um Carré de Cordeiro divino.  A vinícola fica situada na região de Maipo Alto a apenas 45 kms de Santiago o que, por si só, já invoca a uma visita. Empresa ainda recente, engarrafou sua primeira safra em 2002, possui uma bodega moderna e de altíssimo nível. São 140 hectares de vinhedos em que a Cabernet Sauvignon é maestra com 85% das vinhas, porém lá se encontram também Carmenére, Merlot, Syrah, malbec (que eles chamam de Cot) e Petit Verdot. Todas as parcelas são trabalhadas com baixos rendimentos (de 3.5 a 8 tons/ha) e a colheita feita à mão o que resulta em vinhos de muito boa concentração e profunda elegância. Como quem dorme em berço esplêndido pode acordar no chão, eles já se movimentam no intuito de buscar novas cepas que se adaptem a seu terroir e já se encontram experimentando com Mouvédre e Grenache na busca do inusitado, do diferente.

           Para que tenhamos uma idéia de tamanho, pensemos que sua produção anual é hoje de cerca de 60.000 cxs de 12 garrafas com planos de chegar a 100 mil dentro de um par de anos mais, o que significa um dia da produção da Concha y Toro! Agora falemos dos vinhos:

           O rótulo de entrada na pequena família de produtos da Perez Cruz é o Reserva Cabernet Sauvignon que é responsável por 75% da produção da vinícola. É um vinho de muito boa tipicidade, frutado, taninos redondos, macio, muito equilibrado com um final muito agradável, porém um pouco curto. Um belo Cabernet chileno por um preço bem acessível, por volta dos R$65,00

          Depois entramos na família Limited Edition composta pelo Cot (Malbec), Carmenére e o Syrah.  O Cot, com uma produção pequena de cerca de 18.000 garrafas, segue o padrão desta cepa no Chile em que, cada vez mais, geram vinhos em que a elegância supera a potência. Este se mostrou algo resinoso ao nariz, mostrando aromas sutis de fruta madura. Na boca é fino e mineral. O Carmenére com uma produção de cerca de 40.000 garrafas anuais de vinhedos de baixo rendimento, é um bom vinho, porém não chega a encantar. Agora, o grande vinho deles desta gama de rótulos é, em minha opinião, o Syrah. Não é de hoje que falo deste vinho e este encontro só veio confirmar tudo o que penso dele. Com uma produção anual de cerca de 24.000 garrafas, mostra todo aquele pacote típico dos bons Syrahs – fruta fresca/especiarias e ervas aromáticas formando uma paleta olfativa sedutora. Taninos muito finos, harmonioso, elegante, encorpado no ponto, sem excessos nem arestas, ótima textura, um vinho que dá grande satisfação tomar, com um final muito apetecível e longo. Um dos melhores Syrahs chilenos que mereceu 92 pontos da Wine Spectator e, se tivesse que pontuar, certamente seria em torno disso. Preço desta linha está em torno dos R$125,00.

            Na linha de vinhos top de gama, dois rótulos muito especiais e, como todos os vinhos nesta faixa, de alto valor o que os tornam em vinhos para poucos. O Liguai, potentoso corte de Syrah, Cabernet Sauvignon e Carmenére , é um grande vinho elaborado com uvas de baixíssimo rendimento, em torno de 3,5 tons/ha, que passa 16 meses em barricas. Após cerca de 6 meses se faz o corte, ficando o vinho a evoluir já pronto em barricas pelo restante do tempo. Muito aromático, taninos finos e sedosos, grande estrutura, é vinho para muitos anos de guarda com um preço em torno dos R$200,00.

            O topo da pirâmide é ocupado pelo excelente Quelen que me seduziu faz dois anos e segue me encantando a cada esporádico gole que tomo. Uma pena que o preço em torno de R$300,00 não seja mais acessível, mas é resultado da pouca disponibilidade mundial versus grande demanda. O corte é exótico com uma maior participação de Petit Verdot acompanhada de Carmenére e Cot (malbec). Muito boa intensidade aromática, algo herbáceo, boa concentração e ótima estrutura, harmônico, entra potente e com grande impacto, amaciando na boca com um delicioso e muito longo final de boca. Um vinho de boutique, raro, um grande prazer e um grande privilégio ter oportunidade de voltar a tê-lo na minha taça.

            A Wine Company passa por uma reformulação de seu portfólio, mas fez questão de manter esse produtor de grande nível, sábia decisão.  Vinhos de qualidade, desde a gama de entrada até o topo de linha. Meus preferidos são o Cabernet Sauvignon Reserva, uma bela relação Custo x Beneficio e o Syrah que a meu ver é um dos melhores do Chile. Os outros dois são para quem pode!

Salute e kanimambo.