Quinta da Mieira

Saturday Night Wine Tasting II, Destaques da Noite!

Mais uma vez contei com a colaboração de um monte de gente para montar com sucesso mais uma viagem de descobertas de novos sabores sensoriais na Vino & Sapore, a segunda edição do Saturday Night Wine Tasting e como sempre, algumas surpresas. No nosso 1º Wine Fest de Julho de 2012 o campeão foi um vinho de sobremesa alemão, em Outubro de 2011 no nosso primeiro aniversário, ganhou o Boca Negra , também um vinho de sobremesa porém esse espanhol  tinto elaborado com Monastrel, e agora mais algumas surpresas.

Nos diversos eventos que monto sempre busco apresentar diversidade com preços justos, inerente á minha pessoa e fiel aos meus princípios desde os primeiros posts aqui publicados, independente de sua gama de qualidade. Existem achados em todas as faixas de preço e é isso que tento garimpar e aqui publicar assim como colocar, sempre que possível, na Vino.

Nesta mostra de diversidade sempre há aquilo que para mim é destaque e o que o caixa apresenta como  destaque, os verdadeiros preferidos dos convidados que é o que mais interessa. Desta feita não podia ser diferente e estes são os vinhos que mais me surpreenderam. Alguns novos e outros eu revi após longo tempo, vejam abaixo os dez que, a meu ver, mais se destacaram numa seleção muito boa, modéstia á parte (rs), e muito parelha:

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Ø  Lagar de Bezana GSM (Grenache, Syrah, Mouvédre) chileno mas com um perfil francês de muita elegância e complexidade. Vinho para provar com mais calma, porém deixou sua marca. (Magnum)

Ø  Dezzani Barbaresco, este é de 2007 e já apresenta uma cor algo mais atijolada demonstrando sua evolução. Um vinho marcante que sempre me dá muito prazer tomar sendo um vinho sedutor e rico, hedonístico com um longo e muito saboroso final de boca.  (Calix)

Ø  Quinta da Mieira branco – Um vinho do Douro elaborado com 100% da uva Rabigato e sobre o qual já teci aqui minha opinião. Tomei de novo e só confirmei minhas sensações iniciais e, por sinal, o tinto também é muitíssimo bom. (Winery)

Ø  El Milagro Syrah – este syrah chileno de ótima relação custo x beneficio, R$65, fazia tempo que não levava á taça e mais uma vez mostrou toda a sua qualidade. Muito equilibrado, aveludado na boca, redondo e muito, mas muito saboroso, é um achado entre os bons vinhos que o Chile vem elaborando com esta casta. Muito bom também, do mesmo produtor, um Chardonnay/Viognier! (Mercovino)

Ø  Hécula Monastrel – outro que fazia tempo que eu não revia e que mais uma vez me deu muito prazer rever. De casa nova, agora na Almería do amigo Juan, um monastrel sem nada de doce, corpo médio, taninos finos muito bem integrados, não é á toa que possui tanta premiação e altos pontos pelos principais críticos internacionais. Melhor, está abaixo dos R$60! (Almería)

Ø  Albert Bichot Pinot Noir Vieilles Vignes – não é fácil encontrar um pinot da Borgonha que satisfaça e tenha preços abaixo dos 100 reais, então este há que se destacar. Um bom e muito característico Borgonha que mostra muita qualidade na boca. (Winebrands)

Ø  Cecilia Beretta Prosecco Brut Millesimato – Pequeno produtor, quantidade limitada a cerca de 60 mil garrafas ano o que, para um Prosecco, é nada! Não estivesse escrito no rótulo de que é um Prosecco e certamente passaria por um bom Cremant  Francês e a um preço bem bacana. (Vínica)

Ø  William Févre Espino Gran Cuvée Chardonnay – este anda mais amiúde por minha taça, mas sempre me satisfaz muitíssimo e mais uma vez repetiu a dose. Um dos melhores chardonnays chilenos com uma madeira suave muito bem colocada e um estilo bem chablisiano de ser. Delicia! (Dominio Cassis)

Ø  Pasíon de Bobal – esta uva, bobal, espanhola pouco conhecida entre nós é surpreendente. Já tenho o Villavid Bobal Roble que é muito saboroso e possui um preço bem bacana, abaixo dos 40 reais, porém este está um patamar acima de complexidade. Um vinho daqueles que acaba rápido e pede a próxima garrafa! Fresco, frutado, boa textura e um final “pra lá” de apetecível fazem dele uma escolha muito interessante para quem gosta de sair da mesmice e provar coisas diferentes. (Costazurra)

Ø  Chateau de Pourcieux Rosé de Provence – Não é á toa que foi tri-campeão da Expovinis como melhor rosé dessa que é a maior feira de vinho da américa latina. Delicioso, fresco, sutil, uma ótima companhia para camarão na moranga ou simplesmente para bebericar, bom demais da conta e olha que eu não sou assim tão chegado nos vinhos dessa região! (Cantu)

Mas o povo se manifesta mesmo é no caixa, então eis o resultado dos top 5 (dá mais porque há múltiplos empates o que confirma como os vinhos estavam parelhos), os vinhos mais vendidos da noite:

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Confidencial  – Tinto português da região Lisboa que surpreende os mais céticos. Como um vinho abaixo de R$30 pode ter essa qualidade? Um verdadeiro achado e campeão da noite! (Costazurra)

Chateau de Pourcieux Rosé de Provence (Cantu) – frio, mesmo que no Sábado nem tanto, rosé, preço pouco abaixo dos 90 Reais, empatado com o Casa da Passarela Dão (Vínica) em segundo lugar. Uma enorme surpresa o Pourcieux já que sabemos que o mercado não é assim tão chegado nos rosés, ou será que estávamos errados!

