Balthasar Ress Riesling Trocken, Gostei!

Dificuldade danada de encontrar um Riesling minimamente com qualidade a um preço razoável, já nem falo barato porque os vinhos alemães não primam por preços acessíveis, especialmente em terras brasilis. Este gostei bastante, numa faixa de gama de entrada o vinho satisfaz tanto em qualidade como em preço, eureca!

É um vinho da gama de entrada dos vinhos alemães (vinhos de mesa) que têm uma classificação algo diferente e bastante desconhecida da maioria dos seguidores de Baco, então aproveito para colocar aqui o gráfico para uma melhor apreciação e clicando neste link você acessa um artigo da Wine Folly (em inglês!), explicando o que é o quê, mas desde já dando um toque, Trocken quer dizer seco.

Bem, voltando ao vinho, não se deixe levar pelo fato de ele ser um “vinho de mesa”, porque queria eu tomar um vinho de mesa assim todo o dia! A Riesling, em função de sua grande acidez, envelhece muito bem e este exemplar jovem, segue muito jovem mesmo com três anos de sua colheita. Leve, mas sem perder sabor, nectarina, notas petrolatas (existe essa palavra? rs) sutis demonstram sua vibrante mineralidade, um vinho que dá enorme prazer tomar. Deve ser um grande companheiro para frutos do mar grelhados, vieiras, pratos da culinária japonesa e peruana, mas eu me diverti mesmo foi com umas torradinhas e queijo Lua Cheia da Serra das Antas, uma iguaria que casou à perfeição.

Com preço variando entre 113 a 130 reais, vale cada centavo em nossa realidade tupiniquim e certamente visitará minha taça mais vezes especialmente agora que a primavera se aproxima com um calor intenso. Tempo para desfrutar de pratos leves e vinhos idem, sem perder qualidade nem sabor, gostei e recomendo!

Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí em qualquer lugar desta nossa imensa vinosfera. Aliás, aproveito para pedir aqueles que receberam um questionário de pesquisa meu, que por favor o respondam. Sei que é um pé, mas me ajudariam sobremaneira e fico desde já muito agradecido se o fizerem. Se não receberem e quiserem me ajudar com seu voluntariado, rs, me avisem nos comentários abaixo que darei um jeito de vos enviar. Saúde

Riesling e Joelho de Porco (Eisbein)

Eisbein 2Uma dupla alemã de respeito em mais um encontro da Confraria Saca Rolhas na Vino & Sapore. Já testei essa mesma harmonização e o resultado foi igual, sozinho o alsaciano se destaca porém ao chegar o prato o alemão mostra suas garras e essa foi a sensação da maioria. O Eisbein pelas mãos do chef e cozinheiro de mão cheia Ney Laux estava perfeito e o chucrute divino, porém como temos uma porta voz, deixemos a amiga e confreira Raquel Santos dar sua visão e compartilhar conosco suas emoções de mais este experimento.

Assim como todo vinho tem uma história, as parcerias que ele faz com as comidas, incluído como parte das refeições, coloca-o lado a lado na história da alimentação.

Esta experiência, com um Riesling, tão comum aos povos germânicos, pode parecer estranho para nós que temos alguns parâmetros pré estabelecidos, como aquela máxima que diz que vinhos brancos devem combinar com peixes ou comidas mais leves, ou mesmo que são vinhos para dias quentes de verão. Curiosamente, podemos constatar que toda as regiões nos arredores do Alpes, produzem principalmente vinhos elaborados com uvas brancas.

No nordeste da Itália (Trentino-Alto Adige e Friuli-Veneza Giulia) reinam Chardonnay, Pinot Grigio, Pinot Bianco, Sauvignon Blanc, Riesling e Gewürztraminer. Assim como na França (Alsacia), onde faz fronteira com a Alemanha, o Riesling do Reno disputam a maestria na elaboração desse vinho, cada um à sua moda. Além da Suíça e Áustria, com suas variedades locais, também dividem sua situação geográfica e o clima alpino.
A harmonização desses vinhos com as comidas típicas de países frios podem parecer à primeira vista algo inusitado. Quando pensamos nos queijos curados, de massa cremosa, ou nas fondues, nos salsichões e joelhos de porco (Eisbein), chucrute, carnes defumadas e condimentadas, o mais óbvio seria pensar num vinho potente, que ampare a gordura e os sabores marcantes. Pois acreditem: Esse vinho pode ser um Riesling! Neste caso a comida entra com o ataque potente e o vinho vem para apaziguar os ânimos mais exaltados. São leves, refrescantes e limpam o paladar, sem deixarem de ser marcantes.

