Encontro de Brasileiros na Rosso Bianco.

A bonita e boa loja capitaneada pelo Tiago fica situada em Jundiaí onde nos encontramos com o amigo Marcio Marson e equipe da Eivin para provar alguns dos rótulos brasileiros que hoje distribui.  Uma bela experiência que contou com a presença dos amigos blogueiros Cristiano (Vivendo Vinhos), Daniel (Vinhos de Corte), Alexandre (Diario de Baco), Beto (Nosso Vinho), Marcelo ( Emporio Vila Buarque), Jeriel (blog do Jeriel) e Guilherme Grando da vinícola Villaggio Grando e um convidado especial, Eduardo Milan, enófilo que, para minha agradável surpresa é granjeiro também. Tanto o Marcio como o Alexandre, trouxeram algumas novidades e preciosidades que tornaram este encontro muito especial.

              Vejam só o que estava sobre a mesa: Para iniciar os “trabalhos’ dois bons espumantes nacionais, o Marson Brut Champenoise e o Stellato Rosé. Na sequência, Villaggio Grando Chardonnay, Cordilheira de Sant’Ana Gewurztraminer Reserva Especial, Prelúdio da Vinha Solo, Corte Bordalês C de Vilmar Bettu, Terragnolo Marselan, e direto da barrica, Villaggio Grando Innominabile Lote IV e  Além Mar. Eis os meus comentários sobre os vinhos provados:

MARSON Brut Champenoise – já uma velha conhecida minha e um dos bons espumantes nacionais do momento fruto do blend de Chardonnay com Pinot Noir e uso de leveduras capsuladas. Frutos tropicais, brioche aparecendo de forma muito sutil, boa perlage, acidez balanceada, um espumante que me agrada e não é de hoje. Deu-se muito bem no meu Grande Desafio de Espumantes no final do ano passado, uma prova às cegas com 42 espumantes das mais diversas origens e estilos, um baita desafio sensorial não muito do agrado dos mais tradicionalistas. 

STELLATO Rosé da vinícola Santo Emilio em Santa Catarina, a 1200 metros de altitude. Um rosé diferenciado em função do uso de Cabernet Sauvignon e Merlot em sua composição.  Charmat longo com sur lie de 3 meses e uma fermentação malolática parcial, dão-lhe grande complexidade aromática que se repete na boca. Uma fruta mais madura que aparece de forma muito sutil, fino, elegante, ótima acidez, toques de fermento, um vinho todo ele muito delicado, fresco e apetecível com um volume de boca muito interessante em relação a outros espumantes rosés que costumam ser algo mais ligeiros. Já tinha chamado atenção para ele quando da Expovinis 2009, mas o preço ……..

Villaggio Grando Chardonnay 2008 sem passagem por madeira e produzido em Campos de Herciliópolis na região de Caçador a 1300 metros de altitude em Santa Catarina. A Villaggio Grando, quem me acompanha há mais tempo sabe que sou fã desta vinícola, produziu cerca de 12.000 garrafas deste gostoso caldo que tem o meu estilo de chardonnay, um vinho leve, fresco, rico com uma certa mineralidade sem perder o charme da cepa que, mais que nunca por não estar mascarada por trás dos excessos de madeira, mostra-se em toda a sua plenitude. Fino, cheio de sutilezas, leve toque de abacaxi e baunilha que pode levar a pensar em uso de madeira, flor de laranjeira, boa acidez e um final muito saboroso.

Cordilheira de Sant’ana Gewurztraminer Reserva Especial 2008, um clássico desta cepa em terras brasilis, com somente umas 3.300 garrafas produzidas. Para o meu gosto o vinho precisa de mais tempo de garrafa, mostrando-se algo curto e verde, seco, com um final algo abrupto e um nariz muito convidativo mostrando toda a tipicidade da uva.

Prelúdio 2007 da Vinha Solo, fruto do novo projeto de Marco Daniele em Campos de Cima da Serra, o primeiro dos bons tintos provados neste agradável noite na companhia de tanta gente boa. Blend de merlot, cabernet sauvignon e cabernet franc, um prato cheio para quem gosta dos vinhos do velho mundo, estilo Bordeaux da margem direita. Nariz complexo, intenso, terroso, couro e fruta vermelha bem presentes formando uma paleta olfativa inebriante. No palato não reproduz a mesma exuberância, porém mostra-se um vinho muito agradável de tomar , médio-corpo com  bom volume, taninos bem colocados, finos e aveludados, acidez no ponto produzindo um bom equilíbrio, com um final de boa persistência e muito saboroso. Um vinho que me seduziu e fez minha cabeça com um valor adicional, bom preço!

