Vinho do Mês na Confraria – Anakena Pinot Noir

O vinho escolhido pela Confraria Brasileira de Enoblogs para mais esta grande degustação virtual, foi um Pinot Noir de até R$100,00. Eu deveria ter publicado, assim é a regra do jogo, dia 1, porém, como sempre, estou atrasado.

          Até R$100 temos muitas opções inclusive francesas de bom nível, mas quis buscar algo mais pé no chão partindo da seguinte questão; pode um pinot de R$50,00 satisfazer? Minha escolha recaiu sobre este  Anakena Pinot do Vale de Leyda.

            A Anakena tem três níveis de Pinot, o básico que vem do Vale Central, este e o Ona de Casablanca que leva algo de Syrah, Merlot e Viognier que lhe aporta um tempero diferenciado e muito interessante.  De qualquer modo, falemos deste Anakena de Leyda, um Single Vineyard de 2009.

           Nariz muito interessante, de boa complexidade em que afloram toques terrosos e animais fazendo-nos lembrar de Borgonha. Na cor, algo intermediário entre Borgonha e Chile, porém ainda bem claro e brilhante. Na boca entrega menos do que promete no nariz, porém é agradável apresentando características mais de Velho do que Novo Mundista. Fino, saboroso, de razoável persistência para um vinho que não chega nos R$50,00. Deverá ser um bom acompanhamento para embutidos, arroz de pato ou perdiz e, yummy, abre bem na taça! Apesar de novinho, os leves taninos já se encontram bem incorporados e acredito deva chegar em seu pico durante o ano que vem.

               A resposta a minha indagação foi positiva, satisfaz e não deixa buraco no bolso, o que sempre é um fator a ser considerado, mostrando que garimpando sempre conseguimos encontrar algo interessante mesmo nas faixas mais baixas de preço. Salute e mais uma vez minhas desculpas aos confrades pelo atraso na publicação.

kanimambo

Dois Pinots que Cabem no Bolso

             Quem adentra a vinosfera borgonhesa tem que saber que está se metendo numa seara difícil do ponto de vista de preço e relação custo x beneficio. Pequenas propriedades, grande demanda, complexidade, preços nas alturas e qualidade nem sempre o que esperamos. É a marca da Pinot Noir, uva de difícil trato que na mão de quem sabe produz maravilhas e em outras, …..bem, em outras deixa a desejar. Ainda bem que ainda encontramos algumas exceções à regras na região e temos a opção dos vinhos do Novo Mundo como alternativa. Provei e recomendo dois Pinots bem diferentes entre si que demonstram algumas das peculiaridades inerentes a terroirs bem diferentes, tendo em comum o fato de serem acessíveis e, a meu ver, entregarem o que se propõem entregar.

Chateau Dracy Bourgogne Rouge 2006, produzido por Albert Bichot que durante muito tempo foi trazido pela Expand e agora nos chega pelas mãos da Winebrands. É um pinot de estilo francês, delicado, vermelho rubi brilhante, levemente translucido,de corpo médio e muito agradável de tomar sendo uma bela porta de entrada para o complexo mundo desta cepa e região. No nariz, fruta madura e leves especiarias formam uma paleta relativamente simples, porém de boa qualidade e tipicidade. Na boca, taninos de boa qualidade já equacionados, finos e sedosos, equilibrado com uma acidez adequada, saboroso e fácil de se gostar num final de média persistência. Gostei, não é exuberante, mas dá conta do recado e vale o que pedem por ele, cerca de R$70,00, deve crescer com comida e este está no momento certo para ser tomado não devendo evoluir mais na garrafa.

Pacifico Sur Reserva Pinot Noir 2008 do vale do Curicó no Chile. Anteriormente trazida pela Wine Company, chega-nos agora pelas mãos da Berenguer Imports capitaneada pelo amigo Charlston. Um digno exemplar dos Pinots do Novo Mundo onde a tipicidade da Borgonha tem pouco espaço, até em função do terroir, mas tem a alma da cepa presente. Cor mais escura, um vermelho grenada, denso e uma paleta olfativa mais rica, intensa e frutada onde as frutas vermelhas se mostram mais presentes junto com uma presença herbácea destacada. Na boca mostra-se mais estruturado, também é mais novo, com taninos finos e aveludados, apetitoso e rico, vibrante, com um final de boa persistência com toques de especiarias. Em Sampa custa em torno dos R$65,00 e é uma boa alternativa de Pinots num estilo mais moderno e novo mundista.

                 Uma boa brincadeira, vinho também é diversão, é juntar uns quatro ou cinco amigos, comprar uma garrafa de cada e curtir essas diferenças que são o que fazem nossa vinosfera tão intrigante. A mesma cepa pode produzir vinhos totalmente diferentes pois as variáveis são enormes, tanto de terroir como de tecnologia e objetivos do enólogo que cada vez tem mais ‘mão’ sobre os destinos dos caldos elaborados. Minha dica para a região da borgonha é, mesmo tendo caixa, começar com os pinots mais básicos, prove diversos produtores e depois evolua gradativamente. Para a Pinot como um todo, a dica é a temperatura que deverá estar ao redor de 15º. Tome-o a 18 ou 19º e provará um outro vinho!

             Um ótimo fim de semana, espero que um jogo melhorzinho no domingo e nos vemos por aqui na semana que vem. Salute e kanimambo.

ps. uma outra indicação legal que cabe no bolso e é bastante interessante, é o Terranoble Pinot Noir, também do Chile e num patamar mais alto mas estupendo, o argentino Barda o mais borgonhês dos Pinots sul americanos. Cinco vinhos e diversos estilos, dá uma bela degustação!