João Filipe Clemente

Rosés na Taça

Diversidade sempre e isso vale também para as cores do vinho, exceção feita ao azul que é drink e não vinho! rs Adoro brancos, curto os tintos e me divirto muito com os Rosés das mais diversas matizes, cada um com seu potencial de harmonização. Pode ser Paella, Camarão na Moranga, Bouillabaisse ou um simples Rolinho Primavera e Frango Agridoce, cada prato ou momento tem seu vinho. Desta feita quatro vinhos de uma só vez, cada um numa diferente faixa de preços:

Colorea Tempranillo Rosé – um vinho que não complica, é pura diversão, fresco, frutas vermelhas tipicas, mas o mais importante sequinho. Fácil de tomar e de agradar, casou muito bem com o Rolinho embebido naquele molho agridoce típico. Comer nem é tão importante aqui, afinal a proposta do vinho é só uma, fazer você feliz e creio que cumpre bem seu papel pois, ainda por cima, é barato abaixo das 45 pratas.

VSE Classic Rosé – Corte de Cabernet Sauvignon, Syrah e Carmenére vinificados separadamente. Cor bonita (salmonada), brilhante, fresco, frutado característico, ótima acidez, vibrante, final de boca bem sequinho, gostoso, para tomar várias num dia de sol quente e uma ótima pedida para o fim de semana na praia ou na piscina acompanhado de camarões empanados. Este passa um poucos das 50 pratas, dificil é achar por aí! rs

Villaggio Bassetti Rosé – Corte de Merlot com Cabernet Sauvignon bem clarinho, num estilo provence, mas cheio de sabor, vivacidade com ótima acidez e final de boca bem seco, vindo de Santa Catarina uma grata surpresa brasileira na taça. Este eu me esbaldaria tomando-o solo só com boa companhia e prosa, mas acompanharia muito bem qualquer prato de camarão, caranguejada ou, havendo a disponibilidade, lagosta!! Cada um muito bom na sua faixa de preços, porém este o melhor de todos os anteriores então, conseguentemente, o maior preço algo acima das 70 pratas sempre considerando São Paulo.

Protos Rosado – de tempranillo, espanhol de Ribera del Duero, um vinho de cor bem escura com bastante extração e bem mais corpo que os demais. Um vinho algo mais sério que teste, após teste comprova ser o grande companheiro para a famosa Paella Valenciana Mista. Sempre faço o teste colocando este x um branco e um tinto de taninos leves e o resultado é sempre o mesmo, Protos na cabeça. Quase tânico, é um vinho que certamente agradará aqueles que gostam de vinho com pegada, porém sem perder o frescor que faz a fama dos rosés. Por volta das 80 pratas

Essas matizes dos vinhos rosés me encantam, dos mais claros aos mais escuros cada um com seu estilo, sua harmonização mas um só propósito, nos dar prazer e nos botar para cima!

Para quem não é chegado nos brancos, porém quer algo mais fresco, esta pode ser uma opção e vamos deixar algo claro (rs), não existe estação para tomar rosés como não tem para brancos ou espumantes! Está frio, e daí?? Para quem gosta de comer bem e aprecia um bom vinho, tudo depende do que está sendo servido afinal um belo prato de camarão não rola com malbecão, né? E aí, só vai comer camarão no verão? rs

Converse com seu sommelier de confiança e explore estes vinhos ainda sem o reconhecimento que merecem por aqui em terras tupiniquins. Quer saber mais sobre como se elaboram os vinhos rosés que não, não são uma mistura de tintos e brancos salvo os espumantes? Então clique aqui. Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui.

 

 

 

Desafio de Cabernet Sauvignon do Novo Mundo, às Cegas!

