Prova de Barbera
Volta e meia o amigo Walter Tommasi da revista Freetime, por sinal uma bela revista focada no mundo dos executivos, me chama para compor sua banca de avaliação em provas de vinho com os mais diversos temas. Aprendo muito já que os vinhos são sempre de grande qualidade e os colegas presentes gente do maior gabarito em nossa vinosfera. A Barbera, uva do Piemonte (cidades de Alba e Asti próximo a Turin) sobre a qual já falei aqui, é essencialmente feminina, por isso ser tão apreciada (rsrs), gerando vinhos deliciosos, equilibrados, taninos finos e de muito boa acidez sendo uma ótima escolha para estar sobre a mesa neste Dia das Mães que se aproxima. Provamos onze vinhos, alguns de grande relação Custo x Benefício, então aproveitem para ver abaixo como foi a performance de cada rótulo na ordem de classificação final e média dos comentários a banca, lembrando que a degustação foi às cegas como manda o figurino.
Barbera D’Alba Fides 2006 – Pio Cesare – Granada de média concentração, halo de evolução. Complexo, frutas vermelhas em compota, figo seco, toque balsâmico, floral, café, tostado e especiarias lembrando pimenta-preta. Na boca, o tripé acidez, taninos e álcool perfeitamente equilibrado, sem arestas, persistência longa e retrogosto balsâmico com um toque de chocolate amargo. DECANTER – Preço R$ 191,20 – Nota 88,6. Este foi meu segundo vinho e um dos Barberas que mais me encantam por sua complexidade.
Villa Giada Barbera D’Asti Surí 2007 – Andrea Faccio– Rubi, média concentração, leve halo. Aromas evoluídos, frutas vermelhas, cereja, ameixa, especiarias, terroso, animal, couro. Na boca, muito macio, ótima acidez, taninos finos, corpo médio, persistência longa e retrogosto terroso. EXPAND GROUP – Preço R$ 59,00 – Nota 87,6. Talvez a maior surpresa da noite no cômputo geral.
La Cresta Barbera D’Alba 2005 – Rocche dei Manzoni – Violáceo, média concentração, sem halo. Boa complexidade com destaque para frutas vermelhas, floral, especiarias, pimenta-branca, baunilha, café. Acidez correta, taninos finos, corpo médio e persistência longa. Redondo. INTERFOOD CLASSIC – Preço R$ 141,50 – Nota 87,4
Camp Du Rouss D’Asti 2005 – Luiggi Coppo – Rubi, média concentração, leve halo. Aromas confeitados, complementados por frutas evoluídas, cereja, sottobosco e empireumáticos. Na boca elegante, ótima acidez, taninos finos, corpo médio e boa persistência, ligeiro amargor. MISTRAL – Preço R$ 79,00 – Nota 87,1
Valfieri D’Asti Superiore 2002 – Granada, média concentração, halo de evolução presente. Aromas evoluídos, ameixa, sottobosco, toque químico e um agradável tostado. Ótima acidez, taninos finos, bom corpo e persistência, retrogosto lembrando alcaçuz. VINEA – Preço R$ 114,00 – Nota 87,0
Braida – Il Monello D’Asti 2006 – Giacomo Bologna – Granada, pouca concentração, halo de evolução. Balsâmico, frutas vermelhas em compota, especiarias, couro e toque de baunilha. Vinho simples, mas honesto, bem equilibrado, corpo médio, boa persistência, final frutado. EXPAND GROUP – Preço R$ 58,00 – Nota 86,9
Cipressi della Court D’Asti 2006 – Michele Chiarlo – Rubi, média concentração, sem halo. Ameixa, tostado, caixa de charuto, floral, violeta, levemente adocicado. Ótima acidez, taninos presentes, corpo e persistência corretos, ligeiramente alcoólico. ZAHIL – Preço R$ 128,00 – Nota 86,7
Brea Barbera D’Alba 2005 – Azienda Bróvia – Rubi, média concentração, sem halo. Frutas vermelhas em compota, violetas, pimenta, baunilha e tostado e leve mentolado. Macio, tripé equilibrado, ligeiro retrogosto frutado, toque adocicado, fácil de beber. PREMIUM – Preço R$148,00 – Nota 86,4
Barbera D’Asti Libera 2007 – Bava Azienda Cocconato – Violeta, muito concentrado, sem halo. Frutas vermelhas maduras, toques floral, herbáceo, especiarias, pimenta-preta e lácteo. Redondo, acidez correta, taninos finos, corpo médio, persistência longa, retrogosto frutado. WORLD WINE – Preço R$ 74,00 – Nota 86,4. Não sendo superior ao Fides de Pio Cesare, nesta noite foi o vinho que me arrebatou o coração. Ótima acidez e muito vibrante na boca, um vinho realmente sedutor mostrando toda a tipicidade e sutileza dos bons vinhos produzidos na região.