Começamos o encontro bem dentro dos nossos propósitos:
Um espumante italiano da região de Franciacorta. Próximo à cidade de Bressia, as pés dos Alpes, esse DOCG se notabilizou por produzir os melhores espumantes do pais feito pelo método clássico, com a uva Chardonnay:
1. Lo Sparviere Brut 2007 – Gussali Beretta – 100% Chardonnay
Aromas de pão e biscoito amanteigado. Boa persistência, acidez e corpo. Perlage contínua, que se perde um pouco no final. Tinha uma lembrança de outras provas, tratar-se de um espumante com muita pérlage. Daí pode-se perceber que os vinhos não se comportam igualmente em todas as ocasiões.
Na sequencia seria servido o jantar:

Um eisbein suculento que pareceu ter sido cozido na própria gordura, que foi totalmente retirada depois. Acompanhado de batatas cozidas, chucrute e mostarda.
Para acompanhar o prato, dois vinhos:

2. Eugen Müller – Forst – Kirchenstück – 2012
Riesling alemão, da região do palatinado (Pfalz). No início os aromas são tímidos, mas vão evoluindo com o tempo na taça. Percebe-se a mineralidade do solo argiloso, com ótima acidez, corpo persistente e longo. No final, aparecem nuances cítricas e borracha. Muito elegante. Ficou muito bom com a carne que tinha sabores sutis, defumados e da gordura do cozimento.

3. Gustave Lorentz – Vin d’Alsace – Reserve Riesling – 2010
Riesling francês, da região da Alsacia de cor mais dourada, demonstrando alguma evolução. Denso e perfumado. Aromas florais frutas brancas (peras, maçãs e melão). Na boca parecia bem complexo e equilibrado. A mineralidade típica estava presente, com bom corpo e boa acidez. O envelhecimento tirou-lhe um pouco de frescor, sem comprometer, mas dando-lhe mais seriedade. Final com uma doçura que casou muito bem com o chucrute, feito com cebolas caramelizadas e bacon.

Riesling e eisbein 1

Chegou a hora de partir para a sobremesa, mas o que está se tornando tradição nesses nossos encontros novamente aconteceu! A vontade de abrir uma garrafa extra para tirarmos a “prova dos nove”. E a sugestão foi irrecusável: Que tal mais um vinho branco, italiano do Alto Adige, elaborado por uma uva desconhecida por nós? Já ouviram falar em Kerner? A vontade de conhecer foi unânime e igual a qualquer viagem, que quando passamos pertinho de algum lugar interessante, pensamos: Já que estamos aqui tão perto, não custa nada dar uma passadinha lá, não é mesmo?

4. Kerner 2012 – Stiftskellerei Neustift – Abbazia di Novacella
De vinhedos proveniente do Valle Isarco (DOCG), bem ao norte da Itália, quase na divisa com a Áustria, essa uva foi batizada com o nome do médico e poeta Justino Kerner. Plantada principalmente na Alemanha é um cruzamento da Trollinger (ou Schiava) com a Riesling e adaptou-se bem nesse clima dos Alpes. Muito aromático, como pêssegos em calda, maçãs e cítricos. Na boca é muito encorpado, cheio de frutas tropicais(manga). Sua opulência é quebrada pela acidez bem colocada. É daqueles vinhos que quase dá para mastigar! Comparando com o Riesling, o Kerner tem mais fruta, sem perder o mineral, o floral e as notas cítricas típicas da Riesling.

E para encerrar nosso jantar tivemos uma belíssima Tarte Tatin que harmonizou muito bem com mais um Riesling alemão, da região do Mosel, só que com um grau de doçura maior que os anteriores. Um Spätlese, ou seja, de colheita tardia. As uvas atingem um nível de maturação maior antes da colheita e Tartin e rieslingconsequentemente serão mais doces, e mais alcoólicos. Esse me chamou a atenção pela dosagem alcoólica baixa. Apenas 8%.

