A principio, prefiro os espumantes elaborados pelo método tradicional já que o processo é mais elaborado e menos estressante sobre o vinho gerando, normalmente, produtos mais complexos, com maior intensidade de sabores e aromas, quase sempre mais cremosos apresentando perlage mais fina e delicada do que os elaborados pelo método charmat. Por outro lado, é comum os “charmats” apresentarem perlage abundante, de dimensão maior, porém de menor persistência, e bom frescor. Tudo isto, no entanto, tem suas exceções como é o caso de um dos melhores, se não o melhor espumante nacional, o Chandon Excellence, que possui todos os atributos do método tradicional mesmo sendo elaborado pelo método charmat. Resumo da história, apesar dos guias, dicas e sugestões, não existem verdades definitivas no mundo do vinho, tudo é mutável e nada supera a prova, então aproveite ao máximo a época, ótima desculpa, e diversifique o quanto possa até encontrar o estilo de espumante que lhe agrade mais.
A faixa de preços anterior é tão rica de bons produtos, que pouco tenho me aventurado nos rótulos acima de R$50,00, apesar de ter provado diversos bons espumantes tanto nacionais como importados. Neste post, pretendo cobrir as ultimas duas faixas de meus Tomei e Recomendo, de R$50 a 80,00 e de R$80 a 120,00.
De R$50 a 80,00 – Meu garimpo por bons vinhos e espumantes com bons preços, gerou algumas pedras preciosas neste ano, e alguns deles estão presentes aqui.
Proseccos, tradicionalmente elaborados pelo método charmat, algums belos exemplares que mostram que existem proseccos, e PROSECCOS! Estes fazem parte dessa ultima leva, rótulos de muita qualidade e muitíssimo saborosos. Bedin (Decanter) e Incontri (Vinea Store) são produtos muito similares, até de preço, e de grande qualidade, verdadeiramente cativantes. Ambos apresentam um enorme frescor, algo de maçã verde no olfato, bem cítrico na boca, muito bem balanceados e sedutores com um final de boca muito agradável e longo, deixando na boca aquele gostinho de quero mais que faz com que a garrafa acabe rápido demais. Duas opções difíceis de resistir em função da incrível relação Qualidade x Preço x Prazer que entregam. Rústico (Expand) é um prosecco também muito fresco, porém um pouco mais complexo com aromas que me lembram pêra e algo de pêssego, mais encorpado sem ser pesado, muito harmônico, cremoso com suave presença de sabores de levedura na boca, um senhor prosecco com uma personalidade muito própria.
Dos outros espumantes importados, dois franceses de tirar o chapéu e cair o queixo, ótima opção para quem é chegado num champagne, porém está com o bolso meio curto. Kritter Brut Blanc de Blancs (Decanter) crémant de bourgogne da região de Beaune, amarelo palha, límpida e brilhante, perlage muito boa, fina e abundante. De média estrutura é um espumante macio, algo cremoso, mais sério e compenetrado mostrando alguma fruta, bom frescor e algo de torrefação e leveduras bem ao estilo dos espumantes de champagne. O Kritter Rose, me encantou mais ainda porque tenho uma certa dificuldade em gostar deste estilo de espumante, em função do forte amargor de final de boca que costumam apresentar, tendo-me deixado muito satisfeito e seduzido por seu saboroso e muito agradável final de boca com grande frescor. Os suaves aromas de frutas silvestres frescas, se confirmam na boca com muita sutiliza e harmonia. O legal é que estão disponíveis em doses quase que individuais em pequena e charmosas garrafinhas de 200ml.
Ainda dentro os importados, duas deliciosas Cavas, tradicionalmente elaboradas pelo método champenoise; a Raventos i Blanc L’Hereu Reserva Brut .(Decanter) muito equilibrada, saborosa, frutada, fresca, de perlage fina e abundante, aromas sutis e delicados, persistência média, muito fácil de tomar e agradar formando um conjunto muito refinado; a outra acaba de chegar e já está à venda na rede de supermercados do interior Paulista, a rede Paulistão, e é uma grata surpresa, verdadeiramente encantadora e complexa, é a Marrugat Gran Reserva Brut Nature 04 (Pinord) de produção biodinâmica que passa 36 meses em garrafa. De cor amarelo dourado, límpida e brilhante, na boca é cheia, cremosa, seca, porém sem nunca perder o frescor aportado por uma ótima acidez. Boa estrutura, perlage muito fina, abundante de enorme persistência (aproximadamente uns 30 minutos) mostrando todo o seu potencial. Aromas sutis de leveduras e frutas cítricas, uma cava de primeiro nível, muito bem elaborada, de delicado final de boca mostrando muita finesse e elegância. Enorme surpresa que esteja posicionada nesta faixa de preços e um grande achado.