Casa da Passarela Dão Colheita Tinto – mais um português na fita o que só vem comprovar o altíssimo nível de qualidade existente nos vinhos desta região e com preço para lá de camarada, na casa dos R$45. (Vínica)

Gran Sello Tempranillo/Syrah, um espanhol de La Mancha muito saboroso e com preço abaixo dos R$70 (Calix) empatado com;  Hécula Monastrel de Yecla, Espanha (Almería) / Surani Costarossa Primitivo di Manduria da Puglia, Itália (Vínica) e William Févre Espino Gran Cuvée Chardonnay do Chile (Dominio Cassis).

Cecilia Beretta prosecco Brut Millesimato (Vínica) , Cientruenos Garnacha de Navarra, Espanha (Dominio Cassis), El Milagro Syrah, Chile (Mercovino) e Maray by Tabali Pinot Noir, do Chile (Almería)

Casa de Cambres Tinto Reserva do Douro, Portugal  (Winery) e Vestago GEA Bonarda de Mendoza, Argentina (W&W Wine).

Mais um evento bem sucedido graças a Deus, aos amigos, colegas e parceiros porém o ano ainda não terminou, então aguardem para breve, o 2º Granja Viana Wine Fest o melhor e principal evento de vinhos na zona oeste da grande São Paulo. É, modéstia nunca foi meu forte! Rs Brincadeiras á parte, o evento este ano promete ser bem superior ao do ano passado quando aprendemos muito e mais de 250 pessoas saíram daqui felizes e satisfeitos. me aguardem! Salute, kanimambo e nos encontramos por aqui.

Ps. Fotos na parte da tarde!

 

 

Meu Primeiro Rabigato, Gostei!

A primeira vez é sempre marcante ou, pelo menos, interessante e didática! Esta foi bastante marcante porque me surpreendeu. Rabigato, para quem não conhece, é uma uva autóctone da região do Douro onde é costumeiramente usada em cortes com a Viosinho, Verdelho e Gouveio e que, em função de sua baixa produtividade, está gradativamente  sendo substituída por castas mais interessantes comercialmente e de maior produtividade. Os vinhos de Portugal produzem sempre saborosas surpresas!

Clipboard Quinta da MieiraEste produtor, João Turégano da Quinta da Mieira, vai um pouco na contramão desse “trend” e nos traz esse Rabigato vinificado em estreme (varietal 100%) ou monocasta como eles por lá chamam estes vinhos que, neste caso, foram elaborados com uvas advindas de vinhedos com mais de 40 anos. Não teve jeito, como todo o enófilo apaixonado pelos mistérios de Baco, me meti a pesquisar antes de entrar na degustação deste vinho recebido da Importadora Winery para degustar em paralelo com o produtor e o amigo Breno num evento promovido no site www.tvgeracaoz.com.br do também amigo e saudoso (depois que ficou famoso sumiu!) Marcelo di Morais.

A Rabigato, por erro, no passado foi relacionada com a casta Rabo de Ovelha, variedade com a qual rabigatonão aparenta qualquer semelhança. Os vinhos oferecem acidez viva e bem equilibrada, boas graduações alcoólicas, frescura e estrutura, características que a elevaram ao estatuto de casta promissora no Douro. Apresenta cachos médios e bagos pequenos, de cor verde amarelada. Poderá, nas melhores localizações, ser vinificada em estreme, oferecendo notas aromáticas de acácia e flor de laranjeira, sensações vegetais e, tradicionalmente, uma mineralidade atrevida. É a boca, porém, que justifica a sua reputação, com uma acidez mordaz e penetrante, capaz de rejuvenescer os brancos do Douro Superior e com boa capacidade de envelhecimento..

Abri a garrafa a cerca de 8ºC o que não recomendo, pois foi-se abrindo muito conforme a temperatura aumentou mostrando que o contra rótulo está corretíssimo quando sugere a temperatura de serviço de 12ºC. Nariz de média intensidade, mas bastante complexo com notas cítricas (maçã verde) e tropicais com algum abacaxi maduro e suaves sensações de flor de laranjeira como pano de fundo, aparecendo até uma certa dose de baunilha mesmo não havendo o vinho passado em barrica.

quinta da Mieira Rabigato VNa boca é marcante, um vinho com personalidade, meio de boca seco, boa estrutura e acidez bem integrada transmitindo frescor, mas sem ferir o palato, balanceado e rico com um final mineral muito interessante. Um vinho gastronômico por excelência e logo comecei a pensar com o que harmonizar. Frutos do mar grelhados e bacalhau vieram rapidamente à cabeça, mas queria algo menos óbvio.  Não sei se daria samba, só testando, mas pensei numa moqueca sem dendê, será? Pensei em coisas menos atuais como um camarão á Mary Stuart do 50/50 (já falecido) lá de Santos e um delicioso Frutos do Mar á Bercy do Tatini (esse bem vivo), quem sabe até de arroz de polvo e, muito certamente, uns Rojões de Porco à Moda! Ai, deu uma fome!!!!! A sede eu matei, mas a fome vai ter que esperar.

Gostei do que provei e tomei, um vinho deveras interessante e parada obrigatória para quem gosta de sair da mesmice e curte as viagens de descobertas de novos sabores por nossa Vinosfera.  Deverá custar algo ao redor de 100 Reais, de acordo com o que o Leandro (Winery) disse no programa, então procure em sua loja preferida e depois me diga algo, adoro feedback! Salute e kanimambo pela visita, eu vou seguir pesquisando a Rabigato e buscando novos rótulos para melhor conhecer o potencial dessa uva, fui!