Seis vinhos e apenas 12 vagas (tops 14) disponíveis para mais esta Degustação às cegas onde estarão presentes seis vinhos do Novo Mundo de diversas idades em que, afora vermos como a Cabenet Sauvignon se dá em em terroirs tão diversos do Novo Mundo, também teremos oportunidade de ver como seus vinhos evoluem com o tempo e até que ponto o preço é algo relevante. Selecionei vinhos das safras de 2008, 2010, 2011 e 2012,veja a lista dos desafiantes a melhor vinho da noite que você pode ter a chance de julgar com preços médios de mercado sendo que o Carmelo Patti (vinho, rs) viajou especialmente para este evento.

  • Da Argentina – um Clássico, Carmelo Patti 2008 de Mendoza , R$175,00
  • Do Brasil – do vinhedo mais alto do Brasil em São Joaquim (1427m), Torii 2008, R$96,00
  • Da África do Sul – da região de Paarl, no Cabo, Mont du Toit Les Coteaux 2010, R$198,00
  • Do Uruguai – Pisano RPF 2011 , de Canelones, R$155,00
  • Da Nova Zelândia – de Hawke’s Bay (Ilha Norte), Brooksfield Ohiti Estate 2012, R$198,00
  • Do Chile – do Vale de Colchagua, Casa Silva Gran Terroir Los Lingues 2012, R$150,00

Nenhum vinho com menos de seis anos! Como sempre, acompanhará a degustação uma tábua de queijo, embutidos, pão, azeite especial, água, café e o estacionamento é gratuito como de praxe. Para abrir os “trabalhos”, um Santa Augusta Brut como boas vindas. Neste dia, eventuais compras de qualquer um dos rótulos em disputa terão um desconto de 10%.

Preço especial de R$125,00 pagos no ato da reserva. Se gostou não hesite, como já sabem as vagas são limitadas e só sobraram 4! Dia 22, na Vino & Sapore a partir das 20h

Região Vitivinícola de Santa Catarina – O Futuro Chegou!

Santa Catarina é minha menina dos olhos na vitivinicultura brasileira, nossa “borgonha” (rs) como gosto de chamá-la, com diversas pequenas propriedades e produtores. São cerca de 36 produtores, dos quais cerca de 22 engarrafando. Falamos de produtores de 20 a 200 mil garrafas, versus uma Miolo no Rio Grande do Sul com mais de 10 milhões de litros produzidos, ou seja, é um outro mundo a explorar.

São vinhedos de Altitude similar ao que encontramos em Mendoza, variando de 800 a 1400 metros de altitude e condições climáticas bastante favoráveis. Resultado são vinhos de taninos mais macios e acidez mais presente, num estilo de vinho mais fino e tradicional europeu.

Em função de ser ainda muito jovem, os primeiros vinhedos foram plantados pela Quinta das Neves em 1999 e os primeiros vinhos engarrafados em 2002, ainda se pesquisa muito quanto às melhores castas a serem plantadas e existe uma tendência de, afora as já tradicionais Cabernet Sauvignon e Merlot, explorar as castas autóctones italianas como a Nebbiolo (San Michele) e a Sangiovese (Villaggio Bassetti) mas existem castas pouco conhecidas como a Gros e a Petit Manseng que a Villaggio Grando usa para elaborar seu exclusivo (só 3500 gfas) e excelente Marilla, um vinho de sobremesa sob a batuta do reconhecido enólogo português Antonio Saramago. Um outro produto diferenciado é o espumante de Vermentino da Abreu Garcia, único no Brasil e a diversidade não pára por aí não!

Entre os produtores os grandes destaques são a Villaggio Grando, a maior e que fica um pouco fora do roteiro de São Joaquim em Caçador, e a Villa Francioni, mas existem ao menos mais umas 14 a serem conhecidas com uma diversa produção passando pelos ótimos espumantes, vinhos brancos de qualidade, rosés de muito bom nível assim como de tintos marcantes. Destas, destaco: Qta. da Neve, Sanjo, Hiragami, Villaggio Bassetti, Monte Agudo, Pericó, Suzin, D’Alture, Leone di Veneza (todas em São Joaquim) mais Kranz, Santa Augusta, Abreu Garcia, Urupema (Sto. Emilio) e San Michele.

