Vinhos de Verão

Um Banho de Sauvignon Blanc no Saca Rolhas

 Sauvignon-blanc-wine-and-grapes-770x537 - wine folly A Confraria Saca Rolhas aproveitou o verão quente para se refrescar numa viagem pelas diversas faces desta saborosa e fresca casta de uvas brancas. A meu ver, a Sauvignon Blanc é, entre as uvas brancas mais conhecidas, a que melhor absorve as características de cada terroir em que é plantada, especialmente quando vinificada sem madeira como é a maioria. Nesta saborosa viagem guiada por Baco, pudemos ter um pouco dessa experiência inclusive com a presença de dois vinhos que fiz questão que estivessem presentes pelo fato de me terem impressionado muito bem em recentes degustações, o chileno Terrunyo e o surpreendente Bellavista Estate Bueno.  A uva proporciona vinhos bastante agradáveis em todas as faixas de preços então neste verão há muito o que explorar e nós fizemos isso! Tendo feito este comentário, transfiro a palavra para a porta voz da confraria, a amiga e confreira Raquel Santos que compartilha conosco suas impressões de mais uma agradável noite de alegria e confraternização. Clique na imagem para maiores informações sobre a uva e suas características de acordo com o site Wine Folly.

Com esse calor estonteante que vem fazendo em São Paulo, quando se pensa em vinhos, a primeira ideia que vem à cabeça são os brancos geladinhos, frescos e leves.

         Optamos por conhecer melhor a uva Sauvignon Blanc, que tem como característica principal, a sua refrescância e jovialidade. Os vinhos provenientes desta casta, raramente passam por madeira e salvo algumas exceções, devem ser consumidos jovens. A peculiaridade da Sauvignon Blanc começa no seu amadurecimento, no vinhedo, que é mais rápido que as outras uvas brancas. Desenvolve-se melhor em regiões frias, onde demora mais para amadurecer, ganhando assim mais tempo para adquirir estrutura e complexidade.

         Sua origem se divide entre Bordeaux e o Vale do Loire, na França. Em Bordeaux, tornou-se importante, quase sempre associada a Sémillon na produção de vinhos brancos secos, mais austeros e densos, bem ao estilo dos bordaleses, e doces, como os famosos Sauternes. No Vale do Loire, seus vinhos feitos somente com a SB, são os Sancerre e Pouilly-Fumé. Em duas colinas de calcário e argila, cortadas pelo rio Loire e entremeadas por florestas, que num clima continental, frio, com muita névoa, a Sauvignon Blanc encontrou seu lar perfeito. Seus vinhos expressam esse terroir com tanta naturalidade que quando os provamos, eles nos transportam para aquela paisagem verdejante, como nos contos de fadas, com direito a castelos e lufadas de vento no rosto.

          Fora da França, a Sauvignon Blanc encontrou na Nova Zelândia o clima favorável onde conseguiu mostrar todo seu esplendor. Na ilha do sul, em Marlborough, região setentrional, com muitos ventos vindos do Oceano Pacífico, os dias longos com noites frias, outonos secos, foram propícios para que as uvas amadurecessem lentamente. Nesse clima a Sauvignon Blanc atingiu seu apogeu, resultando em vinhos extremamente vivazes, de grande qualidade que destacaram a Nova Zelândia no mundo. Existem, no entanto, outros lugares onde são produzidos vinhos com a Sauvignon Blanc com qualidade. Nas regiões frias do Chile, África do Sul, e com controle de técnicas de cultivo na Austrália, Califórnia e até no Brasil.

 DOMAINE COLLIN CRÉMANT DE LIMOUX BRUT CUVÉE TRADITION

                 Antes de começarmos a degustação propriamente dita, preparamos nossas papilas com esse ótimo Crémant de Limoux, da região do Languedoc. Trata-se de um espumante elaborado pelo método tradicional, com as uvas Chardonnay, Chenin Blanc, Pinot Noir e Mauzac. Muito fresco, aromático e leve. Além da boa acidez, bom corpo e sabores cítricos, pêra e maçã. Foi uma bela introdução para vinhos de verão.

Saca rolha - Sauvignon Blanc

MAISON SCHRÖDER&SCHŸLER CHARTRON LA FLEUR BORDEAUX SAUVIGNON BLANC 2011

                O 1º vinho da noite veio de Bordeaux, da região chamada Entre-deux-mers, que é o triangulo entre os rios Dordogne  e Garonne, e onde se produz a maioria dos vinhos brancos secos de lá. Esse vinho já havíamos provado no desafio de Bordeaux-margem esquerda x margem direita. Mas sempre é bom repetir o mesmo vinho, porém em um contexto diferente. Nesse caso, ele mostrou toda a personalidade que está impressa no estilo de Bordeaux, com as características da Sauvignon Blanc. Ou seja, muito aromático e fresco, apesar da estrutura densa, encorpada e boa persistência. Um vinho bem complexo, que vai evoluindo sempre. Ótima acidez, que o faz um bom acompanhante de comida e no final, sem perder o frescor, mostrou seu lado mineral, com um sabor de cinza ou fumaça. Muita elegância!

