A Influência das Safras
Até que ponto as safras são importantes? Difícil responder, pois depende muito das regiões e dos tipo de vinhos de que estamos falando. Todavia, pesquisei bem este assunto antes de escrever o post e, a conclusão a que cheguei é que, já foi mais importante, genericamente falando, do que hoje em dia. Mas vamos à matéria.
Os anos das safras citados nos rótulos têm basicamente duas funções. Primeiramente a de indicar o ano da colheita, para análises futuras, e a segunda para determinar idade. Com relação a este tema de idade, já comentei o assunto em meu post sobre o “Quanto mais Velho Melhor”, ledo engano. Com relação ao ano da colheita, o que se busca obter é um indicativo da qualidade dos vinhos, em função da conjuntura climática e como ela impôs sua influência sobre o vinhedo. A tecnologia e novos métodos de manejo do vinhedo permitem que as influências de um mau ano sejam menos sentidas hoje do que à quinze ou vinte anos. Existem, no entanto, algumas regiões em que estas influências ainda são fortemente sentidas devido às características das plantações e, em especial, do tipo da uva cultivada. É o caso da Borgonha, já que a Pinot Noir é uma uva delicada e muito difícil de ser trabalhada e, consequentemente, a qualidade da safra é mais importante. Por outro lado, nem todas as zonas produtoras na mesma região se comportam igual e, uma nota genérica por país, nem sempre contempla as peculiaridades de cada região produtora. O importante é usar as tabelas com bom senso.
As safras realmente fracas são cada vez mais raras e muito localizadas. De qualquer forma, o uso das safras na compra de seus vinhos deve ser feita de forma criteriosa já que, como nas notas de provas, devem ser interpretadas como meros indicativos de qualidade e não verdades absolutas e generalizadas. Um bom produtor pode produzir ótimos vinhos numa safra ruim, assim como o mau produtor poderá produzir péssimos vinhos numa safra ótima e é importante considerar este viés em sua análise.
Consideremos o ano de 2002 que teve uma colheita considerada muito fraca em diversas regiões produtoras como Itália (especialmente Toscana e Veneto) e Portugal (especialmente Bairrada), entre outros. Quer dizer que todos os vinhos produzidos nessas regiões nesse ano são ruins? Não, longe disso, mas que a produção geral gerou vinhos menos equilibrados, mais fracos e instáveis resultando em vinhos com menor potencial de guarda, lá isso é verdade. Por outro lado, os Vinhos da Espanha em 2004 certamente apresentarão uma qualidade geral, bem superior aos produzidos na safra de 2002, o mesmo ocorrendo com os vinhos do Chile. Safras fracas, ou mais fracas, como a de 2002 foi nessas regiões, ocorrem cada vez mais espaçadamente, mas deve-se tomar cuidado, o indicativo não é bom e deve-se acender uma luz amarela. Se não conhecer o vinho e houver outras opções, jogue no seguro. Alguns bons produtores, todavia, por razões das mais diversas, logram colocar no mercado alguns muito bem elaborados e excelentes vinhos. Desta forma, não adianta ser xiita neste processo, há que se ter bom senso no uso da tabela de safras. Eis algumas dicas sobre este tema:
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Em Safras mais fracas procure vinhos de bons produtores que, certamente, terão melhores condições de elaborar produtos melhores. Por outro lado, será uma boa oportunidade para tomar um ótimo vinho por preços melhores.
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Em Safras boas, busque vinhos de produtores medianos já que a matéria prima certamente gerará muito bons produtos e o preço ficará bem abaixo dos grandes produtores que produzirão grandes vinhos com preços nas alturas.
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Vinhos baratos, descompromissados, corriqueiros para o dia-a-dia, sofrem menos com as variações das safras que têm maior influência sobre vinhos mais evoluídos, de média e longa guarda. Não se preocupe muito com as safras quando comprar estes vinhos que foram elaborados para serem tomados jovens.
De qualquer forma, a avaliação da safra, que pode sofrer variações ao longo do tempo, nos sugere que, ao encontrar na loja um mesmo vinho de safras diferentes, procuremos comprar a de safra melhor desde que a diferença de preço não o inviabilize. Isto vale para todas as gamas de vinho, pois, as chances de que você estará comprando um produto de melhor qualidade, aumentam consideravelmente. Agora se estiver frente a frente com um vinho caro, mas desconhecido para você, de uma safra realmente fraca, a minha sugestão é de se certificar das qualidades do vinho antes da compra já que você pode estar entrando numa roubada, experiência pessoal! Para ajudar nesse processo de escolha, clique com lado direto do mouse sobre a tabela abaixo, gentilmente cedida pela Mistral, e selecione “imprimir imagem”. Imprima, recorte e guarde na carteira, será sempre uma boa fonte de informação para dirimir eventuais dúvidas na hora da compra. Caso prefira, eis mais dois links para outras tabelas. A do Robert Parker e a da Wine Magazine. Salute, que Bacco ilumine suas escolhas.