Uma característica bastante interessante também, é que a grande maioria dos projetos na região é de empresários e industriais, diferentemente do Rio Grande do Sul que é essencialmente de famílias mais ligadas à terra, descendentes de colonos. Isso parece que não tem nada a ver, mas tem sim uma influência grande especialmente em estratégias comerciais e um pouco mais “exploradoras” devido á ausência de uma tradição maior no setor. “Brigam” menos em preço e mais em qualidade, filosofia que me apraz. Não que preço não seja importante, é e muito especialmente no Brasil e na crise que nos assola, e há para todos os gostos porém a busca me parece mais focada em atingir um segmento de mercado de médio para cima deixando de lado a grande produtividade a baixos preços.

Tenho explorado esta região tanto com viagens (levando grupos) como provando vinhos e cada vez me surpreendo mais, ao ponto de achar que essa é a grande aposta de vinhos de qualidade no Brasil. Não que não os haja em em outros lugares, tenho especial apreço pelos vinhos da Campanha por exemplo, mas esta região é diferenciada. Por sua juventude há ainda muito a explorar

Estou montando um Tour para rever os amigos que lá deixei (rs) e descobrir novos sabores, alguém a fins? A principio será de 11 a 17 Outubro e assim que tenha uma medida do interesse dos amigos agilizo o roteiro e custos. Quem tiver interesse me contate in-box por favor.

Kanimambo e vamos de vinho Catarinense neste fim de semana? Olha que é uma boa pedida!!

Reformulando!

Amigos, postar qualquer coisa é fácil, mas essa não é muito a minha praia! rs Estou me reformulando e por isso a ausência por aqui, sorry mas neste momento minha cabeça anda em outros lugares. Meu foco e atenção, neste momento em que a crise assola o país e as incertezas do futuro são imensas, estão direcionadas no sentido de buscar novas alternativas, mexer nas já existentes, disponibilizar novas alternativas, buscar novos caminhos e melhorar o que pode ser melhorado.

Em breve estarei de volta com, espero, mais energia e experiências para compartilhar com os amigos. Enquanto isso, se quiser ajudar, que tal se associar à Confraria Frutos do garimpo no link aí acima? rs Me encontrar patrocinadores que não sejam vinícolas ou importadores, desses já recusei vários pois preservo minha independência e não quero que pairem dúvidas sobre minhas opiniões, também seria uma boa! rs

Assim que possa aviso dos resultados de algumas dessas reformulações e certamente bem mais atividades nas quais estou trabalhando e que muitos irão gostar.

Valeu pela visita, um enorme Kanimambo pela compreensão e visita, tenham um ótimo fim de semana que parece com clima propício para namorar! Quem não tem parceiro ainda dá tempo e uma local acolhedor, vinho e um fondue são um bom começo. Veja dicas aqui. Fui, Sáude!

Uvas Criadas Não Nascidas, as Híbridas

Há “professores” em nossa vinosfera que falam de algo ao redor de 3000 diferentes castas de vitis viníferas próprias para a elaboração de vinhos finos, há quem diga que são 1500, mas por uma questão de reputação, acompanho a Jancis Robinson com suas 1368 uvas sendo usadas comercialmente mundo afora, o resto é folclore, ou não?? Pois bem, com tudo isso por aí, para quê ficar só naquela  dúzia e meia que a maioria conhece?

Recentemente tendo como inspiração uma degustação armada pelo amigo Gil Medeiros, montei uma prova de vinhos elaborados com uvas híbridas em duas confrarias. Em vez de compartilhar os vinhos com os amigos, faço uma introdução a alguma delas e vos convido a explorar seus sabores através dos vinhos com elas elaborados, mas antes uma pergunta; você sabe a origem da Cabernet Sauvignon, uma das principais castas do mundo?

Pois bem, esta também é uma uva hibrida já que ela nasce de um “cruze natural” da Cabernet Franc com Sauvignon Blanc nos idos do século 17 e se tornou famosa no século 18 quando Mouton a plantou em sua região no Médoc, região de Bordeaux. Daí para o mundo foi algo viral!