 WILD ROCK INFAMOUS GOOSE SAUVIGNON BLANC 2012

         O 2º vinho, veio justamente fazer um contraste, em relação ao anterior, mostrando a versatilidade que uma única casta, com tratamento diferente (clima, solo, cultura, etc ) proporciona vinhos com a mesma característica, porém com personalidade diferente. Da Nova Zelândia, região de Marlborough, esse chegou marcando  presença! Com uma vivacidade incrível, aromas típicos herbáceos da SB de grama cortada, mineralidade de maresia, cítricos e acidez que fazia salivar. Com o tempo apareceu algo defumado que foi evidenciado pela mousse de haddock e salmão defumado que tínhamos para acompanhar os vinhos. Grande persistência!

 BELLAVISTA ESTATE BUENO SAUVIGNON BLANC 2012

          O 3º vinho, veio da região da Campanha Gaúcha no Rio Grande do Sul. Fruto da fusão entre a Miolo e a Bellavista Estate, de propriedade do Galvão Bueno (o jornalista esportivo ) que se aventurou no mundo dos vinhos e criou a linha Bueno. Contou com a assessoria do enólogo Michel Rolland, e investiu na produção de vinhos de qualidade Premium. Esse, 100% SB, no início causou uma certa estranheza no nariz, algo químico, canforado. Talvez uma mineralidade, que logo foi se transformando. Apareceram ervas aromáticas ( funcho, manjericão ) e um leve frutado ( marmelada ). Boa acidez, bom extrato com frescor. Um vinho muito agradável!

 CASA SILVA COOL COAST SAUVIGNON BLANC 2012

         O 4º vinho, do Vale do Colchágua, no Chile, que é sub dividido em três regiões: Costa ou Paredones, nas escarpas da cordilheira dos Andes. Entre Cordilheiras, zona plana e central e Andes, região de altitude onde está a sub região de Apalta. E foi na região da Costa ou Paredones, de frente para o Oceano Pacífico, que a SB de adaptou melhor por ser uma região mais fria, menos ensolarada, que recebe os ventos oceânicos, além do solo pedregoso. De lá pudemos provar um vinho quase transparente, muito fresco, cítrico, mineral e com ótima acidez. Apesar de sua leveza, tinha uma forte presença aromática e estrutura na boca com certa cremosidade e longa persistência. Acompanhou bem o queijo de cabra, mas acho que escoltaria bem desde  pescados simples, até pratos mais cremosos. Muito versátil!

 JOSE PARIENTE SAUVIGNON BLANC 2009

         O 5º vinho veio de uma região que não tem a tradição da Sauvignon Blanc. Na Espanha, em Castilla y Leon, uma grande planície ao longo do rio Duero, encontra-se uma D.O. (denominação de origem) chamada Rueda. Nesse local a uva principal é a Verdejo, mas a SB também é autorizada. Aqui mais uma vez, o clima é o grande determinante na produção de uvas com qualidade para criação de vinhos frescos e bem estruturados. Com dias de grande amplitude térmica, verões quentes e longos, e invernos muito frios, influência marítima do oceano Atlântico pelos ventos que se guiam através vale do rio Duero (o mesmo que atravessa Portugal, como Douro ).

         Esse vinho começou timidamente mostrando alguns aromas vegetais, herbáceos e com algum tempo, toda a tipicidade do SB apareceu com força. Muito bem equilibrado na acidez, corpo, e sensação alcoólica na boca de calor. No final, me pareceu um pouco pesado (acho que o fator idade influenciou), deixando de lado aquele frescor que sempre se espera desse tipo de vinho.

 CONCHA Y TORO TERRUNYO SAUVIGNON BLANC 2011

          Nosso 6º vinho veio do Chile, mais precisamente do Vale de Casablanca. Trata-se da linha Premium da gigante Concha y Toro, que possui vinhedos nessa região, com vocação para o cultivo das castas Chardonnay e Sauvignon Blanc. Suave no nariz, mostrando muita elegância e sutileza. Sem arestas que chamem a nossa atenção para algo, a despeito de qualquer outra. É o que se pode dizer de um vinho com equilíbrio. Acidez e frescor que cumprem a expectativa que se espera de um Sauvignon Blanc.

CHATEAU DE TRACY MADEMOISELLE “T” POUILLY FUMÉ 2011

               O 7º, e último vinho da noite! Voltamos  à região onde tudo se originou. Pouilly-Fumé, no Vale do Loire na França. São vinhos excepcionais e profundos, principalmente como de uma maneira natural, simples e direta, conseguem descrever, todo aquele “terroir” presente ali há tantos anos. Seus SB são secos, minerais e refrescantes com um leve toque defumado e esse não fugiu à regra. Um vinho para viajar! 