Amigo João Filipe
Já tive oportunidade de ler o seu post sobre as safras.
Não podia estar mais de acordo.
Penso que o meu amigo está a dar um bom contributo,aquelas que se interessam pelas coisas da vinha e do vinho.
Irei visitar mais assiduamente o seu blog.
Saudações Enófilas
Jose Maltez
Saudações enófilas meu amigo e bem-vindo. Fiquei feliz com seu comentário, pois esse é o meu objetivo. Espero vê-lo por aqui mais vezes.
João, cadê o Brasil? Cadê?
Boa observação! Vou cutucar a Mistral. Por agora, vamos de 2002, 2004 e 2005 todas grandes safras no Brasil.
Grande João,
estou entrando agora no mundo dos vinhos. Projetei uma adega para fica sob a escada de casa e cuja composição atual – ainda incompleta – é a seguinte:
Larentis 2001 (BRA)
Dal Pizzol Do Lugar 2005 (BRA)
Casa Valduga 2000 (BRA)
Portal del Alto Gran Reserva 2003 (CHI)
Allegrini Valpolicella 2004 (ITA)
Mazzei Badiola 2005 (ITA)
Chateau de Mons 2005 (FRA)
Tenho dúvida se algum desses já não passou da hora de beber. O que achas ?
Oi Bernardo e bem-vindo. O Larentis e o Casa Valduga acho bom você abrir logo já que os vinhos nacionais, com algumas poucas exceções, são para beber aí entre 2 a 4 anos dependendo do rótulo. Os reservas e gran reservas, vinhos premium, dão um pouco mais de guarda, talvez 5 ou 6, mas não convém abusar. Os restantes me parece que você está tranquilo. Abraço e espero ter ajudado.
Olá João,
Acabo de conhecer seu blog e to adorando, suas dicas, o que vc compartilha, em especial suas experiências.
Me identifiquei também por que tivemos a mesma ideia de escolher vinhos e guardar para momentos especiais, show!!!
Eu gostaria de montar uma adega, não sei se posso chamar de básica, mas eu e meu marido, gostamos de vinho e conheçamos a tomar pelo menos 3 vezes por semana. Sendo assim gostaria de pedir, dicas suas para montar uma adega com 30 rotulos e se possivel dicas de vinhos que possa beber mais no dia a dia, naquele fim de tarde depois do trabalho enquanto compartilha com o marido o seu dia.
obrigada e parabens!!!!
Oi Bete, grato pela visita e gentis comentários. Já tive uma consulta semelhante faz um tempinho, então preparei dois posts sobre o tema > http://falandodevinhos.wordpress.com/category/abc-do-vinho/page/2/ e http://falandodevinhos.wordpress.com/2009/07/30/iniciando-se-nos-caminhos-de-baco-parte-ii/. alguns rótulos subiram de preço outros sumiram porque foram descontinuados, mas a maioria ainda está por aí. Espero que ajude.
Salute
obrigada! vou olhar com cuidado, mas também navegando mais fui encontrando muitas dicas interessantes, que vou usar
abçs
ah vi que tem um link para uma pagina sobre moçambique, pois é eu vivo aqui…em moçambique, rs.
Bete, nasci em Nampula e vivi em Maputo até 73, estudava em Nelspruit na África do Sul. Saudades de meus camarões, da minha laurentina na Costa do Sol, ir pescar na Inhaca e noitadas no Zambi! Coisas da adolecência. Aí o forte serão os vinhos Portugueses e sendo assim minha sugestão é vc dar uma olhada nos posts de Portugal e tem uma série de dicas de vinhos até R$50,00 que são de origem Lusa e aí devem ser bem mais baratos.
Aproveite, salute e kanimambo.
oi
João
Eu vivo em Tete mais a norte, mais quente e sem os encantos de Maputo e Nampula. O Zambi serve excelente comida, Costa do Sol é muitissimo agradavel em fins de tarde.
A laurentina agora é premium mas ainda é dificil encontra-la gelada como apreciamos no Brasil
Vou dar uma olhadela em suas sugestões de vinhos Portugueses e verei o que consigo por aqui.
abçs