Muller -Thurgau. Foi Hermann Muller, um botânico suiço, que em 1882 a criou no cantão (condado) suiço de Thurgau. O objetivo, sempre há um, foi tentar desenvolver uma casta que unisse o poder aromático da Riesling com um amadurecimento mais rápido da uva. Muller iniciou seu trabalho tentando mesclar a Riesling com o que ele achava ser a Sylvaner, mas na verdade usou uma uva também hibrida chamada Madelaine Royale (Pinot Blanc com Trollinger) também conhecida como Chasselas ou Gutedel. O resultados são vinhos aromáticos, frescos e leves, especialmente plantado na Alemanha, Áustria, norte da Itália em Trento, Hungria, República Checa e Inglaterra.

Alicante Bouschet. Uma criação que tem a mão de duas gerações de viniculturista, pai e filho. O filho, Henri Bouschet cruzou a Garnacha com a uva Petite Bouschet´(esta criada pelo pai em 1824) na França em 1866. A idéia era chegar numa uva que aportasse cor, estrutura e fosse de maturação rápida para agregar à uva Aramon popular na região lá pelo século 19, mas um pouco rala. Apesar de algum sucesso inicial, esta casta não emplacou na França, porém se deu muito bem em Portugal, especialmente no Alentejo, e na Espanha onde é conhecida como Garnacha Tintoreira pelo aporte de cor que dá aos vinhos. Uva que tradicionalmente gera vinhos de taninos potentes e cor escura que precisam de tempo para mostrar todo seu potencial na taça.

Arinarnoa – Criada na França por Pierre Marcel Durquety em 1956 no sudeste francês com o norte de Espanha (região Basca) é uma casta bastante recente que até pouco tempo atrás se achava fosse um cruzamento de Merlot com Petit Verdot conforme aparece, inclusive, no bom Valduga Identidade Arinarnoa. Na verdade, as uvas que originam esta casta são a Tannat e a Cabernet Sauvignon e se nota bem sua origem; cor escura, taninos marcantes, frutos negros com algumas notas herbáceas. A busca era por uma uva que fosse bem resistente no campo e vigorosa para se adaptar fácil a colheita mecânica. Algo presente no Languedoc-Roussilon, Libano, EUA (Arizona), Uruguai, Argentina e Brasil, mas sempre com produções relativamente pequenas.

Pinotage – Criada na África do Sul pelo professor Perold da universidade de Stellenbosh em 1925, com o intuito de desenvolver uma uva ícone para o país que fosse de maturação cedo e mais resistente a doenças do que seus “pais”, a Pinot Noir e a Cinsault ou Hermitage como era conhecida por lá (não confundir com a região francesa do Rhône). Pinot com Hermitage, nasce a Pinotage que ainda briga para se consolidar como essa uva ícone da região. O alto rendimento e falta de um projeto bem gerenciado criou vinhos aos montes porém de qualidade duvidosa que nem aos locais agradou. Isto vem mudando nos últimos 10/15 anos com uma revigoramento dos vinhedos e questões gerenciais aliada à alta tecnologia embarcada e melhor conhecimento da casta. Vinhos tradicionalmente mais leves e frutados (frutos do bosque negros), marshmallows tostados e um certo toque de borracha queimada que em excesso incomoda e não costuma estar presente nos bons vinhos da região.

Petite Syrah – Também conhecida como Durif, na França e Austrália, foi criada pelo botânico francês Francois Durif em Montpellier por volta de 1860/80. A busca foi por uma uva que fosse mais resistente ao míldio uma doença derivada de um fungo que atingia as plantações da região com bastante intensidade. Para tanto cruzou a Syrah com uma uva regional chamada Peloursin (hoje praticamente extinta na França) criando a Durif que hoje sobrevive basicamente na Austrália, Israel, México (Baja Califórnia) e Sul da França porém com produções bastante reduzidas, não passando (em 2015) de 10 mim acres. Nos EUA foi onde a uva encontrou seu melhor habitat sendo uma casta plantada no Texas, Arizona e Califórnia porém aqui é conhecida como Petite Syrah. Vinhos opacos de tão escuros, taninos forte gerando vinhos bastante robustos e vigorosos, boa fruta e muita especiaria.

