Interessante este tema que segue atual há anos! rs A polêmica é sempre a mesma e normalmente gera debates bem acalorados. No fim de semana quando quando indaguei no Face sobre qual o Melhor Chardonnay Brasileiro, os comentários foram os mais diversos, desde criticas ao produto brasileiro, elogios e o sempre quente tema dos preços como impeditivo de crescimento do consumo e reconhecimento. Daí ter surgido a necessidade, para mim obviamente, de mais uma vez voltar a escrever sobre o tema.
A indagação colocada, visava buscar um rótulo nacional para enfrentar algumas feras de outros países representados por excelentes vinhos de Napa, Borgonha, Sicília, Argentina, Chile e Austrália. Lógico que cá tenho a minha opinião e até já tenho um em mente caso o consiga encontrar, porém quis ter um feedback dos amigos ligados ao mundo do vinho e vieram sugestões bastante interessantes, tanto de reconhecidos grandes vinhos como de vinhos bons, saborosos mas que dificilmente teriam porte para encarar as feras, mas esse é papo para outro momento pois me deu uma ideia que espero poder vir a colocar em prática brevemente.
Creio que o que tem que ficar claro, é que a grande maioria de nós não mais nega a qualidade dos vinhos nacionais, especialmente os espumantes, mas também de uma série de brancos e tintos. O grande problema, em minha modesta opinião, segue sendo política comercial e marketing, que atinge também diversos importadores com suas crises de personalidade, de precificação e obviamente cultural por parte do consumidor que segue achando que por ser nacional deve ser mais barato. Viver no Brasil é caro, produzir no Brasil é caro e ponto final! O mercado de vinhos finos brasileiro não cresce essencialmente por isso e quem toma vinhos finos é a classe média que perdeu poder de compra de forma implacável e devastadora nos últimos anos, então …
Voltando ao cerne da questão, há que se comparar alhos com alhos, não com bugalhos, e o preço no Brasil é a referência a ser levada em consideração em qualquer análise comparativa séria e isenta que obrigatoriamente deverá ser executada às cegas. Vou dar dois exemplos disso que aconteceram em minha vida de enófilo ao longo deste últimos 10 anos em que compartilho idéias e experiências aqui com os amigos.
1 – publiquei durante anos meus Melhores Vinhos do Ano por faixa de preços, pois meu foco como consumidor sempre foi esse, Melhores Vinhos com a Melhor Relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer)! Num determinado ano me vi deixando de lado um vinho que tinha ganho todos os uaus de degustadores e meus porque eu o achava fora da faixa de preço, “era caro para um nacional”! Mas espera aí, ele não bateu todos seus concorrentes, entre eles diversos estrangeiros, com preços até mais altos? Então que tipo de descriminação idiota eu estava fazendo? Óbvio que, no final, entrou né? Não como um vinho brasileiro, não faço esse tipo de distinção entre meus vinhos, mas por ser bom e se encaixar no preço de seus pares.
2 – mais recentemente o mercado todo e críticos renomados decidiram eleger mais um campeão de pontuação que acabei comprando para conferir. Demorei um tempão para o fazer, estava bastante cético. Esperei o momento certo, uma degustação ás cegas daquela determinada uva. Juntei seis rótulos de muita qualidade e em duas confrarias coloquei esse vinho ás cegas e ele ganhou ambas! É um vinho de valor alto, sim, mas ganhou de gente mais cara!! Ficaram meio soberbos, opinião minha, porém a qualidade é indiscutível e dentro do contexto, preços aqui com toda a carga tributária que assola o setor assim como custo Brasil que é altíssimo, sendo sim páreo para qualquer vinho de alta gama no mundo.
Desde a época da tentativa da indústria nacional do vinho ter tentado emplacar as malfadadas SALVAGUARDAS, (quem não lembra ou não viveu o momento siga o link, para entender) peguei a reputação de ser contra o vinho brasileiro, tremenda asneira! Quem quiser saber minha opinião basta ler um pouco do que escrevi sobre os vinhos brasileiros que provei, basta clicar aqui do lado em Categorias, Brasil e fuçar, depois faça seu juízo de direito. Fui e sou contra qualquer ação que afete o consumidor enófilo tupiniquim (como eu), só isso, e sou critico da filosofia comercial e de marketing da maioria, mas há muiiito tempo que não mais discuto qualidade. Há coisas ruins por aqui, há coisas boas e até algumas muito boas beirando a excelência, apesar de mais raros, como o é em muita parte do mundo produtor.
Ao fazer comparações entre importados e nacionais no mercado brasileiro há que fazê-lo com todos o custo Brasil e impostos embutidos. Não dá para comparar preço aqui versus um em qualquer outro país produtor, aí é covardia! rs Em minhas confrarias e desafios o preço é seleção essencial, mas que pagarmos caro o vinho não há dúvidas, porém fica aqui uma indagação; o que é que no Brasil não é caro?
Nos meus Desafios de Vinho, volta e meia colocava um vinho brasileiro como um intruso na prova que sempre era ás cegas e dentro de uma faixa de preço pré-determinada, em muitos levou e em outros foi a surpresa do evento Minha recomendação é só uma, sem preconceitos nem com xiitismos nacionalistas, mente aberta!
Finalizando, apesar do tema não ter fim e a diversidade de opiniões ser enorme, cada um sabe de si, de seu bolso e de seu gosto. Compare, não caia nos contos dos Melhores do Mundo (tem até site de produtor com essa aberração!), use seu discernimento para seguir viajando por nossa imensa vinosfera colocando qualidade como quesito número um adequando-o a seu bolso, não importa se é brasileiro ou importado. Como já dizia o saudoso Saul Galvão, “o vinho existe para te dar prazer, se o fez cumpriu com seu papel!”, que assim seja.
Entre importados ou nacionais não tome partido, opte por você. Compre seu vinho pensando no momento, na companhia, no seu prazer, sendo bom e cabendo no seu bolso, pode ser de qualquer lugar, who cares! Saúde, kanimambo pela visita e nos vemos aqui em breve ou por aí numa das esquinas dos caminhos de Baco. Boa semana