          A Sauvignon Blanc, depois da Chardonnay, é a casta branca mais conhecida e plantada no mundo. Os vinhos elaborados com ela, apresentam grandes variações, expressando as características dos diferentes terroir aos quais ela encontra facilidade em se adaptar. Gosta de climas marítimos, frios, nebulosos, solos calcários e arenosos. Os vinhos geralmente são frescos, sem amadurecimento em madeira, para serem consumidos jovens, com comidas leves. Por isso são ótimos no verão e combinam muito com o nosso clima e a nossa culinária costeira de peixes e frutos do mar.

         Aproveite esse verão, que pelo jeito será longo, e ponha sua garrafa de SB no gelo e refresque-se! ”   Bem meus amigos, por hoje é só e semana que vem tem mais. Falando de vinhos, Garimpando Gostosuras com a amiga Rejane, dicas e curiosidades de nossa vinosfera e “otras cositas más”! Um ótimo fim de semana para todos, salute e kanimambo.

        

  

   

 

 

Dica da Semana – Degustando Vinhos de Verão dia 24/01

           Apesar do verão estar relutando em dar suas caras e a chuva imperar, é chegada a hora! Vamos começar bem o ano provando alguns vinhos muito interessantes que foram destaque na minha taça durante o ano de 2011. Lembrando ,  a melhor maneira de se conhecer vinho aumentando sua experiência sem gastar fortunas no processo é degustando e compartilhando emoções. Já dizia Alexis Lichine, “No que se refere a vinho, sempre recomendo que se joguem fora tabelas de safras e manuais investindo num saca-rolha. Vinho se conhece mesmo é bebendo! “.

         Tendo isso em mente, daquilo que pesquiso e garimpo nas diversas degustações e eventos de que participo, seleciono aqueles que se destacam e, sempre que possível comercialmente,  faço com que essas experiências sensoriais diversas encontrem seu espaço nas prateleiras da Vino & Sapore onde este encontro se realizará ás 20 horas.  Selecionei para este primeiro evento do ano,  uma coleção de vinhos para você se deliciar  e abrir a mente para novos sabores explorando a delicadeza, sutilezas e frescor destes vinhos que podem estar sobre a mesa de cada um neste verão e outros por vir.

  • Cava Palau Brut – um blend das típicas cepas espanholas Parellada, Macabeo e Xa´rello.
  • Garcia Viadero Albillo – mais um vinho espanhol, desta feita uma uva pouco usada em varietais e desconhecida da maioria. Aparentemente só dois produtores elaboram vinhos com 100% Albillo então esta será uma viagem diferente.
  • Tormentoso Chenin Blanc – esta cepa é ícone da região do Loire (França) de onde vêm alguns caldos divinos. Na África do Sul a cepa se adaptou muito bem gerando alguns vinhos de muita qualidade e muito vibrantes. Este é um bom exemplo do que esta uva pode gerar de prazer em região tão diferente.
  • Alain Brumont  Gros Manseng /  Sauvignon Blanc – de La Gascogne na França, um vinho que surpreende pois a Gros Manseng aporta sabores diferentes a este Sauvignon Blanc resultando num vinho muito fresco que casa bem com salmão e queijos de cabra.
  • Costaripa Rosamara Chiaretto (mudamos o vinho rosé que era o Clos la Neuve))– da região do Veneto/Italia, especificamente do entorno do lindo lago Di Garda, vem um rosé diferenciado, marcante e delicioso. Muito gastronomico, vejo-o como um ótimo parceiro para um prato de atum selado. Uma diferente composição de uvas  a que estamos habituados a ver num rosé por estas bandas; 60% Groppello, 40% Marzemino e o restante em partes iguais de Sangiovese e Barbera.
  • Cocquard Beaujolais – da região da Borgonha vem este vinho elaborado com a uva  Gamay, um vinho tinto de cor clara e taninos suaves que cresce ao ser resfriado e combina bem com pratos mais leves e carnes brancas.
  • Anakena Pinot Noir Leyda Valley – de um dos melhores vales na costa do Chile onde a Pinot dá alguns de seus melhores rótulos do país, provaremos este vinho que nos remete a um estilo mais elegante e fino.

           Apenas R$45 por participante com R$10 sendo revertido em crédito na compra de qualquer um dos rótulos em degustação. Comece bem o ano garimpando bons vinhos e curtindo uma noite agradável gastando pouco, essa é nossa proposta e convite. Como é dia 24, o pessoal de Sampa vai poder relaxar no dia 25 pois é feriado, oba! Pagamento no ato da reserva. São somente 12 vagas e algumas já foram reservadas, então não hesite, pois já estamos em cima da hora. Junte uma turma e reserve pelo e-mail: comercial@vinoesapore.com.br ou pelos telefones (11) 4612.6343 ou 1433 das 11 às 20 horas. Local >  Vino & Sapore na Granja Viana, Km 24 da Rodovia Raposo Tavares, clique aqui para ver mapa.

Salute, kanimambo e venha receber o verão comigo e os bons caldos que espero gostem.