Fruto da mão do homem ou da natureza, há muitas outras castas híbridas a explorar como a Marselan, bastante comum por aqui no Rio Grande do Sul, Vidal Blanc, Chambourcin, Traminette, Kerner, Zweigelt e Frontenac entre muitas outras. Como sempre digo por aqui, esse é grande barato de nossa vinosfera, um mundo tão vasto que nunca paramos de aprender e descobrir novas sensações. Explore você também, tenha seu porto seguro mas viaje por outros mares!

Saúde, Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer um desses caminhos que o vinho nos leva. Boa semana.

Resveratrol, Ajuda no Combate a Inflamações Respiratórias

Grupo de pesquisadores da Universidade do Estado de Geórgia, nos EUA, lideradas por Jian-Dong Lin, identificaram um novo mecanismo que o resveratrol, um composto encontrado naturalmente em alguns alimentos como as uvas, utiliza para aliviar a inflamação nas vias aéreas. Os resultados sugerem que o composto pode fornecer benefícios para a saúde e ser utilizado para desenvolver agentes anti-inflamatórios novos e eficazes.

As doenças inflamatórias do trato respiratório superior, como asma e a doença pulmonar obstrutiva crónica, afetam mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo e são caracterizadas por inflamação crónica que é agravada por agentes patogénicos respiratórios, como é o caso do Haemophilus influenzae.

Os antibióticos são utilizados rotineiramente no tratamento de infeções por este agente patogénico, mas devido ao número crescente de estirpes de bactérias resistentes a estes fármacos e ao sucesso limitado dos tratamentos disponíveis há necessidade de desenvolver terapias alternativas.

Neste estudo, os investigadores constataram, pela primeira vez, que o resveratrol diminuía a expressão de mediadores pró-inflamatórios nas células epiteliais das vias aéreas e nos pulmões dos ratinhos através do aumento de uma molécula (MyD88) que funciona como regulador negativo das vias de sinalização inflamatória.

Os investigadores também verificaram que o resveratrol tinha efeitos anti-inflamatórios após a infeção pelo Haemophilus influenzae, o que sugere o seu potencial terapêutico e portanto um copito de tinto diariamente pode ajudar ou, ao menos, é mais uma desculpa! rs Lógico que, no caso de gente que tenha alguma doença do tipo é sempre bom trocar umas ideias com seu médico e nunca colocar o pé na jaca, mas não deixa de ser mais uma boa notícia já que vinho tinto possui boas doses de Resveratrol. Vinho é saúde e cada vez isso fica mais comprovado. Para ler a matéria completa, clique aqui no site do Banco da Saúde.

Kanimambo pela visita, saúde e seguimos nos encontrando por aqui, na Vino & Sapore ou qualquer outro ponto de nossa vinosfera.

Fabian Reserva 2005, Dignos da Mítica Safra Brasileira

Para quem não sabe, 2005 foi A safra no Brasil. Naquele ano a grande maioria dos produtores foram capazes de produzir grandes vinhos e agora após 13 anos vemos que não só a qualidade foi fora da curva como a longevidade. Até pouco tempo atrás ainda se encontravam alguns exemplares do excelente Tannat da Cordilheira de Sant’ana por aí, quem sabe fuçando ainda se ache algum perdido, o Storia 2005 que jamais foi igualado e por aí afora. Meus amigos do blog 2Panas fizeram uma degustação às cegas com 17 vinhos em 2015 e se mostraram surpresos com o resultado, pois este corte da Fabian foi para mim uma grande surpresa também. Aliás, não só o corte mas também o varietal de 100% Cabernet Sauvignon que também tive o prazer de tomar e está no mesmo patamar, dignos exemplos dessa grande e mítica safra.