Corte Bordalês C 2001, produzido pelo “garagista” Vilmar Bettú, pequeno artesão do vinho que produz alguns dos vinhos mais caros e mais exclusivos do Brasil, tendo virado ícone para muitos dos críticos e especialistas do vinho. Desta feita estamos frente a frente com um caldo de reduzida produção, somente 580 garrafas envelhecidas em “madeira velha” por 13 meses. Um vinho que, após 9 anos, ainda se mostra bem robusto com taninos firmes e até algo rústicos. No palato é tímido abrindo-se lentamente em taça e, apesar da idade, um vinho que certamente se beneficiaria muito de um tempo de decantação. Na boca, tenho que confessar e pode até ser uma heresia, não me encantou. Esperava mais, pois as expectativas geradas eram muito grandes, porém senti alguma coisa verde e vegetal no final de boca que me incomodou. Não lhe tiro qualidades, muito pelo contrário, porém eu e ele necessitamos de outra conversinha tete a tete e em outro ambiente e devidamente decantado por pelo menos uma hora .

Terragnolo Marselan 2009 – uma amostra de barrica (12 meses de carvalho francês) e mais um vinho de pequena produção, neste caso 400 garrafas. Surpreendente e imagino como ele deverá ficar quando sair ao mercado dentro de mais uma meia dúzia de meses! Tinha como parâmetro desta cepa, o vinho 4º Geração, porém depois deste vinho fica claro que tinha porque a Terragnolo subiu o nível em diversos degraus. Nariz muito agradável em que se destaca a fruta fresca e, apesar dos taninos ainda muito presentes, mostrou grandes qualidades sendo muito rico, saboroso, ótima estrutura já mostrando um bom equilíbrio, aliando corpo com elegância, que deverá se acentuar com o tempo. Um vinho que deve chegar para chacoalhar o mercado! De tirar o chapéu, só precisamos ver a que preço virá já que a produção é muito limitada.

Villaggio Grando Inominabile Lote IV – ainda tenho que provar o Lote III que está na adega, mas sou fã deste vinho e não é de agora, já que desde Novembro de 2008 que nossos caminhos se encontram. É um vinho diferenciado tanto em sua elaboração como conceito e origem já que vem de cerca de 1300 metros de altitude próximo a Caçador na serra catarinense, um dos locais mais frios do Brasil com um terroir muito particular que se reflete em seus vinhos. Os Lotes I e II primavam pela elegância, o que este também tem, porém talvez lhe faltasse um pouco de pegada. A um assemblage de Cabernet Sauvignon / Cabernet Franc / Merlot / Malbec e Pinot Noir, agora agregaram um pouco de Petit Verdot que lhe aporta corpo e uma complexidade adicional, de certa forma preenchendo uma lacuna e tornando-o mais completo, mais harmônico e um vinho que promete, lembrando que esta foi uma prova de barril, pois o vinho ainda não foi engarrafado. No mercado está o Lote III, que já leva Petit Verdot, o qual comentarei assim que o tomar, mas este apresentou um ótimo volume de boca, os taninos presentes ainda algo verdes, mas já denotando muita qualidade, complexo, rico e um final de muito boa persistência. Um vinho do velho mundo e certamente mais um que surpreenderia o meu amigo Rui Miguel (Pingas no Copo) blogueiro de primeira linha na vinosfera lusa. Eu, que já gostava do vinho, desta feita me seduzi pelo caldo e acho que o vinho apresenta enorme potencial que só o tempo nos poderá confirmar, eu aposto nisso!

Além Mar da Villaggio Grando – apenas 8000 litros produzidos em conjunto com o conceituado enólogo português António Saramago e o enólogo da casa o francês Jean Pierre Rosier. Barricas de primeiro uso francesas, um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec que, dentro de alguns anos será só de castas portuguesas ainda em processo de evolução na vinha. Mais uma amostra de barrica que vai dar o que falar quando sair ao mercado. Vinho encorpado, cheio, de ótima estrutura, boa acidez, de certo um ótimo companheiro da boa gastronomia. Gosto dos vinhos deste produtor. Têm um estilo que combina comigo, e este é mais um que virá para marcar presença. Uma pena que apesar dos esforços deles, o maior mercado consumidor de vinhos no Brasil (São Paulo) lhes seja vetado por uma carga tributária absurda imposta por nosso governo estadual que caminha num sentido contrário ao de Santa Catarina que baixou impostos. Teimosamente seguimos tentando e a Eivin é um parceiro importante nesse projeto. Grato aos dois pelo privilégio de provar esses ótimos caldos.

              No geral, uma excelente oportunidade de rever amigos e nos deleitarmos com vinhos de muito boa qualidade que só vêm confirmar a excelente fase que vive a produção brasileira. Houvesse mais bom senso na órbita governamental (Estado de São Paulo e Governo Federal) com a redução de impostos e favorecimento tributário aos estados produtores, nada de compensar aumentando dos importados ou promovendo absurdos como a lei do selo que só prejudicam o consumidor, assim como um maior acerto na distribuição e políticas comerciais que em geral ainda deixam a desejar, e certamente teríamos um cenário bem mais propicio ao maior consumo e continuo aprimoramento do vinho brasileiro. Quem sabe ainda viverei para ver isso acontecer!

