Só vinhos com 10 anos de idade, uma degustação para ninguém botar defeito. Os amigos Emilio e Fátima possuem um rico calendário de degustações em sua loja, que vale a pena as pessoas se programarem porque são concorridíssimas. Esta foi uma coletânea de vinhos de diversas regiões e estilos que, na minha opinião, teve um surpreendente ganhador da noite, ainda mais porque foi voto quase que unânime das mulheres presentes. Falemos dos vinhos, no entanto, para depois falar dos resultados.
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Chambolle-Mussigny de Domaine Jacques Confuron – Bonita cor granada já tendendo ao atijolado, halo aquoso avantajado mostrando claramente sua idade. Aromas sutis de couro, café, na boca se apresenta com bastante complexidade, bem equilibrado tendo alcançado seu apogeu e já iniciando seu derradeiro caminho. Muita elegância e finesse num vinho que mostra bem as características desta região da Borgonha.
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Cabo de Hornos – chileno, ícone dos vinhos produzidos pela Vina San Pedro mostrava uma cor rubi com bordas granada e um halo aquoso presente, mas menor do que o anterior. Nariz mais frutado e intenso, ameixa compotada. Na boca um vinho direto, franco, mostrando pujança apesar de sua idade, taninos muito bem equacionados que se sentem na entrada de boca,mas que harmonizam em perfeito equilíbrio terminando num vinho longo e bem saboroso que após algum tempo de taça mostrava deliciosos aromas de chocolate.
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Quinta da Portela da Vilariça Touriga Nacional – um português castiço, violáceo na cor e algo balsâmico nos aromas intensos de boa fruta mas sem mostrar aquele floral típico da cepa. Na boca ainda se mostra firme, talvez o mais jovem de todos os senhores presentes, mostrando taninos firmes, algo rústicos, mostrando que, mesmo com 10 anos de vida, agüentaria uma decantação mais prolongada ou mais dois a três anos de guarda para atingir todo o seu potencial.
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Capafons-Ossó Mas de Masos, da região de Priorat na Espanha – rubi escuro, também bastante jovem apesar da idade, mostrando uma cor ainda bastante escura, rubi intenso. Na boca é denso, de grande estrutura, muito rico e de personalidade muito própria, madeira presente, porém bem equacionada, especiarias, fruta bem madura, grande concentração e um final longo e algo mineral. Vinho potente com 14,5% de teor alcoólico.
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Livio Pavese Barolo o representante do Piemonte nesta degustação – cor ruby com reflexos alaranjados, mais um que precisava de tempo em decanter para se abrir. Muito saboroso, mas ainda pegando na boca com uma certa austeridade, taninos finos e aveludados, final de boca de boa persistência com um certo amargor. Não me encantou e acho que precisa de tempo. Vinho do qual esperava mais.
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Roccato de Roca Delle Macie, um digno representante da Toscana – ainda está por aparecer um vinho deste produtor que eu não goste. Este mostrou grande complexidade, uma textura de boca encantadora e plena de sabor com taninos firmes, porém de grande elegância, algo terroso e tostado com aromas de fruta madura, um vinho de muito longa persistência que encanta ao paladar. Na minha opinião o mais equilibrado de todos os vinhos da noite, mostrando um ótimo volume de boca e uma relação potência x elegância deveras interessante. Certamente melhorará mais ainda com um ou dois anos de guarda, mas já é muito saboroso e apetecível.
Para minha enorme surpresa, o ganhador da noite com o suporte maciço da ala feminina presente foi Mas de Masos do Priorat, o mais potente, de maior estrutura e, a meu ver, alcoólico de todos. Essa sensação de quente que ele deixa no final de boca, me fez, inclusive, tirar-lhe um ponto. Interessante o resultado e para mostrar o quão subjetivo pode ser uma degustação já que gosto é algo difícil de definir e muito pessoal. No meu caso, para quem tiver curiosidade, deu Roccato na cabeça, por uma margem de dois pontos, seguido de Chambolle-Mussigny e Cabo de Hornos só para mostrar minha diversidade gustativa!
Pegando minhas avaliações da noite, tenho que ressaltar que o amigo Emilio não mede esforços para nos surpreender e colocar à prova vinhos de muita qualidade. Entre o mais pontuado (91) e o menos (87), apenas 4 pontos de diferença o que demonstra o bom nível dos vinhos apresentados. Por outro lado, uma demonstração de como não existem regras absolutas em nossa vinosfera e de como a relatividade impera. O Emilio foi absolutamente correto ao abrir as garrafas na hora de servir, decantando para evitar borras e servindo em seguida após leve passagem do decanter pelo gelo para refrescar o vinho trazendo-o à temperatura adequada. São vinhos de 10 anos de idade e não convinha exceder o tempo de decantação. Três vinhos, no entanto, se beneficiariam muitíssimo de uma meia hora ou quarenta minutos no decanter. Vai saber, só experimentando mesmo!
Salute e para quem se entusiasmou com esta degustação, não deixe de clicar no logo acima com link direto para a Portal dos Vinhos onde você encontra a agenda, até junho, de outras deliciosas degustações temáticas. Se preferir, clique aqui.
Salute e kanimambo.