O Tannat da Cordilheira 2007 também está muito bom e vivo, o Torii Cabernet Sauvignon 2008 do vinhedo mais alto do Brasil a 1427m de altitude está vendendo saúde, então me parece que temos que reconhecer que a longevidade nos vinhos brasileiros é uma realidade a ser explorada. Este corte de partes iguais de Cabernet Sauvignon e Merlot vem da região de Nova Pádua (próximo a Flores da Cunha) no Rio Grande do Sul onde a vinícola está localizada com vinhedos plantados entre colinas a 780 metros de altitude. Maturação das uvas perfeita, sem excessos de fruta madura ou notas herbáceas, doze meses de maturação em barricas francesas e americanas perfeitamente integrados no vinho após 13 anos. Nariz frutado com algumas notas de evolução, boca de boa textura, médio corpo, equilibrado, rico, acidez ainda presente o que me leva a crer que ainda há ao menos mais uns dois anos de vida nessa garrafa, se não mais, mas para quê arriscar se já está tão bom! rs Um vinho muito prazeroso de tomar, que vale o quanto cobram por aí, algo ao redor de R$75,00.

Minha garrafa abri comendo, sempre (rs) e harmonizou muito bem com a picanha na brasa durante o jogo Brasil x Suíça.

É isso por hoje, uma grande semana para os amigos e kanimambo pela visita. Saúde!

O Primeiro Jura Ninguém Esquece!

Pelo menos para quem, como eu, é apaixonado pelas sutilezas dos vinhos brancos não importa estação do ano! Confesso que é uma de minhas falhas como enófilo apaixonado, uma região nunca dantes visitada mas agora, como contraponto a nossa derrota para a Bélgica, a amiga confreira Andréa veio corrigir isso, valeu amiga!

Gente,  esse vinho é demais! Essa garrafa ela trouxe de viagem e tive o privilégio de ter sido escolhido para compartilhar dessa experiência. Muito aromático, para mim vieram notas de marmelo, já para ela aspargos, e algo de herbáceo seco que optei por identificar como feno, viajando legal com esse vinho! rs Na boca deliciosa textura, uma certa untuosidade com um incrível frescor e frutas verdes, para mim maçã verde e algo de pera portuguesa. Falei que deu para viajar!! rs

Sobrou meia garrafa que no dia seguinte tomei com a Raquel, outra amiga confreira e o vinho evoluiu de um dia para o outro. As uvas principais da região são a Savagnin e Chardonnay, achei que devia ter um toque de chardonnay, não tem! Pesquisando, no entanto, vi que passa um período em barricas usadas de Meursault e aí me pergunto, dá para aportar essa untuosidade que me remeteu parcialmente ao chardonnay somente com o tempo de barrica? O álcool de 13,5% é imperceptível o que mostra o cuidado em sua elaboração, porém conforme a temperatura vai aumentando acaba dando o ar de sua graça, mas mesmo assim muito sutil e aparecem algumas notas florais que não estavam por lá no inicio.

 

Muito bom, realmente aguçou minha curiosidade e ainda é biodinâmico o que é sempre um plus! Não sou xiita nesse assunto, mas tenho por mim que o vinho tem que primeiramente ser bom em qualquer contexto, se for orgânico melhor e se Bio ótimo que seja. Agora fiquei aguado e quero, porque quero conhecer mais desta região e de seus vinhos tão aclamados que, por esta “amostra”, começo a entender por quê.

A Savagnin foi confundida em alguns lugares com Alvarinho (Argentina e Austrália), Traminer e até Viognier, porém é uma uva diferente com fortes raízes fincadas nesta região do Jura no nordeste francês entre a Borgonha e a Suiça. Somente duas uvas brancas autorizadas, Savagnin e Chardonnay, e três tintas Poulsard, Trosseau e Pinot Noir. Para conhecer um pouco mais sobre a região, vale ler o texto publicado por Patricio Tápia na Revista Adega clicando aqui. ou pelo Artur de Azevedo em seu site Artwine.

