Olá amigos, hoje temos três vinícolas na parada e um tempinho de van em função das distâncias, então toca a começar cedo até porque as papilas gustativas, de acordo com o Professor Emile Peynaud, falecido professor de enologia na Universidade de Bordeaux e mestre nas minúcias de elaboração e prova de vinhos, estão em seu apogeu entre as 11 e as 13 horas. Existem, no entanto, vozes contrárias que alegam que esse espaço de tempo é algo maior começando ás dez! Tendo a concordar com esses últimos (rs), e se esse encontro for com os vinhos da Achaval-Ferrer, mais ainda!!
Achaval Ferrer é uma daquelas pequenas vinícolas que nasceram fadadas ao sucesso com poucos rótulos e uma incrível história de premiações e altas pontuações. Jovem, nascida em 1998 e a bodega concluída em 2006, é fruto de um projeto dedicado à elaboração de grandes vinhos e a efetivação de um sonho entre cinco amigos argentinos e italianos, um deles o Roberto Cipresso o enólogo do grupo com vasta experiência na elaboração de grandes vinhos de baixo volume de produção, especialmente em Brunello de Montalcino.
Com vinhedos datados de 1925, e cinco fincas com pouco mais de 40 hectares próprios plantados em pé franco mais 45 alugados, a produção não alcança as 250 mil garrafas ano apesar de capacidade para 2 milhóes! Há vinhos no portfolio em que se necessita de uvas de 4 plantas para se obter uma garrafa! Entre os 10 mais pontuados vinhos argentinos da Wine Spectator, cinco são Achaval Ferrer, um produtor a ser conhecido e apreciado. Para mim, um dos melhores produtores de Malbec na Argentina não sendo á toa que, mesmo eu não seguindo cartilha de pontos nem de critico algum, nenhum de seus vinhos jamais tira menos de 90 pontos ou equivalente, safra após safra. Não é de um critico, é de da grande maioria, então algo existe de mágico aí! Entre os meus top 5 Malbecs argentinos que já tive oportunidade de provar, certamente o Mirador 2006 marcou minha memória tendo feito parte da minha seleção anual de vinhos “meus deuses do Olimpo 2008”, e tenho paixão por seu Quimera, o único blend por eles produzidos, de qualquer safra!
De 2010 para cá, vêm gradualmente trocando o tamanho padrão de suas barricas de 225lts por menores, de 160lts. Raleio de 50% de seus vinhedos, para os vinhos mais top (Mirador, Bela Vista e Altamira) chega 80%, colheita manual, fermentação só em tanques de cimento a temperaturas altas e mais rápidas de 4 a 10 dias máximo, sem filtração e barrica neles! O resultado pudemos sentir na pele ao degustar os seguintes vinhos.
Achaval-Ferrer Mendoza Malbec 2012 – O gama de entrada deles que já alcança níveis de qualidade muito altos. Ótima e intensa paleta olfativa com a fruta bem presente e leve toque amadeirado. Ainda novo, porém na boca já se apresenta muito elegante, especiarias, taninos finos e aveludados com um frescor que convida á próxima taça! Em Sampa na casa dos R$95 a 100,00.
Quimera 2011 – Para mim o meu vinho predileto da Achaval, que eu posso pagar de vez em quando, mostrando que o sonho virou realidade. Trouxe uma garrafa para a Degustação de Assemblages Argentinos que, mais uma vez, não negou fogo, um vinho que transpira equilíbrio por todos os poros e muito rico de boca. Leia mais nos links em anexo, não vou cansar vocês repetindo o que sempre falo desse vinho que tento, dentro das possibilidades, sempre ter uma garrafinha na adega! Por aqui anda na casa dos R$200 a 210,00.
Temporis Malbec 2012 – este vinho não conhecia sendo vendido somente na vinícola. É um blend dos três vinhos top da casa – Altamira, Mirador e Belavista – dos quais se separa uma barrica de cada o que resulta em meras 800 gfas produzidas. Na foto aparece a garrafa do 2009, porém provamos uma mostra de barrica do 2012 que ainda precisa de cerca de um a dois meses até ser engarrafado então ainda está muito “cru”, porém já se mostra muito perfumado e complexo mostrando que estaremos com um grande vinho na taça dentro de algum tempo de garrafa.
Bella Vista Malbec 2012 – o vinho que, não me lembro ao certo a safra, teve a proeza de ganhar 98 pontos da Wine Advocate (Parker) e para o qual se necessitam de 4 plantas para gerar uma única garrafa de uvas colhidas em vinhedos de mais de 110 anos, só isso já traz um empecilho para a maioria de nós pobres mortais, o preço. Afinal, é um vinho de pouca produção e alto custo de elaboração e não dá para vender uma Ferrari a preço de Honda Civic, certo?! Para quem pode, um tremendo vinho ainda muito fechado e com uma vida pela frente, um privilégio que entrou para o meu hall de grandes vinhos! Por aqui anda na casa dos R$450 a 500,00.
Achaval-Ferrer Dolce – a meu pedido e para encerrar uma bela manhã de degustação, este vinho que afora na Bodega você consegue achar tão somente em umas duas ou três lojas especializadas, entre elas a Lo de Joaquin Alberdi em Buenos Aires. Para quem gosta de vinhos de sobremesa, um vinho muito especial elaborado da forma tradicional italiana de passificação das uvas em esteiras, neste caso de uvas malbec. Adoro esse vinho que é uma experiência hedonística única especialmente quando bem harmonizado como por exemplo com chocolate ao leite com capa de amêndoas caramelizadas. Se produzem somente umas 1500 garrafas anualmente, então é para comprar logo algumas garrafas, como fiz, e tomar a conta gotas! Por lá custa em torno dos 300 pesos.
Ah, tem os azeites também, mas mais uma vez o correr atrás das coisas não permitiu prestar a atenção devida. Teve gente que provou e gostou bastante tendo levado algumas garrafas então, caso esteja por lá, vale experimentar. Tem também uma pequena coleção de preciosidades com mais idade que, para quem tem bala na agulha, é bastante interessante. Eu conheço seus vinhos desde 2007 e desde 2008 que volta e meio os comento por aqui então, digamos, sou algo suspeito para falar deles, mas…….
Mais uma vez fomos muito bem recebidos e agradeço ao Santiago Achaval e ao Roberto Cipresso pela gentileza assim como ao Felipe Sibilla que nos guiou pela visita à vinícola e pela degustação, bom de papo o garoto! rs Tudo muito profissional e exemplar, mas com um toque a mais, só que tínhamos que sair, ainda tínhamos mais duas bodegas visitar e um almoço, tudo com hora marcada! Só perdemos mesmo foi a bela vista, pois mesmo Agosto sendo o mês mais seco do ano e só chovendo na região algo como 250mms anuais, neste dia estávamos escoltados por São Pedro que abriu a torneira para que pudéssemos respirar algo melhor.
Gente, este terceiro dia de viagem virá também com mais posts porque se não ninguém aguenta ler até o fim! Espero que estejam curtindo este diário e lhes abrindo o apetite, por que recordar e escrever abre!!! Salute e até Segunda. Ótimo fim de semana e kanimambo pela visita.