Chile – Regiões & Uvas
Março é o mês do Chile, aqui em “Falando de Vinhos” e, como sempre, começaremos por expor um pouco da vinicultura no País, suas principais uvas, regiões produtoras, alguns dados estatísticos e algumas curiosidades. Quando conhecemos um pouco mais do País produtor, entendemos melhor o que acontece com seus vinhos. Posteriormente, concomitantemente com a coluna do Jornal, publicaremos as listas dos vinhos que Tomei e Recomendo por faixa de preços e as Boas Compras Chile. Neste mês, tive o grato prazer de poder juntar onze lojas e mais de 60 destaques de vinhos Chilenos de todos os preços e tipos, tem grandes vinhos na parada e muitas novidades. Agora, falemos do Chile.
Chile, em Aimará, idioma indígena, significa “Confins da Terra”. O Chile têm características geográficas bem diferenciadas do resto dos produtores mundiais. È um país com 4.500 quilômetros de comprimento, mas com somente 154 quilômetros de largura na sua parte mais estreita e 445 na parte mais larga. Uma média ao redor de 268kms de largura. Sua localização geográfica faz com que o País fique espremido entre os Andes a Leste e o oceano Pacífico a Oeste tendo ao Norte o deserto de Atacama e a Sul os Glaciares. Adicione-se a isto, as águas cristalinas do degelo Andino que irriga os vinhedos, rígidos controles fito-sanitários e temos as condições ideais para o crescimento de vinhedos livres de doenças, produzindo frutos saudáveis. Estes limites geográficos, geraram barreiras naturais que, inclusive, protegeram os vinhedos da filoxera, doença que praticamente dizimou os vinhedos Europeus na segunda metade do século XIX, e permitem que videiras originais de muita idade possam ser utilizadas na geração de vinhos top de gama.
O Chile, com cerca de 117.000 hectares de vinhas plantadas e por volta umas 100 vinícolas, é hoje o quinto maior exportador de vinhos, do mundo, atrás somente da França, Itália, Espanha e Austrália. Tem, no entanto, o menor consumo per capita de todos os países produtores e exportadores de vinho. Em 1982, o consumo era de cerca de 52 litros anuais, tendo caído para 25 em 92 e se mantém entre 15 e 17 litros nos últimos anos. Uma das conseqüências, foi o forte esforço no sentido de aumentar a participação da exportação no escoamento da produção, tendo chegado aos dias de hoje com numeros impressionantes, cerca de 70% do total de vinhos finos produzidos! A outra, um grande pulo de qualidade por exigência do mercado internacional. Estes números são o inverso do que ocorre na Argentina, mesmo com o grande impulso exportador dos ultimos anos, que apresenta algo como 75% de sua produção destinada ao consumo do mercado interno e apresenta níveis de consumo interno bem superiores. Os maiores mercados são; o Reino Unido, seguido de Estados Unidos, Canadá, Alemanha e China. O Brasil está entre os 10 maiores mercados para as exportações Chilenas, baseado nos números de 2006, onde ocupa cerca de 30% de fatia de mercado, sendo o maior exportador, seguido da Argentina.
A produção vinícola do Chile, basicamente desenvolvida em vales, se divide entre Regiões (4), sub-regiões (13), zonas ( 8 ) e áreas ( 52 ) com diversos terroirs gerando vinhos com características diferentes entre si. A tabela abaixo, extraída do livro Tintos & Brancos de Saul Galvão, que por sinal deveria ser leitura obrigatória para quem está começando no mundo dos vinhos, nos dá uma clara idéia da complexidade que é este tema. Grande parte da produção se situa próximo a Santiago que, por sua vez, fica a somente cerca de 280kms distante de Mendoza. As sub-regiões mais conhecidas são os vales de Aconcagua, Maipo, Maule, Rapel e Bio-Bio, com o vale de Limari em grande ascensão. Dos 117.000 hectares plantados, cerca de 75% é de uvas tintas e, destas, 50% são de Cabernet Sauvignon, ainda a principal uva do país. As variedades de uvas estão plantadas de forma bem abrangente na maioria das regiões, mas eis onde cada uma dessas cepas exalta qualidade:
Tintas. Abaixo as principais, mas existem, também, boas parcelas de Malbec, Carignan e Cabernet Franc.