Preciso explorar a região, mas os preços assustam pois não encontrei nenhum por menos de 200 pratas no mercado, a maioria bem acima disso. Quem tiver sugestões de bons vinhos abaixo disso aceito de bom grado. Por hoje é só, uma ótima semana para todos, kanimambo pela visita e a gente se encontra por aí ou por aqui. Saúde

O Que Influencia o Preço do Vinho?

Óbviamente que os custos têm uma grande influência, mas a demanda, marketing e outros fatores também têm papel importante nesse quesito. Eis alguns (poucos) desses fatores para que comecemos a entender do porquê dos preços que pagamos, mas me parece óbvio que não dá para comprar uma Mercedes a preço de Gol a não ser que esteja bichada! rs No vinho não é diferente.

Valor da Terra: Um hectare em Bordeaux pode custar 2.5 milhões de Euros, na Borgonha 9,5 milhões. Em Napa algo ao redor de 600 a 750 mil dólares, no Chile e Argentina por volta dos 100 mil. No Brasil, em São Joaquim por volta de 30 mil Reais e no vale dos vinhedos pode ir de 100 mil a mais de 300 mil Reais.

Rendimento do Vinhedo: Vinhedos que colhem 20 toneladas de uva por hectare vão produzir uvas mais fracas, com menor intensidade de aromas, cor e sabor. Ao colher 5 toneladas, reduzindo a produtividade, ganha-se em qualidade porém o preço sobe. Com 1 kg de uva (+/- 3 cachos) se produz um vinho de maior qualidade, porém uma planta pode ter até 15 cachos e produzir 5 garrafas. Ao reduzir o rendimento, uma garrafa por planta ou pouco mais, melhora exponencialmente a qualidade e o preço acompanha.

Colheita Manual x Mecanizada: Colheita manual maior custo de mão de obra e processo mais lento.

Uso de Madeira: Se usa barricas, de primeiro ou de quarto uso, americanas ou francesas, tábuas ou chips.

Número de garrafas produzidas: Se reduzida e qualidade reconhecida e demanda extrapola a oferta e o preço dispara.

Aspectos mercadológicos: Pontuação, marca, demanda.

Carga Tributária e Custo Financeiro. No Brasil fator preponderante tanto para os vinhos produzidos localmente quanto nos importados. Vinho a grosso modo tem uma carga tributária que, em média, beira os 60%!!! Quanto ao custo financeiro de capital de giro no Brasil, aí pesam os mais de 60% ao ano cobrados em média país afora o que encarece sobremaneira o produto.

Ou seja, as variáveis são imensas, mas fica claro que qualidade traz embutida preço. Por outro lado, não é porque é caro que é bom e que você vá gostar. Para podermos apreciar uma volta num Porshe a 200kms por hora (que você pode até não gostar!) é de bom tom ter passado por um processo de maturação em outros veículos menos velozes, no vinho não é diferente, há que se galgar degraus, litragem (rs) é essencial, sempre lembrando que Qualidade e Gosto são duas coisas diferentes!

No entanto, não se pode excluir preço como uma indicação clara de qualidade e importante, especialmente no Brasil com seu custo de vida nas alturas, entender do porquê disso. Por hoje é só, o trabalho tem demandado muito e com isso a postagem cai, mas espero em breve retomar as publicações com mais assiduidade, por enquanto fica aqui meu abraço e Kanimambo pela visita.

Saúde!

A Diabetes e o Vinho

De acordo com matéria publicada na revista Saúde Abril em 2016, existem estudos que demonstram que apesar do álcool ser associado à elevação da glicemia segundo o médico Walter Minicucci, presidente do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, isso não procede. “A cerveja faz a glicose subir. O vinho não”, afirma. Recentemente, um estudo israelense com 194 voluntários confirmou que tomar uma taça por dia é seguro para diabéticos com a doença bem controlada (frisamos: bem controlada).

