Churchill Cabernet Franc, um Vinho Diferenciado.
A CBE (Confraria Brasileira de Enoblogs) escolheu um Cabernet Franc brasileiro para prova e este já há tempos piscava para mim de dentro da adega. Um produto diferenciado, sem dúvida alguma, que mostrou que precisa de tempo ainda, ou pelo menos um tempinho de aeração no decanter, pero no mucho. A tipicidade da cepa, de acordo com Oz Clarke em seu livro Grapes & wines, tradicionalmente gera vinhos perfumados, frutados de textura sedosa e menos tânica que sua prima mais famosa, a Cabernet Sauvignon. Pode ser influência de Oz Clarke, mas senti tudo isto de forma surpreendente neste vinho, porém não no primeiro dia e sim dois dias depois após o ter guardado com o uso do Vacu-vin.
A primeira taça me apresentou um vinho ainda fechado tanto no nariz quanto na boca e achei com um amadeirado excessivo que não me incentivou a dar seguimento à degustação. Fechei, podia ser eu ou o vinho, abrindo-o dois dias depois e a conversa mudou de tom. Agora a fruta apareceu, algo compotada como a maioria dos vinhos nacionais, mas cheia de vigor mesmo que não exuberante. Na boca, onde ele mostra todo o seu potencial, a madeira estava harmoniosamente colocada, mesmo que com 11 meses de barrica, sedoso, taninos finos , médio corpo com um volume de boca gostoso, rico com toques de salumeria e um leve tostado. Final longo, sem qualquer amargor, algum café e toffee de retrogosto, um vinho que me surpreendeu neste segundo encontro e me deixou com aquele gostinho de quero mais. Faltou vinho nessa garrafa, pelo menos essa foi a sensação, será que colocaram menos na garrafa para render ?! rs Uma observação, tomei-o mais refrescado que o normal, talvez uns 15 ou 16º, e achei que isso também fez diferença porém creio ser essencial aerar o vinho num decanter por pelo menos uns 30 a 45 minutos dando-lhe o tempo necessário para que ele se encontre e mostre toda a sua personalidade.
O nome vem do sobremome do idealizador e produtor deste projeto que rendeu meras 600 garrafas deste belo caldo nesta safra de 2006. Nathan Churchill é americano e vive no Brasil onde vende barricas americanas. Com este projeto Nathan tentou e conseguiu, mostrar as qualidades exponenciais que podem ser obtidas através do uso adequado de suas barricas usando uvas da Valmarino onde o vinho também é vinificado. Certamente um vinho que espero poder rever, agora da safra de 2008, já que aparentemente foram produzidas um pouco mais do dobro das garrafas e é um belo de um produto. Por outro lado, aguçou a minha curiosidade para provar o vinho da Valmarino. Interessante o rótulo que é uma homenagem ao Romanée-Conti.
Salute e kanimambo
Oi João,
Tive a oportunidade de tomar esse vinho com mais 3 amigos, e diferentemente de você, não guardamos para outro dia. O vinho agradou inicialmente, sendo bem aromático, mas tinha uma doçura excessiva que o tornou enjoativo. Tomamos junto com o Prelúdio do Marco Danielle, e com o Gran Rosso (Vila Bari) e o Churchill foi o que menos agradou. Talvez se tivéssemos seguido a sua dica poderia ter melhorado.
Estive no Decanter Wine Show, ontem no Rio. Imperdível.
Abraço.
É Eugênio, cada garrafa uma´história e estória. Achei que a acidez balanceou bem a fruta compotada, no geral gostei bastante e o colocaria par a par com o Preludio que também me agradou bastante. Decanter, hoje a manhã meu amigo, tanta coisa para ver só em dois dias! Alguma dica especial?
Como só vi sua pergunta agora de noite, vou te mandar umas dicas para amanhã:
Cornas Les Ruchets, Hermitage le Rouet, Côtie-Rotie La Divine os 3 de Jean Luc-Colombo (França)
o Clos Vougeot do François Labet (Chateau de La tour)
Pio Cesare: Barbaresco, Barolo Ornato e o Piodilei (chard.)
San Fabiano de Calcinaia: Cerviolo (imperdível)
Villa Raiano: Fiano di Avelino Ripa Alta e Taurasi Riserva
Domingos Alves de Sousa: Abandonado
Luis Cañas: Hiru 3 Racimos
Arzuaga: Gran Arzuaga 96
Kilikanoon: Mort´s Block riesling e Oracle shiraz
Viña Alicia: Tiara e Nebiollo
Champagne Bernaut: Cuvée Edmond Brut e Millésime Brut Grand Cru.
E tem muito mais, mas se eu listar perde a graça da descoberta.
Um abraço e bom segundo dia de feira.
João,
Vc tem esse vinho na vino & sapore ? Onde posso comprar esse vinho ? Podem me dar uma dica ?
Fui um dos previlegiados em degustar a safra de Cabernet Franc 2006, e tive uma grande surpresa. Vinhos nacionais estão melhorando, mas o Churchill conseguiu mostrar que é possível fazer ótimos vinhos tintos no Brasil.
Em 2010, celebrando meus 50 anos, estive em Bento e fui atrás do Churchill na Valmarino. Ótimos vinhos, mas consegui o contato direto com Churchill e, de volta a São Paulo, comprei uma caixa do excelente Cabernet Franc 2008. A proposta (informei o Churchill disso), é abrir uma garrafa a cada ano e avaliar a evolução do vinho.
Na semana passada, minha esposa se empolgou em testar uma receita de ossobuco reduzido no vinho tinto, com tomate, manjericão, acompanhado de uma deliciosa polenta mole e salada de . Abrimos a primeira garrafa do Churchill ! Só de me lembrar, eu entro em Alpha ! O vinho está no final da sua adolescência, já pronto para beber, mas demonstrando que ainda pode evoluir muito. Ressaltou um forte aroma vegetal, lembrando aquele musgo verde em madeira antiga e úmida (que faziam parte da cerca do galinheiro da casa do meu avô !). Na boca, os taninos já estavam redondo, com um ótimo toque de madeira, com uma boa acidez para interagir com a gordura levemente gelatinada da carne do ossobuco, adequadamente desmanchando na boca.
Vou acompanhar o amadurecimento do vinho, ano a ano, e alimentar esta informação no meu blog (vino-verita.blogspot.com.br), que pretendo retomar ainda no mês de abril, com um evento inédito, se tudo correr como planejado.
Em tempo: salada de almeirão ! Great !
JFC,
ontem provei o Churchill 2008, mas não era uma das garrafas da Vino&Sapore ainda. Está no auge, macio, sedoso na boca, bem frutado. Para que eu não perca as minhas garrafas, o que você indicaria como tempo de consumo? Você já tem a safra 2009 à disposição?
Abs.,
Guilherme
Caro Guilherme, aproveita porque o 2008 está esgotado e 2009 e 20010 não deve pintar porque a qualidade ficou aquém. Agora temos que esperar!!!
JFC,
esqueci de comentar, foi harmonizado com um pintado assado em folha de bananeira na brasa, se eu não tivesse provado não acreditaria como harmonizaram bem !!
Abs.,
Guilherme
O Churchill Cabernet Franc deve ser degustado a 21-22ºC. É uma característica da barrica Canton Grand Cru. Esta informação consta na ficha técnica do vinho, que está disponível no site http://www.chuchill.com.br
JFC,
qual a safra atual deste vinho?
Abs.,
Guilherme
Oi Guilherme, 2013.