- Merlot, Cabernet e Carmenére – Sub-região de Maipo e Rapel
- Pinot Noir – Sub-região de Bio-Bio e Aconcagua em especial Casablanca e San Antonio
- Syrah – Sub-região de Rapel especialmente em Colchagua, e Aconcagua com ênfase em San Antonio.
Brancas.
- Sauvignon Blanc e Chardonnay, as duas principais – Sub-região de Aconcagua com ênfase em Casablanca e San Antonio.
- Riesling e Gewurtzraminer – Sub-região de Bio-Bio
A legislação Chilena determina que 75% das uvas usadas em um determinado vinho sejam obrigatoriamente desse mesmo varietal. O mesmo vale para a safra e sub-região determinada. Como as exigências Européias, principal mercado do Chile, exige porcentuais mais altos, se não estou equivocado 85%, a maior parte dos vinhos acompanham este parâmetro. Hoje em dia, já é mais comum ver indicação de 100% de varietal no contra-rótulo dos bons vinhos e produtores sérios. A adição de uma pequena parcela de uma determinada cepa sobre outra, muda radicalmente o vinho que se pretende fazer. Desta forma, o que se toma nos casos de 75% da cepa declarada, não é, nem de longe, um varietal e sim, na prática, um assemblage.
Durante toda a próxima semana, estarei postando a lista de vinhos que Tomei e Recomendo assim como as Boas Compras disponibilizadas pelas lojas parceiras. Boa viagem por terras e vinhos do Chile, clique aqui para mais informações no site Chileno “Saber de Vinos”, muito didático, de onde tomei emprestado o mapa, e divirta-se. Salute!
Olá João, curto ler estas matérias sobre os Paises e vi que você fala de filoxera. O que é isso? Sou principiante no mundo dos vinhos, gosto muito e estou tentando ler bastante mas não coheço esse termo. Aliás, tenho comprado algumas de tuas dicas e tenho me dado bem. Obrigado e um abraço
Oi, Antonio e obrigado pelas sempre gentis palavras e por seguir prestigiando o blog. Tive mais duas perguntas similares á sua então, amanhã segue post mostrando o que é essa tal de Filoxera.
Olá João!
Em que site posso conseguir o mapa da região do Valle de Maipo, com a indicação das vinícolas, tal como o mapa do Valle do Colchágua que tem no site da Sernatur?
Obrigado
Oi Luiz e obrigado por participar. Desculpe, mas essa informação não tenho. Como sugestão, talvez um e-mail para o pessoal da Sernatur funcione. Abraço
Olá João. Gostaria de ter mais informação sobre filoxera.
um abraço.
Maurício nascimento.
Oi Mauricio. Em ABC do vinho, tem um post sobre o assunto. Espero que te ajude. Abraço
Olá João,
Por fvr me tira uma dúvida…o circuíto da Cesta do Vinho é o mesmo Circuíto da Uva no Chile?
Abs,
Denise Roig
Oi Denise, gostaria de te ajudar, porém nunca ouvi falar desse termo “Cesta do Vinho”. Sorry! Se algum dos confrades ou amigos leitores puder acrescentar algo, o espaço está aberto para isso.
Salute
ola joão eu estou fazendo o segundo cíclo proficional de sommelier e gostaria que vc me desse um dica de boa literatura que me ajudasse a compriender melhor cada assunto .
Oi Serli, dê uma olhada em >>>> http://falandodevinhos.wordpress.com/2008/07/22/bibliografia/ onde tem uma série de indicações.
Salute e sucesso.
Prezado,
quantas informações intessantes encontramos aqui!