Seghesio Barbera D’Alba 2006 – Violáceo, alta concentração, sem halo. Cereja, especiarias, noz-moscada, lácteo e toque herbáceo. Ótima acidez, taninos finos, corpo e persistência média, retrogosto vinoso. MISTRAL – Preço R$ 82,00 – Nota 86,2
Arquatesi – Colli Piacentini 2008 – Granada, média concentração, sem halo. Vinoso, morango, químico, animal, toque herbáceo. Boa acidez, taninos ainda verdes, bom corpo e persistência, vinho jovem e rústico. ANA IMPORT – Preço R$ 52,00 – Nota 84,1
Cada um dos degustadores teve seu preferido, comum nestes casos de provas ás cegas, porém tendências ficaram claras. Veja quem esteve presente neste delicioso encontro, os vinhos preferidos de cada um e nota dada.
- Aguinaldo Záckia Albert – Barbera D’Alba Fides – Nota 89
- Alessandro Tommasi – Villa Giada Barbera D’Asti Surí – Nota 90
- Alvaro Cezar Galvão – La Cresta Barbera D’Alba – Nota 90
- Beto Acherboim – Villa Giada Barbera D’Asti Surí – Nota 89,5
- Carlos Hakim – Barbera D’Alba Fides – Nota 89
- Gustavo Andrade – Barbera D’Alba Fides – Nota 89
- João Filipe Clemente – Barbera D’Asti Libera – Nota 89
- Nelson Luiz Pereira – Seghesio Barbera D’Alba – Nota 89
- Paulo Sampaio – Barbera D’Alba Fides – Nota 88,5
- Ralph Schaffa – Barbera D’Asti Libera – Nota 88,5
- Walter Tommasi – Barbera D’Alba Fides – Nota 91
OS CAMPEÕES
Melhor Vinho da Noite
Barbera D’Alba Fides – Pio Cesare – Nota 88,6 – Decanter – Preço R$ 191,20
Melhor relação Custo x Beneficio
Villa Giada Barbera D’Asti Surí – Expand – Nota 87,6 – Expand – Preço R$ 59,00
Espero que tenham aproveitado e que tenhamos podido jogar uma luz nos vinhos elaborados com esta cepa. Muito mais existe no mercado e fica claro, mais uma vez, que preço não é documento em nossa vinosfera, mesmo que o Melhor Vinho tenha sido o exemplar mais caro na prova, coisa que deve ser esperada. Senti-me muito honrado em sentar com essas feras para desfrutar desta bela disputa de vinhos, de onde saiu a idéia para meus Desafios de Vinho. Logo após esta prova ainda fizemos uma degustação vertical do famoso vinho chileno VIU 1. Estupendo o 1999, ótimo o 2001, mas marcante mesmo, o vinho que mais me chamou a atenção pelo nível de complexidade, vigor e elegância, um grande vinho de uma grande safra.
Salute, kanimambo e tenham um bom fim de semana.
Caro João Filipe, essa degustação realmente foi surpreendente. O Surí é um baita custo-benefício. Oferece muito pelo que custa. Comprei 10 garrafas no dia seguinte da degustação!
Já o Pio Cesare (Fides) realmente mostrou a que veio. Belo vinho. Pena que o preço não ajuda. Complicado pagar quase R$ 200 em um Barbera D’Aalba…
Abraços!