Uvas & Vinhos – Merlot

          Como prometido, começamos hoje a publicar os posts sobre as uvas e os vinhos que compõem nossa vinosfera. Mais do que falar sobre as uvas, forneceremos uma lista de vinhos que acreditamos representar bem o caleidoscópioMariana de sabores, aromas e estilos dessa cepa. Optei por começar falando de Merlot, porque neste último mês falei muito de vinhos elaborados com esta uva, tive degustações e embates, mas mais que tudo pela confusão que o amigo, de nossa historinha da semana retrasada, fez quanto às características desta gentil cepa, fato que motivou esta coluna quinzenal que assino junto com a amiga e parceira, Mariana Morgado. Para quem ainda não a conhece, ó ela aqui do ladinho >>>>>>>>>

           Uva tinta de origem francesa da região de Bordeaux. É cultivada em toda a região do Sudoeste da França, com maior destaque nas regiões de Pomerol e Saint Émilion, margem direita de Bordeaux, onde junto com as uvas Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, compõe o tradicional corte bordalês, podendo também receber um pouco de Malbec e Petit Verdot no corte. Para quem se atreve a dizer que não gosta de Merlot, um lembrete para o fato de que o ícone Petrus é elaborado em Saint Émilion com cerca de 95% Merlot ou seja, é técnicamente um varietal desta cepa! Tem a certza que não gosta de merlot, ou será que você simplesmente ainda não tomou o vinho certo?

            Hoje em dia, é uma das uvas tintas mais cultivadas no mundo, competindo somente com a Cabernet Sauvignon como a uva tinta mais conhecida. É a uva tinta mais plantada em Bordeaux, somando 101 mil hectares plantados contra os 53 mil hectares de Cabernet Sauvignon. Apesar de ter sido achacada no filme Sideways com influência negativa no mercado consumidor, especialmente o americano, no mundo, já existem mais de 250.000 hectares de vinhedos plantados com esta delicada cepa e seu volume comercial volta a avançar.

Em geral, os vinhos da Merlot podem ter dois estilos básicos:

  • Quando as uvas são colhidas o mais tardiamente possível para gerar uma maior concentração e intensidade de cor e aromas de frutas, como ameixa e amora além de taninos macios e maduros combinados com bom corpo, graduação alcoólica e notas de frutas maduras. Tudo isso ainda pode ser complementado por estágio em barricas de carvalho, em geral francês. Este seria um padrão “internacional” de vinhos com Merlot, muito encontrado em vinhos do Novo Mundo.
  • Quando a opção é por colher as uvas antes, quando atingam seu grau correto de maturação (normalmente a Merlot amadurece pelo menos uma semana antes que a Cabernet Sauvignon), gerando vinhos com corpo e graduação alcoólica mais leves e sedosos, mas com maior acidez e aromas de frutas vermelhas maduras, como framboesa e morango, e ainda algumas notas vegetais. Essa seria a versão francesa dos tintos da Merlot.

Merlot Grapes         Quando vinificada sozinha como varietal gera, tradicionalmente, vinhos macios, fáceis de beber, com taninos sedosos e redondos para serem bebidos geralmente mais jovens, entre três a cinco anos, exceção feita a grandes vinhos de terroir que podem e vão mais longe. Quando mesclada à Cabernet Sauvignon e Tannat, resulta em vinhos de maior estrutura, equilíbrio e potencial de envelhecimento ajudando a amaciar estas cepas mais poderosas e bastante tânicas.

         Com exceção das regiões de Médoc e Graves, margem esquerda de Bordeaux, onde a Cabernet Sauvignon predomina, além de St-Émilion e Pomerol, encontramos vinhedos de Merlot também em Côtes de Bourg, Blaye, Fronsac. Além disso, está presente na maioria das regiões vinícolas do mundo, como Califórnia, Austrália, África do Sul, Brasil, Uruguai, Chile (onde, durante muito tempo foi confundida com a casta Carménère), na Itália (na região da Toscana, onde entra em muitos cortes dos Super Toscanos, Friulli e Sicilia) e muitos outros.

         Definir características olfativas, em qualquer vinho, acho meio temerário devido á enorme diversidade de estilos e terroirs, mais ou menos concentração, mais ou menos madeira, etc., no entanto, para aqueles que preferem tintos de estrutura média, taninos macios, agradáveis sabores, aromas de frutas vermelha e delicadas notas herbáceas, experimentem os Merlots produzidos mundo afora. Dê uma especial atenção aos rótulos Brasileiros onde esta cepa tem demonstrado uma enorme capacidade de adaptação, gerando ótimos vinhos em diversas faixas de preço e estilos. Aqui abaixo listarei algumas boas opções de rótulos com preços aproximados, que recomendo, mas garimpe, são inúmeros os bons vinhos disponíveis no mercado.

