Vinhos TOP do Ano.
Tema eventualmente polêmico este e sei que certamente vou cutucar alguns, mas a ideia principal aqui é de colocar um desafio especialmente às mídias impressas de nossa vinosfera tupiniquim e, concomitantemente, provocar um momento de reflexão. Não pretendo que seja, e não é, uma crítica a qualquer um porque cada um sabe de si e de seu negócio.
Todos os anos a grande maioria das mídias mundiais que trabalham o vinho publicam seus vinhos TOP do ano. Vale para a Wine Spectator, James Suckling, Wine Enthusiast, Gambero Rosso, Revista de Vinhos (Portugal) e outros tantos espalhado pelo mundo afora. Aqui no Brasil temos os TOP da Revista Adega e da Revista Prazeres da Mesa, comprei as duas este ano, porém não sei se existem outras que ainda publiquem essas listas anuais.
O que sinto falta é de algo que eu fazia até 2014 e a Revista Gula fez pela última vez creio eu em Janeiro de 2010 (ano em que contribui com a lista) com os TOP de 2009, dividir e garimpar preciosidades ao longo do ano por faixa de preço. Acho que a última, pelo menos que eu vi, foi da Gosto em 2015. Hoje ao se ter acesso a essas listas só se vê, salvo pouquíssimas exceções, vinhos de 600, 1.500, 3.000 a 8.000 Reais a garrafa! Para alguns membros da elite econômica do país quem sabe seja útil, porém para a grande maioria isso não diz absolutamente nada e, aqui, expresso apenas minha opinião pessoal compartilhada junto a diversos enófilos de plantão e consumidores em geral com que me relaciono. Algo a se pensar ou não, sei lá, pode ser só rabugice aqui do velho tuga! rs
Falamos muito de descomplicar o vinho, de desconstruir o pedestal em que foi colocado para torná-lo mais acessível, aumentar o consumo per capita, etc.. é tema corrente, mas o que realmente é feito pela mídia e diversos formadores de opinião acerca do assunto? Num mercado de consumo per capita de vinhos finos estagnado há anos em função, essencialmente, de preços altos, ficar aqui falando maravilhas sobre um Mouton 1980 e dando-lhe o status de melhor vinho do ano, por mero exemplo, não agrega absolutamente nada a meu ver. Falamos muito da falta de marketing dos produtores, dos orgãos representativos, dos importadores, mas o que é que quem escreve sobre vinhos está fazendo para trazer o vinho de volta à terra? Lógico que há exceções, porém vejo muito blá, blá, blá e pouca ação efetiva nesse sentido.
Elitizar o vinho como algumas mídias insistem em fazê-lo, respeito porque cada um publica e compra o que quer e aparentemente vão muito bem obrigado, não me traz nada de novo e creio que publicar essas listas dentro de faixas de preço mais acessíveis ao consumidor seria muito mais construtivo. Exemplos: vinhos até 60 Reais, de 60 a 120, de 120 a 180, de 180 a 300, de 300 a 600 e acima disso.
Eu não consigo mais fazer isso porque desde 2015 estou amarrado na loja e pouco saio para degustações que é quando a gente faz a maioria dessas descobertas e também pouca ou nenhuma influência tenho no setor, porém sinto falta de algo mais pé no chão, menos elitizado, algo mais próximo da realidade consumo geral, algo baixo clero! rs
Fica aqui um desafio às revistas especializadas que trabalhem e divulguem mais este segmento pouco ou nada exploradas por elas. Que tal adicionar listas com esta “pegada” ao final deste ano? Uma coluna mensal com achados PQP (Preço x Qualidade x Prazer) e preço mais acessível? Vinhos que a gente, trabalhadores sem cartão corporativo ilimitado, possa bancar mesmo que só algumas poucas vezes, porque cá entre nós um vinho de 6 mil nem rolha né??
Eu chutaria, não tenho dados concretos, que 85% por cento do consumo de vinhos finos no Brasil, provavelmente mais, deve estar numa faixa de preço entre 35 a 150 Reais e o preço médio está na casa dos 45 Reais, então fica aí o recado, algo para refletir e, quem sabe, mudar para este ano? Eu acho que o grande público consumidor e de menor litragem está orfão buscando quem o adote! Pode ser que eu esteja errado e se tiver por favor me indiquem onde encontrar, gostaria de ter acesso.
É isso, fica a sugestão que, se fosse boa, se vendia né?? rs Kanimambo pela visita, saúde
JFC, salvo engano, o Jorge Lucki até faz uma separação entre os melhores do ano e os melhores disponíveis no Brasil, pois tem vinhos que não estão disponíveis ou não são acessíveis financeiramente.
De resto, também não me recordo de uma publicação que se preocupe em separar os vinhos por faixa de preço, o que talvez ocorra porque algumas lojas apliquem valores bem diferentes, ainda há a questão do ICMS-ST por Estado, enfim, algumas variáveis que indiquem a impossibilidade de fazer uma lista por faixa de preços.
Abs.,
Guilherme
Oi Guilherme, cá entre nós nem sei porquê publicar vinhos que não estão no Brasil, mas tudo bem. Quanto a preço, isso não é empecilho, usa-se como base o de São Paulo, basta querer fazer.
João, como sempre muito lúcido!
Como comprar vinho sem participar de degustações!
A maioria dos fornecedores colocam sobre preço se comprarmos somente uma garrafa. Como vou comprar seus garrafas de um vinho que não provei!
Ninguém quer fazer degustação de vinhos de 40 reais, pois sabe que nessa faixa de preço, carregada de impostos, sua maioria é de zurrapas!
Caro Jorge, daí minha cobrança quanto á critica especializada que pode fazer esse filtro. Como um promotor de degustações, já fiz bem mais de 500, o povo não quer participar de degustações de vinhos básicos., sempre tive dificuldade de lotar a casa quando as fiz. Agora, a imprensa pode e deve procurar esses vinhos. Eu fiz muito disso enquanto mais ativo como comentaristas das coisas do vinho e meus melhores do ano sempre tiveram esse foco. Ia em degustações e eu lá provando vinhos de 40, 50, 80 pratas e só no final me deliciava com alguns néctares. Garimpando se descobre coisa boa, mas tem que descer do pedestal porque se não, não rola, não tem como.