5. Grans-Fassian 2007 – Piersporter Goldtröpfchen – Spätlese Riesling
Cor âmbar dourado com aromas frutados e minerais. Na boca mostrou certa untuosidade, com bom corpo e refrescância, devido à boa acidez. Sabores cítricos e muita maçã verde. Equilibrado e elegante.

Como podemos ver, nem sempre um vinho feito com uvas brancas significa falta de estrutura para acompanhar pratos mais consistentes ou mesmo, aquela bebida que “quase” poderia substituir a água nos dias de calor. As combinações que podemos fazer entre vinhos e comidas são infinitas e nunca será uma equação matemática. Por isso eu gosto de humanizar essa minha relação com eles. Imaginem uma conversa entre duas pessoas com pontos de vista diferentes. Quando um entende a questão do outro fica mais fácil chegar a uma conciliação. Isso é harmonização!

Joelho do Ney, uma MARAVILHA!!!!

É, não é bem dele, mas é ele que faz! Para quem não conhece, o Restaurante do Ney, oficialmente o Patio Viana, é uma instituição de mais de 20 anos aqui na Granja Viana. O Ney faz parte da confraria Valor du Vin que periodicamente se encontra na Vino & Sapore para descobrir e curtir novos sabores. Desta feita, o tema foi Riesling e Joelho de Porco, uma tradicional harmonização alemã, e o Ney não negou fogo colocando em prática todo o seu conhecimento de cozinha com total maestria.

Nestes encontros, o protagonista é costumeiramente o vinho, porém desta vez o Oscar principal foi para o Prato, mesmo que com ótimos coadjuvantes. Aliás, nunca comi um joelho tão leve e um chucrute tão saboroso, a tal ponto que creio que um segundo, apesar do tamanho, encontraria espaço no meu prato e no estômago! A combinação entre o prato e vinhos foi de prima! Todos os vinhos foram muito bem, até o que coloquei às cegas (Alvarinho Gloria que já comentei aqui), porém ficou mais uma vez claro que o prato influi e muito no vinho e vice-versa. O melhor vinho foi o Alsaciano Gustav Lorentz, porém a melhor harmonização se deu com o alemão Eugen Muller Kirchenstuck Spätlese Trocken mostrando que as raízes falam mais alto nessa hora. Quatro vinhos de muita qualidade, mas estes dois certamente merecem sua atenção.

Mais um encontro de vinhos, comidas e pessoas de tirar o chapéu, como são a maioria na Vino & Sapore. A partir de agora, estes encontros serão retratados mais amiúde nestas páginas de Falando de Vinhos, o blog oficial, a partir de agora, da Vino & Sapore, pois não há como separar um do outro já que estamos umbilicalmente ligados.

Prosit, kanimambo e, se fosse vocês, ligaria para o Ney perguntando como fazer para também se deliciar com este prato que ele faz, como outros, com maestria! tel. (011) 4702-3814

Alemães e Enoblogueiros Invadem a Vila Buarque

           Especificamente o Emporio Vila Buarque numa degustação, de amigos blogueiros armada pelo Jeriel e coordenada pelo Beto que escolheu o local, com os vinhos alemães da Dyade52  de uma região pouco conhecida entre nós, Baden-Württenberg. Dos vinhos falo mais adiante, mas me lembro ter topado o convite sem sequer ter idéia de onde era essa tal de Vila Buarque que, depois, vim a saber ser num recanto 1/3 Santa Cecília, 1/3 Higienópolis e 1/3 Centro, numa região que há tempos atrás era habitada por uma “fauna” diferenciada (rsrs). Rua Major Sertório 561, num local fora do jet-set estrelado como Itaim, Pinheiros, Vila Madalena, Jardins, etc, por detrás de uma fachada despretensiosa floresce uma casa diferenciada, simpática, aconchegante de interior muito bem aproveitado mostrando bom gosto em todos os detalhes, o Emporio Vila Buarque. Um misto de empório, enoteca, bistrot e café de muito boa qualidade tocado pelo simpático e hospitaleiro Marcelo di Morais, que faz com que rapidamente nos sintamos em casa, uma grata e agradável surpresa.