  • Villaggio Grando 2006 – Santa Catarina – R$45,00
  • Dal Pizzol – R$30,00
  • Marco Luigi Varietal – R$24,00
  • Marco Luigi Reserva da Família – R$ 32,00
  • Cordelier garrafa velha 2007 – R$18,00
  • Cordelier Reserva 2006 – R$25,00
  • Pizzato Reserva 2005 – R$35,00
  • Cavalleri Reserva 2005 – R$32,00
  • Salton Volpi 2005 – R$24,00
  • Vina Carmen Reserve 2005 – Mistral / Chile – R$51,00
  • Salton Desejo 2005 – R$60,00
  • Miolo Terroir 2005 – R$60,00
  • Valduga Premium 2007 – R$35,00
  • Storia 2005 – Valduga – R$110,00
  • Casillero Del Diablo 2007 – VCT Brasil / Chile – R$30,00
  • Marqués de Casa Concha 2006 – Expand / Chile – R$78,00
  • Fabre Montmayou Patagônia Gran Reserva – Expand / Argentina – R$98,00
  • La Butte Vieilles Vignes 2005 – Mistral / França – R$ 85,00
  • Wente Crane Ridge 2004 – Vinhos do Mundo / USA – R$98,00
  • Fleur du Cap Unfiltered 2004 – Casa Flora / África do Sul – R$83,00
  • Smithbrook 2005 – Wine Society / Austrália – R$75,00
  • Chateau la Monastere 2005 – Merlot, Cabernet Sauvignon e um tico de Malbec – Expand / Bordeaux – R$60,00
  • Chateau Puycarpin 2006 – Merlot, Cabernet Sauvignon e Franc – Zahil / Bordeaux – R$69,00
  • Chateau La Guérinniére 2005 – Merlot com Cabernet Sauvignon – D’Olivino / Bordeaux – R$98,00
  • Chateau Noaillac 2005 – Merlot, Cabernet Sauvignon e um tico de Petit Verdot – Decanter / Bordeaux – R$104,00
  • Pisano Rio de Los Pajaros Tannat/Merlot 2005 – Mistral / Uruguai – R$30,00
  • Don Pascual Tannat/Merlot 2007 – Expand / Uruguai – R$39,00
  • Cordilheira de Sant’ana Tannat/Merlot 2005 – Brasil – R$46,00
  • Cuvée Marguerite 2002 – Chateau Desclau – Vinea Store/Bordeaux – R$98,00
  • Bouza Tannat/Merlot 2006 – Decanter/Uruguai – R$85,00
  • Alain Brumont Côtes de Gascogne Tannat/Merlot 2006 – Decanter / França – R$49,00.

Clipboard Merlot

             Harmonizar Merlot e comida é relativamente simples divido à característica menos tânica do vinho tornando-o um vinho bastante “amistoso”. Como o segredo de qualquer harmonização é o equilíbrio do peso do vinho com o do prato, o ideal é servir estes vinhos acompanhando pratos mais delicados como frango, peru, vitela, pato, carnes grelhadas sendo que a combinação de Merlot com pratos em que cogumelos façam parte de sua elaboração é  particularmente saborosa. Desta forma, carne assada com molho marsala/madeira ou strogonoff de carne, por exemplo, são duas ótimas combinações que devem resultar naquela matemática característica de qualquer harmonização bem feita em que a soma de um mais um iguala três!

            Agora, se o estilo do vinho for de um caldo mais encorpado, aí pode-se buscar pratos mais elaborados lembrando que a melhor harmonização é aquela que lhe dá maior prazer e satisfação, não existem regras e estas são somente algumas dicas que podem lhe ajudar na busca do “casamento” ideal. Não sei se os especialistas recomendariam, mas uma vez tomei um saboroso Merlot Reserva da Familia do Marco Luigi acompanhando um fettucine com rabada desfiada e rucula, que estava de lamber os beiços! Nos finais de semana gosto de fazer uns sandubas em casa como hamburger de picanha grelhada, presunto cru com brie e até algumas variações de bruschetas e acho muito gostoso acompanhar esses lanches com vinhos tintos leves e de taninos delicados o que, invariavelmente, me faz escolher um merlot jovem com pouca ou nenhuma madeira, taninos doces e macios como acompanhamento.

             Bem, é isso e, para variar, me alonguei demais. Daqui a quinze dias voltamos, Mariana e eu, a falar de Uvas & Vinhos. Os comentários, duvidas, criticas (vê se não bate muito forte) são sempre bem-vindos especialmente se for para acrescentar conhecimento e nos fazer melhorar. Se quiser ver mais, acesse os links a seguir:

http://falandodevinhos.wordpress.com/2009/06/10/merlots-brasileiros-para-que-outros/

e

 http://falandodevinhos.wordpress.com/2009/07/01/desafio-merlots-do-mundo-resultado.

Salute e kanimambo