Dos nacionais, alguns dos considerados tops e já amplamente comentados pela imprensa especializadada; Valduga 130, Miolo Millésime e Chandon Excellence, todos grandes espumantes, porém bem diferentes entre si, com estilos diferentes que atendem gostos diferentes. O Valduga 130, homenagem à idade da vinícola, é o mais encorpado deles, um espumante que passa 30 meses em contato com as leveduras e adquire aromas muito clássicos de brioche e algo tostado, muito presente no nariz, boa estrutura de corpo médio, denso, mostrando boa concentração de aromas e sabores mostrando um leque de sensações bastante complexas e uma perlage de média intensidade. O Millésime 04 da Miolo, segue o mesmo estilo, mas tenho para mim que a melhor acidez lhe dá um frescor maior de final de boca que me atrai mais. Cremoso, algo de torrefação e leveduras no nariz, na boca apareceu uma certa mineralidade, algo de abacaxi que me agradou bastante. Perlage abundante e fina com leve amargor no final. O teor alcoólico de 13º incomoda um pouco, não na boca porque está bem equilibrado, mas na terceira taça (hic.. rsrs). O Chandon Excellence Brut Cuvée Prestige, único deles produzido pelo método charmat, é elegante e sedutor, mostrando uma perlage fina, abundante e concentrada de ótima persistência. Apresenta aromas sutis de padaria, algo de abacaxi com eventuais nuances florais. Ótima acidez aportando bom e refrescante frescor produzindo muito equilíbrio, cremoso com espuma abundante que forma um bonito colar. Final de boca saboroso e muito agradável, algo cítrico e amendoado, convidando a mais uma taça.
De R$80 a 120,00 – quase não provei espumantes nesta faixa de preços, exceção feita a um delicioso spumante italiano rose e um soberbo espumante francês que, lamentavelmente, subiu para esta faixa em função da forte valorização do Euro e do Dólar. Da faixa anterior, andei pulando direto para alguns champagnes realmente muito bons, mas sob os quais pouco falarei já que, certamente, a maioria é bem conhecida e já amplamente comentada pela critica especializada.
Começemos pelo Bailly-Lapierre Brut Reserve (Nova Fazendinha) um crémant de bourgogne de muita qualidade e um verdadeiro achado, que já foi mais competitivo, mas segue sendo uma boa opção aos champagnes de maior valor, especialmente para os amigos do Rio de Janeiro, Niterói e região. Às cegas, é difícil identificá-lo como um cremant e não um verdadeiro champagne. É bastante complexo, elaborado com um corte de Pinot, Chardonnay e Aligoté, passa 18 meses em garrafa nas caves antes de ser lançado no mercado. Os aromas de panificação estão muito presentes, com algo de frutas brancas e uma acidez e mineralidade bem marcantes que ajudam a dar-lhe equilíbrio, tornando-o mito agradável e sedutor na boca.
O Faive Rosé (Expand), é mais um daqueles espumantes que me arrebatou e encantou. Começa a cativar pela bonita cor rosa pálido, quase cobre, e límpida. Corte de Cabernet Franc e Merlot, muito balanceado com a marca de frescor e frutuosidade que Nino Franco, produtor italiano, imprime a seus saborosos espumantes, é extremamente sedutor, cremoso, equilibrado e fácil de beber. Ótima perlage, fina, persistente e abundante algo de cereja fresca na boca, vibrante, levemente off-dry, suave e de boa textura, muito agradável e saboroso final de boca de muito boa persistência. Um dos meus favoritos.
Acima disto chegamos nos champagnes e aí o céu é o limite. Para quem pode, recomendo alguns “básicos” de excelente qualidade com os quais me identifico mais. Um dos mais baratos e, na minha opinião, um dos mais frescos e saborosos é a Piper-Heidsieck (Interfoods), depois temos a super-elegante Taittinger Reserva Brut (Expand) verdadeiramente aristocrata e fina plena de sabor, cremosa, algo de baunilha e caramelo na boca com grande frescor harmonizando o todo; a Gosset Excellence Brut (Expand) muito equilibrada e de estupenda perlage, fina, abundante e persistente e a Veuve Clicquot Ponsardin Brut, de grande frescor e frutuosidade todos entre R$180 a 200 exceto a Piper que costuma estar por volta dos R$140,00. Uma das que mais gostei, sem considerar o Comtes de Champagne de Taittinger que é de reflexão e talvez o melhor vinho que tenha tomado este ano, está o Mailly Grand Cru Brut Reserve (Ana Imports), de perlage abundante, persistente e fina com sur-lie de 3 anos que lhe dá profundas notas de brioche, boa fruta com ótimo frescor que mexem com nossas pupilas gustativas, um champagne verdadeiramente inebriante e muito elegante.
Bem, este foi realmente longo, mas queria terminar isto hoje. Faltaram os Cave Geisse, eu sei Leandro, mas estes e mais uma série de outros bons rótulos nacionais e importados, serão um de meus focos para 2009. Salute amigos, com muita borbulha e muito sabor. Aproveitem com moderação, desfrutem das festas, de bons vinhos e de boa gastronomia. Espero que estas dicas de Tomei e Recomendo do mês tenham ajudado em sua escolha e termino aqui as indicações do ano. Kanimambo e nos vemos por aqui lembrando; Sábado a Coluna do Breno e Domingo Noticias e Eventos de nossa Vinosfera. Segunda tem mais.