            Há poucos dias tinha encontrado com um amigo e conversávamos sobre novos empreendimentos e como o carisma e simpatia das pessoas é essencial para transformar um eventual bom negócio, num de sucesso. Pois bem, aqui está um exemplo disso já que o carisma e simpatia do Marcelo di Morais, um dos sócios da casa, é singular e faz a diferença fazendo com que sintamos como se o conhecessemos há anos. Bela descoberta Beto, pelos vistos não é só nos vinhos que você garimpa pepitas inigualáveis. Bem, mas chega de falar do Emporio do Marcelo, afinal viemos aqui para conhecer os vinhos alemães da Dyade um cooperativa produtora de alguns vinhos interessantes. Já tinha provado seus vinhos no estande deles na Expovinis do ano passado e me lembrava de um tinto que tinha me chamado a atenção na época, então fui curioso para esse reencontro “mit meinen freunde” Lemberger und Daniel (Vinhos de Corte), Cristiano (Vivendo Vinhos), Jeriel (Blog do Jeriel) e Beto (Papo de Vinhos) todos com links aqui do lado.

             Como já comentado por alguns colegas presentes, o Pinot Grigio se apresentava algo evoluído com uma cor dourada de pouca tipicidade da casta e mostrou na boca uma certa agulha fazendo lembrar os vinhos verdes portugueses. Claramente um vinho que não se apresentava em sua plenitude. Tomamos mais quatro vinhos sendo dois Rieslings, um Pinot noir e um Lemberger, aquele mesmo que me tinha chamado a atenção na Expovinis.

            Da linha Dyade 52 Winemaker´s Edition tomamos dois vinhos; o Riesling 2008, um vinho saboroso de boa tipicidade porém sem atrativos maiores que marcassem sua presença na taça e o Pinot Noir que possui uma cor muito bonita bem característica da cepa como aliás é o nariz mostrando-se muito suave e algo ligeiro na boca. Vinhos na faixa de R$60 nas lojas.

            A linha que mais me despertou interesse e realmente marcou presença, foi a  Dyade52 Connoisseur’s Choice com um Riesling realmente muito bom mostrando um floral sutil no nariz e na boca aquela mineralidade muito característica dos bons riesling alemães, muito balanceado, bom volume de boca sem ser denso, teor de álcool civilizado, muito frescor e um final de boca apetitoso, longo que convida á próxima taça, um belo vinho. O Lemberger, por outro lado, é o que podemos chamar de um vinho exótico, diferente que certamente atrairá aqueles amantes do vinho que gostam de sabores menos previsíveis, com aromas tostados e nuances chocolatadas. Na boca mostra algo de salumeria, médio corpo, sóbrio, taninos finos presentes e um final agradável e intrigante que agrada sobremaneira. Esta linha tem um preço ao consumidor estimado em cerca de R$125,00 o que me parece um pouco puxado para os vinhos apresentados em função da vasta concorrência no mercado, mas são vinhos que recomendo.

          De resto, voltei ao Empório no Sábado, desta feita com a família, para curtir um gostoso, descontraído e agradável almoço fora do tradicional eixo dos jardins em Sampa. Uma das boas dicas da semana e descobertas deste agradável encontro de vinhos alemães, blogueiros amigos e o Emporio. Vielen dank Fabiana, Jeriel, Beto und Marcelo! Ein sehr interessanter abend mit shöne weine und gute freunde. Tchuss!

Prost (já sei Cristiano, Sena!!), kanimambo e seguimos nos encontarando por aqui.

Vinhos da Semana Passada

Fazia tempo que não escrevia sobre Vinhos da Semana e neste calor nada como vinhos e espumantes brancos e rosés. Já gosto e bebo normalmente o ano inteiro, agora então se tornam imprescindíveis e esta pequena e refrescante seleção me deu muito prazer tomar. Um grupo de vinhos bastante diverso de cinco origens diferentes que me geraram diferentes sensações que agora compartilho com vocês.

