Meu Primeiro Rabigato, Gostei!
A primeira vez é sempre marcante ou, pelo menos, interessante e didática! Esta foi bastante marcante porque me surpreendeu. Rabigato, para quem não conhece, é uma uva autóctone da região do Douro onde é costumeiramente usada em cortes com a Viosinho, Verdelho e Gouveio e que, em função de sua baixa produtividade, está gradativamente sendo substituída por castas mais interessantes comercialmente e de maior produtividade. Os vinhos de Portugal produzem sempre saborosas surpresas!
Este produtor, João Turégano da Quinta da Mieira, vai um pouco na contramão desse “trend” e nos traz esse Rabigato vinificado em estreme (varietal 100%) ou monocasta como eles por lá chamam estes vinhos que, neste caso, foram elaborados com uvas advindas de vinhedos com mais de 40 anos. Não teve jeito, como todo o enófilo apaixonado pelos mistérios de Baco, me meti a pesquisar antes de entrar na degustação deste vinho recebido da Importadora Winery para degustar em paralelo com o produtor e o amigo Breno num evento promovido no site www.tvgeracaoz.com.br do também amigo e saudoso (depois que ficou famoso sumiu!) Marcelo di Morais.
A Rabigato, por erro, no passado foi relacionada com a casta Rabo de Ovelha, variedade com a qual não aparenta qualquer semelhança. Os vinhos oferecem acidez viva e bem equilibrada, boas graduações alcoólicas, frescura e estrutura, características que a elevaram ao estatuto de casta promissora no Douro. Apresenta cachos médios e bagos pequenos, de cor verde amarelada. Poderá, nas melhores localizações, ser vinificada em estreme, oferecendo notas aromáticas de acácia e flor de laranjeira, sensações vegetais e, tradicionalmente, uma mineralidade atrevida. É a boca, porém, que justifica a sua reputação, com uma acidez mordaz e penetrante, capaz de rejuvenescer os brancos do Douro Superior e com boa capacidade de envelhecimento..
Abri a garrafa a cerca de 8ºC o que não recomendo, pois foi-se abrindo muito conforme a temperatura aumentou mostrando que o contra rótulo está corretíssimo quando sugere a temperatura de serviço de 12ºC. Nariz de média intensidade, mas bastante complexo com notas cítricas (maçã verde) e tropicais com algum abacaxi maduro e suaves sensações de flor de laranjeira como pano de fundo, aparecendo até uma certa dose de baunilha mesmo não havendo o vinho passado em barrica.
Na boca é marcante, um vinho com personalidade, meio de boca seco, boa estrutura e acidez bem integrada transmitindo frescor, mas sem ferir o palato, balanceado e rico com um final mineral muito interessante. Um vinho gastronômico por excelência e logo comecei a pensar com o que harmonizar. Frutos do mar grelhados e bacalhau vieram rapidamente à cabeça, mas queria algo menos óbvio. Não sei se daria samba, só testando, mas pensei numa moqueca sem dendê, será? Pensei em coisas menos atuais como um camarão á Mary Stuart do 50/50 (já falecido) lá de Santos e um delicioso Frutos do Mar á Bercy do Tatini (esse bem vivo), quem sabe até de arroz de polvo e, muito certamente, uns Rojões de Porco à Moda! Ai, deu uma fome!!!!! A sede eu matei, mas a fome vai ter que esperar.
Gostei do que provei e tomei, um vinho deveras interessante e parada obrigatória para quem gosta de sair da mesmice e curte as viagens de descobertas de novos sabores por nossa Vinosfera. Deverá custar algo ao redor de 100 Reais, de acordo com o que o Leandro (Winery) disse no programa, então procure em sua loja preferida e depois me diga algo, adoro feedback! Salute e kanimambo pela visita, eu vou seguir pesquisando a Rabigato e buscando novos rótulos para melhor conhecer o potencial dessa uva, fui!
Obrigado pela amizade de sempre, mas, principalmente, obrigado por manter a mente sã, o critério altivo na análise, sem querer agradar os amigos próximos, fiel que és ao seu leitor, seu patrão!
Valeu Breno, já descobri alguns outros rótulos como MUX, Dona Berta e CARM com essa uva e vou provar! Adoro quando aparecem coisas novas no pedaço nos mostrando quão pouco conhecemos dessa nossa vinosfera e quando é Luso então, mais interessante é. Grato pela oportunidade e gentis comentários.
Aprendo sempre muito com teus posts, João. Saudades do 50/50!
Valeu Fabio e era bom demais né? Ponto de encontro de pessoal do comércio exterior, de gente da navegação e, obviamente, gente de bom gosto em Santos. O que é bom a gente sempre lembra!
Olá João. Leio sempre os seus posts com muita curiosidade e gostava de ter a sua opinião sobre outro vinho monovarietal do Douro de uma casta que está quase a desaparecer: o bastardo. Sei que pelo menos a Conceito e a Niepoort têm esse vinho. Não sei se já provou, mas fico à espera. Um abraço.
Oi Sérgio, eis uma lacuna a preencher. Já tive muito próximo de um Conceito, mas ainda não rolou e não provei, até agora, nenhum Bastardo. Espero em breve poder me redimir! rs Abraço
JFC,
onde se encontra este Quinta da Mieira rabigato?
Abs.,
Eh, eh, na Vino Sapore tem!
R$ ??
Creio que R$82 Guilherme.
JFC,
Boa dica, cozinhei os camarões para uma massa neste vinho e ficou delicioso, melhor ainda na taça para acompanhar a obra final!
Abs.,
Guilherme
JFC,
Tudo bem? Permaneço fão desta sua recomendação. Você acha que este vinho, safra 2011, permanecerá vivo por quanto tempo? Abs.
Guilherme
Oi Guilherme, beleza meu amigo. A meu ver, toma agora. Abraço