Três vinhos que provei neste inicio de ano e que me surpreenderam. Um porque confirmou todas as expectativas geradas, o que nem sempre acontece, um outro porque comprova que a cara não é tudo e o que interessa mesmo é o conteúdo, finalizando com um pinot que surpreende pela relação qualidade x preço. Aliás, essa relação é algo comum entre eles e uma coisa que faço questão de garimpar no mercado.
Farfão Colheita 2003 – rótulo de gosto duvidoso que esconde na garrafa um caldo diferenciado. A começar porque é um vinho do Douro elaborado por pisa a pé em lagares de concreto como antigamente. Não são muitas as lojas que trabalham com este vinho, esta garrafa veio da Portal dos Vinhos dos amigos Fátima e Emilio, importado com exclusividade pela D’Olivino. Um blend de Tinta Cão, Tinta Barroca, Touriga Franca e Tinta Roriz que compõem um vinho muito agradável e redondo, médio-corpo, já de boa evolução que se mostra pela cor e halo aquoso presente. Frutos negros, bom volume de boca, notas balsâmicas e um final algo mineral de boa persistência. É complexo na boca, diferente e misterioso, com uma certa rusticidade domada (isso existe?!), um vinho que vale bem os R$46,00 que paguei e acompanharia uma carne com maestria. Tomei solo, mas é um vinho que necessita de tempo em garrafa para amansar e desabrochar ou, eventualmente, um bom tempo em decanter, que este não mais necessita pois está no ponto e aveludado.
Espumante Valduga Arte Brut – espumante elaborado pelo método champenoise com um blend de Chardonnay com Pinot Noir, que anda pela casa dos R$30 a 35,00, aqui em Sampa, achando-se mais barato no Sul. Incrível poder tomar um vinho desta qualidade nesta faixa de preços mostrando que ainda há esperança, só falta os produtores capricharem nas contas quando elaboram os preços dos tranqüilos! Como gama de entrada, um senhor espumante, muito fresco, ótima perlage fina e consistente, frescura cítrica, ótimo como aperitivo ou acompanhando saladas e até uma costelinha na brasa. Gostei bastante e, junto com os espumantes Aurora Pinot/Marco Luigi Brut e Salton Reserva Ouro, um quarteto que vale o quanto pesa, digo, custa! Para ter em casa sempre.
Pacifico Sur Pinot Noir Reserva 2006 – um pinot chileno de muita qualidade pelo preço e que agora começa a ser importado pela Berenguer Imports. Com um preço de loja ao redor dos R$69,00, é um vinho fácil de agradar, equilibrado e elgante com uma paleta olfativa bem frutada com notas terrosas, médio-corpo e uma boca de taninos finos e macios evidenciando-se alguma baunilha e um final saboroso com boa acidez presente que chama um bom prato, porém não muito pesado, e alguma especiaria. Uma boa opção de Pinot Noir do novo mundo que consegue aliar qualidade e bom preço sem excessos de extração, gostei e recomendo.
salute e kanimambo