Chateau St. Michelle 2006, um Riesling muito saboroso e de bom corpo de Columbia Valley (Estados unidos) importado pela Expand. Muito mineral, boa textura num vinho que é menos aperitivo e leve e sim de maior peso e gastronômico apresentando uma característica intermediária entre os leves vinhos do Mosel e os mais encorpados da Alsácia. Pêssego, nectarina, algum açúcar residual muito leve, saboroso, um tico de acidez a mais não lhe faria mal melhorando seu equilíbrio. Um vinho bastante agradável que me agradou, tendo acompanhado um curry de frango levemente apimentado com galhardia. Preço ao consumidor por volta dos R$55,00.  I.S.P .$    

 

Filosur Torrontés 2009, o frescor em pessoa num novo rótulo argentino que chega pelas mãos da Berenguer Imports, uma nova importadora sediada em Curitiba. Uma marca do grupo Andeluna, que tem em seu portfólio diversos varietais. Este Torrontés é muito saboroso com aquele floral muito característico da cepa bem presente no nariz aliado a aromas de frutas cítricas, tudo com um equilíbrio harmônico que nos convida à taça. Na boca é vibrante, saboroso, fresco com ótima acidez que aguça as papilas gustativas e combina muito bem com comida oriental levemente apimentada, como aperitivo, uma delicia de vinho e há muito não tomava um torrontés tão equilibrado. O amigo Charlston acertou na escolha (o Malbec que comentarei em outra ocasião, também é muito bom) e na política comercial já que o preço deverá rondar os R$36 em São Paulo.  I.S.P .  $ 

 

Cave Antiga Moscatel, um espumante nacional que se deu bem em meu Desafio de Espumantes Moscatel. Vieram duas garrafas para o Desafio, esta sobrou na minha adega (eheh) e não resistiu ao calor de Sábado passado tendo sido rápidamente consumido no final do dia sentado no terraço acompanhando morangos com sorvete de creme. Incrível como bons espumantes moscatel como este somem rápido da taça! Um nariz cativante em que aparecem aromas de pêra em calda, maracujá doce com nuances florais de boa presença e intensidade comprovando o resultado da prova. A perlage é de borbulhas finas e abundantes com boa persistência. Na boca é onde ele mais seduz sendo bastante fresco, saboroso, balanceado apesar do residual de açúcar se sobressair um pouco sobre a acidez. Harmonizou bem com os morangos que aportaram um pouco mais de acidez ao conjunto. O preço está ao redor de R$25,00 . I.S.P. 

 

Maycas Del Limari Reserva Especial Chardonnay 2007, um senhor vinho de bom corpo sem se tornar pesado o que, para o meu gosto, mata qualquer branco. Um Chardonnay com C maiúsculo mesmo, no estilo que gosto, bem mineral, fresco, aromas de frutos tropicais e nuances florais. Untuoso, rico, textura algo cremosa e sedosa, com um final muito saboroso e persistente em que aparece algo de maçã verde e um delicado toque tostado. Um belo vinho que acompanhou bem um risoto de frutos do mar, mas que penso caberia que nem uma luva harmonizado com um prato de camarão à Mary Stuart. Esta garrafa meu filho me trouxe do Chile, só a titulo de curiosidade a Bodega pertence ao grupo Concha y Toro, mas está disponível no Brasil pelas mãos da Fasano e custa ao redor de R$90.   I.S.P .  

Rosé d’Anjou Remy Pannier 2008, da região do Loire na França, importado pela Inovini (divisão de vinhos da Aurora Importadora), uma delicia vibrante, algum residual de açúcar, e refrescante com apenas 10.5% de teor alcoólico resultado de um assemblage de Cabernet Franc, Gammay e Grolleu Gris. Começou como aperitivo e acompanhou maravilhosamente o almoço de Domingo, peito de peru à Califórnia, e penso que deverá se dar muito bem com lombo agridoce. A cor é linda, o primeiro impacto olfativo algo doce com frutas como morango e framboesa bastante sutis, dá lugar a algo mais cítrico que se confirma na boca onde a boa acidez lhe aporta um frescor que tem tudo a ver com este quente verão, digo primavera, e uma ótima pedida  para acompanhar uns petiscos como patê de queijo de cabra com ervas ou canapés de frutos do mar. Um vinho fácil de agradar e descompromissado que cumpre muito bem seu papel e que eu serviria, como o fiz, a cerca de 6 a 8% no máximo. Custa em torno de R$43, mas se não fosse essa maledetta substituição tributária e o ICMS nas alturas em São Paulo, poderia estar por volta de R$36 e, nessa faixa, certamente seria um visitante mais assíduo na minha adega .  I.S.P    

Salute, kanimambo e amanhã tem mais resultados do Grande Desafio de Vinhos. Quem será o ganhador da noite? Um espumante Brasileiro, Champagne, Cava ou será que algum outro rótulo cometeu essa proeza?