Pretendo fazer uma viagem ao Chile – qual roteiro você sugere para quem quer conhecer as vinículas chilenas e a cultura desta região?
agradecida,
Oi Gerfânia, sempre que me perguntam sobre o Chile eu recomendo acompanhar os posts que meu amigo Cristiano do Vivendo Vinhos fez de sua viagem em Abril – http://vivendovinhos.blogspot.com/search?updated-max=2009-04-24T06%3A02%3A00-03%3A00&max-results=12 – porque é uma das mais completas e vibrantes coberturas de uma viagem enogastronômica pelo país. O blog do Claudio e da Rafaela (Le Vin au Blog) – http://levinaublognoticias.blogspot.com/2009/02/passeando-por-santiago.html – também andaram por aquelas bandas e afora este link fuçe no blog para encontrar outras matérias. Para finalizar, afora aquelas vinicolas mais conhecidas recomendo três que são imperdíveis por seu nível de excelência; Casa Marin (Vale de San Antonio), Odfjell (Vale de Maipo) e Indomita (Vale de Casablanca) com um ótimo restaurante panorâmico. Uma interessante e pouco conhecida vinicola por aqui, apesar de ser enorme e produzir mais de 6 milhões de garrafas ano, é a Lauca Wines of Chile no Vale de Maule, com seus maravilhosos Lauca Reserva Pinot Noir e o Gran reserva corte de Cabernet/Carmenére e Syrah. Sugiro clicar esses nomes no google e viajar desde já. Salute e Bon Voyage!
Estou muito encantado com as informações aqui postadas. Estou pesquisando sobre o vinho Luis Felipe Edwars Reserva 2009 e encontrando algumas dificuldades para achar detalhes sobre este vinho. Será que podes me ajudar?!!me dar uma luz?!!!obrigado!!
Eduaro, deculpa mas apesar de já ter visto rótulos deles por aí, não tive oportunidade de provar nada e não os conheço.
Abs
Olá João gostaria de algumas sugestões para visitação das vinicolas do Chile.
Quais são as melhores? Quais devo visitar?
Estou indo em novembro.
Obrigda.
Gostaria de conhecer vinículas chilenas no carnaval, tenho um grupo de 4 casais interessados. Poderia me fornecer uma agência local, e um roteiro com degustação e almoço.
Olá!
Os vinhos chilenos não possuem aquelas siglas de qualificação/classificação, se eu não me engano, como outros países. DO, DOC…?
Grata
Olá Rachel, não, não têm. Aliás, os paises do Novo Mundo ainda engatinham nesse sentido e as legislações são muito abertas permitindo uma enormidade de práticas nem sempre muito salutares tanto para o vinho como comercialmente, como é o caso da invenção dos tais dos “reservados” !
Obrigado por trazer informações tão ricas para gente.
Oi João, achei muito interessante!
Vi que você disse que 50% da venda de vinho tinto chileno é Cabernet. Você sabe dizer qual é a participação do Carmenére, do Syrah e do Merlot?
Luis, não sei não. talvez vc consiga essa informação na Wines of Chile. abs
Para quem vai ao Chile ou só quer dar uma espiadinha rápida, segue um link interessante:
http://www.vinhoseviagens.com.br/2012/05/wines-of-chile-educational-guide-em-pdf-guia-interessante-e-disponivel-na-internet-sobre-vinhos-chilenos
olá joão! como vai?? sou enófilo e estou dando curso de vinhos e minha cidade, você poderia me conseguir a seguinte informação: qual é média de chuva no chile?? te peço isso para poder fazer uma comparação entre o chile e a serra gaúcha, pois acho muito importante falar isso nos cursos…um abraço!!
Luiz, não tenho essa informação não. Tente ver com a Wines of Chile.
Bom dia!!! João, parabéns pelas informações e dicas… Estou planejando uma viagem as vinicolas chilenas, gostaria de saber se em um fim de semana, chegando quinta-feira a noite e voltando no domingo a tarde eu consigo fazer um bom roteiro??? Desde já agradeço.