Salute e kanimambo

Juanicó

                É, por este nome do produtor, poucos saberão de que vinhos falarei hoje. Juanicó é nome da vinícola que produz os famosos vinhos Don Pascual, Prelude e Família Deicas, agora está mais fácil não? Já deu para se situar? Pois bem, a Juanicó talvez seja o maior produtor Uruguaio de vinhos finos, exportando cerca de 20% de sua produção e detendo algo ao redor de 35% do mercado Uruguaio com uma produção total de cerca de cinco milhões de garrafas anuais. Apesar de já conhecer alguns de seus produtos como o ótimo Prelude e o excepcional Família Deicas 1er Cru Garage, desta vez tive o privilégio de, não só voltar a tomar estas preciosidades, mas também conhecer a linha básica e uns lançamentos.

  • Don Pascual Viognier Reserva 2005, eis aqui um vinho branco muito agradável, de boa concentração e frescor. Trinta por cento dele passa por barris de carvalho Francês por seis meses. No nariz muito cativante com os aromas de pêssego tendendo a se sobressair. Na boca é cremosos, de corpo médio, acidez controlada e muito saboroso. O preço normal é de R$39,00, mas neste mês de Julho está em promoção por R$32,00.
  • Don Pascual Tannat Roble 2006, uma parte passa por carvalho Francês e outra por Americano dando-lhe características muito interessantes. Um Tannat muito equilibrado, redondo e macio, absolutamente pronto para beber. O Preço normal é de R$45,00, porém nesta promoção de Julho, está por R$39,00.
  • Prelúdio Barrel Select Branco 2004. Lançamento do primeiro Prelúdio branco e um senhor vinho que vem para dividir atenções com seu irmão mais velho, o tinto. Um corte de 90% de Chardonnay, 8% de Viognier e 2% de Sauvignon Blanc. De 9 a 11 meses de barrica de carvalho Francês, elaborado de forma quase artesanal que resulta em somente umas 2500 garrafas disponíveis para todo o mercado. No nariz não desperta, pelo menos para min, grandes euforias. Na boca, no entanto, é bem mais evoluído, complexo, um vinho que clama por comida. Elegante, rico é um vinho de grandes qualidades. Preço R$88,00.
  • Prelúdio Barrel Select Tinto 2002, um corte de Tannat, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot e um tico de Marselan. Vinho de guarda com ótima estrutura. Este 2002 apresentou aromas complexos, taninos firmes sem qualquer agressividade na boca, fruta madura, boa acidez, muito equilíbrio num conjunto que preza pela elegância. Já muito bom e, certamente, melhorará ainda mais com mais um ano de garrafa. De R$115,00 por R$99,00.
  • Don Pascual Tannat/Merlot, o célebre corte Uruguaio que vai excepcionalmente bem com uma carne na brasa. Este corte produz um equilíbrio e harmonia tal no vinho, que explica o sucesso que o faz ser um campeão de vendas. Redondo, fácil de beber, um vinho para quem não quer errar. Nos restaurantes, uma escolha certeira.
  • Família Deicas 1er Cru Garage 2000. Produzido em associação entre a Juanicó e a família Magrez, dona de diversos Chateaus em Bordeaux, em especial o Chateau Pape Clement, com uvas de vinhedos de baixíssima produção de onde se extrai algo como meio quilo de uvas por planta o que significa que, para elaborar uma garrafa deste néctar, se usam uvas de três plantas! Já tinha me apaixonado pelo vinho quando de uma degustação de aniversário da Expand e, repetir a experiência foi um enorme privilégio já que este vinho me encanta, é exuberante! Repito o que já tinha comentado antes, uma paleta aromática absolutamente maravilhosa, intensa e complexa. Na boca é potente, mas elegante com taninos finos presentes e boa acidez com um longo final de boca. Não mais uma enorme surpresa e sim, a confirmação de estar perante um grande vinho! Preço especial na promoção. De R$285,00 está por R$248,00. Para quem tem essa grana, não deixe de comprar, não se arrependerá.
  • Licor de Tannat 2004. Um licor produzido à base de Tannat com adição de álcool viníco ao estilo dos vinhos do porto. Bom para tomar  acompanhando uma sobremesa de chocolate ou em vôo solo. Preço R$78,00.

Estes vinhos são de importação exclusiva da Expand. Procure-os em qualquer uma de suas 33 lojas espalhadas por este Brasil afora. Veja telefones e endereços em http://www.expand.com.br/ .

 

Salute e kanimambo.