Dr. Loosen

dr-loosenQuem não conhece acha que é qualquer outra coisa, menos o nome de um produtor de vinho. Seu proprietário, Ernst Loosen, tem um jeito diferente de ser com um visual meio cientista e intelectual, um verdadeiro doutor com formação em arqueologia que se viu forçado a assumir os negócios da familia com a aposentadoria de seu pai. Com a mesma determinação e paixão aplicada a seus estudos arqueólogicos, em que mais se interessava pelas pedras da Roma Antiga do que pelo Riesling do Mosel, em 1980 mergulhou de cabeça em um novo e desafiante projeto, o de tocar os vinhedos da familia com mais de dois séculos de história. Após oito anos de estudos, em 88 assume totalmente a vinícola imprimindo sua filosofia de trabalho, projetos e conceitos já que, como ele diz, “os grandes vinhos começam na cabeça”. Os vinhos da Dr. Loosen trazem esse jeito vibrante e apaixonante, mostrando possuir muita elegância, personalidade, são caldos alegres, sedutores e extremamente prazerosos de serem tomados. Longe dos tempos das garrafas azuis, vinhos ralos e sem graça, aqui encontramos o verdadeiro vinho alemão em toda a sua essência e sabor. A Dr. Loosen possui propriedades em outras regiões da Alemanha, mas desta feita tive o grato privilégio de conhecer os vinhos do Mosel, e um de Pfalz, em especial de seus vinhedos em Urzig e região.

          Os vinhos alemães são difíceis de decifrar no rótulo, já que são menos conhecidos, o idioma alemão não é dos mais fáceis e seus vinhos brancos possuem diversos níveis de doçura. Seus vinhos vão do seco (trokken), meio-seco ou off-dry (halbtrocken) até o mais doces (passando por diversos estágios). Na hora da compra, se não conhecer e prestar atenção, fica fácil dançar e falo por experiência própria. Não tanto com relação à qualidade, já que a maioria hoje sendo importada pela principais importadoras é de muito boa qualidade, porém fica difícil de harmonizar um vinho bem doce com seu prato principal ou até como aperitivo ou um vinho seco com sua sobremesa. Ainda preciso falar do vinhos da Alemanha e aí entrarei em detalhes sobre o complicado sistema de classificação deles, porém sugiro se informar bem na hora da compra, especialmente se estivemos falando dos vinhos Riesling.

         Como disse Ernst Loosen, nesta degustação da ABS-SP, enquanto loosen-houseos ingleses recebem seus convidados com um chá da tarde, o alemães do Mosel o fazem com umas taças de Riesling devido ao seu baixo teor alcoólico (7 a 11º) e enorme refrescância. A alta acidez adicionada ás características únicas do solo da região, que lhe aportam uma ótima mineralidade, fazem do Riesling desta região um vinho muito mais leve, suave e delicado do que os da vizinha Alsácia  e permitem que se produzam vinhos doces absolutamente divinos e balanceados mesmo com um alto grau de residual de açúcar. Eu poderia ficar horas falando deste produtor ou encher páginas com informações, mas nada melhor do que você dar uma passada por seu completíssimo site e aproveitar e tomar uma aula sobre os Rieslings do Mosel. Conheça a maravilha do lugar e algumas características da região, seus solos e o que faz esta região ser um ícone quando se fala de vinhos elaborados com a uva Riesling. Preferencialmente, faça isso acompanhado por uma taça de seus vinhos, nem que seja o Dr. L, um vinho mais simples e mais barato, porém delicioso sendo uma ótima introdução a estes vinhos.

        loosen-harvest-1 Para finalizar, sempre me estendo demais quando me entusiasmo com algo, e para mostrar que não existem verdades absolutas em nossa vinosfera, imagine tomar um vinho de 30 anos, branco, sem passagem por madeira, compará-lo com o mesmo rótulo só que com dois anos de idade e você quase não encontrar diferença na cor! Incrível não? Pois este é mais um dos segredos e características dos vinhos da região, como veremos mais adiante, certamente devido á incrível e balanceada acidez originadas nestes vinhedos plantados nas colinas que margeiam o rio Mosel. Com colheita manual muitas vezes executada nas frias madrugadas, é daqui que saem alguns dos melhores Rieslings do mundo e onde a cepa encontrou as condições para exaltar todas as suas sutis nuances e grande finesse. Ernst Loosen soube, como poucos, explorar esse terroir em toda a sua plenitude extraindo alguns preciosos néctares. Mas, falemos dos vinhos degustados.

