Bem, não foi exatamante “lá”, o que teria um encanto diferente, rs, mas a Vinheria Percussi já vale bem a pena! Pois bem, foi lá que provei recentemente em lançamento nacional e com a presença de alguns jornalistas, críticos e colunistas especializados, entre os quais tive o privilégio de estar, os Bueno-Cipresso Brunellos di Montalcino. Curto demais a Vinheria Percussi, um lugar para lá de especial que me encanta pelo seu charme, pela comida, pelo Lamberto e pelo mestre Jonas, um maitre á moda antiga, craque com quem tive a oportunidade de conviver por uns dez dias em viagem de trabalho que fiz à Argentina em 2012.
Não vou ficar aqui falando muito das pessoas, mas de um tenho que falar, do Roberto Cipresso que afora suas atividades em Brunello é também o enólogo da Achaval Ferrér e isso já diz muito sobre a qualidade de seu trabalho, adoro o Quimera e o o incrível e raro passito deles, sem falar do Mirador 2006 que talvez tenha sido o melhor Malbec que já tomei! Isso, por si só, já é uma tremenda recomendação que nos faz querer conhecer mais de seus vinhos, mas pelo que provei nesse dia creio que o Galvão acertou na escolha do parceiro e sócio com quem levar adiante esse projeto. Provamos nesse dia um espumante Bueno Cuvée Prestige Brut muito bem feito que reflete bem a qualidade de nossos espumantes, seguido de um Brunello 2007, um Brunello 2005 e um Brunello Riserva 2004, todos fermentados em carvalho Esloveno porém envelhecem em barricas francesas de 500ltrs. Perguntei do paradeiro dos 2006, um dos melhores anos da região em décadas, porém esse lamentavelmente está esgotado no mercado. De lembrança para os convidados, um agradável Bellavista Estates Sauvignon Blanc que eles fazem aqui no sul e que tem a “boa” mão do amigo e competente enólogo Miguel de Almeida.
Bueno-Cipresso Brunello di Montalcino 2007 – pelo que senti, é esse o vinho que eles querem trabalhar. São 24 meses de madeira e depois mais 36 de garrafa antes de sair ao mercado, Muito bom, mas todo ele mais pronto, uma homenagem ao equilíbrio. Muito fruto negro, aromas de boa intensidade com a madeira aparecendo de forma sutil. Na boca mostra todo esse equilíbrio de que falei, poderoso sem bombar, final aveludado, algo balsâmico e de boa intensidade. Bom, mais pronto e sedoso no palato, algo típico da safra, porém ainda com muita vida pela frente.
Bueno-Cipresso Brunello di Montalcino 2005 – mesmo tempo de madeira do 2007, porém em função da safra algo diferente, mais jovem na boca. Nariz muito intenso e sedutor, mais escuro na taça, mais denso de boca, muito complexo, meio de boca muito rico, notas terrosas, final algo mineral, um vinho que consegue unir de forma irrepreensível a força com a elegância. Para mim, o vinho que fez minha cabeça, ainda com muito para evoluir, porém preço por preço (o 2007 e este têm um preço sugerido de R$350) tivesse eu essa grana disponível, este seria o meu escolhido. Muito bom vinho.
Bueno-Cipresso Brunello di Montalcino Riserva 2004 – um vinho explosivo! Robusto, uma criança irrequieta aos dez anos de vida. Pelo Consorzio di Brunello, que rege as normas de produção e comercialização do vinho, um Riserva não pode ser vendido antes de seis anos e este exemplar seguiu o escrito, três anos de madeira com mais três de estágio em garrafa. Safra quente, fruta madura, grande estrutura, escuro na taça, quase mastigável, incrível como está ainda num estágio infantil de sua vida com acidez bem marcante. Vinho para uma vida e para quem gosta de força bruta e quiser tomar já, será um prato, digo, taça cheia, mas é um vinho que, a meu ver, pede tempo e paciência para aproveitar tudo o que ele ainda tem por oferecer. Para momentos para lá de especiais e com preço digno de tal, deverá estar no mercado ao redor dos R$500,00 a garrafa. Um grande Brunello que mostra toda a exuberância da Sangiovese Grosso, a uva da região.
Um comentário e opinião sobre o tema de precificação dos vinhos. Pelo que conheço de vinhos similares no mercado, creio que os preços estão em linha. Talvez uns 10% acima de alguns outros mais renomados, mas se pegar a média anda por lá. Como consumidor quero sempre melhores vinhos por melhores preços, então ……. os Brunelos ao redor de R$320 e o Riserva em torno dos R$450,00 me pareceriam mais condizentes com a realidade, but who am I to judge!
Ah,tinha iniciado este post com o texto abaixo, porém revi e achei que tinha ganho mais importância do que o vinho e isso me pareceu imperdoável, então editei o post e finalizo com esse mesmo texto; Gostaria de tecer um comentário sobre um outro tema que me incomoda. Tem gente que cai de pau nos vinhos da Bueno em função de sua opinião pessoal sobre o proprietário e investidor o jornalista Galvão Bueno, nada a ver! Na minha terra normalmente se perguntaria, mas o que é que o …. tem a ver com as calças?! Vou, no entanto, ser mais polido e dizer que simplesmente não se deve misturar alhos com bugalhos e pronto. Sinceramente, pouco me interessa quem é o proprietário pois na essência o que realmente importa é o enólogo envolvido na criação e o caldo dentro da garrafa ou, melhor ainda, na minha taça! Tem vinho do Ronaldo, do Messi, do Raul, etc., mas se o caldo não for bom, e não sei se é, de que adianta a marca? Da Bueno, o que provei até agora, tanto de produção local como importada, gostei. Posso tecer críticas a políticas comerciais e preços, inclusive a estratégias de relacionamento com o mercado como na malfadada tentativa das salvaguardas, isso são outros quinhentos, porém tenho que me ater aos fatos e não sou do tipo que compra ou recomenda algo só porque brilha, então o vinho é o astro a ser olhado, provado e avaliado, o resto é marketing e, em alguns casos, puro preconceito. Pronto, falei!
Salute, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui e não esqueça de nosso encontro no Riedel Tasting onde ainda temos algumas vagas disponíveis.