Aliás, quando repetido por dois anos, o hábito resultou em benefícios para o coração, como o aumento do bom colesterol, principalmente entre quem tomou vinho tinto. Ainda que considere essencial a realização de mais pesquisas para confirmar esse efeito, Minicucci não vê empecilhos em liberar um pouco da bebida. “Desde que o diabético tenha outros hábitos saudáveis“, pondera.

Caso, no entanto não beba, não há motivo para começar. Embora tenha suas virtudes, o vinho (em doses moderadas) seria indicado para aquelas pessoas que já têm o hábito de ingerir a bebida. “Do contrário, compensa mais incentivar a boa dieta, o abandono do cigarro, caminhadas, e por aí vai”, argumenta Minicucci.

MAS TEM MAIS!

De acordo com a revista VEJA de 22 de Novembro de 2010, vinho tinto pode controlar a diabetes tipo 2. De acordo com a matéria, a Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida, em Viena, na Áustria, acabava de descobrir mais um dos benefícios que o vinho tinto pode trazer à saúde. Segundo Alois Jungbauer e sua equipe, uma taça ao dia da bebida pode manter a diabetes tipo 2 sob controle.

Isso acontece porque, conforme revelou o estudo da equipe, uma pequena taça de vinho contém a mesma quantidade de PPAR-gamma (substância ativa no controle dos níveis de açúcar no sangue) presente em uma dose de medicamento usado no tratamento da doença. Leia a matéria completa no link acima.

MAS O QUE TEM A DIZER A SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES?

De acordo com artigo publicado pelo Dr. Mateus Dornelles Severo em 18 de Novembro de 2014:

“Para quem ainda não é diabético, o consumo de álcool em doses moderadas pode ajudar a prevenir a doença. Uma revisão de 15 estudos publicada na revista médica Diabetes Care em 2005 mostrou que o consumo diário de até 48 gramas de álcool (o equivalente a duas taças de vinho ou duas garrafas de cereja) estava associado a redução de 30% no risco de diabetes. Aparentemente, doses em torno de 30 gramas de álcool melhoram a sensibilidade a insulina, isto é, facilitam o funcionamento deste hormônio que ajuda nossas células a usar a glicose, o “açúcar do sangue”.

Em pacientes que já são diabéticos, o consumo moderado de álcool também pode ser benéfico. Um estudo israelense publicado em 2007 também na revista Diabetes Care evidenciou que o consumo de uma taça de vinho tinto ou branco todos os dias foi capaz de baixar a glicemia em jejum em 20 mg/dL durante os 3 meses de seguimento. Outro estudo, publicado na revista JAMA, com mais de 900 pacientes diabéticos idosos mostrou que o consumo de pelo menos 14 gramas de álcool por dia foi capaz de reduzir o risco de morte por doenças isquêmicas do coração em cerca de 80%.”

Leia o artigo completo clicando aqui. O Consumo de álcool, no entanto, não é benéfico para todos os pacientes e tão pouco para todos os tipos de diabetes, então nada de cair na esbórnia viníca sem uma consulta antes a seu médico!

Por outro lado, fica claro que o vinho sempre que tomado moderadamente pode ajudar mais do que atrapalhar e um estudo publicado no Journal of Diabetes Investigation mostrou que, além de haver um link entre o consumo moderado de álcool e a redução do risco de diabetes tipo 2, o vinho leva grande vantagem sobre a cerveja e os destilados quando se trata de proteção contra a doença. Pesquisadores da Universidade de Wuhan e Huazhong, na China, avaliaram os efeitos do vinho, cerveja e destilados fazendo uma meta-análise de 13 estudos anteriores e concluíram que, apesar de todos os três estarem ligados à redução do risco de diabetes, as pessoas que consumiam vinho tinham 20% menos chances, o que bebiam cerveja 9% e os que tomavam destilados 5%. (fonte Revista Adega de Janeiro 2018)

Vinho é saúde, vinho é alimento para o corpo e para a alma que, se consumido moderadamente, nos traz diversos benefícios e estes posts têm o propósito de elucidar os enófilos e leitores de plantão para este fato. Por hoje é só, kanimambo pela visita e seguimos nos vendo por aqui!