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Dr. L Riesling Qualitatswein 06

Aromas cítricos de boa intensidade e algo floral, enorme frescor, seco, balanceado, muito leve e agradável, uma ótima opção de entrada ao delicado mundo dos Rieslings. Elaborado, normalmente, com uvas compradas na região buscando oferecer um produto competitivo e de qualidade. Pela relação Qualidade x Preço x Prazer, volta e meia perambula por minha mesa! Teor alcoólico de 9º e o preço está por volta de R$55,00.

 

Urziger Riesling Kabinett 06

De vinhedos com cerca de 60 anos plantados em solo vulcânico vermelho, possui um nariz muito fresco e cítrico. A cor é um palha claro e límpido quase transparente e muito convidativa. Na boca é diferente, algo especiado misturado com fruta, mineral, cremoso e muito vivo na boca com alguma agulha. Vinho sedutor, muito equilibrado com um saboroso final de boca de boa persistência. Com teor alcoólico de 8º custa ao redor de R$110,00

 

Urziger Riesling Kabinett 78 – É isso mesmo, não errei não, 78!

O mesmo vinho de acima, porém totalmente diferente. A cor é impressionantemente similar á do 06, com exceção de que é um pouco mais escura, menos translúcida. Não tivesse os dois ali para comparar, certamente este 78 passaria por um vinho jovem. De acordo com Ernst Lossen, há pouco tempo tinha feito uma prova de vinhos antigos e um 1911 ainda apresentava leve acidez presente enquanto um 37 se encontrava em plena forma. Somente o 1900 estava já quase morto. Não é o mesmo vinho, como não somos aos 50 o que éramos aos 30! Mudou, adquiriu uma outra complexidade, perdeu os cítricos tendo ganho aromas vegetais de cogumelos/fungos e traços de “sous-bois” (matéria vegetal em decomposição), algo muito apreciado pelos especialistas, mas que não chega a me encantar. O final é longo, com a acidez ainda bem presente ressaltando os sabores, corpo médio e consistente. Pessoalmente, prefiro-o mais jovem e cítrico, mas sem duvida alguma é um grande vinho de muita complexidade. Sem preço.

 

Erdener Treppchen Riesling Auslese 06

Um vinho maravilhoso, doce, talvez o que mais me tenha entusiasmado nesta degustação, tendo alcançado status de um de meus Deuses do Olimpo. Muito boa paleta olfativa com forte presença de frutos cítricos. Na boca confirma com uma doçura muito bem balanceada pela ótima acidez e mineralidade em perfeita harmonia. Longo, saboroso, complexo, uma delicia para ser saboreado com calma aproveitando todas as suas nuances e melhor ainda, de acordo com Ernst Loosen, depois de uma meia duzia de anos. Duro é esperar e ficar só em uma garrafa! De vinhedos nas encostas do Mosel em solo de xisto/ardósia, álcool de 7.5º  com o preço por volta de R$138,00 (1/2 garrafa).

 

JL Wolf Pechstein Riesling Spatlese 05

Da região de Pfalz com terroir bem diferente, de vinhedos plantados sob basalto negro que trazem ao vinho características diferentes. Um vinho de mais corpo que é guardado em cave por dois anos antes de ser comercializado. Bem mineral, elegante, macio, meio-doce, concentrado, algo de mel no final de boca. Com 11º de teor alcoólico e um preço por volta de R$125,00

 

          Você poderá encontrar estes vinhos na Expand que é importador e distribuidor exclusivo (Era. A partir de 2011 é a Inovini) da Dr. Loosen. Legal mesmo deverá  ser tomar um desses néctares sentado num terraço olhando o Mösel e os vinhedos, aí sim seria o nirvana!

Salute e kanimambo, ou melhor, vielen dank.