OLÁ…..EXCELENTE ESSA REPORTAGEM SOBRE O CHILE, PARABÉNS!!!! SÓ NÃO ENTENDI AQUELA PARTE ONDE O CONSUMO CAIU PARA QUE TIVESSEM UMA MAIOR PARTICIPAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES, ISSO QUER DIZER QUE ELES AUMENTARAM MUITO O PREÇO DOS VINHOS E TORNANDO-OS POUCO ACESSÍVEIS PARA A MAIORIA DA POPULAÇÃO?? SERIA ISSO?? ABRAÇO!!!
Olá Luiz e grato pelo comentários. Talvez tenha me expressado errado, porém não, essa excrecência de aumentar preços tornando o vinho pouco acessível é, lamentavelmente, coisa de boa parte dos produtores nacionais e suas doentias mentes salvaguardistas. A consequência a que me refiro é que com a redução drástica de consumo, os produtores tiveram que sair ao mundo buscando novos mercados e com isso também foram forçados a trabalhar na melhoria do produto.
OLÁ JFC….TUDO EM ORDEM??? OBRIGADO PELA RESPOSTA…VOCÊ SABERIA ME DIZER QUAL FOI O MOTIVO OU OS MOTIVOS QUE LEVARAM O CHILENOS A BAIXAREM DRASTICAMENTE O CONSUMO DE VINHO?? GRANDE ABRAÇO!!!
Olá Luiz, não sei te dizer não. Problemas conjunturais provavelmente, na europa também teve queda. Maior concorrência de outras bebidas, creises financeiras, etc. tudo contribui.
Bom dia jfc! tudo bem?? obrigado pelas respostas sobre o chile……em relação a salvaguardas, como está essa situação com as vinícolas gaúchas?? um abraço e boa semana
Luiz, veja amanhã aqui mesmo no blog. Abs
ALVARO DE CAMPOS MARTINS:
Olá, João!
Eu o tenho como uma boa fonte de informação, ok? No caso das regiões vinícolas chilenas, você tem que atualizar a postagem, porque, hoje, as regiões vinícolas chilenas são 5, com o acréscimo de Atacama, passando as sub-regiões para 15, sendo sub-regiões os Valles de Copiapó e Valle Del Huasco, ok??
Aceita essa informação como mera contribuição, tá bem!!!
BLOG DO BRAZ CUBAS.BLOGSPOT.COM Alvaro.
Valeu Alvaro. Na verdade rever/atualizar todos, ou boa parte, dos posts com informações fornecidas há época em que foram publicados, seja de preços ou outras dados, é extremamente complicado. Por outro lado, creio que pelo menos os posts de países podem e devem ser revisto, vou tentar colocar isso na agenda das muitas coisas que preciso fazer. Quem sabe dentro em breve isso poderá estar atualizado? Abraço
Olá João, td bem?
Parabéns pelo Blog..as informações são de qualidade!!! Estou indo ao Chile para visita técnica nas regiões vinícolas. Preciso de informações agronômicas sobre a produção da uva, tais como: tipo de solo adequado, direção do vento, variedades adaptadas a cada região, principais pragas e doenças por região, etc. Poderia me indicar alguma fonte?
Obrigado
Olá Daniel, não conheço ninguém não porém sugiro que contate a Wines fo Chile que devem poder dar alguma indicação. Abraço
Muito bom! Uma aula sobre Chile. Obrigado. Abraços.
Parabéns pelo site! Vou fazer uma visita ao Chile este mês e gostaria de visitar uma vinícola. Gosto de vinho tinto, branco e frisante. Não gosto de ficar com a sensação de “amarrar” a boca. Você tem alguma vinícola para me indicar que produz vinhos mais ou menos como te expliquei?
Cara Andrea, a maior parte das vinícolas tem estilos diversos em sua linha de produtos. Alguns mais estruturados e tânicos (“amarram a boca”) para eventual guarda e vinhos mais jovens, menos tânicos e mais frutados. Não sei por onde vai estar no Chile, mas se estiver somente em Santiago uma interessante opção é a William Févre (de origem francesa) assim como Valdivieso, Cousino Macul e a Odjfell (vinhos orgânicos). Abraço